domingo, 7 de agosto de 2016

A Forma e o Padrão dos Aspectos Planetários — Forma Objetiva — O padrão planetário como um todo, por Dane Rudhyar


Aqui não tratamos apenas do relacionamento elementar entre dois planetas, mas com relacionamentos que envolvem toda a personalidade, que focalizam o significado de toda a personalidade. Quando encontra uma pessoa pela primeira vez, o indivíduo intuitivo capta de uma só vez uma "sensação" genérica, sintética, a partir desse encontro. Sua totalidade reage à totalidade da outra pessoa. Isto é o que anteriormente chamamos percepção holfstica. Se essa percepção é muito aguda, muitas vezes destacará uma ou duas características básicas, que, por assim dizer, focalizam a "sensação" despertada pela pessoa. Alguns dos traços da personalidade total da pessoa serão relevados como centros de significado. O significado se organizará a partir desses centros. Através deles, a pessoa será classificada em um ou alguns tipos gerais, e tal classificação centralizará e esclarecerá a "sensação" geral.

A determinação de centros de significado, daquilo que Marc Jones chama determinadores focais, é o primeiro e o mais importante fator na interpretação de uma carta natal, se o objetivo desta interpretação for revelar verdadeiramente a totalidade, o estar vivo, da personalidade — e não ser meramente uma informação fragmentária reunindo pedaços sobre o comportamento de uma pessoa. Não apenas é o fator mais importante, mas também o mais difícil. Cada intérprete individual precisa, mais ou menos, desenvolver sua própria técnica de "determinação focal" — de acordo com o caráter que seu próprio mapa poderá revelar. Além do mais, só aquele que é (relativamente) inteiro pode ter percepções holísticas corretas, e para determinar centros de significado é preciso necessariamente ser também um centro de significado.

No entanto há alguns princípios gerais de "determinação focal" que podem ser formulados, pois são apenas extensões de fatores astrológicos bem conhecidos, nos quais se fundamenta o próprio simbolismo de zodíaco, casas e aspectos. Entendê-los é entender a "forma", ou gestalt - em termos de psicologia moderna; é entender o caráter de "agrupamentos" e de "padrões de comportamento". Tal como a criança não é mais ensinada a soletrar letra após letra, de acordo com novos métodos de aprender a ler, mas em vez disso a reconhecer grupos de letras e estruturas de palavras de uma vez, assim também o astrólogo que procura aprender a sondar a vitalidade da personalidade simbolizada no mapa deveria treinar-se no reconhecimento instantâneo de estruturas planetárias e zodiacais básicas. Tabulação de fatores é útil para conferir resultados e chegar a um grau mais refinado de análise. Mas percepção holística atrai o todo e suas partes para um centro de significado e de vitalidade. Ela revela a "alma" da situação, o poder que anima o todo — a totalidade do todo, a energia espiritual na forma.
A primeira e mais simples determinação do significado total do padrão planetário é feita quando os planetas estão distribuídos de modos específicos pelos quatro quadrantes do mapa, isto é, em relação aos "eixos do self' horizonte e meridiano. Por razões de simplicidade e brevidade enunciaremos, um após o outro, o significado geral (muito geral!) a ser atribuído às configurações básicas que podem ser encontradas.

Todos os planetas acima do horizonte: "O nativo necessariamente vive a vida na vida" ou "encontra o foco de sua própria consciência interna totalmente em eventos externos" (Marc Jones). Uma tendência à extroversão e a adotar uni ponto de vista objetivo — muitas vezes materialista (vide o mapa de Mussolini).



Todos os planetas abaixo do horizonte: "O nativo vive dentro de si mesmo ou em domínios mais subjetivos", ou "encontra o foco de sua própria consciência interna em reações internas" (Marc Jones). Uma tendência para introversão. Um tipo intuitivo.

Todos os planetas a Leste ou a Oeste do meridiano: "O meridiano do zênite divide o universo (toda a experiência) em regiões de elevar (Leste) e assentar (Oeste) coisas. Se todos os planetas estão a leste, o nativo é chamado a fazer sua própria escolha em qualquer assunto, e a criar o assunto à vontade, enquanto no oeste ele precisa aceitar as escolhas e assuntos da vida do modo como lhe são apresentados" (Marc Jones). Este é o quadrante da "volição externa". Geralmente, um domínio exclusivo no leste indica uma tônica do pensar — pois pensamento é o elemento de livre-arbítrio (relativo), enquanto um predomínio exclusivo no oeste indica uma ênfase em sentimentos, pois sentimentos são quase puramente determinados pelo condicionamento externo da relação entre sujeito e sujeito, ou sujeito e objeto.

Além disso, todos os planetas podem ser encontrados num dos quatro quadrantes. Isto é raro, mas produz uma ênfase ainda mais absoluta em uma das quatro funções do self individual; intuição (quadrante norte-leste), sentimento (quadrante norte-oeste), sensação ou relacionamento (quadrante sul-oeste), pensamento (quadrante sul-leste).

Ao considerar tais assuntos é preciso ter em mente duas ideias importantes. A primeira é que não se podem extrair conclusões definidas do fato de não haver planetas numa casa. A ausência de tônica não significa ênfase negativa. A totalidade sempre deve ser entendida como a base de qualquer ser orgânico, portanto está sempre implícita na ausência de qualquer ênfase específica. Esta ausência de ênfase pode significar a realização prévia da qualidade representada pela casa ou pelo signo não enfatizado, ou pode significar um estado virgem de não-diferenciação. Refere-se sempre a um estado inconsciente, mais que a um estado consciente. Mas a saúde é inconsciente até que seja experimentada, pela pessoa doente, como ausência de doença. De modo parecido, a inconsciência pode ser o fator mais evidente da saúde psicológica. Permitam-nos repetir mais uma vez que se pode dizer que Deus, ou Ser Universal, está além de todas as tônicas planetárias, porque cada "grau" da totalidade de ser universal está igualmente acentuado. O homem só tem "planetas" porque é um ser particular. Deus não tem nenhum — é claro que em termos figurativos.

O segundo ponto refere-se ao que Marc Jones chama equilíbrio de peso, um tema que se adapta perfeitamente aos princípios da psicologia da Gestalt, Se nove planetas são encontrados num hemisfério e o décimo no outro, este décimo se destaca poderosamente, à luz da forma. Constitui um padrão em que um planeta, por causa de sua posição, é visto equilibrando nove outros. Ele se torna um fator absolutamente "proeminente", e abala, consideravelmente, a valoração de todos os outros fatores planetários no outro hemisfério. Marc Jones compara este planeta formalmente "isolado" a um dente dolorido que domina toda a consciência. É um tipo de tônica "irracional", que tende a destruir o sentido de totalidade da personalidade. É um fator autocrático ditando sua vontade isolada ao resto do organismo, que por contraste parece rudimentar.

Como ilustração interessante temos o mapa de Mussolini, que mostra um tipo dual de ênfase-forma. Todos os seus planetas estão acima do horizonte. Além disso, Urano está isolado no hemisfério leste — mais precisamente no quadrante sul-leste. A ênfase maciça está no segmento do mapa que trata do relacionamento humano e revela autorrealização por meio de contatos humanos e existência objetiva. Ele é visto aceitando as escolhas e questões da vida como lhe são apresentadas: um homem regido por seu destino objetivo. Mas, enquanto isto é verdade num sentido fundamental, Urano, acentuado como "isolado por posição de casa", indica que há uma liberação poderosa e insistente de fatores inconscientes operando como volição subjetiva (hemisfério leste) e, além disso, que a operação se dá através de um mecanismo de pensar súbito (quadrante sul-leste). Este último fato é corroborado por: 1) uma concentração planetária em signos zodiacais de pensamento concreto (Gêmeos e Virgem) ou de poder de geração vívida de imagens (conjunção Vênus-Júpiter em Câncer, na casa da "visão"); 2) o fato de o Nodo norte da Lua estar na Casa 12, o que implica poder liberado através de meditação ou introspecção subjetiva.

Este último fato e o poder de fatores raciais inconscientes na vida de Mussolini são ainda enfatizados pelo agrupamento de todos os planetas em um trígono exato entre Urano e Netuno (planetas do inconsciente). A configuração total está por assim dizer equilibrada a cada lado da conjunção Júpiter-Vênus, que está em sextil tanto com Urano quanto com Netuno. Entretanto isto pertence a um outro tipo de ênfase da qual trataremos. Agora, ainda precisamos enfatizar a localização de todos os planetas no hemisfério sul. Isto é, a tônica básica de fatores coletivos ou objetivos de forma que, por mais que Urano possa sugerir o trabalho de uma vontade ou de um poder interior autocondicionado, esta vontade é vista em operação apenas em termos de fatores coletivos. Mesmo sua "roda da imaginação" (a liberação de seu caráter) estando localizada abaixo do horizonte, está na segunda casa, referindo-se a herança racial e posses atávicas — um fator coletivo, apesar de se encontrar no âmbito do individual.

Um outro tipo de ênfase se produz pela localização de todos os planetas nos quadrantes básicos do zodíaco.

Todos os planetas entre Aries e Libra (pela ordem dos signos): isto indica que a "responsabilidade principal da vida é espiritual" (Marc Jones) — ou, preferiríamos dizer, refere-se à projeção de ideias e arquétipos na manifestação objetiva. Mussolini é um exemplo surpreendentemente forte deste tipo de ênfase — goste-se ou não do tipo de ideias que ele projetou.

Todos os planetas entre Libra e Aries: isto indica que "a principal responsabilidade da vida é material" (Marc Jones) — ou melhor, refere-se ao desenvolvimento de faculdades que são o resultado de atividade espiritual prévia e a matriz de manifestações futuras.

Todos os planetas em signos de ascensão longa (de Câncer a Capricórnio): "A vida interior é vivida para tornar-se manifesta na vida exterior" (Marc Jones). Este é o período em que o Sol se move para o sul. O que foi ganho durante a outra metade do ano é manifestado objetivamente. A alma torna-se manifestada.

Todos os planetas em signos de ascensão curta (de Capricórnio a Câncer): "A vida interior é vivida para tornar a vida exterior manifesta para si mesma" (Marc Jones). Este é o período em que o Sol se move para o norte, tradicionalmente um período de crescimento espiritual e realizações internas. Os frutos da experiência objetiva são acumulados, e há um processo de maturação interna, o crescimento de significado.

Aqui também se poderia aplicar o princípio da ênfase de um planeta isolado, um planeta numa seção do zodíaco equilibrando todos os outros na seção oposta. Além disso deveríamos acrescentar que, trocando as palavras "todos os planetas" por "maioria dos planetas", ainda se chegaria a um domínio de valores menos forte, mas notável.

Seja considerando o círculo de casas ou de signos zodiacais, o que se faz na verdade é dividi-lo em quadrantes estabelecendo dois eixos perpendiculares. Esta operação está relacionada com a determinação de aspectos de quadratura. Lida com o estabelecimento de uma estrutura de manifestação, o protótipo da qual, é claro, são "as quatro estações do ano". Poder-se-ia tentar a mesma coisa com qualquer dos eixos dados pelo simbolismo astrológico — especialmente com os eixos nodais dos planetas. Vimos previamente que o eixo nodal da Lua poderia ser considerado como o que estabelece uma "linha de destino" entre o passado e o futuro (o carma e o darma) de um indivíduo. Assim o hemisfério contado a partir do Nodo Norte (no sentido anti-horário) refere-se ao poder de desenvolvimento de novas faculdades espirituais, enquanto o hemisfério contado a partir do Nodo Sul se refere à elaboração de tendências passadas.

No mapa de Mussolini, todos os planetas estão no hemisfério contado a partir do Nodo Sul, estabelecendo uma confirmação impressionante — que poderia surpreender a muitos. O ditador italiano é mostrado como fazendo nesta vida o que presumivelmente fez em várias vidas precedentes — ou, em outras palavras, como sendo a última de uma longa linhagem ancestral de figurus semelhantes. Neste sentido, pode-se dizer que ele seja uma réplica da imagem de César, uma reafirmação de uma antiga fórmula racial, que portanto não acrescenta nada de novo, mas é uma culminação de carma racial — de carena individual, também, de acordo com a teoria da reencarnação.

O mesmo procedimento poderia ser adotado considerando todos os eixos nodais dos planetas, mas os resultados requerem uma interpretação sutil demais para ter importância prática. O mapa de Mussolini mais uma vez apresenta possibilidades interessantes de interpretação na linha da análise dos nodos planetários, pois pelo menos cinco de seus planetas estão situados sobre os nodos norte de outros planetas. Isto tenderia a demonstrar que sua personalidade é um padrão desenhado de acordo com um plano interior suprapessoal. Poderíamos chamá-lo um avatar racial, com tremendas forças raciais psíquicas por detrás dele. Isto é sugerido pelo símbolo do grau do Sol.

Um outro tipo de ênfase zodiacal é dado pela distribuição desigual de planetas: 1) em signos de fogo, ar, água e terra; 2) em signos cardinais, fixos e mutáveis. Este é um tipo de ênfase encontrada com muita freqüência na prática astrológica moderna. No entanto parece ter pouco significado, a não ser que a desigualdade de distribuição seja muito grande. Um predomínio muito definido de planetas num tipo de signo zodiacal é necessário para que se possa chegar a conclusões significativas. Precisamos remeter o leitor a nossa análise do significado das categorias zodiacais. Uma ênfase planetária em qualquer categoria demonstrará o significado e o poder daquela categoria na vida do nativo.

Até agora estudamos estruturas planetárias que são determinadas com relação: 1) ao circulo de casas; 2) ao circulo de signos zodiacais. O primeiro refere-se basicamente ao caráter e ao destino do indivíduo; o segundo aos fatores coletivos de seu ser. Considerando o "padrão de aspectos" formado pelos planetas, temos um outro tipo de caracterização de forma, que se refere em grande parte à personalidade em si. Aquilo com que estamos lidando agora é uma extensão do princípio de "aspecto". O que se segue são aspectos que envolvem diversos planetas, em outras palavras, agrupamentos planetários. Seguem-se seus nomes e descrições sucintas:

Stellium. É uma conjunção múltipla; uma tônica complexa, que envolve mais de dois planetas localizados numa área pequena. Existe o stellium de casa, quando muitos planetas (no mínimo quatro ou cinco) se encontram em uma casa; stellium de signo, quando o mesmo número de planetas está localizado num signo, ou na metade de um signo. Aqui, tal como na conjunção simples, muito dependerá de quais são os planetas e a que distância estão um do outro. O resultado frequentemente é confusão e envolvimento pessoal com as qualidades representadas pela casa ou pelo signo. As tônicas planetárias se mesclam umas 'As outras. O que se destaca é a qualidade representada pela casa ou signo, mais que a atividade simbolizada pelos diversos planetas.

Haste de leque. Este tipo de oposição ampliada acontece quando um planeta isolado se opõe a um stellium, isto é, quando um planeta, sozinho num hemisfério, faz oposição a todos os outros planetas no hemisfério oposto. De acordo com Marc Jones, "o planeta isolado contribui com o stellium e devolve a ênfase ao hemisfério que contém os outros planetas. A tônica do stellium se torna uma carga interna ou psicológica de manifestação. Indica uma alma com um problema-mais-que-físico", O significado do signo enfatizado (mais que a casa) torna-se o fator preponderante. O século XX começou com um stellium dos mais característicos, opondo Netuno a todos os demais planetas (então conhecidos). Para ampliar o significado dessa configuração, ela se equilibrava exatamente no eixo dos nodos lunares. Colocar Plutão no mapa diminui o unidirecionamento da configuração, pois este planeta estava perto de Netuno. Mas como Netuno e Plutão se referem a fatores universalistas e como a configuração é bastante impressionante, ainda pode ser considerada com proveito um leque, de haste dupla!

Grande trígono. Neste e nos aspectos múltiplos seguintes somos confrontados com a manifestação perfeita de aspectos isolados. Vimos que o trígono era produzido pela inscrição de um triângulo equilátero na circunferência; uma quadratura, pela inscrição de um quadrado etc. Agora consideramos configurações nas quais um planeta (ou vários planetas) se encontra localizado em cada um dos ângulos do polígono inscrito.

Assim, um grande trígono é uma figura em que três planetas estão relacionados por ângulos de 120°. Alguns astrólogos consideraram uma configuração deste tipo muito favorável, outros desfavorável. Que ela devesse ser condenada como desfavorável, quando o trígono é sempre tomado pelo mais harmonioso dos aspectos, não parece muito lógico. Mas existe alguma verdade nesta afirmação quando somos confrontados com uma formação triangular exata, pois, quando algumas das atividades mais importantes da personalidade se relacionam simbolicamente desse modo, estão tão bem equilibradas ou "estruturadas", que há muito pouco incentivo para expressão externa ou criação. Portanto, o Grande Trígono, especialmente quando numa formação muito exata, é um símbolo de inércia espiritual, ao menos relativa. Se, no entanto, um dos planetas (ou grupo de planetas) que participa dessa configuração forma quadratura com um outro planeta, então esta quadratura atua como um "canal de liberação" das energias presas no Grande Trígono.

Em geral o Grande Trígono produz ênfase numa das quatro qualidades zodiacais (fogo, ar, água, terra), pois normalmente une três signos que se referem à mesma qualidade. Mas isto não precisa ser assim, se os planetas estiverem próximos das cúspides. Por isso não se pode afirmar que o Grande Trígono tenha qualquer significado particular por causa disto. Se ele une, digamos, três signos de fogo, então fica implícito que a qualidade "fogo" ("movimento em direção à expressão objetiva" ou "emanação') está completamente estruturado dentro do ser do nativo.

Grande Cruz (ou Cruz Cósmica). Esta configuração é estabelecida por quatro planetas (ou grupos de planetas) em relacionamentos mútuos de 90°. Ela deve ser considerada como estabelecendo o "cubo perfeito" ou "pedra perfeita" do conhecimento maçônico. Simboliza a incorporação total da ideia, ou propósito, ou self, em outras palavras, realização na existência concreta e objetiva. Num sentido negativo, o que significa é cristalização e escravidão espiritual à matéria.

O modo mais comum em que a múltipla quadratura é encontrada é a configuração T. O quadrado não está completo. Em vez de uma cruz de quatro braços, ternos um Tau egípcio, ou, por extensão, uma cruz incompleta — que, é claro, é o hieróglifo de um ser humano com os braços abertos horizontalmente. Numa carta de nascimento que tenha essa configuração, há uma casa (signo) vazia ali onde deveria estar a cabeça do homem. O que isto indica é o máximo de liberação de espírito ou propósito em direção à existência material. Esta é uma configuração altamente dinâmica. Os três braços da cruz colocam ênfase dinâmica na casa vazia, que muitas vezes está, por assim dizer, ocupada por um redemoinho. Na fase de existência individual e destino, representada pela casa vazia, o nativo geralmente se vê indefeso, torturado por conflitos tempestuosos. Só o ego muito forte e consciente é capaz de dominar uma liberação de poder tão dissonante. Se ele o fizer, então uma quantidade incrível de energia criativa será sua.

A perfeição de formações poligonais mais complexas, como o quintilho e o sextil, é um fenômeno raro. Mas às vezes três planetas estão inter-relacionados por aspectos de quintilho — ou melhor, três deles constituem dois quintilhos, e os dois externos se relacionam por aspecto de triquintilho (216°) — uma ligação muito criativa entre os três tipos de atividade simbolizados pelos planetas. Esta ligação sugere que o que está sendo criado é uma faculdade espiritual, que muito provavelmente pode não estar evidente na vida externa.

Uma formação hexagonal completa (grande sextil) é ainda mais rara, mas muitas vezes três planetas estão relacionados por sextil — os mais externos constituindo um trígono dividido igualmente pelo planeta do meio. Isto é o que se vê tão claramente no mapa de Mussolini, com a ênfase acentuada pelo fato de todos os planetas estarem localizados dentro do trígono de Urano e Netuno (dividido pela conjunção Vênus-Júpiter). Esta configuração em especial tende a mostrar que a personalidade inteira é uma "formação do inconsciente da raça", governada pelo consciente. A conjunção Vênus-Júpiter no centro da configuração indica o ponto de emergência do poder formativo do inconsciente coletivo em termos de consciência. Estando na nona casa, este poder não só é estruturante como expansivo. A conjunção Júpiter-Vênus mostra que este poder é de ordem idealista. Estando em Câncer, o ideal projetar-se-á em esboços claramente imaginados. Júpiter está situado num grau (19° de Câncer) que simboliza "o equilíbrio interno de valores pelos processos inconscientes da natureza, tomando o melhor do antigo para inspiração do novo" (Marc Jones).

Uma configuração hexagonal completa ocorreu em 15 de junho de 1935, com Urano em Touro; Mercúrio, Sol e Plutão em Câncer; Vênus e Netuno em Virgem; Júpiter em Escorpião; Lua em Capricórnio e Saturno em Peixes — ligando todos os signos "femininos" do zodíaco. Esta foi uma configuração altamente produtiva para o trabalho e especialmente para o planejamento detalhado, em termos de atividade prática sustentada. Crianças nascidas nesta época deveriam mostrar habilidade em organizar — especialmente porque a quadratura entre Sol e Marte ao mesmo tempo está liberando o poder, que, de outro modo, poderia ter ficado numa condição estática de autossatisfação e autoindulgência estética.

Uma configuração do mesmo tipo é aquela em que quatro planetas constituem alternadamente sextis e trígonos. Forma-se um retângulo, cujas proporções geométricas sugerem um significado místico. No mapa da época de um dos maiores pintores vivos, Urano em 8° de Virgem, Lua em 6° de Escorpião, Júpiter em 4° de Peixes e Netuno em 12° de Touro constituem uma configuração desse tipo. Urano está em sextil com a Lua e em trígono com Netuno, que está em sextil com Júpiter e em trígono com a Lua. Esta é uma combinação interessante de trígonos, sextis — e, é claro, duas oposições. Um bom símbolo de "misticismo prático". Esta pessoa foi uma força de sustentação notável para seu marido, tanto de modo interno como também externo, combinando consciência espiritual, produtividade externa e planejamento intencional.

Em todos esses padrões planetários definidos, podemos sempre suspeitar da existência de problemas igualmente definidos na esfera da personalidade. Ou estes problemas são a manifestação de complexos psicológicos que tendem a tornar a personalidade "diferente" e muitas vezes socialmente inadaptada, ou então a personalidade carrega um fardo de responsabilidade suprapessoal (planetária) exigindo uma focalização estrita e uma particularização de ponto de vista. O mapa de Mussolini é o mais típico deste último caso que encontramos. É um mapa superfocalizado. O homem está vivo apenas para servir a um propósito racial e morrerá por esse propósito.

Por outro lado, um mapa que não tenha nenhum destaque evidente pode significar ou uma personalidade fragmentada ou um ser cujo destino é o de ligar, harmonizar e ser um símbolo da totalidade de ser. Esta, é claro, é a marca do verdadeiro indivíduo — um que se aproxima da igualdade ao Indivíduo perfeito que é Deus, o Ser todo-tonificado por igual. Um Mussolini não é um indivíduo, mas um propósito racial transformado em personalidade. É um ser muito, particularizado ou especializado: o homem de um trabalho coletivo. Isto fica claro em todos os fatores possíveis de sua carta, mesmo quanto à posição do Nodo Sul (ponto do carma) na sexta casa (de serviço, trabalho e submissão a ideais ou personalidade), e num grau de "capitalização real sobre tradição e valores estabelecidos" (A mulher de Samaria vem pegar água na fonte de Jacó).

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.


sábado, 6 de agosto de 2016

A Forma e o Padrão dos Aspectos Planetários — Forma Objetiva — Aspectos Planetários, por Dane Rudhyar


A primeira condição para um domínio bom do assunto "aspectos" é um entendimento real de esfera, círculo e circunferência.

Já foi dito que "todas as formas buscam a condição de esfera" — que o círculo é a forma perfeita. Se, no entanto, forma significa a definição do particular com relação ao universal, então a esfera e o círculo (conforme se escolha considerar a existência tri ou bidimensional) não podem ser consideradas "formas". Em vez disso, são símbolos de existência universal. Mas, como seria um erro lamentável pensar na existência universal como "desprovida de forma" — a despeito do fato de isso se dar com freqüência —, podemos estender o conceito de forma e dizer que o círculo (ou a esfera) é a "forma universal", a somatória ou culminação da série evolutiva de formas particulares e portanto imperfeitas.

Ele é verdadeiramente "universal", por derivação etimológica, pois cada um de seus pontos está "voltando em direção ao um", em direção ao centro. Pela conveniência de nossa análise, podemos descrever um círculo como o total de um número infinito de circunferências infinitamente próximas com um centro comum. Lidamos portanto essencialmente com circunferência e centro; e a circunferência é uma curva cujos pontos são todos equidistantes de um centro comum. Isto simboliza um estado de ser no qual é atingida uma universalidade absoluta de concepções, em outras palavras, a Mente Universal, a Personalidade Perfeita, que os homens chamaram Deus. Deus não é desprovido de forma, mas Ele é o estado de equilíbrio de todas as formas, a harmonia ou integração total de todas as concepções. Uma Pessoa divina é aquela que, mesmo operando temporariamente em uma forma particular, tem seu ser espiritual tão equilibrado, que seu "corpo de luz" é uma esfera perfeita de ser e entendimento. Ela ultrapassou não a forma, mas o estado desequilibrado próprio de uma forma particular —, atingiu a condição de "forma universal". Na filosofia gnóstica, tal unidade é chamada Eon ou Esfera. Num certo sentido, é claro, ela não é apenas um "um". E uma Hoste absolutamente centrada, integrada, unânime.

Mas cada um de nós é uma hoste de vidas. É assim num sentido psicológico, e o Grande Trabalho psicológico é o de harmonização e integração das "forças-da-alma". E assim num sentido ainda mais profundo, pois nosso corpo físico é uma hoste de "vidas" — e no homem aperfeiçoado (o homem do "terceiro nascimento"), o indivíduo atrai para si, como para um centro, essa hoste e faz dela, por assim dizer, a substância de seu "corpo de luz" — a Esfera perfeita e radiante de substância-espírito.

Se passarmos agora do universal para o particular, veremos que aquele nascimento, como urna personalidade particular, significa estabelecimento de desequilíbrio linear ou angular dentro do circulo ou esfera. Um ser particular é um ser no qual alguns elementos (ou pontos de vista) são ressaltados, outros suavizados. Ele não é mais um indivíduo "perfeitamente arredondado", mas um ser angular, com pontos de tensão e concentração de energia, e zonas de relativo vazio.

Esta particularização do universal (que significa nascimento) pode ser simbolizada corretamente pela inscrição de um polígono dentro do círculo. Há uma infinidade de polígonos que podem ser inscritos num cfrculo, alguns regulares (com lados de comprimento igual), todos os outros irregulares. Polígonos regulares são figuras geométricas tais como o triângulo equilátero, o quadrado, o pentágono, o hexágono, o heptágono etc., tendo respectivamente 3, 4, 5, 6, 7, etc. lados. Se forem traçadas linhas a partir do centro até os pontos das figuras, formam-se ângulos no centro. O triângulo produz três ângulos de 120 graus; o quadrado, quatro ângulos de 90 graus; o pentágono, cinco ângulos de 72 graus; o hexágono, seis ângulos de 60 graus etc.

Se, por outro lado, considerarmos um polígono irregular, tal como o da ilustração, vemos que é composto de um número de lados desiguais formando arcos desiguais, que representam ângulos desiguais.

Se marcássemos numa circunferência os doze signos do zodíaco, considerados arquetipicamente como segmentos iguais do campo magnético circular que envolve a Terra, e ainda dividíssemos cada signo de forma a marcar os graus na circunferência; se, além disso, associássemos por linhas cada uma dessas marcas de 360 graus, obteríamos um polígono regular de 360 lados. Simbolicamente, isto representaria a forma perfeita de um ser ainda identificado com um corpo da Terra. Ele seria um ser particular — mas um ser no qual todas as "qualidades de vida" possíveis em nosso planeta estariam representadas.




O "Deus" de nosso planeta (aquilo que os teósofos chamam "Logos planetário"), entretanto, precisaria ser concebido não como um polígono completo como esse, mas como a circunferência (ou círculo) em si, considerada uma série completa de arcos, tendo cada qual significado universal. Isto simbolizaria a qualidade universal de Seu ser total. Desta posição podemos ver que os símbolos dos graus do zodíaco são tentativas de superar essa distância desse lado muito pequeno de um polígono regular de 360 lados e o arco (segmento da circunferência) que essa linha contém. Se considerarmos uma relação como essa entre linha e curva no horizonte, teremos um símbolo interessante. Pois obtemos a figura de um arco, sendo a linha do horizonte a flecha atirada por um arqueiro invisível. Como a linha do horizonte é a linha da autoconsciência e da intuição, temos uma ilustração gráfica do eterno esforço do ser humano, o arqueiro, atirando no Espaço — o Universal. Seu arco é o símbolo em si; a corda esticada, a imagem concreta apresentada no símbolo é a madeira curva o significado interno e universal do símbolo. Atirar é o ato de atravessar as aparências e atingir o self Universal, que aqui transforma-se em espaço, o círculo cujo centro está em todo lugar e cuja circunferência não está em lugar algum. Este é um símbolo antigo, muitas vezes encontrado na filosofia hindu e também incorporado ao simbolismo zodiacal do signo de Sagitário.

Numa carta de nascimento comum, se unirmos com linhas os pontos determinados sobre a eclíptica pela posição dos planetas, obtemos um polígono irregular de dez lados. Este polígono é a "forma objetiva" caracterizando simbolicamente a personalidade do indivíduo — do modo como usamos este termo. Traçando os raios que ligam os pontos do polígono ao centro, aparecem os ângulos entre todos os planetas. Esse polígono é aquilo que já chamamos de padrão planetário. A tarefa do astrólogo é analisá-lo para extrair dele seu significado vital.
Em termos teóricos, é claro que cada valor angular tem seu significado particular, tal como cada grau do zodíaco tem seu próprio significado. Como a natureza da relação entre dois planetas, nesta fase da análise astrológica, é caracterizada pelo ângulo que separa as posições zodiacais (longitudes) dos dois planetas, é evidente que urna distancia angular de 92 graus é tão significativa em si quanto uma de 90 graus.

No entanto, tal como dividimos a órbita da Terra (ou seu campo magnético) em apenas doze regiões, que chamamos "signos zodiacais", do mesmo modo e por razões filosóficas igualmente válidas, usamos apenas ou principalmente para o propósito de análise de forma os primeiros doze polígonos regulares e os ângulos que eles geram. Isto quer dizer, presumimos que existam doze (ou até mesmo seis) tipos básicos de relacionamento-forma entre as atividades vitais simbolizadas pelos planetas, e simbolizamos estes tipos pelos ângulos produzidos pela divisão dos 360 graus da circunferência total em três, quatro, cinco, seis — até doze partes. Dois planetas "estão em aspecto" quando separados por um ângulo medindo esse valor, por exemplo: 120°, 90°, 60° etc. A lista com nomes e características desses aspectos vem em seguida.

No entanto, é necessário acrescentar imediatamente que, com relação a "aspectos", estamos diante de uma situação não muito diferente da encontrada na discussão sobre "cúspides". Em outras palavras, precisamos estender o conceito de aspecto de modo a fazê-lo significar não apenas um valor angular exato (90°), mas uma "zona angular" (como de 85° a 95°). 0 aspecto de quadratura exato cobre uma distância angular de 90°. Mas também se diz que dois planetas formam uma quadratura quando sua distância angular é qualquer valor entre 85° e 95°. Isto vale para qualquer aspecto, especialmente os mais significativos.

Mas, com o propósito de um entendimento mais profundo do fator de relacionamento planetário ou da "forma da personalidade", obviamente é necessário considerar não apenas as "zonas angulares", e sim cada valor angular. Isto em grande parte pela mesma razão pela qual a substancia de ser não fica suficientemente analisada com a diferenciação do zodíaco em doze signos, requerendo muitas vezes uma diferenciação mais pormenorizada.

Em seu curso intitulado "Astrologia Pitagórica", Marc Edmund Jones abordou esse problema de como analisar todos os valores possíveis de relacionamento angular entre planetas, de uma maneira impressionantemente original e convincente. Depois de estudar os aspectos astrológicos básicos, ele passou a analisar o significado do grau de precisão (ou grau de separação) dos aspectos. Se a distância angular entre dois planetas é 85° ou 95°, estes dois planetas formam uma "quadratura", mas a quadratura não é exata. E uma quadratura de mais ou menos cinco graus. Se a distância entre os planetas fosse 88° ou 93°, o aspecto seria uma quadratura menos dois ou mais três graus.

Então, se admitíssemos como considerável na "zona angular" de, digamos, sete graus de ambos os lados do aspecto exato, teríamos aspectos com um coeficiente de imprecisão variando de 0 a 7. De acordo com Marc Jones, o valor desse coeficiente é muito significativo e caracteriza a maneira pela qual o aspecto em si opera. O assunto é muito complexo para ser discutido aqui, mas foi mencionado para mostrar como cada valor angular pode receber significado.

A tabela de aspectos que se segue esclarecerá o assunto, pois veremos, por exemplo, que um "sextil" representa um valor angular de 60°, a "semiquadratura", de 45°. Se permitirmos uma zona de sete graus a cada lado dos valores exatos, na verdade teremos abrangido todos os valores angulares. Pois 53° é um sextil "coeficiente 7", e 52° é uma semiquadratura também "coeficiente 7". Por este método, cada valor angular em graus inteiros recebe um significado individual.


Destes aspectos, os comumente mais utilizados são: conjunção, oposição, trigono, quadratura, sextil, O semi-sextil geralmente é considerado uma subdivisão do sextil; a semiquadratura, uma subdivisão da quadratura. O quintilho — infelizmente — é muito pouco usado, e reptil, um nono e um onze avos praticamente nunca são encontrados em manuais astrológicos modernos.

Todos estes aspectos são gerados pela inscrição de polígonos regulares num círculo — salvo a conjunção e a oposição, que exigem alguma atenção especial. A conjunção essencialmente é o protótipo de toda manifestação particular, porque enfatiza o elemento de atividade de um modo particular ou pessoal. Poderíamos dizer que o próprio fato de um planeta estar localizado num grau significa que existe uma conjunção estabelecida entre o planeta e aquele grau. O grau, por si, é uma dentre 360 fases harmonizadas e integradas do ser universal. Mas quando um planeta chega àquele grau na carta de um determinado homem, a qualidade do grau é subitamente vivificada, energizada, enfatizada. A sequência harmônica dos 360 graus portanto é perturbada. Um dos graus adquire um destaque. A particularidade de ser é o resultado de um padrão de destaque; enquanto no ser universal não há destaques permanentes, não há pontos de elaboração de estrutura enfatizados. É este fato que foi mal elaborado como significando "ausência de forma".

Em qualquer carta, planetas são pontos de ênfase, destaques, liberações de energia, fontes de atividade. A qualidade significativa da energia liberada é determinada pelo símbolo do grau; o tipo de atividade, pelo planeta. Ele é o elemento de atividade que se transforma na matéria-prima da personalidade. Atividade significa esforço, tensão, desequilíbrio. Portanto, cada planeta representa um estado de desequilíbrio da totalidade zodiacal, tal como, para usar a frase de Goethe, "as cores são os sofrimentos e as alegrias da luz". O zodíaco é o ciclo harmonioso da totalidade. Os planetas introduzem desequilíbrio, diferenciação, sofrimentos e alegrias - que significam destaques para cima ou para baixo.

Um planeta localizado no espaço de um grau cria um destaque. Dois planetas na mesma localização podem ou aumentar ainda mais a tônica ou tornar difusa a liberação de energia implícita no destaque. Tudo depende: 1) da natureza dos planetas em conjunção; 2) do "coeficiente de imprecisão' da conjunção. Por exemplo: se dois planetas de polaridades opostas, como Marte e Vênus, estão conjuntos exatamente no mesmo grau, isto indica uma espécie de curto-circuito psicológico. Revela um tipo curioso de centralização em si e de inércia emocional — que podem produzir um tipo acentuado de narcisismo. Mas se estes dois planetas estiverem separados por vários graus, então, enquanto existe um senso peculiar de autoconfiança e com freqüência um tipo de "hermafroditismo" psicológico, isto contribui para o autocontrole emocional do tipo que é encontrado, por exemplo, em ocultistas. No entanto existe sempre a suspeita de um "complexo" escondido em toda conjunção de planetas masculino-femininos; na verdade ele se esconde em toda conjunção, especialmente conjunções múltiplas, ou stellium. Mas muitas vezes é através de "complexos" de algum tipo que se induzem fortes descargas de energia psíquica, talvez sempre seja assim.

Uma conjunção é um símbolo de uma certa tensão que libera atividade — às vezes explosivamente, como no caso de conjunções de Marte e Saturno, Urano e Saturno etc. Ela enfatiza o caráter único do ser particular, ou da atividade particular implícita. Não promove equilíbrio espiritual, mas gera impulso de um ou outro tipo. E uma aglomeração de energia concentrada. Se essa energia será liberada construtiva ou destrutivamente, se chegará a ser liberada, depende da natureza dos planetas e da distância real entre os planetas ditos "em conjunção'.

O aspecto de oposição é o oposto da conjunção e o antídoto para ela. Dois planetas em oposição localizam-se, em termos de longitude zodiacal, em direções exatamente opostas à luz do observador na Terra. Este portanto está, por assim dizer, sujeito a duas trações contrárias. Ele pode vir a ser de fato "dividido" pela oposição. Mas também, se os dois planetas opostos forem considerados dois polos de uma bateria, ele pode ser iluminado pela fagulha que pula de um polo para outro. Isto se dá em especial quando os dois planetas são basicamente de polaridades opostas.

Para compreender oposições é preciso captar plenamente o significado de polaridade. O Ascendente e o Descendente, o Zênite e o Nadir, em todo mapa, são pontos de oposição zodiacal. Consciência, que é percepção integrada, é o resultado dessas oposições básicas. Novamente, tudo depende de o indivíduo ter ou não a capacidade de "reconciliar os opostos", de atraí-los ou ser dividido por eles. No primeiro caso, sua consciência se expandirá e objetivará; no segundo, ele experimentará confusão psicológica e não será capaz de saber que direção tomar. E assim ele vai sentar-se e sofrer, torturado pela dúvida.

Na oposição, testemunhamos a operação mais ou menos simultânea de destaque e contra destaque. Se o aspecto não é exato, estabelece-se um ritmo rápido, que pode levar a uma intensa objetividade de consciência, uma compreensão quase absoluta. Mas se o aspecto é exato ou o nativo tem uma "velocidade de reação" muito lenta, um contra destaque neutraliza um destaque. Isto pode significar nirvana — a absorção do particular no universal —, e diz-se que o Buda atingiu o nirvana na Lua cheia de maio (oposição Sol—Lua). Mas pode também significar desintegração, esquizofrenia e coisas parecidas, daí o significado frequentemente nefasto do eclipse lunar.

Dificilmente se pode dizer que conjunção e oposição criem forma; como vimos, produzem destaque e contra destaque, os fenômenos básicos da vida da personalidade. Os outros aspectos, por assim dizer, distribuirão a ideia de destaque ou ênfase, e portanto transmitirão a ideia de propósito. Haverá destaque ou contra destaque tendendo na direção deste ou daquele propósito. O propósito em si será atendido se os aspectos envolvem a completação da forma poligonal, que é o fundamento do aspecto; o que quer dizer, quando se formam configurações chamadas "grande trígono" e "grande quadratura" — ou os muito raros "grande quintilho" e "grande sextil" —, como veremos adiante.

O que se quer dizer será entendido facilmente se compreendermos que as formas poligonais com as quais habitualmente lidamos em astrologia ou se baseiam no triângulo ou no quadrado. Trígono, sextil, semi-sextil (e quincunce) são essencialmente triangulares; quadratura e semiquadratura (e sesquiquadratura) são quadrangulares. A primeira série geralmente é considerada "feliz"; a segunda "infeliz". Mas uma valoração ética deste tipo, que encontra seu significado pleno na "astrologia horária", fica quase deslocada no tipo de astrologia que estamos estudando mais especificamente. Em seu lugar usaremos uma outra classificação de significados, e diremos que a série triangular lida com os vários estágios da idealização criativa (in-"formação"), enquanto a série quadrangular lida com a insubstanciação de formas.

Estes termos podem soar de modo estranho, mas são bastante simples. O trígono é um aspecto de "visão" e "perspectiva". Refere-se ao surgimento de ideias ou de pontos de vista na fase inicial de um novo plano ou de um novo propósito. A conjunção é ênfase. Quando esta ênfase começa a operar, toma forma de uma ideia, um projeto, um novo interesse no qual a personalidade possa fluir criativamente. Num estágio posterior, o sextil leva o projeto ou a ideia a um ponto em que é visto de fato em operação nas malhas da personalidade. Mais adiante ainda, o semi-sextil mostra a ideia decomposta em seus elementos polares e correlacionada com a rotina da atividade diária.

Se agora considerarmos a série quadrangular, vemos na quadratura o poder que força a idéia abstrata a tornar-se um corpo concreto. É o poder de encarnação, de nascer. Realmente é uma crucificação, do ponto de vista do espírito. Do ponto de vista da substância, significa extrair as pedras da pedreira e construir com elas as paredes perpendiculares do futuro edifício. A nota básica geral é mobilização. A semiquadratura simboliza a primeira percepção do self após ter sido envolto em substância. Pode ser uma constatação muito deprimente, mas pode ser também a primeira constatação do poder, pois o poder precisa de algum tipo de insubstanciação. Portanto a semiquadratura é um aspecto de poder para a alma que entende as leis da vida e do poder. Mas é um aspecto de desespero e de grande solidão para a alma, que lamenta sua "liberdade" espiritual. Se a quadratura significa "mobilização", a semiquadratura tem o significado de "ação", no sentido militar deste termo. O indivíduo está a serviço de propósitos coletivos.

No entanto existe uma outra série de aspectos que também é importante: a do quintilho, semiquintilho e semi-semiquintilho (18°). Esta série lida com a operação do fator individual por si mesmo, e como tal é muito pouco entendida. Baseia-se numa diferenciação quíntupla, e integra, por assim dizer, as duas séries precedentes. Quando dois planetas estão em aspecto de quintilho, vê-se que a relação entre eles libera um certo valor de significado individual. A partir dos quintilhos pode-se determinar, até certo ponto, o caráter do indivíduo. Entre a quadratura (90°) e o sextil (60°), o quintilho (72°) mostra a liberdade criativa do indivíduo para moldar materiais em formas fiéis à ideia que deviam expressar. Ali se encontra o "toque individual" do caráter, que transforma uma ação rotineira num desempenho inspirador e dotado de significado. O semiquintilho refere-se mais particularmente à técnica do desempenho. Sua metade ( 18°) sugere o ponto em que o mero destaque (conjunção) se orienta em direção ao desempenho significativo: os fatores de talento imponderáveis.

O septil é significativo apenas num sentido planetário. Devemos lembrar que ele é a divisão do Grande Ciclo Polar. Através do septil podemos ver, em casos raros, um ofuscamento do propósito planetário — na verdade, a fatalidade em operação, como diz Marc Edmund Jones. Quanto ao um nono, sua importância pode ser revelada numa era em que o número nove está assumindo significado crescente — como fica evidenciado pelo fato de ser o número sagrado do Bahaiísmo, e o número sobre o qual os templos Bahai devem ser fundamentados. Falamos antes do significado do número 40. 0 relacionamento entre dois planetas separados por um ângulo de 40° pode significar nascimento espiritual ou iniciação nos domínios a que os planetas se referem. Significa "nascimento para fora do cativeiro".

Todos esses aspectos foram tomados, por assim dizer, a partir do ponto de conjunção. Mas alguns deles também podem ser tomados a partir da oposição. Isto quer dizer, uma sesquiquadratura (135°) é uma oposição (180°) menos uma semiquadratura (45°). Um quincunce (150°) é uma oposição menos um semi-sextil (30°) etc. Nestes aspectos secundários vemos a operação do "contradestaque". Eles indicam, numa análise sutil, a reação à atividade pessoal: os resíduos de atividade. Também podem referir-se ao "retorno" da atividade à sua fonte: sublimação interna, transmutação espiritual. O assim chamado biquintilho (144°) também pode ser considerado uma oposição menos um semiquintilho (36°). Aqui podem ser vistas em operação as técnicas de introversão criativa. Mas, em termos negativos, isto também pode sugerir certos tipos de obsessões, um "complexo" criando suas alucinações.

Permitam-nos repetir mais uma vez que nenhum aspecto é feliz ou infeliz. Cada um pode ser visto como uma fase positiva ou negativa da personalidade. O que é ainda mais importante: nenhum aspecto isolado tem qualquer significado real a não ser que seja visto como urna parte integral do padrão planetário total. Precisamos analisar primeiro cada aspecto separadamente, para poder obter nossos elementos básicos de constatação sintética. Mas isto é meramente a fase preliminar da aquisição de uma técnica de interpretação. O verdadeiro intérprete lê o padrão planetário como um leitor lê uma palavra ou urna sentença. Só o principiante soletra as letras uma a uma.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A Forma e o Padrão dos Aspectos Planetários — Forma Subjetiva, por Dane Rudhyar



O que consideramos sob este título., na verdade, é o fator de inclinação da Terra sobre o plano de sua órbita, como se manifesta nas cartas natais de indivíduos. Por causa desta inclinação, uma casa, na maioria dos casos, contém ou mais ou menos de trinta graus de longitude zodiacal, O acúmulo ou alongamento de espaço zodiacal no quadro fixo das doze casas cria um certo tipo de forma. O mesmo signo zodiacal pode aparecer em duas cúspides sucessivas, ou podem existir signos "interceptados". Isto revela elementos importantes de significado, que no entanto não podem ser facilmente entendidos a não ser que se dê maior atenção ao assunto de cúspides, muitas vezes mal-entendido.

Referindo-nos a capítulos anteriores, dificilmente precisaremos enfatizar o fato de a "roda de casas" dever ser considerada o mostrador de um relógio, que projeta no espaço um processo que na verdade ocorre no tempo. O circulo de doze casas esquematiza numa folha plana a rotação da Terra em torno de seu eixo, as mudanças sucessivas da posição do horizonte durante o dia. As duas cúspides opostas representam uma posição do horizonte a cada duas horas, enquanto a Terra gira em torno de seu eixo, cujos extremos são os polos norte e sul. Na carta natal, a linha formada pelas cúspides da primeira e da sétima casas é realmente o horizonte na hora e no lugar de nascimento. A linha das cúspides da segunda e da oitava casas dá a posição do horizonte duas horas mais tarde; a linha formada pelas cúspides das casas terceira e nona, a posição do horizonte quatro horas mais tarde etc. Assim, os conteúdos de uma casa são a soma total de fenômenos celestes que atingem o horizonte durante um período de duas horas, e cada cúspide deveria ser considerada como o horizonte leste — ponto de consciência do self — em momentos diferentes e com relação a fases sucessivas da existência individual e do destino.

Cada cúspide carrega o significado básico de "Horizonte Leste". Marca o começo de um novo período de consciência e é um momento de significado primordial com relação a tudo que virá a ocorrer durante o período que inicia. Cada cúspide é um momento de iniciação, um momento de nascimento. Aquilo de que o self do nativo, o "eu sou", toma consciência durante aquele momento, determina o significado do período de duas horas que se segue. Ele dá-se conta de uma certa parte, ou grau, do zodíaco — e todo o período (casa) é caracterizado, "regido", por aquele grau e signo do zodíaco — e, por extensão, pelo planeta cuja função corresponde à natureza do signo.

Em outras palavras, em cada cúspide o "eu sou" nasce em um de seus aspectos. Este momento de cúspide é um momento-semente, um momento de transição de um estágio de ser para outro. As doze cúspides representam doze grandes transições de vida, e portanto levam o significado daqueles momentos críticos na vida nos quais não apenas se dá uma lenta passagem de uma fase para outra, mas também quando ocorre uma coisa que é única e faz parte do significado do "nascimento" ou "semente".

Tais "momentos-semente" são pronunciamentos criativos do indivíduo todo. São fatos de manifestação do self: atos criativos, momentos de liberdade. O indivíduo é "livre" apenas em suas cúspides. E somente durante esses momentos de "transição de vida" que a pessoa não é intrinsecamente condicionada pelas consequências das ações passadas, pelos efeitos de causas prévias. E só então que ela pode operar verdadeiramente como um "indivíduo", pois em qualquer outro momento está submetida ao grupo ou coletividade de que passou a ser parte. Ela está engrenada em seu grupo, presa pela iniciativa que tomou durante o momento de cúspide e pelo ambiente que escolheu — mais ou menos deliberadamente — para pôr em prática sua iniciativa. Na cúspide, o indivíduo está, por assim dizer, "em ponto morto" — capaz de passar para qualquer marcha ou velocidade que escolha.

Por exemplo: na cúspide da sétima casa o indivíduo simbolicamente escolhe seu companheiro ou parceiro. A cúspide é o símbolo de sua iniciativa e de sua liberdade criadora, nesta particular fase de experiência de vida da sétima casa. Uma vez tendo escolhido, ele não é mais livre; precisa elaborar os resultados de sua iniciativa. As cúspides da oitava e da nona casas mostram os momentos secundários da escolha em relação a este assunto de parceria. Na primeira, a autorregeneração é possível na esfera do relacionamento; na última, autoexpansão e ampliação de perspectiva de vida.

O conceito de cúspide precisa ser estendido na prática ao de "zona de cúspide". Em algumas vidas, a velocidade das transições de vida é grande e as mudanças acontecem repentinamente; em outras, a transição é bem gradual. Como resultado, é difícil determinar as dimensões exatas dessas zonas de cúspide. Mas na maioria dos casos elas não deveriam abranger mais que três ou quatro graus. Planetas localizados nestas zonas têm um significado particularmente criativo. Enfatizam o elemento da liberdade individual e caracterizam, de acordo com sua própria natureza, a natureza e potencialidade da livre operatividade do "eu sou" com relação à fase de existência do self representada pela casa.

Planetas localizados exatamente no início de uma casa estão "nascendo" à luz da cúspide dessa casa e representam impulsos iniciantes. Planetas localizados exatamente ao foral de uma casa representam qualidades realizadoras, o recolher dos frutos da experiência relativa a uma certa fase da existência como self. Se estiverem na zona de cúspide, estes planetas indicam que o self manifestar-se-á criativamente e realizar-se-á poderosamente ou através do impulso iniciante ou da qualidade realizadora, conforme seja o caso.

Isto entendido, podemos resolver o problema dos "signos interceptados", isto é, o caso de um signo zodiacal que não aparece em nenhuma cúspide, mas está, por assim dizer, encerrado em uma casa. Quando um signo não aparece numa cúspide, isto mostra que o self individual do nativo não opera criativamente, ou não atinge consciência da qualidade vital simbolizada por aquele signo. O nativo, como ser espiritual, não exerce sua liberdade por meio do poder daquele signo, mas ele a exerce, por assim dizer, em dobro através do poder do signo que aparece em duas cúspides sucessivas. Com "em dobro" queremos dizer, com relação a duas fases básicas de seu ser e destino.

Em outras palavras, coisas importantes não surgem para ele positivamente através da qualidade representada pelo signo interceptado. Se, por exemplo, Aries estiver interceptado na décima casa, a qualidade impulsiva, pioneira de Aries não é um assunto vital na vida do nativo. Ele não tem escolha quanto a usá-la ou não. Como self individual, ele não se expressa através dela. O que acontece é que esta qualidade de Aries é, por assim dizer, dada por certa em todos os assuntos de décima casa. Pode ser vital em operação por detrás de todas as atividades públicas e profissionais do nativo — subsconsciente ou instintivamente. Isto poderá significar que a qualidade Aries opera como um "complexo" psicológico. Ela pode ter sido inibida, neste caso, talvez por causa da posição social do pai. Pode ter-se tornado a substância de um "complexo de inferioridade", e este complexo impulsiona o nativo poderosamente, mas fatal e talvez até tragicamente, em direção a conquistas públicas.
Portanto, a qualidade Aries domina os assuntos de décima casa, mas a dominação pode ser em alguns casos quase neurótica. Está enraizada em fatores inconscientes, fatores sobre os quais o indivíduo, como tal, tem muito pouco controle, e através dos quais ele nunca atinge verdadeira consciência nem se expressa criativamente. Isto talvez porque, em vidas passadas (caso nelas se acredite), a alma individual tenha obtido tudo o que poderia da qualidade do significado interceptado — e, neste caso, a qualidade está embutida na nova personalidade como um instinto não questionado. Ou então pode ser que a personalidade se tenha formado sob uma pressão externa que inibiu o desenvolvimento consciente e harmonioso (espiritual) da qualidade, tendo se desenvolvido um "complexo".

Os resultados externos serão bastante diferentes em cada caso, mas o que pode ser determinado astrologicamente é o fato de que há um certo fatalismo ligado à qualidade do signo interceptado — algo inerente ou subconsciente, que opera com inevitabilidade, e sobre o que o indivíduo praticamente não tem nenhum controle. Será compulsivo, se não patológico ou trágico. Sempre significará algum tipo de desequilíbrio, em termos psicológicos. Mas este próprio desequilíbrio poderá significar uma concentração de forças que impelirão o nativo a realizações surpreendentes. Como C. G. Jung muitas vezes ressalta, um "complexo" na verdade não é necessariamente "mau". Muitas vezes é o meio através do qual o indivíduo se eleva acima da média e da norma. Ele o esporeia às alturas das conquistas individuais — desde que se efetue um equilíbrio psicológico que seja individualmente significativo e estável.

Se a qualidade do signo interceptado tem um tal caráter de motivação inconsciente e fatalista, por outro lado, a qualidade do signo estendido em duas cúspides sucessivas mostra-se como sendo de importância decisiva na vida consciente e deliberada do nativo. Se, por exemplo, Leão reger as casas segunda e terceira, os assuntos pertinentes a ambas as casas serão resolvidos pelo indivíduo através da qualidade de Leão. Na lida com suas posses ancestrais bem como com seu meio ambiente imediato, por exemplo, o nativo vai-se expressar e encontrar a si mesmo por meio de afirmação poderosa, emocional e autoprojetiva.

Num capítulo posterior estudaremos o assunto das progressões, mas poderíamos dizer aqui que sempre que a Lua progredida (ou o Sol) ou o "ponto do self" passa por um signo interceptado, o ritmo de vida (externo ou interno, respectivamente) geralmente se acelera. O indivíduo se defronta com assuntos profundamente enraizados no passado, compulsivos. Por outro lado, quando esses índices móveis de desdobramento de vida passam por signos espalhados, o ritmo de vida desacelera ou passa a ser mais livre de compulsões. O indivíduo pode parecer estar fazendo um intervalo para respirar e indo atrás de alguma coisa de um modo mais quieto e deliberado.

Tais indicações, como as dadas por signos interceptados e signos abrangentes precisam naturalmente ser modificadas por outras indicações, com freqüência mais importantes, derivadas de posições planetárias, aspectos etc. Mas pela utilização de todos os vários elementos associados com as cúspides, o astrólogo intuitivo pode ler a história espiritual do indivíduo de um modo que provavelmente não pode ser repetido. Talvez seja por essa razão que é tão difícil determinar o grau exato das cúspides! Pois a história espiritual do desenvolvimento de um indivíduo deveria sempre permanecer um profundo mistério para o investigador superficial.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A Forma e o Padrão dos Aspectos Planetários, por Dane Rudhyar



Em termos gerais, forma é o elemento de existência que define o particular distinguindo-o do universal. Cada manifestação particular de vida tem uma forma, que a caracteriza essencial e espiritualmente, dando-lhe um significado determinável em termos da maneira pela qual ela se relaciona como um todo com a vida universal. Forma é uma abstração. Falar de forma como uma realidade tangível é utilizar mal o termo e confundi-lo com "corpo". Uma das práticas mais infelizes da teosofia moderna foi a de usar o termo forma ali onde se queria dizer "corpo". A confusão se origina, obviamente, numa antiga distinção comum na filosofia hindu, mas que muito provavelmente se deve a uma falha de tradução de palavras ou, talvez, mais ainda, a uma interpretação errônea ou a um mau entendimento do conceito que está por detrás das palavras. Nossa mente ocidental tem capacidade para materializar os conceitos metafísicos do Oriente e, ao fazê-lo, envolver-se com uma abordagem da vida que não é verdadeiramente integradora.

A forma é uma abstração. Significa a padronização essencial ou o relacionamento entre partes em um todo através do qual este todo é definido como uma entidade particular. A forma é um complexo de relações: a fórmula total de relações de partes com partes e partes com o todo. A individualidade desse todo, portanto, é totalmente definida e adquire significado através de sua forma.

O corpo é forma insubstanciada e substancia incorporada. A forma, em si, não tem implicações substanciais, apesar de ser determinada originalmente e em termos de propósito vital pela necessidade dos elementos substanciais que ela correlaciona e integra num corpo. O corpo é um aglomerado de elementos substanciais (átomos, moléculas etc.) que é tornado relativamente permanente e significativo pelo fato de ter uma forma. A forma é abstrata. E a planta do arranha-céu definindo genericamente sua estrutura e em todos os detalhes de seu funcionamento. O arranha-céu concluído é um corpo — substancial e tangível.

A forma define o significado e o propósito do corpo. Pode-se conceber um domínio de pura forma não-operacional, sem ligação com substâncias ou materiais: um domínio de plantas e fórmulas algébricas. Isto, num sentido, é o mundo dos arquétipos ou ideias — exceto por haver sempre energia associada àquilo que chamamos arquétipos ou ideias, enquanto não há energia normalmente ligada aos conceitos de fórmulas algébricas ou plantas. Poder-se-ia dizer que esta é a diferença entre idéia e conceito: a ideia é vital e carregada de energia de vida potencial; o conceito é puramente intelectual. A distinção poderia ser a mesma que a existente entre a álgebra (um sistema de simbolismo abstrato que "funciona", ou seja, que tem sido útil na interpretação de dados de experiências) e o algarismo (um sistema também perfeitamente lógico de simbolismo, mas que até agora nunca foi útil ou aplicado).

Neste sentido — que não é universalmente aceito — uma ideia é uma semente no nível psicomental. É uma semente, porque é tanto forma como energia. A ideia finalmente germinará e se tornará um corpo: um organismo individual ou um organismo racial social — um grande movimento humano, uma instituição que opera entre homens. Por outro lado, o conceito é uma mera estrutura intelectual, forma ainda não carregada de energia vital. Um conceito passa a ser uma ideia quando um ser — humano, supra-humano ou divino — se identifica com este conceito e nele coloca energia.

Temos, assim, a trindade básica: energia, forma, substância, simbolizada pelo quarto termo: personalidade. No entanto, a personalidade em si é a manifestação última de um termo mais universal: atividade. Quando a atividade se torna verdadeiramente criativa num sentido individual, nasce a verdadeira personalidade. Mas já usamos o termo personalidade como significando "um padrão de comportamento humano" e, assim, à medida que estamos considerando primeiramente o aspecto psicológico da astrologia, podemos usar o termo personalidade como o quarto termo, no qual energia, forma e substância são sintetizadas.

Nos capítulos precedentes, estudamos os quatro fatores fundamentais da astrologia: a roda de casas, os signos do zodíaco, os planetas e os graus. Destacamos que os primeiros dois fatores foram gerados pelos dois movimentos primários da Terra, rotação axial e revolução orbital, e, como tais, correspondiam respectivamente aos elementos individual e coletivo de existência. O grau, sendo uma síntese dos dois movimentos, revelaria o elemento criativo, de significado. Além disso, referimo-nos aos planetas (considerados, em sua totalidade, o sistema solar visto da Terra) como indicadores de personalidade.

Estas caracterizações foram feitas em relação à psicologia humana. Mas, se desejarmos ampliá-las para incluir todas as manifestações possíveis de vida, precisaremos nos referir aos quatro termos acima mencionados: energia, forma, substância e atividade. Usando agora estes últimos termos, podemos redefinir nossos fatores astrológicos fundamentais, como segue:
O zodíaco representa a substância. Constitui a substância de todas as manifestações de vida na Terra, pois refere-se ao relacionamento variável entre a Terra e a fonte e origem de toda a vida. Os signos do zodíaco representam os doze tipos básicos de substância-vital, em todos os níveis de existência. Substância representa o coletivo. Cada fator astrológico é sempre remetido ao zodíaco, tal como toda manifestação individual de existência nasce de materiais coletivos e é uma combinação específica destes.

Portanto, a roda de casas representa a forma, aquilo que caracteriza essencialmente a "combinação específica" — isto é, o indivíduo. Enquanto o zodíaco é um fator espacial e objetivo, a roda de casas refere-se inerentemente ao tempo e aos valores subjetivos, à forma de existência do self, simbolizada primeiramente pela "cruz dentro do círculo" — sendo a roda astrológica conhecida uma diferenciação adicional, por divisão por três, da mandala básica da alma (cf. Astrology and Analytical Psychology, p. 113).

Mas forma pode ser considerada tanto à luz da existência como self quanto da personalidade ativa e criativa. Isto equivale a dizer que pode ser representada em termos astrológicos pela relação da Terra com o espaço zodiacal que a circunda — o campo magnético da Terra, ou pela relação da Terra com a totalidade do sistema solar que a circunda. Em outras palavras, minha orientação particular à vida como um indivíduo é um fator subjetivo. É o modo como me percebo, sinto, entendo e penso sobre mim mesmo. Este é o meu ponto de vista quanto à vida. Relaciona-me com a vida. A forma desse relacionamento é dada pelas casas.

Por outro lado, como personalidade humana envolvida em ações e reações vivendo com outras personalidades num vasto mundo de relacionamento, também tenho um certo ritmo de comportamento. Este ritmo é minha personalidade, e pode expressar exatamente minha opinião individual sobre a vida — ou não, Isto porque é uma tentativa de harmonizar ou de equilibrar os fatores individuais e coletivos em minha vida, assim, um certo tipo de compromisso — no melhor dos casos, de integração de tendências opostas. Em termos astrológicos, este ritmo complexo de comportamento é simbolizado pelo sistema solar como um todo, como é visto da Terra, o que quer dizer, pelas correspondentes posições de todos os planetas (sempre incluindo Sol e Lua) em minha carta natal. A isto chamamos padrão planetário. Ele nos dá um segundo tipo de forma — forma não em relação com o indivíduo per se, mas com referência à personalidade, ou ao termo atividade.

Temos assim, digamos, forma subjetiva — determinada pelo relacionamento entre os eixos da carta e a eclíptica, e forma objetiva — determinada pelas correspondentes posições de todos os planetas e também por suas posições em relação aos eixos da carta (horizonte e meridiano). Estudaremos rapidamente estes dois tipos de forma, mas há ainda mais um ponto a utilizar. Consideramos até agora os elementos "substância", "forma" e "atividades". Nada ainda foi dito sobre "energia".

Energia é o fator de movimento implícito em todos os outros fatores até agora discutidos. Movimento é o principio que dá energia à vida. Está no núcleo da substância zodiacal espalhada no espaço coletivo. É o poder de desdobramento no centro de todo self individual nascido do útero do tempo. É o poder vital na confusão de atividades nas quais e através das quais a personalidade se revela. Além disso, o significado nasce de uma combinação de movimentos. É quando o indivíduo interpreta a substância coletiva de todas as funções e de todas as atividades que surge o significado. O significado é simbolizado pelo "grau", que arquetipicamente é a distância de espaço orbital percorrida num dia pela Terra, a quantidade de substância universal (zodíaco) assimilada pelo indivíduo em seu ciclo básico de consciência (ciclo de rotação da Terra — dia).

No significado há ubiquidade, mas apenas em potencial. Todo símbolo astrológico não deve ser apenas interpretado em termos de sua posição num ou noutro signo zodiacal, mas está localizado num (ou sobre um) grau. Potencialmente, ao menos, tem, portanto, significado. Mas o domínio de significados não é apenas' "individual", é "coletivo" também. O número de graus do zodíaco é um número finito. E este número caracteriza o status espiritual do planeta como um todo. Portanto significado é um fator planetário aplicável a indivíduos. E o portal pelo qual o ser humano individual entra no ser, ou no estado de ser, do Indivíduo planetário. Em direção contrária, existe uma ação do Indivíduo planetário (chame-o Logos ou Deus) sobre o homem individual, tal como sobre a humanidade coletiva. Ela está revelada no que chamamos "grande círculo polar" — comumente chamado ciclo de precessão dos equinócios; a primeira pode ser encontrada numa simbolização dos "graus" daquele ciclo. O que se quer dizer com "graus" num ciclo desse tipo poderia ser sugerido indiretamente pelo movimento subsidiário dos polos (nutação) cujo ciclo se iguala ao ciclo dos nodos lunares.

Poderíamos acrescentar que a Lua e aqueles ciclos de energia que consideramos como "Luas superiores" representam um aspecto particular de energia em termos do fator "personalidade". A Lua é o símbolo visível daqueles ciclos de energia, porque é o satélite da Terra. Sua revolução ao redor da Terra representa movimento real centrado na Terra. Suas fases podem ser vistas afetando os processos de crescimento de vida. Em níveis superiores, as diversas "Luas" controlam as marés de energia psíquica, mental e espiritual.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Graus de Peixes, por Dane Rudhyar


PEIXES    XXIII. O MOMENTO DA INOCÊNCIA

1° FIM DE TARDE DE SÁBADO: MULTIDÕES ENCHEM OS MERCADOS PÚBLICOS
A natureza social das responsabilidades humanas. Correr na última hora, alegremente, para uma tarefa. Síntese-semente ao fim dos ciclos.

2° ESQUILO, DEMONSTRANDO AGUDEZA DE ESPÍRITO, ESCONDE-SE DO CAÇADOR
Instinto de autopreservação como base para maior compreensão. Elevação do si mesmo para bases mais seguras. Transferência.

3° UMA FLORESTA PETRIFICADA: REGISTRO PERMANENTE DE VIDAS ANTIGAS
Domínio da forma sobre a substância. Imortalidade arquetípica. Manejo consciente da existência. Participação de impulsos raciais.

4° CARROS APINHAM-SE NUM ISTMO ESTREITO ENTRE DOIS BALNEÁRIOS
Ligação na atividade de todos os valores comunitários. Fluxo livre de ideias para consumação. Senso de significado em relações.

5° UMA MULTIDÃO DE BOM CORAÇÃO REÚNE-SE NUMA QUERMESSE DE IGREJA
Intercâmbio de espirito e entendimento sobre os quais se constroem grupos. Novo autodesenvolvimento. Domínio do desencorajamento. Comércio.

6° UMA PARADA DE CADETES DE WEST POINT É FEITA AO PÔR-DO-SOL
Autoexaltação através da consagração à tarefa de defender valores coletivos. Autoteste. Percepção de metas elevadas.

7° NEBLINA ESCONDE A PRAIA; MAS, NUMA ROCHA VISÍVEL, REPOUSA UMA CRUZ
Concentração de valores dentre o caos da vida exterior. Luz clara de compreensão elevada. Aceitação dos limites da vida.

8° ESCOTEIRA, NO ACAMPAMENTO, SOPRA SUA CORNETA TRIUNFANTEMENTE
Plenitude de vida quando se manifesta no serviço ao todo. Socialização espiritual. Chamado à participação no trabalho da raga.

9° A CORRIDA COMEÇA: UM JÓQUEI INSTIGA SEU CAVALO PARA GRANDE VELOCIDADE
A capacidade de o homem atirar-se totalmente em qualquer tipo de atividade. Autoestimulação. Gasto prematuro de energia.

10° O AVIADOR NAVEGA PELO CÉU, SENHOR DE REGIÕES ELEVADAS
Transcendência de problemas normais. Obtenção de responsabilidades celestiais. Consumação dos ideais mais elevados. Coroação.

11° BUSCADORES DE ILUMINAÇÃO SÃO GUIADOS PARA DENTRO DO SANTUÁRIO
Introdução da mente consciente nas regiões intuitivas da alma. Autodedicação. Autodespertar; ou rendição a medos interiores.

12° CANDIDATOS ESTÃO SENDO EXAMINADOS PELA LOJA DE INICIADOS
Prova interior que se apresenta a todo buscador verdadeiro. O indivíduo enfrentando a sabedoria coletiva. Reafirmação de propósito. Revelação de Deus.

13° ARMAS ANTIGAS NUM MUSEU: NUMA CAIXA DE VIDRO, UMA ESPADA SAGRADA
Coragem e destemor necessários na busca do espírito e da compreensão real. Fé real em si próprio; ou o vazio do medo.

14° JOVEM SENHORA, ENVOLTA EM PELES, EXIBE SUPREMA ELEGÂNCIA
Anúncio superficial necessário do valor interno. Certificado de mérito verdadeiro. Estima educada. Fortuna embaraçosa.

15° UM OFICIAL EM UNIFORME DE CAMPANHA, DESALINHADO, TREINA SEUS HOMENS
Sujeição das aparências externas a necessidades reais. Compulsão poderosa de uma grande tarefa a ser cumprida. Oportunidade bem aproveitada.

PEIXES    XXIV. O MOMENTO DE PROTEÇÃO

16° NUM MUSEU SILENCIOSO, UM ESTUDANTE DE ARTE ABSORVE INSPIRAÇÃO
Fonte subjetiva de força em torno de toda manifestação. Comunhão com força racial acumulada. Compreensão profunda, vibrante.

17° PÁSCOA: RICOS E POBRES MOSTRAM IGUALMENTE O MELHOR QUE POSSUEM
Um símbolo de "momentos elevados" na vida, quando o homem desafia a si mesmo e renova sua fé em circunstâncias. Automelhoria.

18° NUMA TENDA ENORME, UM FAMOSO MISSIONÁRIO CONDUZ SUA REUNIÃO
Reforço da fé que pode abrir um novo ambiente. Uma revisão de ideias de volta As origens. Pesquisa crítica da vida.

19° MESTRE E ALUNO UNEM FORÇAS NUMA LONGA CAMINHADA
Função de fortalecimento do corpo que a alma tem. Libertação do carma racial. Transmutação de fatos cotidianos em inteligência.

20° NA QUIETUDE DA NOITE, O JANTAR DO FAZENDEIRO ESPERA POR ELE
Riqueza abrangente de experiência sempre que um certo problema passa. Nutrição espiritual. Aquisição de forças.

21° CRIANÇA OBSERVADA POR CRIADO CHINÊS ACARICIA UMA OVELHA BRANCA
Ávida sondagem da alma acerca de suas muitas potencialidades e objetivos mais elevados. Autoexpansão; ou recusa a crescer em Espirito.

22° DESCENDO UMA SIMBÓLICA MONTANHA DE INDÚSTRIAS, VEM UM NOVO MOISÉS
O sucesso do homem em fazer face ao desafio de uma nova ordem. Codificação de novos valores. Apego a padrões mais elevados.

23° UM "MÉDIUM MATERIALIZADOR" CONVOCA ESTRANHAS FORMAS FANTASMAGÓRICAS
Demonstração de poderes que, mesmo físicos, transcendem nossa consciência normal. Domínio subjetivo de forças vitais ou passividade a elas.

24° NUMA MINÚSCULA ILHA PERDIDA, HOMENS CONSTROEM ALEGREMENTE SEU PRÓPRIO MUNDO
Adaptabilidade e criatividade inerente do ser humano. Extremo de segurança em autoexpressão. Centralização de forças superiores.

25° APÓS MUDANÇAS DRÁSTICAS, UM CLÉRIGO REABILITADO VOLTA A OFICIAR
Capacidade de eliminar periodicamente todas as impurezas egoístas dos canais para serviço espiritual. Visão verdadeira. Reforma da alma.

26° DOIS NAMORADOS EXTASIADOS E UM FILÓSOFO OBSERVAM A LUA NOVA
Polifonia de valores quando a pessoa vive em vários níveis de consciência. Chamado interno à compreensão. Transmutação de significado.

27° A LUA DA COLHEITA SE ELEVA EM TRANSLÚCIDOS CÉUS DE OUTONO
O poder da visualização criativa pelo qual os grandes sonhadores transcendem a realidade externa. Domínio completo de circunstancias.

28° SOB A LUA CHEIA, OS CAMPOS PARECEM ESTRANHAMENTE VIVOS
Poderes normalmente não percebidos liberados na fruição de processos naturais. Chamado da mente universal ao coração. Plenitude.

29° CIENTISTA ESTÁ FAZENDO TESTES POR MEIO DE ANÁLISES DO ESPECTRO
Capacidade da mente de transferir seus poderes à maquinaria. Alargamento da percepção. Aproximação da visão. Análise sutil.

30° O SONHO DE UM VIDENTE VIVE AGORA: UMA FACE ESCULPIDA EM IMENSAS ROCHAS
Manifestação concreta final de todas as imagens poéticas mais elevadas e de verdades duradouras da raça. Culminação segura do esforço.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Graus de Aquário, por Dane Rudhyar



AQUÁRIO    XXI. O MOMENTO DA DEFENSIVIDADE

1° VELHA MISSÃO DE ADOBE SE ANINHA NAS MONTANHAS MARRONS DA CALIFÓRNIA
Domínio do ser humano sobre o meio ambiente ao se tornar parte integrante dele. Reconhecimento de valores estabelecidos. Impressionabilidade.

2° TEMPESTADE INESPERADA ALIVIA CAMPOS QUEIMADOS
Libertação de condições adversas através de desenvolvimentos espetaculares violentos. Galvanização à ação. Visitação cósmica.

3° UM DESERTOR PERCEBE REPENTINAMENTE A FALSIDADE DE SUA CONDUTA
Capacidade de resgatar a experiência passada e fazê-la valer. Autoexame penetrante. Novo destemor despertado. Decisão.

4° UM HINDU PANDITA REVELA-SE REPENTINAMENTE, UM GRANDE CURADOR   
Supremacia das faculdades insuspeitadas escondidas profundamente no interior. Uso consciente de poder divino. Revelação do si-mesmo.

5° UM LÍDER MUNDIAL É VISTO SENDO GUIADO PELOS ESPÍRITOS DE SEUS ANCESTRAIS
A rica herança ancestral de cada indivíduo, que é a base mais forte do caráter. Inspiração direta, real.

6° NUM RITUAL ALEGÓRICO DE MISTÉRIO, UM HOMEM CELEBRA SOZINHO
Impulso compulsivo de toda alma de expressar o desconhecido e o mais-que-físico. Sensibilidade a propósitos elevados. Conflito.

7° FORA DO OVO CÓSMICO, A VIDA NASCE FRESCA E VIRGINAL
Nova atuação de esforço pelo poder de propósitos não realizados. Autoexpressão além de todas as expectativas. Proteção espiritual.

8° FIGURAS DE CERA MOSTRAM BELAS VESTIMENTAS EM VITRINAS DE LOJA
Necessidade de demonstração pública de virtudes e padrões de vida. Exteriorização de valor, para que possa ser dividido com outros.

9° EM MEDITAÇÃO, É VISTA UMA BANDEIRA QUE SE TRANSFORMA NUMA ÁGUIA
Processo da realização espiritual quando progride de padrões exteriores para padrões interiores. Renascimento ou rebelião contra trabalhos penosos.

10° INTOCADO PELA POPULARIDADE, AGORA DECRESCENTE, UM HOMEM VOLTA A PLANEJAR
Capacidade de elevar-se acima das vicissitudes da sorte que passa. Fé em si próprio. Dependência de dotes inatos. Projeção.

11° ARTISTA, AFASTADO DO MUNDO, RECEBE NOVA INSPIRAÇÃO
O poder criativo do homem: seu relacionamento com comportamento social. Autocristalização numa forma de poder; ou, então, autoexploração.

12° A GRANDE ESCADA DA VIDA: CADA PATAMAR, UM NOVO GRAU DE VIDA
Pontos de pausa e transição, em que a alma pode avaliar seu progresso. Esforço graduado. Necessidade de separação do passado.

13° UM BARÔMETRO PENDURADO SOB O PÓRTICO DE UMA TRANQUILA HOSPEDARIA RURAL
Ponto privilegiado de consciência, em que a vida pode ser observada e medida em paz. Recolhimento interno de uma alma em busca de verdade.

14° NUMA SUBIDA ÍNGREME, UM TÚNEL OFERECE O CAMINHO MAIS CURTO PARA UM TREM
O caminho interior para o sucesso exterior. Alívio seguro para o trabalhador disposto a enfrentar os fatos. Penetração e realização direta.

15° DOIS PERIQUITOS CANTAM NUMA CERCA SUA FELICIDADE PURA
Contagiosidade da felicidade em associações humanas. Revelação de realidade construtiva. Radiação de fé espontânea.

AQUÁRIO    XXII. O MOMENTO DA PERSPECTIVA

16° ADMINISTRADOR DE NEGÓCIOS ESTUDA EM SUA MESA UM PROJETO COMPLEXO
O controle central de operações necessário em todo empreendimento organizado. A função da cabeça. Segurança na decisão. Administração.

17° CÃO DE GUARDA ATENTO ENQUANTO MINERADOR DE OURO DORME PERTO DA SUA MINA
Faculdades protetoras nascentes em todas as pessoas quando se ajustam a novas condições. Organização competente de assuntos.

18° NO BAILE DE MÁSCARAS, O ÚLTIMO HOMEM TIRA A MÁSCARA, INCITADO PELAS GAROTAS
O desejo do introvertido de proteger-se do julgamento social. Aferrar-se à autoavaliação. Conservação de experiência.

19° DOMINADO UM INCÊNDIO DE FLORESTA, OS BOMBEIROS CANSADOS SENTEM-SE JUBILOSOS
Exagero dos problemas da vida, que revela ao homem sua real estatura e a expande. Desafio impaciente. Ascendência.

20° POMBA BRANCA CIRCULA NO ALTO; DESCE, TRAZENDO UMA MENSAGEM
A bênção que o "Espírito Santo" do significado revelado dá a todos os esforços. Exaltação de todos os esforços individuais. Celebridade.

21° UMA MULHER ESTÁ DESAPONTADA, ENQUANTO UM HOMEM DEIXA SEU QUARTO
Capitalização do infortúnio através do qual se ganha justificação espiritual. Supremacia sobre experiência. Retiro interior.

22° CRIANÇAS EM ALGAZARRA SOBRE O TAPETE NOVO DO SEU QUARTO
Calor e riqueza da vida dados àqueles que aprendem avidamente a viver. Autoconhecimento imponente, ou autoapreciação. Conforto.

23° UM GRANDE URSO TREINADO SE APRESENTA, SENTADO NUMA CADEIRA ENORME
Necessidade de construir um veículo concreto adequado para o poder cósmico. Desempenho além dos dotes nativos. Um desejo de equilíbrio.

24° AGORA, LIVRE DA PAIXÃO, UM HOMEM ENSINA PROFUNDA SABEDORIA
Utilização de experiência e paixão pela inteligência, que permanece não-envolvida. Conquista do si mesmo. Desapaixonamento genuíno.

25° UMA BORBOLETA EMERGE DE SUA CRISÁLIDA, PRIMEIRO A ASA D1REITA
Avanço necessário da volição sobre os elementos reflexos. Abordagem voluntária dos problemas de ser. Ajustar-se a ideias estranhas. Escolha.

26° UM MECÂNICO É VISTO PRONTO PARA TESTAR A BATERIA DE UM CARRO
Capacidade do si mesmo assumir e liberar poder espiritual. Liberação controlada de poder através das emoções. Comedimento.

27° ENTRE LIVROS RAROS, UMA VELHA TIGELA DE CERÂMICA COM VIOLETAS FRESCAS
Realidade de valores espirituais ou estéticos ligando gerações de buscadores do que é mais elevado. Acrescentamento ou comprometimento com o valor.

28° ENORME PILHA DE MADEIRA RECOLHIDA ASSEGURA CALOR PARA O INVERNO
Rica contribuição da natureza a todos os que trabalham com previsão. Preparação inteligente. Fé tranquila, mas poderosa, na Providência.

29° COMPLETADA A METAMORFOSE, UMA BORBOLETA ABRE SUAS ASAS
Imortalidade do verdadeiro si-mesmo. Graduação para um novo estado de ser. Projeção confiante do si-mesmo; falta de autoconfiança.

30° CAMPOS ENLUARADOS, ONDE OUTRORA EXISTIU BABILÔNIA, ESTÃO FLORINDO, BRANCOS
Poesia interior da vida que refresca a alma. Sentimento espiritualmente alimentado que ilumina o coração. Vozes do passado.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Graus de Capricórnio, por Dane Rudhyar


CAPRICÓRNIO    XIX. O MOMENTO DA ILUSÃO

1° CHEFE ÍNDIO EXIGE PODER DA TRIBO EM ASSEMBLEIA
Domínio de uma situação através do planejar e aventurar-se propositado. Enfrentamento ousado de oportunidades. Extremo de autoconfiança.

2° ROSÁCEAS NUMA CATEDRAL GÓTICA; UMA, DANIFICADA PELA GUERRA
Subjacente resistência a mudanças em alicerces vitais. Fé em si mesmo. Testemunho do belo contra a força bruta.

3° A ALMA, COMO UM ESPÍRITO RONDANDO ÁVIDO PELA AQUISIÇÃO DE EXPERIÊNCIA
Motivação interior e pura. O poder de se manter acima de limitações físicas; de demonstrar livre vontade. Desapego.

4° FOLGAZÕES EMBARCAM NUMA CANOA GRANDE NO LAGO ILUMINADO POR LANTERNAS
Externalização dos impulsos coletivos da raga através de indivíduos. Tolo amor ao prazer. Exploração do si mesmo.

5° UM ACAMPAMENTO DE ÍNDIOS AMERICANOS: COMEÇA UMA DANÇA DE GUERRA FEROZ
Mobilização de energias latentes para autoesforço determinado. Obsessão por forças elementais. Violento despertar para a realidade.

6° DEZ TORAS DEITADAS SOB A ABÓBADA DÃO PASSAGEM PARA FLORESTAS MAIS ESCURAS
Não-limitação da experiência quando a pessoa passa de completação para uma plenitude cada vez maior. Pureza em conhecimento. Perfeição.

7° HIEROFANTE PESADAMENTE VELADO LIDERA UM RITUAL DE PODER
Reunião do poder de um grupo para um propósito e numa vontade individual. "Avatar"-ismo. Responsabilidade.

8° NUMA SALA DE ESTAR AMPLA, INUNDADA DE LUZ SOLAR, CANTAM CANÁRIOS
A felicidade que irradia de uma personalidade integrada. Auto-estabilização firme em conforto social ou respeitabilidade.

9° UM ANJO PORTANDO UMA HARPA ATRAVESSA UMA ALAMEDA CELESTE
A harmonia básica do eu realizado. Percepção de harmonia na vida cotidiana através de compreensão desapegada e elevada.

10° NUM VELEIRO OS MARINHEIROS ESTÃO ALIMENTANDO UM ALBATROZ MANSO
Superação de medos instintivos através de persuasão branda. Conquista gentil. Cultura de valores espirituais. Inofensividade.

11° FAISÕES MOSTRAM SUAS CORES BRILHANTES NUM GRANDE PRADO
Riqueza latente de recursos naturais exibidos através de processos seletivos. Capitalização de oportunidade. Luxo.

12° MARAVILHAS NATURAIS SÃO DESCRITAS NUMA AULA DE CIÊNCIAS
Ver através das aparências; desvendar o esplendor mágico do núcleo das coisas. Um toque de vida universal. Visão precisa.

13° SOB PICOS COBERTOS DE NEVE, UM ADORADOR DO FOGO ESTÁ MEDITANDO
Estabelecimento fume sobre princípios muito antigos. Consciência de unidade absoluta. Profundidade de penetração de alma. Autoconquista.

14° NA SELVA FECHADA, UM BAIXO-RELEVO MAIA PERFEITAMENTE PRESERVADO
O poder do ser humano de deixar registros permanentes de suas conquistas. Imortalidade pessoal. Fecundação do futuro pelo passado. Segurança.

15° NUM HOSPITAL, UMA ENFERMARIA INFANTIL CHEIA DE BRINQUEDOS
A bondade da vida nos testes trágicos das primeiras tentativas de autorregeneração. Responsabilidade administrada; ou fuga.

CAPRICÓRNIO    XX. O MOMENTO DA DEPENDÊNCIA

16° QUADRAS ESCOLARES REPLETAS DE JOVENS EM ROUPAS DE GINÁSTICA
Dependência normal de estimulação física. Entusiasmo robusto na abordagem dos desafios da vida; ou impulsividade imatura.

17° MULHER REPRIMIDA ENCONTRA ALÍVIO PSICOLÓGICO NO NUDISMO
Fuga da escravidão as inibições sociais. Reajuste da relação entre espirito e corpo. Autopurificação. Autoconfrontação.

18° A BANDEIRA DE PROA DA UNIÃO TREMULA NUM NOVO DESTRÓLER BRITÂNICO
Extremo de objetificação de recursos internos. Desafio à vida. Autocompreensão esplêndida. Total consciência de competição.

19° MENINA DE CINCO ANOS ORGULHOSAMENTE FAZ AS COMPRAS DE SUA MÃE
Capacidade de se colocar além dos padrões normais. Autoconfiança ampliada. Espera de condições para alcançar o si mesmo.

20° NA IGREJA VAZIA, OUVE-SE O CORAL, ENSAIANDO
A não percebida plenitude de vida que existe mesmo nas horas mais vazias. Preparação para atividade. Raio de esperança através de todas as dificuldades.

21° UMA CORRIDA DE REVEZAMENTO. CADA CORREDOR SE COLOCA ANSIOSAMENTE EM SEU LUGAR
Extremo de cooperação e troca nos relacionamentos da vida. Total rendição de si mesmo ao serviço. Comportamento de grupo planejado.

22° GENERAL VENCIDO ENTREGA SUA ESPADA COM DIGNIDADE NOBRE
Derrota aparente que significa vitória espiritual real. Render-se ao costume. Conquista através de conformidade à norma estabelecida.

23° UM SOLDADO RECEBE DE MODO DECOROSO DOIS PRÊMIOS POR BRAVURA
Prêmio ofertado pela sociedade pelo atendimento à responsabilidade individual. Reconhecimento de valor; boa sorte desmerecida.

24° UMA MULHER CAMINHANDO PARA O PORTO SEGURO DE UM CONVENTO
Gentileza protetora da vida aos corações cansados. Silenciosa influência oculta da existência real. Ajuda conseguida à força. Salvamento a tempo.

25° MENININHOS BRINCAM SOBRE TAPETES MACIOS NUMA LOJA ORIENTAL
Primeira compreensão dos valores culturais por meio de prazer sensual. Refinamento de sensações. Enriquecimento psicológico.

26° FADA RADIANTE DANÇA NA BRUMA DE UMA CACHOEIRA Transcendência do espirito sobre corpo e meio ambiente. Clareza de entendimento. Recursos de alma inesgotáveis. Efervescência.

27° HOMENS ESCALANDO UM PICO SAGRADO; ABAIXO, O MUNDO — ACIMA, PAZ
Ligação necessária entre acima e abaixo na experiência pessoal do buscador. Dualismo equilibrado de vida subjetiva-objetiva.

28° O AVIÁRIO DE UMA MANSÃO RURAL, CHEIO DE AVES CANORAS
Aperfeiçoamento da personalidade pela familiaridade com valores espirituais. Alegrar-se no significado das coisas; ou confusão mental.

29° UMA CIGANA LÊ A SORTE NAS CHÁVENAS DE SENHORAS DA SOCIEDADE
A procura de entendimento interior através de todo condicionamento da vida. Primeira abordagem da realidade. Desejo de transcender a rotina.

30° OS DIRETORES DE UMA GRANDE EMPRESA REÚNEM-SE EM CONFERÊNCIA SECRETA
Atividade de elementos interiores formativos da personalidade real. Agrupamento de energias da alma numa emergência. Liderança espiritual.


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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.