terça-feira, 30 de agosto de 2016

A Divisão dos Quatro Ângulos nas Doze Casas, por Howard Sasportas


Enquanto a determinação dos ângulos não apresenta muitos problemas, o modo como os quatro ângulos deveriam (ou não) ser divididos em três setores para formar as doze casas é uma das maiores controvérsias na astrologia.

Em termos gerais, parece haver concordância de que a linha do horizonte — o eixo Ascendente-Descendente — é a base sobre a qual deve se basear a divisão de uma carta em casas. Em outras palavras, a maioria dos astrólogos concorda em que o Ascendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial (ou ângulo principal) da 1ª Casa e o Descendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial da 7ª Casa. Isso feito, os astrólogos se dispersam em todas as direções. Aqueles que apóiam o Sistema de Casas Iguais de divisão de casas apresentam a solução menos complicada. Chamando o Ascendente de "cúspide da 1ª Casa", eles simplesmente dividem a eclíptica em doze casas de igual tamanho, com 30° cada uma. Assim, se o Ascendente estiver a 13° de Câncer, a 2ª Casa estaria a 13° de Leão, a 3ª Casa a 13° de Virgem etc. No caso de cartas com Casas Iguais, o Meio-do-Céu não coincide necessariamente com qualquer cúspide de casa.

No entanto, no sistema Quadrante de divisão de casa, todos os quatro pontos dos ângulos correspondem a cúspides de casas: o Ascendente se torna a cúspide da lª Casa, o Fundo-do-Céu é a cúspide da 4ª Casa, o Descendente é a cúspide da 7ª Casa e o Meio-do-Céu é a cúspide da 10ª Casa. Mas a maneira como deveriam ser calculadas as cúspides das casas intermediárias (isto é, as cúspides da 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, 8ª, 9ª, 11ª e 12ª casas) provoca uma série de perguntas. Em alguns desses sistemas, o espaço é dividido para determinar estas cúspides; em outros, o tempo é o fator sobre o qual se faz a divisão. Uma mais ampla discussão deste item de divisão de casas está incluído no Apêndice 2. Pessoalmente, e por razões que explico no Apêndice, prefiro o sistema Quadrante ao de Casas Iguais e pelo que me proponho neste livro, relaciono geralmente a cúspide da 10ª Casa ao Meio-doCéu e a cúspide da 4ª Casa ao Fundo-do-Céu.
Seja qual for o sistema que escolhermos, o que queremos é chegar às doze casas. Por que doze? A razão mais óbvia para isso é que os astrólogos acreditavam que a divisão da esfera mundana em doze casas deveria refletir a divisão da eclíptica em doze signos. Rudhyar nos oferece uma resposta mais filosófica. Ele argumenta que cada quarto da carta (como definido pelo Ascendente, Fundo-doCéu, Descendente e Meio-do-Céu) deveria ser dividido em três casas porque "qualquer ato da vida é basicamente dividido em três (tríplice), inclusive a ação, a reação e o resultado dos dois" .2 Em sua opinião, então, a 2ª e a 3ª casas confirmam o significado do Ascendente e da 1ª Casa; a 5ª e 6ª casas completam aquilo que se iniciou no Fundo-do-Céu e na 4ª Casa; a 8ª e 9ª casas continuam aquilo que começou no Descendente e na 7ª Casa; e a 11ª e 1ªª casas complementam aquilo que se iniciou no Meio-do-Céu e na 10ª Casa. Além de justificar a necessidade das doze casas, a maneira de raciocinar de Rudhyar nos ajuda a avaliar o fato de que o significado e a importância de cada casa provém logicamente da anterior. Mais adiante vamos falar mais a respeito do processo cíclico das casas.

As casas são tradicionalmente contadas no sentido anti-horário a partir do Ascendente. A lª e a 7ª casas estão sempre opostas uma à outra — isso quer dizer que o signo que estiver na cúspide da 1ª Casa será o signo oposto àquele que está na cúspide da 1ª Casa, e o grau da cúspide também será o mesmo. Esta mesma regra se aplica aos outros pares de casas opostas: a 2ª e a 8ª, a 3ª e a 9ª, a 4ª e a 10ª, a 5ª e a 11ª a 6ª e a 12ª.

Martin Freeman faz a relação entre os signos do zodíaco e a divisão em doze partes das casas mais claras pintando o zodíaco como uma "grande roda que envolve a Terra e pela faixa da qual se movem os planetas". Esta roda é fixada contra um fundo de céu, e os signos são marcados dentro dos raios. As doze casas são como os "raios de uma roda que gira sobreposta a uma roda maior". Os raios das casas fazem um círculo completo em 24 horas alinhados com a rotação diária da Terra. A maneira especial pela qual a roda das casas se relaciona com a roda do zodíaco no lugar e na hora do nascimento é o que toma o mapa único para cada indivíduo.3
Uma vez que a Terra faz um movimento de rotação a cada 24 horas, os doze signos e os dez planetas passam através das doze casas neste período. O mapa de nascimento é um momento congelado no tempo que mostra o alinhamento especial de planetas, signos e casas para o tempo e o lugar do nascimento. Duas pessoas podem ter nascido no mesmo dia e ter o mesmo posicionamento de planetas, mas por terem nascido em lugares diferentes ou em horas diferentes, o padrão planetário vai ser visto numa área diferente do céu, isto é, em casas diferentes.

Até agora, dividimos o espaço em signos, o tempo em quatro quadrantes e os quatro quadrantes em doze casas. Chega de dividir, por enquanto. É tempo de dar um significado às casas e considerar as relações de uma com a outra e com as nossas vidas.

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas. 


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