sábado, 3 de setembro de 2016

Hemisférios e Quadrantes, por Howard Sasportas




As doze casas podem ser subdivididas e classificadas sob vários títulos. O conhecimento desses agrupamentos enriquece um entendimento do significado de cada casa e a maneira como uma casa ou esfera de vida se relaciona com outra.

A linha do horizonte divide o mapa num hemisfério superior (sul) e num hemisfério inferior (norte). As casas que se localizam abaixo do horizonte (da 1ª à 6ª) estão mais diretamente ligadas ao desenvolvimento do indivíduo, à identidade separada e aos requisitos básicos que a pessoa precisa para viver. São conhecidas como as casas pessoais.

As casas que ficam acima do horizonte (da 7ª à 12ª) focalizam a conexão de um indivíduo com outros num nível íntimo de pessoa para pessoa, em termos de sociedade como um todo e com relação ao resto da criação. São conhecidas como as casas coletivas (veja Figura 5).
O eixo do meridiano cruza a linha do horizonte, cortando o horizonte ao meio e gerando outra divisão na roda das casas, os quatro quadrantes (veja Figura 6).

No Quadrante I (casas 1ª à 32) o indivíduo começa a tomar forma como entidade distinta. Um sentido de identidade separada forma-se através da diferenciação do self (1ª Casa), corpo e substância (2ª Casa) e mente (3ª Casa), saído da matriz universal de vida.









No Quadrante II (casas 4a à 6a) o crescimento envolve ulterior expressão e aprimoramento do self diferenciado. Na 4a Casa formada pela educação familiar e pelas heranças ancestrais, o indivíduo molda um sentido mais convincente de sua própria identidade. Tendo isso como medida e base, o Eu tenta se externar na 5a Casa e, mais tarde, especificar, aprimorar e aperfeiçoar sua natureza particular, suas competências e capacidades (6a Casa).

No Quadrante III (casas 7a à 9a) o indivíduo expande o conhecimento através de relacionamentos com outras pessoas. Na 7a Casa existe um encontro íntimo entre a realidade de uma pessoa e a realidade de outra. A 8a Casa descreve a queda do ego-identidade individual através do processo de união com o outro. A consequente amplificação, um novo despertar e um novo visual do self é mostrado pela 9a Casa.

No Quadrante IV (casas 10a à 12a) a principal preocupação é expandir ou transcender as fronteiras do self para incluir não só um outro, mas muitos outros. O papel de uma pessoa na sociedade é descrito pela 10a Casa; várias formas de conscientização grupai são exploradas na 115 e uma identidade espiritual do indivíduo, seu relacionamento daquilo que é maior mas que, no entanto, inclui o self, é explorado na 12a.

Uma vez que o agrupamento de casas em quadrantes faz sentido em termos de limites lógicos criados pelo cruzamento do horizonte com o meridiano, é possível subdividir a roda de mais de uma maneira (veja Figura 7). Nas casas 1a à 4a, o indivíduo nasce e se torna consciente de sua própria existência, corpo, mente, ambiente e sentimentos. Esta fase estabelece um sentido de "eu aqui dentro". As casas 55 à 89 descrevem a vontade de exprimir e compartilhar o self autônomo com os outros: "eu aqui dentro" encontro "os outros lá fora". Nas casas 9a à 12a, a proposta é integração, não só com alguns poucos mas com a sociedade inteira e com o todo maior do qual fazemos parte: o desenvolvimento da realidade do "nós aqui dentro". Nesta classificação, cada fase começa com a faísca e a inspiração de uma casa de Fogo (1a, 5a e 9a) indicando o nascimento de um novo nível de ser; e cada fase termina com uma casa de Água (4a, 8a e 12a), descrevendo a dissolução, assimilação e transição que leva ao estágio seguinte.



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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.



sexta-feira, 2 de setembro de 2016

As Casas Como Procedimento, por Howard Sasportas


Numa conferência intitulada "Criando uma psicologia sagrada", o psicólogo Jean Houston contou uma piada a respeito da vida de Margaret Mead. Quando criança, Margaret pediu à sua mãe que lhe ensinasse a fazer queijo. A mãe retrucou: "Sim, meu bem, mas você vai ter que ver o bezerro nascer." Desde o nascimento do bezerro até a confecção do queijo — Margaret Mead aprendeu quando criança o procedimento completo, do começo para o meio e o final.

O dr. Houston lamenta que sejamos vítimas de uma "era do procedimento interrompido". Nós apertamos um botão e o mundo se põe a girar. Sabemos um pouco a respeito do início das coisas, um pouco do final das coisas mas não temos idéia alguma do meio. Perdemos o sentido do ritmo natural da vida.

Nossa cultura atual é intoleravelmente desequilibrada. Antes do século XVI, o enfoque dominante era orgânico. As pessoas viviam junto à natureza em pequenos grupos sociais e conheciam suas próprias necessidades como subordinadas às da comunidade. A ciência natural baseava-se na razão e na fé, e o material e o espiritual estavam inextricavelmente ligados. Durante o século XVII, este enfoque mudou dramaticamente. O sentido de um universo orgânico e espiritual foi substituído por uma noção diferente: o mundo como uma máquina que funciona à base de leis mecânicas e que poderia ser explicado em termos de movimento e encaixe das diversas partes. A terra não era mais a Mãe Grande, sensível e viva mas um mecanismo reduzido a engrenagens e peças como um relógio. O famoso pensamento de Descartes - Cogito, ergo sum, penso, logo existo - provocou uma nítida divisão entre a matéria e a mente. As pessoas passaram a se interessar mais por seu intelecto, deixando o corpo em segundo plano. Fragmentação tornou-se a regra do dia e continua a reinar apesar de os sábios do século XX demonstrarem que relacionamento é tudo, e que nada pode ser entendido isolado de seu contexto.

Ironicamente, a astrologia, o estudo dos ciclos e dos movimentos da natureza, também perdeu seu sentido de procedimento e seu sentimento da integridade orgânica da vida. A visão mecanizada do mundo levou à crença de que a natureza poderia e deveria ser controlada, dominada e explorada. Do mesmo modo, a astrologia chegou a enfatizar a predição e os resultados, em detrimento de uma compreensão do significado mais profundo das coisas. As casas eram descritas por meio de palavras-chave e significados que as faziam parecer não relacionadas umas às outras ou apenas debilmente interligadas. Por que a 2ª Casa, a do "dinheiro, ganhos e posses", é seguida da 3ª Casa, da "mente, meio ambiente, irmãos"? Por que a 6ª Casa, a do "trabalho, saúde e pequenos animais", é gerada pela 5ª Casa da "autoexpressão criativa, hobbies e diversões"? Certamente como o verão segue a primavera e o dia se torna noite, deve haver alguma razão fundamental pela qual uma casa leva à seguinte.
As casas não são separadas, isoladas, apenas segmentos de vida. Concebidas em sua totalidade elas desdobram um processo de maior significado — a história do aparecimento e do desenvolvimento de um ser humano. Começando do nascimento no Ascendente, não temos consciência de nós mesmos como distintos de qualquer outra coisa. Gradualmente, casa por casa, através de uma série de passos, fases, danças e mudanças, construímos uma identidade que pode afinal se expandir para incluir toda a criação. Emergimos de um mar amorfo, tomamos forma e imergimos novamente. Somente apreciado como processo de desdobramento, tanto a vida como as casas preenchem seu significado essencial. Este processo baseia-se no mais profundo da experiência humana. A divisão é só uma parte do ciclo completo e, no entanto, nos prendemos dentro dela. Mas a totalidade é tudo.


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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

As Casas e os Campos de Experiência, por Howard Sasportas



Em muitos livros, a cada casa geralmente se atribui um campo de experiência que descreve uma certa disposição de circunstâncias na vida de uma pessoa. Por exemplo, um significado tradicional da 4ª Casa é "o lar", da 9ª Casa é "viagens longas" e uma das áreas cobertas pela 12ª Casa são as "instituições". Os textos nos dizem que se queremos saber como é a vida de uma pessoa em seu lar, temos de examinar a 4ª Casa desta pessoa. Se queremos saber o que vai acontecer a uma pessoa numa viagem longa precisamos analisar a 9ª Casa e se quisermos descobrir como uma pessoa vai passar em hospitais ou prisões temos de considerar os posicionamentos na 12ª Casa. Embora muitas vezes correta, esta maneira de interpretar as casas é simplória, aborrecida e não ajuda em nada. No Capítulo 1, enfatizei que o significado primordial de uma casa tem de ser compreendido — o significado mais profundo do qual saltam todas as inumeráveis associações e possibilidades ligadas a esta casa. A referência à 4ª Casa como casa "do lar" tem uma razão e esta razão deve ser entendida. A 9ª Casa é associada a "grandes viagens" porque o fato de viajar é um dos processos mais comuns associados à vivência da 9ª Casa. "Hospitais e prisões" marcam pouco a superfície da 12ª Casa. Na Segunda Parte deste livro quebraremos a casca de cada casa para erradicar todas as suas mentiras e "atingir" a semente carnuda e arquetipal.

Planetas e signos numa casa revelam bem mais do que "o que nos aguarda lá fora". Posicionamentos numa casa descrevem uma paisagem interior — as imagens inatas que carregamos e que são então "projetadas" nesta esfera. Nós filtramos o que está acontecendo no exterior através das lentes subjetivas do(s) signo(s) ou planeta(s) numa casa. Se Plutão está na 4ª Casa, mesmo que alguém faça algo "bacana" para nós em nosso lar isto pode ser sentido como perigoso, clandestino e ameaçador. Porém, o mais importante é que os signos e planetas nas casas sugerem a melhor maneira e a forma mais natural pela qual "deveríamos" conhecer esta área da vida a fim de desdobrar e realizar nossas potencialidades inerentes. Como escreve Dane Rudhyar, "cada casa de nosso mapa simboliza um aspecto especial de (nosso) dharma".

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O Zodíaco Natural, por Howard Sasportas


Uma vez que as casas são determinadas pela linha do horizonte (onde o céu e a Terra se encontram), elas ligam as atividades e as energias simbolizadas pelos planetas nos signos (os eventos celestes) à vida na Terra (eventos terrestres). Em outras palavras, as casas mostram áreas específicas da experiência do dia-a-dia através das quais se manifestam os efeitos dos signos e dos planetas. Cada uma das doze casas representa um departamento diferente da vida — uma fase especial daquilo que Rudhyar chama de "o espectro da experiência".

Continuamos, porém, com o problema de atribuir significado às diversas casas. Em geral, o significado de cada casa reflete o significado dos doze signos do zodíaco: Áries é considerado semelhante à 1ª Casa. Touro é considerado semelhante à 2ª Casa e assim por diante até o final quando encontramos a conexão de Peixes com a 12ª Casa. No que chamamos de Zodíaco natural (ver Figura 4), o primeiro grau de Áries é colocado no Ascendente, o primeiro grau de Touro é colocado na cúspide da 2ª Casa, o primeiro grau de Gêmeos é colocado na cúspide da 3ª Casa, e assim por diante. O Zodíaco Natural é simbólico, e seu propósito principal é ajudar o estudante a conseguir uma compreensão mais profunda do significado das casas. Na prática atual, as casas no mapa de uma pessoa quase nunca se encontram em tal correspondência exata com os signos como no zodíaco natural.

A ligação de 0o de Áries com o Ascendente tem sentido pois tanto Áries quanto o Ascendente (cúspide da lª Casa) são pontos iniciais de seus respectivos ciclos. O ciclo anual do movimento aparente do Sol ao redor da Terra começa em 0o de Áries — o ponto de encontro do equador celeste com a eclíptica no Equinócio da Primavera (hemisfério norte). O ciclo diário do Sol através das casas tem início simbolicamente no Ascendente — o ponto em que o horizonte do observador da Terra encontra a eclíptica. Uma vez que tanto Áries quanto Ascendente implicam em inícios, é compreensível que ambos compartilhem significados similares. Áries é um signo que implica em "iniciação" (começo), novas partidas e o primeiro impulso para agir. O Ascendente e a 1ª Casa são associados com o nascimento e a maneira como encaramos a vida. O regente de Áries, Marte, também mostra energia inicial, o querer e a pressa em causar um impacto no ambiente.

Zipporah Dobyns em seu Livro de consultas do astrólogo descreve a astrologia como uma linguagem simbólica na qual os signos, planetas e casas formam o alfabeto. Ela acha que a astrologia representa doze maneiras de ser no mundo, ou então, os doze lados da vida. Esses doze aspectos da totalidade da vida podem ser escritos de maneiras diferentes como no alfabeto, onde temos as letras maiúsculas, as minúsculas e as itálicas. Os signos simbolizam uma forma das letras do alfabeto, os planetas outra, e as casas outra mais. Signos, planetas e casas, em outras palavras, representam maneiras diferentes pelas quais os doze princípios básicos podem ser expressos. Mais especificamente, Áries, Marte e a 1ª Casa representam uma letra; Touro, Vênus e a 2ª Casa, outra; Gêmeos, Mercúrio e a 3ª Casa uma terceira, e assim por diante. É preciso lembrar, no entanto, que qualquer planeta ou signo pode estar localizado em qualquer casa, dependendo da hora exata, local e data do nascimento. Por este motivo, os fatores simbolizados por um signo, planeta ou casa se acham misturados.

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.



terça-feira, 30 de agosto de 2016

A Divisão dos Quatro Ângulos nas Doze Casas, por Howard Sasportas


Enquanto a determinação dos ângulos não apresenta muitos problemas, o modo como os quatro ângulos deveriam (ou não) ser divididos em três setores para formar as doze casas é uma das maiores controvérsias na astrologia.

Em termos gerais, parece haver concordância de que a linha do horizonte — o eixo Ascendente-Descendente — é a base sobre a qual deve se basear a divisão de uma carta em casas. Em outras palavras, a maioria dos astrólogos concorda em que o Ascendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial (ou ângulo principal) da 1ª Casa e o Descendente deveria marcar a cúspide ou ponto inicial da 7ª Casa. Isso feito, os astrólogos se dispersam em todas as direções. Aqueles que apóiam o Sistema de Casas Iguais de divisão de casas apresentam a solução menos complicada. Chamando o Ascendente de "cúspide da 1ª Casa", eles simplesmente dividem a eclíptica em doze casas de igual tamanho, com 30° cada uma. Assim, se o Ascendente estiver a 13° de Câncer, a 2ª Casa estaria a 13° de Leão, a 3ª Casa a 13° de Virgem etc. No caso de cartas com Casas Iguais, o Meio-do-Céu não coincide necessariamente com qualquer cúspide de casa.

No entanto, no sistema Quadrante de divisão de casa, todos os quatro pontos dos ângulos correspondem a cúspides de casas: o Ascendente se torna a cúspide da lª Casa, o Fundo-do-Céu é a cúspide da 4ª Casa, o Descendente é a cúspide da 7ª Casa e o Meio-do-Céu é a cúspide da 10ª Casa. Mas a maneira como deveriam ser calculadas as cúspides das casas intermediárias (isto é, as cúspides da 2ª, 3ª, 5ª, 6ª, 8ª, 9ª, 11ª e 12ª casas) provoca uma série de perguntas. Em alguns desses sistemas, o espaço é dividido para determinar estas cúspides; em outros, o tempo é o fator sobre o qual se faz a divisão. Uma mais ampla discussão deste item de divisão de casas está incluído no Apêndice 2. Pessoalmente, e por razões que explico no Apêndice, prefiro o sistema Quadrante ao de Casas Iguais e pelo que me proponho neste livro, relaciono geralmente a cúspide da 10ª Casa ao Meio-doCéu e a cúspide da 4ª Casa ao Fundo-do-Céu.
Seja qual for o sistema que escolhermos, o que queremos é chegar às doze casas. Por que doze? A razão mais óbvia para isso é que os astrólogos acreditavam que a divisão da esfera mundana em doze casas deveria refletir a divisão da eclíptica em doze signos. Rudhyar nos oferece uma resposta mais filosófica. Ele argumenta que cada quarto da carta (como definido pelo Ascendente, Fundo-doCéu, Descendente e Meio-do-Céu) deveria ser dividido em três casas porque "qualquer ato da vida é basicamente dividido em três (tríplice), inclusive a ação, a reação e o resultado dos dois" .2 Em sua opinião, então, a 2ª e a 3ª casas confirmam o significado do Ascendente e da 1ª Casa; a 5ª e 6ª casas completam aquilo que se iniciou no Fundo-do-Céu e na 4ª Casa; a 8ª e 9ª casas continuam aquilo que começou no Descendente e na 7ª Casa; e a 11ª e 1ªª casas complementam aquilo que se iniciou no Meio-do-Céu e na 10ª Casa. Além de justificar a necessidade das doze casas, a maneira de raciocinar de Rudhyar nos ajuda a avaliar o fato de que o significado e a importância de cada casa provém logicamente da anterior. Mais adiante vamos falar mais a respeito do processo cíclico das casas.

As casas são tradicionalmente contadas no sentido anti-horário a partir do Ascendente. A lª e a 7ª casas estão sempre opostas uma à outra — isso quer dizer que o signo que estiver na cúspide da 1ª Casa será o signo oposto àquele que está na cúspide da 1ª Casa, e o grau da cúspide também será o mesmo. Esta mesma regra se aplica aos outros pares de casas opostas: a 2ª e a 8ª, a 3ª e a 9ª, a 4ª e a 10ª, a 5ª e a 11ª a 6ª e a 12ª.

Martin Freeman faz a relação entre os signos do zodíaco e a divisão em doze partes das casas mais claras pintando o zodíaco como uma "grande roda que envolve a Terra e pela faixa da qual se movem os planetas". Esta roda é fixada contra um fundo de céu, e os signos são marcados dentro dos raios. As doze casas são como os "raios de uma roda que gira sobreposta a uma roda maior". Os raios das casas fazem um círculo completo em 24 horas alinhados com a rotação diária da Terra. A maneira especial pela qual a roda das casas se relaciona com a roda do zodíaco no lugar e na hora do nascimento é o que toma o mapa único para cada indivíduo.3
Uma vez que a Terra faz um movimento de rotação a cada 24 horas, os doze signos e os dez planetas passam através das doze casas neste período. O mapa de nascimento é um momento congelado no tempo que mostra o alinhamento especial de planetas, signos e casas para o tempo e o lugar do nascimento. Duas pessoas podem ter nascido no mesmo dia e ter o mesmo posicionamento de planetas, mas por terem nascido em lugares diferentes ou em horas diferentes, o padrão planetário vai ser visto numa área diferente do céu, isto é, em casas diferentes.

Até agora, dividimos o espaço em signos, o tempo em quatro quadrantes e os quatro quadrantes em doze casas. Chega de dividir, por enquanto. É tempo de dar um significado às casas e considerar as relações de uma com a outra e com as nossas vidas.

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas. 


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A Divisão da Carta em Ângulos, por Howard Sasportas



Para entender as casas é imprescindível lembrar que estamos considerando dois tipos de movimentos: o da Terra e dos outros planetas ao redor do Sol, e também o da Terra sobre seu eixo. A divisão da esfera mundana que eventualmente se tornou conhecida como as casas surgiu da necessidade de se relacionar a rotação axial da Terra com o movimento dos planetas no céu. Enquanto os signos são subdivisões da aparente revolução do Sol, da Lua e dos planetas ao redor da Terra, as casas são subdivisões da rotação diurna (diária) da Terra sobre seu próprio eixo.

Em As casas astrológicas, Dane Rudhyar desenvolve a idéia de Cyril Fagan de que aquilo a que hoje nos referimos como casas eram originalmente períodos de tempo chamados "relógios". Os relógios baseavam-se no movimento do Sol em seu nascimento a leste, passando sobre a cabeça do observador e se pondo a oeste. Cada relógio cobria aproximadamente seis horas de tempo, marcando os pontos de nascimento, meio-dia, pôr-do-sol e meia-noite. Com o advento da Renascença, os astrólogos inventaram diversos métodos para dividir estes relógios nas doze casas do horóscopo. Mais tarde, desenvolveram uma correspondência entre os vários tipos de atividades humanas e os diversos relógios ou casas. Deste modo, as casas se tornaram o quadro de referência através do qual as potencialidades da combinação de planeta com signo podiam ser relacionadas com os atuais acontecimentos e conceitos de vida. Sem a estrutura das casas, os astrólogos não podem trazer para a Terra o significado dos eventos celestes. É fácil ir dos quatro relógios para os quatro pontos da carta chamados de ângulos (ver Figura 3). Do ponto de vista da posição de um observador na Terra, a qualquer hora do dia um certo signo será visto elevando-se no leste, enquanto seu signo oposto (a 180° de distância) será visto se pondo a oeste. O grau que o signo ocupa no ponto mais ocidental do céu é chamado de o grau ascendente, e o signo no qual se encontra é chamado de Ascendente ou signo ascendente. Astronomicamente, o Ascendente marca a intersecção da eclíptica com o horizonte do observador. Isto significa que é o encontro do céu com a Terra. O ponto oposto ao Ascendente é o descendente, o signo que se põe a oeste. A linha que liga o Ascendente ao Descendente é chamada de eixo do horizonte.

Do mesmo modo, a qualquer hora do dia para um observador na Terra, determinado grau de certo signo estará culminando no meridiano superior, o ponto ao sul do local em questão. Ele é chamado de meio-do-céu ou MC, uma abreviação do termo latino Medium Coeli, — o meio dos céus. O ponto oposto ao Meio-do-Céu é chamado de Imum Coeli ou IC, uma abreviação de fundo-do-céu. A linha que liga o Meio-do-Céu com o Fundo-do-Céu é chamada de eixo do meridiano.

Esses quatro pontos são determinados astronomicamente. Chamados coletivamente de os ângulos, os signos que se encontram nestes pontos revelam muito a respeito da orientação do indivíduo às experiências básicas na vida. Seu significado é discutido com maiores detalhes nos próximos capítulos. A intersecção do eixo do horizonte com o eixo do meridiano estabelece os quatro quadrantes da carta. Devido à inclinação da Terra, o tamanho dos quadrantes que se originam desta subdivisão raramente é igual, variando de acordo com a latitude e a época do ano do nascimento.

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.

domingo, 28 de agosto de 2016

A Divisão do Tempo, por Howard Sasportas



A palavra "horóscopo" vem da palavra grega horoscopus, que significa "consideração da hora" ou "consideração do grau ascendente". Em outras palavras, o horóscopo é literalmente um "mapa do tempo". Dividindo o espaço do céu em signos, os antigos astrólogos eram capazes de posicionar os planetas no céu, mas logo perceberam que tinham necessidade de mais alguma coisa: um quadro de referência que ligasse o modelo planetário a uma determinada pessoa nascida a certa hora e em certo lugar.

Além do movimento causado pela aparente revolução do Sol, da Lua e dos planetas em torno da Terra, existe ainda outro tipo de movimento que o horóscopo tem de levar em consideração: A rotação diária da Terra em torno de seu próprio eixo. Os antigos astrólogos precisaram encontrar um meio de relacionar o fenômeno celeste dos planetas que se movem através dos signos com o fenômeno terrestre da rotação diária da Terra em seu próprio eixo.
A maneira mais óbvia de fazê-lo foi dividir a rotação de 24 horas da Terra em setores baseados no tempo que o Sol levou para se movimentar de sua posição ao nascer até sua posição ao meio-dia, e desse ponto ao meio-dia até o ponto de se pôr, e assim por diante. Uma vez que em certas épocas do ano o Sol levaria mais tempo acima do horizonte, as divisões não seriam sempre iguais.

Martin Freeman em seu livro Como interpretar uma carta de nascimento1 ajuda os estudantes iniciantes em astrologia a conceituar o tipo de movimento causado pela rotação da Terra. Ele sugere que imaginemos um dia no começo da primavera. Do ponto de vista da Terra, o Sol no início da primavera localiza-se na parte do Cinturão Zodiacal conhecido como Áries (no hemisfério norte). No nascimento do Sol do dia em questão, o Sol e o signo de Áries vão ser vistos aparecendo no horizonte leste do observador na Terra. Ao meio-dia, no entanto, nem o Sol nem Áries estarão mais a leste — eles passaram para uma posição mais ou menos acima da cabeça do observador, e um signo diferente, provavelmente Câncer, está no horizonte leste. Mas na hora de se pôr, tanto o Sol como Áries podem ser vistos se pondo no horizonte oeste, e o signo oposto de Libra (distante 180° de Áries) estará se elevando no horizonte leste. Ao nascer do Sol no dia seguinte, o Sol e Áries podem ser vistos novamente a leste, mas o Sol estará 1º mais à frente dentro do signo de Áries. Assim, devido à rotação diária da Terra em seu eixo, a posição dos signos (e dos planetas que neles se encontram) muda em relação ao horizonte.

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Extraído do livro As Doze Casas, de Howard Sasportas.