sábado, 6 de maio de 2017

A Regência Horária dos Planetas, por Clélia Romano

O regente da primeira hora do dia da semana dá a esse dia sua regência.

Al Biruni em seu livro "The Book Instructions of the Elements of ±e Art of Astrology", à página 33 dá a regência planetária que cabe cada planeta, durante o dia e a noite.

Assim vemos que:

Segunda Feira: A Lua rege durante o dia e Júpiter durante a noite, daí que segunda-feira é o dia da Lua, que é o regente da primeira hora.
Terça Feira: Marte rege durante o dia e Vênus rege durante a noite, dai que terça-feira é o dia de Marte.

Quarta Feira: Mercúrio rege durante o dia e Saturno durante a noite, dai que quarta-feira é o dia de Mercúrio

Quinta Feira: Júpiter rege durante o dia e o Sol durante a noite, daí que quinta-feira é o dia de Júpiter.

Sexta Feira: Vênus rege durante o dia e a Lua durante a noite, daí que sexta-feira é o dia de Vênus

Sábado: Saturno rege durante o dia e Marte durante a noite, daí que Saturno rege o sábado.

Domingo: o Sol rege durante o dia e Mercúrio durante a noite, daí que domingo seja o dia do Sol.

Ibn Ezra diz a mesma coisa em seu livro "The Beginning of Wisdom" traduzido por Meira Epstein.

Sobre Marte ele diz:

"Das direções (geográficas) ele rege o Oeste; dos dias (ele rege) terça-feira, e das noites (ele rege) a noite (anterior) ao sábado (dia), de suas horas planetárias ele rege a primeira e a oitava...."

A ordem caldaica dos planetas é: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio e Lua.

Tal ordem é relacionada à velocidade de cada planeta a partir da Terra e é conhecida desde os tempos babilônicos.

Já aos dias da semana são atribuídas regências conforme os sete planetas, mas sua ordem não segue a ordem caldaica e sim a do primeiro regente da hora dia, logo ao amanhecer. Portanto, o regente da primeira hora de cada dia dá o nome ao dia da semana, e não ao contrário, como se poderia supor.

Começando do Dia do Sol, domingo, ternos a seguir o Dia da Lua, segunda-feira, mas de onde surgiu a idéia que a seguir ao dia da Lua viessem os dias respectivamente de Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno? De onde vem essa nova ordem?



Se observarmos o desenho, vemos que os planetas estão colocados na ordem caldaica, apenas dispostos de maneira circular. O Sol ocupa o ponto inferior esquerdo e os planetas superiores ficam `à sua direita enquanto os inferiores ficam à sua esquerda: é como se espera que eles estejam na carta para terem o máximo de efetividade.

O que esse circulo introduz de novidade é o movimento unindo certos pontos. Se tais pontos forem unidos de certa maneira formam uma estrela de sete pontas. A maneira de unir
pontos não é aleatória e é contínua.

O movimento para criar a estrela de sete pontas é usado em rituais mágicos, tais como movimentos da mão ou mesmo uma forma de caminhar para criar a ligação com o mundo espiritual planetário.

Os dias da semana caminham a partir do dia do Sol, para o dia
da Lua, de Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, Saturno e finalmente
para o Sol novamente. E assim até o final dos tempos.

Nisso se baseia a sequência dos dias semanais, cuja primeira
hora matinal é do Sol no primeiro dia da semana, o domingo, da
Lua, no segundo dia, de Marte, etc.

Cada hora astrológica representa 1/12 de tempo entre o nascer
do Sol e seu poente (horas diurnas), ou de seu poente até o nascer
do Sol (horas noturnas).

Portanto as horas planetárias não são de igual tamanho nas di-
versas estações do ano.

Durante o verão, as horas diurnas são maiores e durante o inverno,
quando a noite é mais longa, as horas noturnas é que são mais longas.

Começando a semana na hora do Sol, Domingo ao amanhecer,
as horas seguintes seguem o modelo caldaico e não o modelo
"mágico". O modelo mágico serve somente para enfileirar os dias
da semana do primeiro ao sétimo. E, conforme expliquei, a pri-
meira hora matinal é que dá a regência do dia.

Assim temos:

la hora de domingo = SOL
2a hora de domingo = Vênus
3a hora de domingo = Mercúrio
4a hora de domingo = Lua
5a hora de domingo = Saturno
6a hora de domingo = Júpiter
7a hora de domingo = Marte
8a hora de domingo = Sol
9a hora de domingo = Vênus
10a hora de domingo = Mercúrio
1la hora de domingo = Lua
12a hora de domingo = Saturno
13a hora de domingo = JÚPITER
14a hora de domingo = Marte
15a hora de domingo = Sol
16a hora de domingo = Vênus
17a hora de domingo = Mercúrio
18a hora de domingo = Lua
19a hora de domingo = Saturno
20a hora de domingo = Júpiter
21a hora de domingo = Marte
22a hora de domingo = Sol
23a hora de domingo = Vênus
24a hora de domingo = Mercúrio
25a hora/ 1 a hora de segunda-feira = LUA
2a hora de segunda-feira = Saturno, etc. etc.

Como o leitor pode ver, nos achegamos muito aos conceitos herméticos e mágicos quando falamos em dias da semana e na estrela dos magos. Nos apercebemos que a astrologia é irmã não só da astronomia, mas também da magia e de todas as ciências ocultas, das quais ela faz parte.

Os dias da semana e as horas planetárias são usados em eleições e astrologia horária, mas, se tomarmos o dia e a hora de nascimento de um nativo ou de uma Revolução Solar o regente da hora planetária tem muita importância e significação de acordo com a posição em que está na carta.


Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 71-75. http://www.astrologiahumana.com/ 

Os Anos Planetários, por Clélia Romano

Os anos de cada planeta eram usados em astrologia Helenística rara dimensionar a quantidade de tempo que duraria um determinado efeito regido pelo planeta.

Este uso de períodos planetários é encontrado no sistema indiano de Dasas e nas Firdárias persas, estas últimas sendo uma importante base preditiva em astrologia Medieval.

Em astrologia Medieval os períodos planetários são usados nos cálculos de duração de vida, técnica que abordaremos num próximo livro.

Assim, cada planeta é associado a uma quantidade de anos.



Em Paulus Alexandrinus encontramos dois conjuntos: os períodos menores e os maiores.

Em certo momento foi anexado um terceiro conjunto: os médios, retirados da média entre os maiores anos e os menores
.
Os anos máximos são usados em astrologia mundial para cidades e países.

Segundo Robert Hand e Robert Schmidt o período menor do Sol é de 19 anos porque ao final de 19 anos ocorre um eclipse no mesmo lugar.

O valor da Lua é de 25 anos, e é obtido do relacionamento entre o ano egipcio de 365 dias e o ciclo lunar. Em 25 anos (egípcios) há 309 lunações. A cada 25 anos as fases da Lua ocorrem no mesmo dia do ano.

Portanto, os anos do Sol e da Lua derivam seus ciclos do relacionamento de um com o outro.

Os anos menores dos planetas são obtidos a partir de relações com seus ciclos sinódicos.

Mercúrio fornece 20 anos porque a cada 20 anos a conjunção com o Sol ocorre na mesma data do ano egípcio.

Vênus fornece 8 anos porque a cada 8 anos a conjunção de Vênus com o Sol ocorre na mesma data do calendário egípcio. (com o erro de 0,41 dias em 8 anos!)

O período de 15 anos de Marte é decorrente de seu relacionamento com o Sol. Sete sínodos Marte-Sol resultará em 14,9577 anos egípcios. Este caso não é tão preciso quanto os exemplos anteriores e seu erro é de 15, 44 dias em 15 anos.

O período de Júpiter de 12 anos é decorrente também de seu ciclo com o Sol, havendo 11 conjunções sinódicas em 12,0212 anos, um erro de 7,72 dias em 12 anos.

O período de Saturno de 30 anos é consequência do seu ciclo sinódico em relação ao Sol, que é de 30,04: um erro de 14,67 dias em 30 anos.

Já o período maior do Sol e da Lua tem urna origem diferente que parece derivar do fato que o maior semi-arco do Sol era de 120° no mundo civilizado da época.

Os período maior da Lua é derivado do fato que a Lua só é visível à noite após a conjunção com o Sol quando estiver a 12° de 3istância dele. Isto nos dá 108 (120-12), o período maior da Lua.

Os períodos maiores dos planetas não são derivados de ciclos astronômicos, mas são a soma dos graus de cada planeta nos termos pcios somados aos ptolomaicos.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 69-71. http://www.astrologiahumana.com/

Câncer, por Marcos Monteiro

Signo cardinal da água, feminino.

Câncer inicia outra estação, começa outra sucessão de cardinal/fixo/mutável. Ao mesmo tempo, introduz o último elemento, a água.

É mais um signo de início de estação, é quando o verão começa no hemisfério norte (e o inverno no hemisfério sul). Ou seja, é mais um signo de novidade, de unidade.

Ao contrário de Aries (cardinal do fogo), Câncer é o cardinal da água (fria e úmida). Ou seja, é o signo da unidade de algo que não se expande nem resiste às mudanças.

Como é que se mantém uma unidade na água? Separando a água de dentro (as coisas de que gostamos) da água de fora (as coisas de que não gostamos) — é por isso que o símbolo de Câncer é um caranguejo (mole por dentro, vive na água, que é mole, mas sua casca dura protege o que está dentro do que está fora).

Câncer então é o signo da intimidade, da proteção, de tudo o que é maternal e caseiro. É o signo da Lua, o símbolo por excelência da mãe.

Câncer é o primeiro signo da água. A água está ligada aos desejos, às emoções. Então, assim como o primeiro signo de atividade é cardinal, o primeiro signo do desejo é cardinal — começamos a vida desejando.

Ele é o signo dos desejos comuns, necessários à vida — o desejo de proteção, alimento, carinho, água, etc.

A qualidade básica de Câncer é o início (signo cardinal) dos desejos.

Imagens cancerianas (além da Lua e do caranguejo): lagos, mulheres grávidas, casas confortáveis, a noite, os caracóis, as ostras. O alface, a abóbora.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, p. 87.

Gêmeos, por Marcos Monteiro

Signo mutável do ar; masculino.

Primeira transição. Gêmeos é a transição entre duas estações ativas (a primeira estação é quente e úmida, a segunda é quente e seca), é o fechamento da primavera no hemisfério norte, a soma das experiências do novo ano.

Sendo um signo mutável do ar (quente e úmido), Gêmeos significa coisas agitadas, mas não "influentes", no sentido de modificar o mundo. O signo mutável é da conformidade da matéria à forma, da verdade, do movimento ascendente, da soma das experiências. Além disso, é um signo do ar, quente (se expande) e úmido (não resiste a mudanças).

Então, Gêmeos é o signo da leveza, ligeireza, inconstância, mutabilidade, das mudanças de opinião, do aluno, das conversas leves, da comédia ligeira.

O símbolo de Gêmeos são duas linhas unidas e o mito associado a eles é o dos gêmeos Castor e Pólux. Irmãos gêmeos, mas diferentes: um mortal, o outro imortal. A duplicidade, a mudança, são coisas associadas ao signo.

Geminianos não são mais mentirosos do que o resto da humanidade, mas o signo está associado à mentira inconsequente, à falta de compromisso com a verdade.

O ar é o elemento associado ao pensamento. A qualidade primária de Gêmeos é a transição (signo mutável) do pensamento (ar), ou, dito de outra forma, o fim da ação (mutável) do ar. É por isso que ele está associado ao início do aprendizado, que é a chegada das informações do exterior.

Os três primeiros signos estão na primeira estação do ano, e portanto, estão ligados à primeira fase da vida. Na primeira fase da vida, a atividade é cardinal (começamos a agir), mas a fruição é fixa (somos sustentados, alimentados) e o pensamento é mutável (recebemos informações dos outros).

Imagens geminianas: o bobo da corte, o papagaio, a pizza, a fofoca, micos (ou qualquer macaco que ande em bando e se movimente o tempo todo).

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 86.

Touro, por Marcos Monteiro

Signo fixo de terra, feminino.

Touro é o segundo mês da primavera no hemisfério norte. O medo do gelo já foi, a novidade do sol já foi, a primavera se mostra de forma mais completa.

No hemisfério Sul, é uma das épocas mais agradáveis do ano, sem muito calor nem muito frio.

Sendo um signo fixo, ele simboliza a produção de um efeito. Qual?

Repouso, conforto. Essa é a imagem que o Touro passa. Mas não "preguiça". O touro fica parado, até que algo o faça se mexer, e aí ele se move até matar ou morrer (o touro é o animal das touradas, dos rodeios, etc.). A inércia aqui é tanto para começar a fazer algo quanto para parar. A fixidez da terra faz com que este seja o signo que mais transmite repouso; é o signo mais lento (assim como o anterior, Aries, é o mais rápido).

O signo da estabilização da primavera no hemisfério norte (e daquela época agradável do final de março/começo de abril no hemisfério sul), Touro simboliza coisas agradáveis, bonitas, que transmitem uma sensação de fruição, de conforto.

A terra é o elemento associado à permanência, ao sustento material. A qualidade primária de Touro é a exploração (signo fixo) do sustento material (terra), ou, em outros termos, o efeito (fixo) da matéria (terra). Daí vem a associação com o conforto, a fruição, o repouso, a contemplação.

Imagens taurinas: poltronas, comidas gostosas e bonitas, estátuas, o público no teatro, o ato de comer.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 85.

Saturno, por Gilson Nunes

O concreto, o real. Saturno está associado à C1 pela ordem caldaica: nosso corpo de carne-e-osso é a nossa dimensão mais real, concreta.

Disciplina, obrigação, comprometimento. O regente da C7 mal configurado com um Saturno sem dignidade pode indicar relacionamento por obrigação. Empedernimento (rigidez). Resistência, decrepitude, deterioração, ou tudo isso junto: Saturno com alguma dignidade na C8 pode simbolizar resistência à deterioração, à morte.

Velhice. Pobreza — ainda que estando muito, muito, muito (reforcemos esse muito aqui) bem dignificado, como em libra ou aquário, na parte diurna do mapa e angular, possa significar riqueza… isso porque é o planeta que simboliza o topo da estrutura hierárquica. Mendigos e pessoas à margem da sociedade, alienação. Um mendigo não é “visto” pela sociedade (passamos por um mendigo e, geralmente, o ignoramos).

Contração, retiro. Na velhice, a vida não mais se expande, e passamos a maior parte do tempo recolhidos em nossa casa, e há ainda idosos que vão para asilos. Infertilidade, frieza, morte, escuridão. Saturno se opõe aos luminares, no esquema de domicílios: é o princípio que se opõe à vida e à luz; além disso, está associado à C8 (casa da morte) pela ordem caldaica. No inverno (estação que começa em capricórnio e se fixa em aquário, os domicílios de Saturno), os dias são escuros, frios, e a natureza pouco ou nada produz.

Saturno tem seu júbilo na C12: pesar, tristeza, depressão, isolamento. A deterioração, aqui, é mental.

Estruturas, barreiras, limites, solidez. Saturno representa o pai, enquanto aquele que dá limites ao seu filho. No corpo, trata do o sistema imunológico (a barreira contra infecções, viroses, etc), da bexiga (que barra a umidade da urina), da pele (o limite do corpo), dos ossos (a estrutura sólida do corpo), dos joelhos e dos tornozelos. Por representar solidez e estruturas, trata de construções e prédios.

Extraído da página Órion Astrologia: https://www.facebook.com/orionastral/

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Efeitos de um Planeta Retrógrado. por Helena Avelar e Luis Ribeiro

O movimento direto é aquele que o planeta assume normalmente o seu curso e é considerado normal, pois não interfere na expressão do planeta.

O movimento retrógrado, por fazer o planeta aparentar "andar para trás" é considerado uma interferência no seu desempenho. Assim, um planeta retrógrado é considerado debilitado pois sua expressão está dificultada. As suas atuações são descontínuas e dadas a mudanças súbitas. Podem significar retrocesso, demoras e cancelamento de planos.

Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado da Esferas - um guia prático da tradição astrológica. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007, pp. 116-7.

Áries, por Marcos Monteiro

Signo Cardinal de fogo.

Aries é o signo no qual o ano astrológico começa. É o início da primavera no hemisfério Norte e o início do outono no hemisfério Sul.

O início de Aries é o ponto no qual a eclíptica (o trajeto do Sol pelo céu) corta o Equador. É o ponto, no hemisfério norte, em que o Sol volta a aparecer. Tudo muda, o inverno acaba, a natureza volta a dar sinais de vida.

Signos cardinais inauguram estações, são novidades, mas é bom ter cuidado com isso. Aries é o começo da primavera (estação associada ao ar, quente e úmida), mas ele não é o signo cardinal do ar — ele é o signo cardinal do fogo. A "novidade", aqui, é o Sol. É a volta do astro quente e seco.

Aries é o modo cardinal (unidade entre forma e matéria, novidade, inauguração) do fogo (quente — se expande — e seco — resiste à influência do meio).

Como é que o fogo mantém a sua própria unidade? Movendo-se, se expandindo, consumindo as coisas, queimando.

Então, Aries está sempre relacionado a coisas ativas, energéticas, rápidas; à ausência de reflexão, de consideração pelas conseqüências, ou contemporização, à velocidade, à novidade.

O símbolo de Aries são os chifres do cabrito-montes. É um animal arisco e energético, e perigoso para quem atravessar o seu caminho.

Os signos se alternam em masculinos (diurnos) e femininos (noturnos). Aries é um signo masculino.

As descrições de "arianos" na astrologia moderna sempre são de pessoas ativas, extrovertidas, decididas, inconsequentes, etc. Embora arianos (ou seja, pessoas nascidas quando o Sol estava em Aries) nem sempre sejam assim, o signo de Aries simboliza essas qualidades.

Dos quatro elementos, o fogo está associado à energia, à atividade. Então, a qualidade primária de Aries, da qual as outras derivam, é impulso (fogo).

Imagens arianas: o relâmpago (rápido, quente e seco, não conseqüente: num momento não está lá, de repente ilumina o céu inteiro, depois não está de novo); a corrida de 100 metros rasos, o guerreiro, uma Ferrari.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 83-4.

Dignidades e Fragilidades Acidentais - Dorifória, por Clélia Romano

Por fim, há uma condição excepcional de força que reúne praticamente todas as demais, chamada dorifória (doryphoria) dos planetas. É uma condição muito específica e rara, mas é importante conhecê-la, visto que representa o ponto máximo da dignidade, só visível em homens-deuses. O leitor não verá muitas cartas com essa dignidade, mas ela serve de base para a escala decrescente de dignidades que representarão o status do nativo, do mais alto ao mais baixo.

Dorifória é uma forma particular de aspecto em que um plane-:a (doriforo, o portador da lança) forma para com outro, geralmente o Sol e a Lua, quando são respeitadas por parte de cada um algumas condições de força envolvendo todos os princípios fundamentais da teoria astrológica: dignidade, fase (isto é se está oriental sendo superior ou ocidental sendo inferior), movimento (o movimento rápido tem mais dignidade que o lento), aspecto e posição por casa e sect (haym para os árabes e para os gregos hairesis).

A partir do planeta que se aplica e daquele que recebe a dorifória traçam-se julgamentos sobre os pais, a sorte, as honras e sucesso do nativo. Existem muitas formas de dorifória, mas as mais eficazes são aquelas dos planetas superiores recebendo um trígono de um luminar, estando eles orientais ao Sol e ocidentais à Lua, em locais cardeais ou sucedentes, e ainda tendo dignidades celestiais no signo.

Ptolomeu explica a dorifória como se o Sol e Lua tivessem planetas atendentes, escudeiros, mais ou menos fortes. A dorifória é encontrada em homens heróicos num sentido quase místico, como um César ou um Messias. Neste caso, segundo Ptolomeu, é esperado que os luminares estejam em signos masculinos e angulares, acima da Terra e idealmente que o Sol receba aspectos dos planetas superiores, que devem preferivelmente estar em ângulos e em signos compatíveis, e a Lua dos inferiores, idealmente em ângulos e em signos compatíveis também.

As dorifórias começam a diminuir seu efeito quando um ou ambos luminares aparecem em signos femininos ou em casas sucedentes, assim corno seus atendentes fora de ângulos.

Morin de Villefranche cita diversos casos de dorifória. Ele entende que se um planeta se levantar antes do Sol sem estar combusto e for do mesmo sect ou se puser após a Lua, sendo do mesmo sect que ela, há dorifória. Quanto mais planetas nesta condição mais forte seria a dorifória, ainda mais se a dorifória se fizer com os luminares angulares. Ele chama a este tipo de dorifória por corpo. É um conceito interessante.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 65-6. http://www.astrologiahumana.com/

Dignidades e Fragilidades Acidentais - Combustão, por Clélia Romano

Astronomicamente a combustão significa o final de um ciclo para o planeta, como dissemos. É o fim de seu ciclo sinódico. Daí ela ser comparada com uma grave enfermidade e o planeta ser representado como se fosse um homem que caísse de cama e após a combustão, sob os raios do Sol, ainda estivesse se recuperando, fraco, e depois de passados os 17 graus finalmente estaria são.

Para os autores tradicionais a combustão representa uma debilidade importante, uma perda de poder comparável a estar cadente dos ângulos, em detrimento ou queda.

Por vezes, um planeta combusto pode também representar atividades escondidas na casa que rege ou onde ocorre a combustão.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 63. http://www.astrologiahumana.com/

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Uma coisa que eu preciso reforçar. Até aqui, eu tratei dos signos como divisões de um círculo, como direções do espaço, como possibilidades de manifestação, nunca como objetos ou pessoas, nunca como sujeitos com personalidades. Fiz isso porque é isso que eles são: direções, possibilidades, divisões do espaço. Eles não são coisas, não são objetos, muito menos sujeitos com vontades, personalidades, ou gostos. Frases como "Leão é muito orgulhoso", ou "Sabe como é Virgem, né? Gosta de tudo sempre no lugar" não fazem sentido. (Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 82).
Sempre lembrando... Mercúrio é considerado masculino (para alguns autores), quando está perto de um planeta masculino (Sol, Marte, Júpiter e Saturno) ou num signo masculino (signos de ar e de fogo); ou é considerado feminino quando estiver junto de um planeta feminino (Lua e Vênus), ou em um signo feminino (os de terra e os de água). Outros autores consideram que Mercúrio é masculino, quando nasce antes do Sol (quando está oriental); e é feminino quando ascende depois do Sol (ou seja, quando está ocidental).

Dignidades Acidentais - Planetas Orientais e Ocidentais ao Sol, por Clélia Romano

Chamamos oriental um planeta que vai se levantar no horizonte Leste, onde nasce o dia, antes do Sol. Estes planetas são chamados estandartes do Sol.

Já os que se erguem depois do Sol são considerados ocidentais, pois vão se de pôr no Oeste após o Sol. É considerado mais operativo que planetas masculinos (note que os planetas superiores são masculinos), sejam orientais ao Sol e que os femininos sejam ocidentais ao Sol. Com isso eles reforçam suas respectivas masculinidade e feminilidade.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 60. http://www.astrologiahumana.com/

Dignidades Acidentais - Planetas Combustos e Cazimi, por Clélia Romano

Quanto a sua posição relativa ao Sol, o planeta fica invisível quando demasiado perto do Sol, visto que este o ofusca: neste caso é dito que ele está combusto antes e depois de 8° do Sol. De 8° graus até 17° (antes ou depois do Sol) ele é considerado sob os raios do sol: sua força é menor, mas maior do que quando combusto. Se um planeta está entrando em combustão ele está em pior situação do que se ele estiver saindo dela.

Os autores tradicionais afirmam que se um planeta está a 17' (dezessete minutos) do Sol ele está no coração do Sol e o Sol lhe transmite sua virtude. Guido Bonatti, autor do século XIII diz que para ser considerado no coração do Sol (cazimi) o planeta tem que possuir não apenas a mesma longitude, mas também a mesma latitude que o Sol. Mas Bonatti é voz única, A maioria aceita um planeta "cazimi" quando sua longitude é igual à do Sol.

Em todo caso parece que Bonatti não acreditava muito nos beneficios do cazimi: ele exigia mais condições para verificar o benefício.

O que é claro é que o planeta em combustão fica muito enfraquecido, seja ele benéfico ou maléfico em bom ou mau estado essencial.

Os autores Helenísticos deram enorme importância a um planeta que estivesse saindo da combustão e se tornando visível: neste momento ele realizaria todo o prometido.

Além disso, os Helenísticos não consideravam um planeta como estando combusto se após sete dias do nascimento ele estivesse livre da combustão.

Tais conceitos Helenísticos devem ser levados em conta, pois Mercúrio e Vênus que andam frequentemente perto do Sol têm enorme chance estatística de estarem combustos ou sob os raios.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 59-60. http://www.astrologiahumana.com/

Dignidades Acidentais - Sect, por Clélia Romano

Sect é o grupo ao qual pertence o planeta. Sabemos que há o sect ou setor noturno, do qual Marte, Vênus e Lua fazem parte e o setor diurno, do qual Saturno, Sol e Júpiter fazem parte. Mercúrio é variável.

É importante averiguar se a natividade é noturna ou diurna, isto é se o Sol está abaixo ou acima do horizonte na carta.

Os planetas noturnos devem permanecer visíveis na abóbada celeste (acima do horizonte) quando a natividade é noturna. O oposto deve ocorrer quando a natividade for diurna: os planetas diurnos devem aparecer acima do horizonte e os noturnos abaixo dele.

Portanto em natividades noturnas Vênus, Marte e Lua devem estar acima do horizonte e Júpiter e Saturno abaixo. Se algum planeta estiver em lugar trocado é dito estar fora de sect ou setor.

Em natividades diurnas, isto é quando o Sol está acima do horizonte, o contrário deve ocorrer. Vênus, Lua e Marte devem estar abaixo do horizonte, e Júpiter e Saturno acima.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 59. http://www.astrologiahumana.com/

Dignidades Acidentais


"Outras condições dos planetas são as condições acidentais, quantitativas e se relacionam não com a essência dos planetas, mas com sua força para agir: nesta categoria está a posição por sect, a posição em relação ao Sol, a velocidade, a latitude e a posição por casa."

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 59.

Contagem de Pontos por Dignidade e Debilidade, por Clélia Romano

Aos cinco tipos de dignidade estudados atribuímos pontos, uma forma de avaliar a qualidade essencial de cada planeta.

Existe da parte de certos tradicionalistas de formação Helenística, como Robert Schmidt, a ideia de que contar pontos acaba por minimizar os aspectos qualitativos da Arte. Concordo com ele que isso possa ocorrer.

Mas deve-se ponderar o seguinte: desde que os árabes se inteessaram pela astrologia Helenística eles a modificaram de acordo com suas experiências e o resultado foi um grande desenvolvimento das técnicas astrológicas, muito mais sistematizadas do que no período Helenístico. Os árabes introduziram um ponto de vista muito mais organizado às visões filosóficas gregas, mas é verdade que por vezes sacrificaram a visão filosófica.

No entanto, por exemplo, o conceito árabe de "al-mubtazz", o almuten, que é o planeta vitorioso em quantidade de dignidade, dá testemunho muito valioso de certo assunto na carta. Ele é muito útil e para chegar a ele se pressupõe que contemos pontos: o planeta que obtiver mais pontos, isto é, tiver mais dignidades em referência a certo assunto, é um forte candidato a ser o significador de tal assunto.

Muitas técnicas de delineação específica que abordaremos num próximo livro se baseiam em almutens. Não posso deixar de considerar as úteis conclusões obtidas através desses rígidos protocolos como dispensáveis. Elas são extremamente valiosas em delineações e, portanto em predições.

Além do mais, principalmente para quem se inicia em Astrologia Tradicional, contar pontos pode ser útil para não se perder num emaranhado de dignidades, algumas muito importantes e outras débeis.

Lembremo-nos que a avaliação de uma carta depende da interdependência de inúmeros fatores que serão levados em consideração adiante.

Feita a ressalva acima, damos:
5 pontos ao planeta que estiver em seu domicílio,
4 pontos se estiver em sua exaltação,
3 pontos se estiver em sua triplicidade,
2 pontos se estiver em seu termo e
1 ponto se estiver em sua face.

Caso esteja em seu detrimento, ele obtém -5 pontos e em sua queda -4 pontos.

Se, como às vezes ocorre, o planeta está em sua triplicidade e queda, como por exemplo, Marte em Câncer, a queda recebe -4 pontos e a triplicidade recebe +3. Logo ele está sem dignidade celeste ou zodiacal.

Sob o ponto de vista qualitativo, porém, a perda de dignidade essencial por queda é tão acentuada que mesmo tendo dignidade de triplicidade não tem valia.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 53-5. http://www.astrologiahumana.com/

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Símbolos e Analogias, por Marcos Monteiro

Eu disse no início do livro que astrologia é uma comparação entre relações. Vamos ver isso com mais atenção.

A arte astrológica funciona através de símbolos naturais.

Um símbolo mostra o que há de comum em duas relações. Ele mostra a organização, a estrutura, que as duas relações (ou situações) partilham.

Vamos voltar ao exemplo do Sol.

Há uma relação entre o Sol e o céu que é diferente da relação entre qualquer um dos outros planetas e o mesmo conjunto.

A Lua e os outros cinco planetas se movem, por assim dizer, ao longo do caminho do Sol; ele não se desvia, não se detém, é ele que determina se está de dia ou de noite, as coisas somem quando estão perto dele, etc.

A influência do Sol não se limita ao céu. O calor está associado, de forma óbvia, à vida; ele é uma fonte inesgotável e gratuita de vida. Por outro lado, seus efeitos podem ser destrutivos (o Sol de verão, ao meio-dia, é uma boa lembrança disso).

Essas relações que ele tem com a natureza e com o céu são, num certo sentido, as mesmas relações que um rei tem com seu reino e seus súditos.

Isso se repete com o leão macho adulto e as fêmeas, filhotes e a natureza ao seu redor.

Note bem: essa organização não depende da imagem propriamente dita, nem da força física: a estruturação da família ao redor do pai também partilha dessa característica.

Poderíamos dizer que o rei (ou um rei) simboliza o pai (ou a relação de Deus com suas criaturas)? Sim. Poderíamos dizer que o leão simboliza o rei, pai, etc? Também.

Usamos o Sol, no entanto, como símbolo dessas coisas, por alguns motivos; o mais básico é que ele é mais fácil de visualizar, acompanhar, marcar o movimento, prever a posição futura, etc.

Outro motivo é que sendo uma figura no céu (não sendo influenciável pelos acontecimentos do dia a dia), ele parece mais puro, mais claramente simbólico; parece ter sido posto no Céu para isso.

Além disso, os símbolos naturais, quanto mais puros, mais parecem concentrar essas estruturas de significado. Os símbolos celestes parecem ser mais "simbólicos" que os simbolos naturais terrestres.


O que é um símbolo?

Sem me preocupar com terminologia: um símbolo é qualquer coisa que nos permita captar a forma (ou essência) de outra coisa.

Não há identidade entre a coisa simbolizada e o símbolo. Isso parece óbvio, mas é sempre bom lembrar: o símbolo não é a coisa simbolizada.

Mas por que isso é assim? E o que é que existe neles que permite isso? Bom, a segunda pergunta é mais fácil de responder.

Como eu falei acima, temos que lembrar dos dois aspectos dos seres de acordo com Platão e Aristóteles (as diferenças de visões entre os dois não nos interessam aqui), aspectos diferentes, mas complementares, que vamos chamar de `forma" (ou ideia, ou essência) e `Matéria': Matéria é o material de que são feitas as coisas.

Forma é a organização interna das coisas. "Interna" no sentido de "intrínseca", ou seja, a organização que faz com que a coisa seja o que é.

Um exemplo simples. Uma xícara de porcelana. A matéria é a porcelana, a forma é não só o formato da xícara, mas as caracteristicas dela que fazem com que ela seja capaz de receber e guardar líquidos quentes, ser segurada por alguém e que uma pessoa possa beber esse liquido que ela guarda.

Simplificando, a forma é o que faz a xícara ser uma xícara, a matéria é o que "concretiza" a forma em uma coisa real. A matéria pode ser usada pra fazer outra coisa, a forma pode ser concretizada com outro tipo de matéria, o ente em si é um composto dos dois.

É claro que a semelhança entre a palmeira-real e o ouro não pode ser por causa da matéria.

Então, na organização interna dessas coisas, na forma, há alguma semelhança.

Isso é: há algo nas coisas que faz sentido e que pode ser lido. E que nos conta não só sobre a essência da coisa em si, mas sobre a essência de outras coisas.

"Por que isso é assim?" é um pouco mais difícil de responder.

Para um religioso, é claro que é porque Deus é Sentido e Verdade, e a criação depende d'Ele.

O mundo é organizado, interdependente e faz sentido porque a mesma Mão fez tudo, e fez tudo com a mesma intenção.

Não sei explicar porque isso é assim para um ateu ou um agnóstico, por exemplo. Eu teria que dizer ou que esse sentido não existe nas coisas, mas em nós (e aí me veria com o problema de explicar porque esse sentido existe em nós) ou que existe por causa da evolução do universo (e aí teria que admitir que as coisas não faziam sentido antes e como é que esse sentido se desenvolveu dessa forma).
De qualquer modo, ele é assim (um Cosmos, não um caos), independentemente do motivo. As coisas são "legíveis", são "organizadas" e fazem sentido.

Um problema que surge é que há coisas num leão — mesmo na essência, na forma do leão ideal — que não estão relacionadas a essa "essência solar", a essa forma que o leão, o rei, o pai, o mel, a palmeira-real, etc, partilham.

Algumas características do leão existem porque ele é um ser vivo, um animal, um mamífero, etc.

Como é que a gente depura essas coisas?

Como é que apreendemos o que o leão partilha com o sol? Usamos a analogia.

Ela é a operação que compara duas coisas e percebe essa estrutura comum entre elas. É ela que nos dá que há uma proporção entre o Sol e o céu que se repete entre o rei e seus súditos.

Analogias

Analogia não é simplesmente semelhança. O tigre e a onça são semelhantes, mas um não simboliza o outro.

O raciocínio analógico (que usa o "logos", o sentido de um ser concreto para articulá-lo com outro ser) é a base da astrologia.

Nem sempre esse raciocínio é explicito, e nem sempre ele precisa ser desenvolvido inteiramente numa determinada aplicação. Mas ele sempre está (ou deveria estar) subjacente.

Reforçando um ponto muito importante: os planetas são símbolos. Então, não há exatamente "influência" astral, e não há, falando literalmente, "planetas em nós", embora isso seja uma metáfora importante (porque há, em diversos níveis, faculdades em nós associáveis aos planetas).

Ou seja, não é o Sol que manda que as coisas aconteçam, mas, observando a relação dele com o céu, entendemos o que há de "solar" em nós. Na verdade, é ainda mais que isso. Há algo em nós que se analoga com algo do Sol, e ambos significam outra coisa, que não é nem gente nem planeta, mas está presente na essência de ambos.

Símbolos artificiais

O símbolo natural é diferente do artificial não só na sua origem, mas na sua natureza. Enquanto a inteligibilidade, a mensagem do símbolo natural, está nele mesmo, ou pode ser apreendida dele de forma espontânea, no símbolo artificial, muitas vezes, não há nada de especial. A relação entre o símbolo e o simbolizado também é artificial.

Veja a diferença: se não houvesse nunca nenhuma propaganda sobre o Mc Donald's, e não houvesse o símbolo deles em todas as lojas, não haveria nenhuma ligação entre uma letra M estilizada e amarela e sanduíches, batata-frita e refrigerante. Compare com um leão no meio da savana africana. Mesmo que uma pessoa nunca houvesse visto ou ouvido falar do animal, ao primeiro encontro algumas qualidades ficariam óbvias.

Símbolos naturais (não só os celestes) não são abstrações ou convenções arbitrárias. Eles são concretos duplamente, porque são coisas reais e porque refletem uma realidade maior que a própria.

Textos antigos

Vários textos antigos contém características de planetas e signos; nem todas são simbólicas; mas com o tempo é fácil perceber o que é uma associação mais ou menos fortuita, o que é simples semelhança, e o que é analógico. O mesmo vale para os textos mais recentes.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, Capítulo 9.
"Não há identidade entre a coisa simbolizada e o símbolo. Isso parece óbvio, mas é sempre bom lembrar: o símbolo não é a coisa simbolizada." (Marcos Monteiro)
"Ou seja, não é o Sol que manda que as coisas aconteçam, mas, observando a relação dele com o céu, entendemos o que há de "solar" em nós. Na verdade, é ainda mais que isso. Há algo em nós que se analoga com algo do Sol, e ambos significam outra coisa, que não é nem gente nem planeta, mas está presente na essência de ambos." (Marcos Monteiro)

terça-feira, 2 de maio de 2017

O que diz o espiritismo sobre o livre-arbítrio.

843. O homem tem livre-arbítrio nos seus atos?

— Pois que tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina.

844. O homem goza do livre-arbítrio desde o nascimento?                    

— Ele tem a liberdade de agir, desde que lenha a vontade de o fazer. Nas primeiras fases da vida, u liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com as faculdades. Estando os pensamentos da criança em relação com as necessidades da sua idade, ela aplica o seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias.

845. As predisposições instintivas que o homem traz ao nascer não são um obstáculo ao exercício de seu livre-arbítrio?

— As predisposições instintivas são as do Espírito antes da sua encarnação; conforme for ele mais ou menos adiantado, elas podem impeli-lo a atos repreensíveis, no que ele será secundado por Espíritos que simpatizem com essas disposições; mas não há arrastamento irresistível, quando se tem a vontade de resistir. Lembrai-vos de que querer é poder. (Ver item 361.)

846. O organismo não influi nos atos da vida? E se influi, não o faz com prejuízo do livre-arbítrio?

— O Espírito é certamente, influenciado pela matéria, que pode entravar as suas manifestações. Eis porque, nos mundos em que os corpos são menos materiais do que na Terra, as faculdades se desenvolvem, com mais liberdade. Mas o instrumento não dá faculdades ao Espírito. De resto, é necessário distinguir neste caso as faculdades morais das faculdades intelectuais. Se um homem tem o instinto do assassínio, é seguramente o seu próprio Espírito que o possui e que lho transmite mas nunca os seus órgãos. Aquele que aniquila o seu pensamento para apenas se ocupar da matéria se faz semelhante ao bruto e ainda pior, porque não pensa mais em se precaver contra o mal. E nisso que ele se torna faltoso, pois assim age pela própria vontade. (Ver item 367 e seguintes, Influência do organismo.)

847. A alteração das faculdades tira do homem o livre-arbítrio?

— Aquele cuja inteligência está perturbada por uma causa qualquer perde o domínio do seu pensamento e desde então não tem mais liberdade. Essa alteração é freqüentemente uma punição para o Espírito que, numa existência, pode ter sido vão e orgulhoso, fazendo mau uso de suas faculdades. Ele pode renascer no corpo de um idiota, como o déspota no corpo de um escravo e o mau rico no de um mendigo. Mas o Espírito sofre esse constrangimento, do qual tem perfeita consciência: é nisso que está a ação da matéria. 

848, A alteração das faculdades intelectuais pela embriaguez desculpa os atos repreensíveis?

— Não, pois o ébrio voluntariamente se priva da razão para satisfazer paixões brutais: em lugar de uma falta, comete duas.

849. Qual é, no homem em estado selvagem, a faculdade dominante: o instinto ou o livre-arbítrio?

— O instinto, o que não o impede de agir com inteira liberdade em  certas coisas. Mas, como a criança, ele aplica essa liberdade às suas necessidades e ela se desenvolve com a inteligência. Por conseguinte, tu, que és mais esclarecido que um selvagem, és também mais responsável que ele pelo que fazes.

850. A posição social não é, às vezes, um obstáculo à inteira liberdade de ação?

— O mundo tem, sem duvida, as suas exigências. Deus é justo e tudo leva em conta, mas vos deixa a responsabilidade dos poucos esforços que fazeis para superar os obstáculos.
 
 
Do Livro dos Espíritos - da Codificação da Doutrina Espírita. Transcrito por Allan Kardec, a partir dos espíritos superiores, através do processo das "mesas rolantes".

segunda-feira, 1 de maio de 2017

Movimento Direto e Retrógrado dos Planetas, por Claudio Fagundes

Vocês sabem o que é um planeta estar em movimento retrógrado? Bem, os planetas, o Sol e a Lua movimentam-se normalmente de leste para oeste no céu. Esse movimento de leste para oeste chamamos de "movimento direto". Diferentes do Sol e da Lua, os planetas volta e meia parecem que estacionam no céu. Quando isso acontece, diz-se que os planetas parecem "estacionários" e esse momento, em que parecem estacionários, dura só um instante, não parecem estacionários por um dia, nem uma hora, nem sequer por um minuto; parecem estacionários apenas por um instante.  No instante seguinte em que parecem ficar estacionários, os planetas parecem voltar no caminho andando agora no sentido contrário, andando agora de oeste para leste, provisoriamente. Este movimento, no sentido oeste para leste, chama-se de "movimento retrógrado". Depois de certo tempo em movimento retrógrado, os planetas novamente parecem ficar parados no céu por um instante. E em seguida parecem voltar ao movimento direto, de leste para oeste. O movimento leste para oeste é o sentido normal dos signos: Áries, depois Touro, depois Gêmeos etc, ou seja, no Mapa Natal, por exemplo, é o sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Repararam que eu usei sempre a palavra "parecem" quando expliquei o movimento retrógrado? É porque este movimento é aparente. Na verdade os planetas não andam para trás em suas órbitas. Eles aparentam andar para trás quando a gente olha do ponto de vista na Terra. Ah, sim, não sei se ficou claro, o Sol e a Lua jamais parecem estar estacionários ou em movimento retrógrado. Os dois luminares estão sempre em movimento direto. (Claudio Fagundes)

Pensamento de Gurdjieff sobre o Livre-Arbítrio, por Ouspenski

Falando sobre o livre-arbítrio, Gurdieff disse numa conferência compilada por Ouspenski no livro "Psicologia da Evolução Possível ao Homem":

Devemos partir da ideia de que sem esforços a evolução é impossível e de que, sem ajuda, é igualmente impossível.

Depois disso, devemos compreender que, no caminho do desenvolvimento, o homem deve tornar-se um ser diferente e devemos estudar e conceber de que modo e em que direção deve o homem converter-se num ser diferente, isto é, o que significa um ser diferente.

Depois, devemos compreender que nem todos os homens podem desenvolver-se e tornar-se seres diferentes. A evolução é questão de esforços pessoais e, em relação à massa da humanidade, continua a ser exceção rara. Isso talvez possa parecer estranho, mas devemos dar-nos conta não só de que a evolução é rara, mas também que se torna cada vez mais rara.

O homem não se conhece.

Não conhece nem os próprios limites, nem suas possibilidades. Não conhece sequer até que ponto não se conhece.

O homem inventou numerosas máquinas e sabe que, às vezes, são necessários anos de sérios estudos para poder servir-se de uma máquina complicada ou para controlá-la. Mas, quando se trata de si mesmo, ele esquece esse fato, ainda que ele próprio seja uma máquina muito mais complicada do que todas aquelas que inventou.

Está cheio de idéias falsas sobre si mesmo.

Antes de tudo, não se dá conta de que ele é realmente uma máquina.

O que quer dizer: “O homem é uma máquina”?

Quer dizer que não tem movimentos independentes, seja interior, seja exteriormente. É uma máquina posta em movimento por influências exteriores e choques exteriores. Todos os seus movimentos, ações, palavras, idéias, emoções, humores e pensamentos são provocados por influências exteriores. Por si mesmo, é tão-somente um autômato com certa provisão de lembranças de experiências anteriores e certo potencial de energia em reserva.

Devemos compreender que o homem não pode fazer nada.

O homem, porém não se apercebe disso e se atribui a capacidade de fazer. É o primeiro dos falsos poderes que se arroga.

Isso deve ser compreendido com toda a clareza. O homem não pode fazer nada. Tudo o que crê fazer, na realidade, acontece. Isso acontece exatamente como “chove”, “neva” ou “venta”.

Infelizmente, não há em nosso idioma verbos impessoais que possam ser aplicados aos atos humanos. Devemos, pois, continuar a dizer que o homem pensa, lê, escreve, ama, detesta, empreende guerras, combate, etc. Na realidade, tudo isso acontece.

O homem não pode pensar, falar nem mover-se como quer. É uma marionete, puxada para cá e para lá por fios invisíveis. Se compreender isso, poderá aprender mais coisas sobre si mesmo e talvez, então, tudo comece a mudar para ele.

Mas, se não puder admitir nem compreender sua profunda mecanicidade, ou não quiser aceitá-la como um fato, não poderá aprender mais nada e as coisas não poderão mudar para ele.

O homem é uma máquina, mas uma máquina muito singular. Pois, se as circunstâncias se prestarem a isso, e se bem dirigida, essa máquina poderá saber que é uma máquina. E se der-se conta disso plenamente, ela poderá encontrar os meios para deixar de ser máquina.

domingo, 30 de abril de 2017

Sobre o livre-arbítrio, por Marcos Monteiro

(...) O terceiro risco é negar o livre-arbítrio. A ênfase não é no poder do astro, é na falta de capacidade da pessoa de resistir. O interessante é que, embora negar o livre-arbítrio seja um pecado grave (porque aí a salvação e a condenação não seriam frutos das nossas ações, mas do destino inescapável), negar o livre-arbítrio por causa da astrologia é, antes disso, burrice grave. Se, como vimos antes, os astros não têm influência nenhuma (são apenas símbolos), a discussão não cabe aqui. Se não há livre-arbítrio, a culpa não é do céu; eles são, no máximo, escravos junto conosco.

Este erro (que eu chamo de antropológico) merece uma explicação um pouco maior. Algumas coisas mostradas pelo céu são, sim, irreversíveis (o astrólogo pode errar, mas, se não houver erro de interpretação, a coisa mostrada vai acontecer). Isso não acontece porque os astros determinaram, mas porque a natureza da realidade é assim. Se a previsão for de um terremoto, ou de um temporal, não há muito o que se possa fazer para impedir o evento.

Outras coisas podem ser revertidas, mas com muita dificuldade. Previsões de morte de pessoas ou animais doentes; derrota em eleições, ações em tribunais, resultados de jogos de futebol. Estamos lidando com coisas que admitem intervenção, mas limitada.

Por último, algumas podem ser evitadas, até com facilidade, mas não são. O exemplo mais comum são previsões amorosas. O ser humano tem o livre-arbítrio que, por definição, pode ser abandonado. Ele sempre envolve a frustração de um desejo: escolher entre carne e peixe pelo sabor não é usar o livre-arbítrio, mas consultar o estômago. Esses desejos podem (por serem disposições psicológicas, influenciáveis pelo exterior, por mudanças biológicas) ser identificados pela astrologia e mostrar um desfecho provável que, em grande parte das vezes, é o que acontece, mesmo quando a pessoa consulta um astrólogo e é avisada dos detalhes da situação.

Uma característica importante do ser humano é que ele tem livre-arbítrio, mas que não o usa com freqüência. Uma característica importante da astrologia é que ela pode descrever o estado de coisas, inclusive as disposições internas da pessoa; e que este estado vai se comportar de forma previsível, de acordo com a sua natureza, se a pessoa não resolver ativamente resistir.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 27-8.
Há a idolatria direta aos astros (rezar para Júpiter, dar oferendas a Vênus, pedir aos planetas que resolvam seus problemas, etc.) e há a idolatria indireta: culpar as influências dos astros pelos nossos erros ("Mercúrio me fez chegar atrasado"; "Eu queria ser fiel, mas a Vênus peregrina do meu mapa não me deixa"; ou "Como é que posso ser calmo tendo esse Marte?"). O erro aqui é dar poder, autonomia, aos planetas, como se fossem deuses. Pode parecer que pouca gente os idolatra diretamente, mas a astrolatria indireta é comum, até mesmo hoje em dia: por exemplo, muita gente procura consultas natais ou horárias com uma vaga esperança de que "os astros" possam melhorar a sua vida; ou tentam fazer algo para aplacar a influência nefasta de um planeta sobre alguma coisa. Os planetas são símbolos, as limitações e vantagens mostradas no mapa estão na situação que ele representa. É mais fácil, em alguns casos, dizer "o planeta X influencia a aparência", ou "esse aspecto garante que o evento vá acontecer", mas isso tudo são figuras de linguagem. Eles só simbolizam, não influenciam.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 26-7.

Uma nota sobre as outras astrologias, por Marcos Monteiro

Eu recomendo, no meu curso, que os alunos se afastem, pelo menos no início dos estudos, das outras astrologias.

Pelo que escrevi até agora, é fácil entender porque não aconselho o estudo da astrologia moderna; só que também não aconselho que se estude a astrologia indiana, ou chinesa.

Aqui, o problema não é que elas não funcionem, ou façam mal; é o contrário. Elas funcionam muito bem... dentro do conjunto cultural, filosófico e religioso no qual nasceram.

É possível estudar astrologia indiana e aprendê-la.

É mais fácil se você tiver sido educado na Índia, seguir o dharma e estiver familiarizado com a cultura, com os textos religiosos e com o pensamento hindu.

É mais difícil se você for um ocidental que se interesse bastante por tudo o que mencionei acima, mas é possível.

É muito mais difícil se você só quiser aprender a astrologia indiana, sem vontade de se inteirar na cultura e na visão de mundo hindu, mas ainda é, imagino, possível.

É muito mais difícil ainda se você quiser aprender duas astrologias, principalmente ao mesmo tempo. São duas visões de mundo diferentes. Do conceito de alma à noção de Zodíaco, a pessoa tem que ficar mudando o sistema de coordenadas mental conforme muda de astrologia.

Por fim, não é possível fazer uma mistura das duas. Pelo menos, misturar as duas de forma produtiva.

Acontece a mesma coisa com a religião. É possível ser um bom cristão, é possível ser um bom muçulmano, é possível ser um bom budista. O sujeito que tentar ser as três coisas ao mesmo tempo vai ficar louco.

É claro que, como a astrologia está num nível diferente da religião, as coisas não são tão drásticas; não é impossível que alguém seja bom em duas, ou mesmo três, astrologias diferentes, só acho que o esforço mental aumenta demais para um ganho pequeno.

Se elas funcionam, basta aprender uma direito. Se elas não funcionam, não adianta aprender nenhuma.

Os sistemas astrológicos são orgânicos. Qualquer coisa para ser inserida neles deve se harmonizar com que já existe. Isso já aconteceu na astrologia ocidental diversas vezes; mas uma coisa é um aporte externo que se harmoniza com o sistema, outro é usar algo externo, com base num sistema diferente, e para o qual o seu próprio sistema tem algo que funciona perfeitamente bem.

Além disso, muita coisa do que se vende como "astrologia védica", ou "hindu", e "astrologia chinesa" é só uma salada moderna com alguns temperos exóticos. Não é a opção mais inteligente para quem quer fugir do ocidente.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 13-5.

O que é astrologia? por Marcos Monteiro

Até aqui, falei de astrologia sem defini-la. Todo mundo tem alguma idéia, mesmo que vaga ou errada, do que seja astrologia, o que torna mais fácil primeiro tirar do caminho o que ela não é; mas agora preciso dizer o que ela e.

Definir astrologia é algo relativamente simples, desde que algumas outras coisas estejam claras. Então, vamos iluminá-las.

1) Céu: uma grande esfera, azul-clara de dia e escura com diversos pontos brilhantes de noite, da qual vemos sempre no máximo metade. Ou seja, o céu visível.

"Ah, mas isso é uma ilusão, essa esfera não existe de verdade".

Claro que existe. Eu não disse que ela é um corpo físico. O que vemos (ou, no caso de quem mora em grandes cidades, intuímos) é isso; sua origem — ou existência — fisica não importa agora.

2) Corpos celestes: estrelas visíveis, planetas, o Sol e a Lua (sobre as nuvens, aviões, etc:, veja abaixo).

3) Eventos terrestres: qualquer coisa que ocorra no mundo, que não seja no céu (pássaros e morcegos, neste sentido, são terrestres; o clima não é céu, muito menos as nuvens; quem mora em locais montanhosos sabe disso, porque há lugares de onde se podem ver as nuvens abaixo de nós. Os objetos feitos pelo homem também não são celestes. Podemos entrar e sair de aviões, que foram feitos aqui e pousam na terra. Eles não estão no céu que definimos acima e pertencem aos eventos terrestres).

Ascensão e queda de impérios, dinastias, países, guerras, chuvas, terremotos, nascimento, desenvolvimento e morte de organismos, emoções, sensações, atos humanos, comportamento de máquinas, acidentes, casamentos, divórcios, etc. Tudo isso são eventos terrestres.

Com esses conceitos, é fácil dar uma definição decente de astrologia:

Astrologia é: a arte (ou técnica) de observar os corpos celestes e suas relações entre si e com o céu e relacioná-los a eventos terrestres.

Ou seja, a astrologia é a arte ou técnica de estabelecer relações entre relações.

Isso é importante, porque não é enfatizado suficientemente nos textos astrológicos em geral.

Por exemplo, posso dizer que "o Sol é um símbolo do rei". Mas, na verdade, o que eu estou dizendo é que, entre outras relações possíveis, o Sol está para os outros planetas assim como o rei está para os seus súditos (ou seja, o Sol não é o símbolo do rei enquanto inimigo de outro rei, ou na relação dele com sua mãe, por exemplo).

O simbolismo astrológico é, na verdade, o simbolismo natural aplicado aos corpos celestes. Em alquimia, por exemplo, a relação entre os metais (derivada das suas qualidades sensíveis) é análoga à relação entre os planetas (podemos associar cada planeta a um metal).

Na verdade, o simbolismo como um todo (seja dos planetas, dos metais, das fases da vida, dos animais, etc.) é harmônico porque traduz a estrutura do real. Uma dada coisa (ou pessoa, ou país) não se comporta de forma marcial porque Marte "influencia" seu comportamento; mas porque há uma qualidade em ambos, coisa e planeta, que se evidencia no simbolismo associado a Marte (ou ao cabrito montês, ou ao ferro).

Ou seja, as relações entre os planetas, ou entre eles e o céu, expressam relações possíveis do real, e nos ajudam a descobrir estas relações nos eventos terrestres; falo sobre isso mais à frente.

O leitor vai notar que essa definição não fala em influências gravitacionais, nem em modificações da consciência coletiva, porque essas coisas não são astrologia.

Essas explicações pseudocientíficas, que requentam conceitos fisicos mal-entendidos, não devem ser levadas a sério. Não são tentativas de entender o fenômeno astrológico, mas de fornecer conforto psicológico a quem pratica astrologia, mas foi educado para acreditar que ela é bobagem.

Resumindo: neste livro vamos estudar as bases simbólicas da técnica que relaciona eventos visíveis no céu com eventos na terra, tomando por base a cosmologia ocidental cristã.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 12-3.

Interpretando Dignidades e Debilidades (3), por Clélia Romano

O que é preciso ter em mente é que qualquer planeta na carta se relaciona com o signo que rege: esta é uma chave de extrema importância para obter informações práticas e fazer uma delineação.

Além disso, devemos saber que um planeta pode, dependendo de seu estado zodiacal ou essencial:

1. Realizar algo
2. Negar algo
3. Destruir algo nem bem é produzido

Algo a lembrar também é que um maléfico em bom estado zodiacal vai produzir bons efeitos para aquela casa, mas ele jamais será um benéfico. Por exemplo, Marte na sétima casa, mesmo em Escorpião, seu domicílio e onde regozija, vai produzir um casamento, mas será um tipo de casamento onde a dominação e a competitividade própria do planeta sempre existirão. Trata-se do aspecto qualitativo de cada planeta, seu "esse" próprio: Saturno representa obstáculos e restrições, Marte contendas, Vênus prazer, Mercúrio troca de idéias, etc.

Imaginemos agora Saturno em Capricórnio ou Aquário na Sétima Casa: tanto quanto Marte em Escorpião ele vai produzir um casamento ou parceria, mas a parceria terá limitações, deveres, restrições, podendo ocorrer com pessoa mais velha, etc
.
O interessante é que se Marte ou Saturno estivessem debilitados na Sétima Casa, eles ainda poderiam realizar um casamento ou parceria, pois estariam angulares'`, mas o destruiriam depois.

Recapitulando, faz parte da essência de cada planeta possuir características que, quando manifestas, constituem o aspecto formal do planeta. Tais características sofrem modificações conforme o planeta esteja num signo ou em outro.

Quando o planeta está em seu próprio signo de regência ele manifesta o melhor de si, sua natureza fortalece-se nos aspectos benéficos e atenua-se nos aspectos maléficos. Em seu próprio signo, como um homem em sua própria casa, o planeta sente-se bem.

Quando estudarmos as casas, a essa delineação da condição essencial somaremos as dignidades terrestres ou acidentais do planeta.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 53. http://www.astrologiahumana.com/