sábado, 1 de julho de 2017

Ensinando o uso que pode ser feito do discurso anterior sobre os doze signos, por William Lilly

(Nota: discurso anterior que o título se refere.)

Se alguém perguntar ao artista qual o temperamento, qualidade ou estatura da pessoa inquirida, observar o signo da casa pela qual ele é significado, o signo em que se encontra o regente dessa casa e em que está a Lua, misturar um com o outro e julgar pelo maior número de testemunhos; pois se o signo que ascende ou descende for aéreo, humano, e o regente desse signo ou a Lua estiver em qualquer signo da mesma triplicidade ou natureza, pode-se julgar que o corpo será belo e que o temperamento da pessoa será sociável ou muito cortês, etc.

Se a pergunta disser respeito a uma doença e Áries estiver na cúspide do ascendente ou descendendo na seis, pode-se julgar que a pessoa terá algo na sua doença da natureza de Áries, mas o que é terá de ser deduzido a partir da concordância dos outros significadores.

Se um camponês ou cidadão perdeu qualquer animal ou qualquer objeto físico na sua casa, observe-se em que signo se encontra o significador da coisa; se estiver em Áries, e se se tratar de um animal tresmalhado, ou semelhante, veja-se que tipo de lugares são indicados por esse signo, e ele que vá lá procurar, levando em consideração o quadrante do céu significado pelo signo; se for um bem imóvel, que não se possa deslocar sem ser transportado por alguém, que procure nas áreas da sua casa significadas por Áries.

Se alguém perguntar acerca de viagens, se tal país, cidade ou reino será para si salutar ou próspero, ver na figura em que signo está o regente do ascendente, se o significador estiver afortunado em Áries, ou se Júpiter ou Vênus lá estiverem colocados, poderá viajar com segurança ou permanecer naquelas cidades ou países representados pelo signo de Áries, os quais podem ser facilmente consultados no catálogo acima mencionado. Os países sujeitos ao signo em que se encontram as infortunas são sempre desafortunados, a não ser que elas próprias sejam significadoras; aqui há que recordar que um fidalgo geralmente pergunta se gozará de saúde e viverá alegremente em tal ou tal país ou cidade, enquanto o mercador quer apenas saber de negócio e do aumento do seu capital comercial; portanto, na figura de um mercador, deve-se considerar o país ou cidade sujeitos ao signo da segunda casa, ou onde se encontram a Parte da Fortuna ou o regente da segunda, e qual está mais fortificado, sendo lá que deverá negociar.


William Lilly, in Astrologia Cristã.

O livro, em seu primeiro tomo, pode ser adquirido aqui:
https://www.amazon.com.br/Astrologia-Crist%C3%A3-Livro-B%C3%A1sica-ebook/dp/B014VL3VP4/ref=sr_1_fkmr0_1?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1497124732&sr=1-1-fkmr0&keywords=William+Lilly%2C+in+Astrologia+Crist%C3%A3

Outras Dinâmicas entre Planetas, por Clélia Romano

Ainda dentro das relações entre planetas, dado o movimento constante deles nos céus, podem ocorrer inúmeras variáveis de encontros, desencontros e impedimentos para sua colaboração efetiva.

Chamarei atenção agora para um fato semelhante à recepção. mas que funciona simplesmente pelo contato: trata-se da comissão de disposição e transferência de virtude "pelo corpo".

Quando um planeta faz aspecto com outro, desde que nenhum se interponha primeiro entre eles, o planeta A passa sua virtude (se a tiver) para o planeta B. O segundo planeta fica portador da virtude que possuir mais aquela que lhe foi transmitida pelo primeiro planeta.

Então vejamos: a Lua está a 6° de Câncer, Vênus está 8° de Câncer e Saturno a 9° de Libra. A Lua passa sua virtude a Vênus (note que ela possui virtude, pois está em seu domicílio) "através de seu corpo" e a transmite a Vênus.

Vênus que já tinha triplicidade e face neste signo e grau agora tem também a força de regência.

A ideia de transmissão de virtude vem desde Paulus de Alexandria, autor Helenístico. Ele dizia que se um planeta cadente e sem forças, recebesse um aspecto de Júpiter, por exemplo, ele poderia ser ativado e tornado útil, funcionando como se estivesse num ângulo ele mesmo.

A seguir abordarei uma série de fatores dinâmicos que ocorrem entre planetas, além da transmissão de virtude.

Entre as dinâmicas temos:

1 - A translação de luz ocorre quando um planeta mais leve se aplicou a um planeta e em seguida vai aplicar-se a outro: neste caso a luz do segundo será transferida para o terceiro. Isso só pode  ocorrer se houver recepção. Digamos que a Lua está a 6° de Câncer, Vênus está 8° de Câncer e Saturno a 20° de Libra. A Lua faz um aspecto com Vênus e a seguir com Saturno. Como Vênus recebe Saturno por domicílio, a qualidade de Vênus, é transferida para Saturno: os dois significadores ficam unidos, mesmo que não estivessem unidos em aspecto.

2 - A coleção de luz ocorre quando dois planetas que estão inconjuntos faz
em aspecto a um terceiro mais lento que coleta, reúne a luz dos dois promovendo sua união.

3 - O retorno de virtude. Suponha que Saturno esteja retrógrado a 25° de Libra no Ascendente e Júpiter esteja no Meio Céu em Câncer a 25°.

Júpiter é o mais leve, portanto ele se aplica a Saturno. Saturno está retrógrado e por isso não pode obter a virtude de exaltação que Júpiter tem em Câncer. Ele a devolve então, fazendo o retorno da virtude a Júpiter que sai aprimorado com as qualidades de exaltação de Saturno em Libra. Júpiter que já era forte fica duplamente forte.

Os desencontros e perdas entre planetas são em maior número:

1 - Impedimento ou proibição: por vezes um planeta mais ligeiro vai se aplicar a outro mais lento e um terceiro planeta se interpõe entre os dois.

2 - Refranação: O planeta A que buscava aspecto com o planeta B desiste e entra em retrogradação,

3 - Contrariedade: o planeta A que ia aspectar o planeta B é impedido de fazê-lo porque outro, o planeta C, entrou em retrogradação e aspectou B primeiro.

4 - Frustração: o planeta A tenta o aspecto com B, mas B muda de signo e completa o aspecto com o planeta C (o planeta A fica "frustrado").

5 - Corte da luz: o planeta A ia fazer aspecto com B e a seguir com C, eventualmente fazendo urna translação de luz entre eles, mas C se torna retrógrado e atinge B primeiro. Este aspecto não impede o aspecto do significador A para os outros dois, mas impede a translação de luz de A para C por isso o aspecto é denominado corte da luz.

Concluindo, o importante não é gravar os nomes corretos, mas ter em mente o significado e as potenciais possibilidades de encontro ou empecilho ao encontro entre planetas.

Além disso, ter a tabela de efemérides à mão é imprescindível. sem a qual as vezes não conseguiremos saber o que ocorrerá proximamente aos planetas, o que significa que não conheceremos os sinais do futuro.

O leitor deve estar atento a esses aspectos e relações.

Em astrologia horária tais vicissitudes entre os planetas nos ajudam a prever um desenvolvimento favorável ou não, e na astrologia natal esses aspectos podem auxiliar ou prejudicar um planeta.

Em astrologia natal deveriam ser mais utilizadas, visto que tais dinâmicas nos dirão sobre o que ocorrerá ao nativo conforme o mapa natal progrida em suas direções.

Por exemplo, digamos que em um mapa natal a Lua esteja em Câncer a aplicar-se por um trígono a Vênus em Peixes. Imaginemos que a Lua esteja a 10° de Câncer e Vênus a 16° de Peixes. Haverá urna recepção mútua por triplicidade e um aspecto de trígono. Mas, vamos supor que Saturno esteja a 11° de Capricórnio.

Como a Lua é mais rápida que Vênus ela é quem vai se aplicar a Saturno primeiro, pois é sempre o planeta mais rápido que se aplica ao mais lento. Ocorre que Saturno não recebe a Lua e nem a Lua recebe Saturno. A Lua tem seu detrimento em Capricórnio e Saturno tem seu detrimento em Câncer.

Se o leitor estivesse interpretando uma carta horária essa situação seria desastrosa caso a Lua e Vênus fossem os significadores da matéria, que seria sumariamente negada.

Mas na astrologia natal essa dinâmica também é importante: corno a carta progride, podemos imaginar que a Lua vá se defrontar logo de início com Saturno.

As coisas seriam mais fáceis para o nativo se a Lua fosse se aplicar a Vênus e tal situação planetária pode representar a diferença entre uma infância feliz ou difícil.


Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/

As Estrelas Fixas, por Marcos Monteiro

Este assunto está entre os últimos capítulos do livro, mas não porque seja pouco importante.

O que acontece é que não precisamos nos referir a elas para montar nosso teatro astrológico, embora elas sejam tanto pano de fundo quanto luzes, direcionadas para pontos específicos do palco.

Elas não interagem com os planetas – não ficam nem dignificadas, nem debilitadas, nem afligidas, nem assistidas. Elas ajudam ou atrapalham quem passa por elas, não porque tenham uma intenção particular, mas apenas porque continuam, sem parar, a manifestar a própria natureza.

As estrelas são o que são.

Além disso, elas são assuntos para um livro inteiro, ou mais de um. Aqui, o máximo que posso fazer é escrever uma introdução muito breve a este assunto.

As estrelas fixas são chamadas assim em comparação com os planetas, que são as estrelas móveis (vários textos antigos chamam os planetas de estrelas, ou tratam todos os astros como estrelas). Elas não são, na verdade, fixas. Elas se movimentam, embora muito lentamente – astronomicamente, esse é o famoso fenômeno chamado de “precessão dos equinócios”. Elas também se movem umas em relação às outras, nem sempre à mesma taxa – esse é o movimento que aparece na tevê quando algum programa menciona que o formato das constelações mudou.

O modelo cosmológico tradicional é um pouco mais complicado que o que eu apresentei aqui. Minha intenção foi facilitar o entendimento de como o céu astrológico funciona.

De forma resumida, os antigos viam o cosmos como esferas concêntricas; a terra é a penúltima esfera (a última, abaixo de nós, é o Inferno, que quer dizer isso mesmo, inferior).

As sete primeiras esferas depois de nós são as dos planetas, a seguinte é a das estrelas (a outra é a das “torres zodiacais”). Isso quer dizer que elas fazem parte do “pano de fundo” da ação dos planetas.

É por isso que não há menção a aspectos ou qualquer tipo de interação entre elas e os planetas, que são influenciados quando passam perto delas (ou seja, quando estão em conjunção bem próxima, um, dois ou no máximo três graus). Elas também são importantes se estiverem exatamente sobre a cúspide de uma casa.

Elas estão, do ponto de vista da essência, num nível superior ao dos planetas (e inferior ao dos signos), mas, como os planetas são sete, e elas inúmeras, é mais fácil explicá-las usando as naturezas dos planetas – quase todas as listas sobre estrelas fixas associam-nas a um, dois ou, excepcionalmente, três planetas.

Além disso, os planetas podem ser vistos, como discutimos anteriormente, como as sete divisões fundamentais dos seres concretos, as sete cores que compõem a luz divina. Vamos ver qual (ou quais) dessas cores é mais importante em cada estrela.

A importância de uma dada estrela deriva de alguns fatores. Em primeiro lugar, magnitude – ser visível; em segundo lugar, proximidade da eclíptica – ser visível perto do palco no qual as ações celestes acontecem; em terceiro lugar, o simbolismo – fazer sentido.

As estrelas são agrupadas em conjuntos mais ou menos próximos no céu, chamados de constelações.

A melhor definição para constelação é família. Elas reúnem estrelas com propriedades afins, ou pelo menos com explicações simbólicas (ou míticas, que facilitam a memorização das estrelas) parecidas. Os mitos associados às constelações nos ensinam que tipo de família estamos vendo.

A explicação científica para a origem das constelações é francamente idiota. Nenhum ser humano minimamente inteligente olharia para a constelação de Leão e pensaria “olha, parece um Leão”, ou para Órion e pensaria “ei, mas é muito parecido com um guerreiro com um cinto legal e uma tocha erguida”. Exceto por alguns poucos exemplos (Escorpião parece vagamente com um escorpião em posição de ataque, por exemplo), as constelações não são desenhos esquemáticos que lembram seus nomes.

Os nomes das constelações, como eu disse, são mitos, que explicam e facilitam a identificação da natureza de cada uma das constelações. É fácil explicar as estrelas de Leão (Regulus, o coração; Zozma, as costas) referindo-se ao simbolismo relacionado a este animal.

Evitamos os mitos nos signos porque sua significação é mais completa e menos distorcida quando nos atemos à sua natureza real – o modo de expressão e o elemento. No entanto, para as constelações zodiacais, pensar nos mitos pode facilitar a identificação do caráter de cada estrela, que são partes não aleatórias das imagens associadas.

A importância das estrelas fixas em astrologia aumenta conforme se sobe o nível. Em horária e eletiva, o risco de usá-las é muito maior que o risco de ignorá-las; são bastante importantes em astrologia natal e são de suma importância em astrologia mundana.

Exemplos de estrelas

Há uma enormidade de estrelas visíveis; por volta de cem delas têm alguma significação astrológica; algumas poucas dezenas são realmente importantes.

Vou mencionar um conjunto ainda menor, que serve como início de um estudo que foge ao propósito deste livro e que depende da intenção do leitor.

Essas são as mais comuns; é claro que esta lista é subjetiva, mas acredito que a grande maioria dos astrólogos concordaria com grande parte dela.

Eu menciono a posição aproximada delas no ano em que escrevo, 2014.


As guardiãs

São as estrelas que um dia já estiveram no início dos signos cardinais, marcando o início das estações. Hoje em dia, nenhuma delas está em signo cardinal, nem nos signos fixos seguintes, todas elas estão em signos mutáveis.

Regulus – o coração do Leão (Cor Leonis). Está em 0° de Virgem. Uma das estrelas mais fortes e brilhantes do céu, uma das estrelas reais (falo sobre elas abaixo). Da natureza de Marte e Júpiter. “O coração” sempre quer dizer, quando falamos de estrelas, “o núcleo” – ela é o “superleão”; reúne as características da constelação. Então, concede honrarias, dignidade, exaltação, poder – mas nem sempre felicidade; não é uma estrela calma, nem garante um futuro livre de tribulações.

Antares – “Outro Ares”, ou seja, outro Marte. O Coração do Escorpião (Cor Scorpionis), está em 9° de Sagitário. O “superescorpião”. Violência, conflito, guerra, morte, mas também fim de ciclo, mudança. Também da natureza de Marte e Júpiter; também é uma estrela real.

Aldebaran – “O olho do Touro” (Oculus Tauri). Apesar de não ser o coração, ela também é o “supertouro”: ela significa o inicio, a entrada da alma na matéria. Está ligada, portanto, aos inícios dos ciclos; funciona em conjunto com Antares e está oposta a ela, em 9° de Gêmeos. É da natureza de Marte, mas, sendo o olho esquerdo do Touro, tem uma conexão clara com o significado da Lua (os olhos são atribuídos aos luminares. Nos machos, o direito é do Sol, o esquerdo da Lua, invertendo-se para as fêmeas); a Lua significa a alma, e também a fome – pela matéria, pela vida. Também é uma estrela real.

Fomalhaut – A boca do peixe, em 04º de Peixes. Da natureza de Vênus e Mercúrio. A única das guardiãs que não é estrela real. Fomalhaut promete reinado, mas não deste mundo. Está ligada ao solstício de inverno – o nascimento de Cristo – e à história de Jonas (a boca do peixe evoca o animal que devorou o profeta), portanto, ao renascimento. Ela é extremamente poderosa, só não eleva ao trono. Atenção: ela não é parte da constelação de Peixes, mas pertence à constelação “Pisces Australis”, ou Peixe do Sul, ou Grande Peixe, o que engole a água de Aquário.


Estrelas reais

Além das três primeiras guardiãs, ainda há outras estrelas. Elas são chamadas de “reais” porque são indicativas de ascensão ao trono em natividades de prováveis reis e rainhas.

Lucida Lancis – Alpha Librae,15º de Escorpião. O prato do sul da balança (de onde vem seu outro nome, Zuben Algenubi, a Garra do Sul – a constelação de Libra já foi a constelação das Garras do Escorpião). Está exatamente sobre a eclíptica. Sendo o “prato de baixo”, em latitude zero, significa, obviamente, elevação. Da natureza de Saturno e Marte.

Spica – 23º de Libra, o “Espigão [de trigo] da Virgem”. A estrela mais feliz do zodíaco. Ela normalmente concede felicidade, embora menos sucesso que Regulus. Ela é o presente da Virgem, é o que ela tem na mão oferecendo para baixo, para a terra, estando associada portanto às bênçãos e à proteção de Nossa Senhora. Da natureza de Vênus e Marte.

Pollux – 23º de Câncer. Um dos irmãos da constelação de Gêmeos, Pollux é o gêmeo imortal. Da natureza de Marte.


Outras estrelas importantes

Castor – 20º de Câncer, o gêmeo mortal, irmão de Pollux. Da natureza de Mercúrio.

Sirius – 23º de Câncer. A boca do Cão maior, o Sol do Sol. Extremamente brilhante, mas afastada da eclíptica. É uma estrela feroz, mas que pode ser benéfica e protetora. Da natureza de Júpiter e Marte.

Procyon – 26º Câncer – o Cão menor. Muito da sua significação deriva da comparação com o grande cão: ela é mais rápida, mais agressiva, mas bem menos forte. Da natureza de Mercúrio e Marte.

Caput Algol – 26º Touro. A cabeça da medusa, a estrela mais perigosa do Zodíaco. Funciona como uma espada, pode ser usada contra ou a favor do nativo, mas nunca é calma, nem pacífica. Um dos seus significados é perda da cabeça, literal ou figurada. Da natureza de Saturno e Júpiter.

Alcyone – 29º de Touro – também não é das mais benéficas. É a estrela principal das Plêiades (“As Irmãs que Choram”); fere os olhos e causa arrependimento. Da natureza de Marte e da Lua.

Vindemiatrix – 10º de Libra. Também conhecida com Vindemiator, é o(a) coletor(a) de uvas. Outra estrela perigosa, está associada com divórcio, separação, auto-sabotamento (ferir a si mesmo e aos outros), exceder as próprias capacidades. É a ponta da asa do norte, ou do braço do norte, da Virgem. Da natureza de Saturno e Mercúrio.

Altair – 1º de Aquário. A águia. Elevação espiritual. Da natureza de Marte e Júpiter.

Vega ou Lira – 15º de Capricórnio. Inspiração, ensino. Da natureza de Vênus e Mercúrio.

Beta Librae – 19º de Escorpião. O prato do norte da constelação de Libra. Conhecida também como Zuben Eschamali, a Garra do Norte. Da natureza de Júpiter e Mercúrio.

Há outras estrelas importantes e há muitas outras que podem ter alguma importância determinada em algum contexto especial, mas a lista já está grande o suficiente.

Uma última nota sobre constelações: já deve ter ficado claro para o leitor que signos e constelações não são a mesma coisa. As constelações que ficam perto da eclíptica – as constelações zodiacais – levam o mesmo nome que os signos onde estavam, mais ou menos, quando foram nomeadas.



Marcos Monteiro, Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013.

O livro pode ser adquirido aqui:
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sexta-feira, 30 de junho de 2017

O Sistema de Dignidades e Debilidades Essenciais, por Helena Avelar e Luís Ribeiro

Já vimos como os planetas expressam as suas naturezas e como essa expressão é "colorida" pelas características do signo em que se encontram. Vamos agora desenvolver esse conceito.

Quando colocados num mesmo signo, os planetas apresentam uma tonalidade comum, que lhes é conferida pelo próprio signo. Contudo, no mesmo signo, alguns planetas têm maior facilidade em expressar-se que outros. Tudo depende do nível de "conforto" que o planeta desfruta naquele posicionamento zodiacal.

Assim, existem áreas do Zodíaco em que a expressão de um planeta é naturalmente forte e estável, enquanto noutras o mesmo planeta apresenta dificuldades. Estas áreas são definidas pela própria ordem natural do Zodíaco e das esferas celestes.

Quando um planeta se encontra num segmento do Zodíaco no qual a sua natureza é reforçada diz-se que está dignificado; quando se encontra numa área em que a sua expressão é dificultada diz-se debilitado.

Estes estados de dignidade e debilidade são denominados essenciais, pois reforçam ou dificultam a manifestação da essência dos planetas.

Quando dignificado o planeta adquire mais status no horóscopo e torna-se, em maior ou menor medida, senhor das suas ações. Quando debilitado o planeta perde poder e fica condicionado pelos restantes planetas.

No sistema de dignidades essenciais existem cinco estados de dignidade e dois de debilidade, que estudaremos em seguida.


As Dignidades Maiores

As principais dignidades são o trono (ou regência) e a exaltação. Quando um planeta tem estes níveis de dignidade adquire poder e a sua expressão torna-se mais marcante. Em oposição a estas dignidades, existem as debilidades de exílio e queda. Se um planeta tiver este nível de debilidade a sua expressão torna-se fraca e irregular.

Pela sua importância e pelo poder que conferem ao planeta, estas dignidades (e as correspondentes debilidades) são designadas maiores, fundamentais ou completas.


O trono ou regência

A dignidade mais importante é de trono ou regência.

Cada signo tem um planeta regente, que atua como rei e senhor daquele "território".

O regente é a chave através da qual as características do signo se expressam. Assim, para além das qualidades primitivas, dos elementos, dos modos e gêneros, os signos são também caracterizados pelo seu planeta regente.

Como já vimos, os signos regidos por Saturno têm uma expressão estruturada e austera, devido à natureza do seu regente; os signos regidos por Júpiter partilham uma atitude entusiasta e fluida; os de Marte têm uma ação bélica e assertiva; o signo regido pelo Sol é irradiante; os de Vénus expressam-se de forma harmoniosa e suave; os de Mercúrio são multifacetados, e o signo da Lua tem uma expressão variável e flutuante.

Quando o planeta regente está no próprio signo que rege, diz-se que está dignificado. Tal como um rei no seu trono, expressa a sua natureza no seu melhor, de forma estável e produtiva. Por exemplo, se Vênus estiver posicionada num dos seus signos de regência, Touro ou Balança, a sua expressão será suave e agradável, seja no aspecto sensorial e prático da Terra (Touro) ou no aspecto social e comunicativo do Ar (Balança).

Importante: Nos textos antigos, o signo que o planeta rege é também denominado "a casa do planeta", estabelecendo uma equivalência entre os termos trono e casa. Nos autores clássicos são frequentes as referências à "casa da Lua", o signo de Caranguejo, ou à "casa de Saturno", o signo de Capricórnio ou de Aquário.

Para evitar a confusão entre as casas dos signos (no sentido de trono) e as Casas astrológicas, não utilizaremos esta terminologia nesta obra. Sempre que falarmos em Casas, referir-nos-emos às Casas astrológicas. O leitor deverá, contudo, estar ciente desta terminologia quando consultar os autores tradicionais.


Como se atribuem as regências

A atribuição de regências baseia-se na combinação de dois fatores distintos: as características sazonais de cada signo e a ordem dos planetas nas esferas celestes (ordem caldaica). Vejamos, então, como estes dois factores interagem.

Como já referimos, o Zodíaco tem como base as quatro estações do ano.

Os signos de Caranguejo e Leão marcam o auge do Verão. Como correspondem às épocas mais luminosas, têm como regentes os luminares: o Sol e a Lua. O Sol — o luminar masculino e senhor do dia — rege Leão, um signo masculino e diurno, enquanto a Lua — o luminar feminino e senhora da noite — rege Caranguejo, um signo feminino e noturno.

Saturno — o planeta mais distante e escuro — rege os dois signos de Inverno, Capricórnio e Aquário. É-lhe atribuída a regência dos signos correspondentes à época do ano em que há menos luz e em que as condições de vida são mais difíceis. Por ser um símbolo de escassez, Saturno fica no esquema de regência oposto aos luminares, símbolos de abundância e vida.

Os restantes planetas são distribuídos pelos signos de acordo com a sua posição nas esferas celestes, ou seja, segundo a ordem caldaica.

Júpiter — planeta que se segue a Saturno na ordem das esferas — rege os dois signos adjacentes, Sagitário e Peixes. Marte rege os dois signos seguintes, Carneiro e Escorpião. Vênus rege Touro e Balança, e Mercúrio rege Gêmeos e Virgem.

Ao contrário do que geralmente se afirma, as regências não são atribuídas com base em afinidades entre planetas e signos.

Note-se que neste esquema Vênus e Mercúrio mantêm em relação aos luminares a mesma amplitude de afastamento que têm em relação ao Sol.

Como Mercúrio não se afasta do Sol mais que um signo, é-lhe atribuída a regência dos signos adjacentes aos dos luminares. Vénus rege os signos seguintes, pois o seu afastamento máximo do Sol não ultrapassa dois signos.

Tronos ou regências planetárias
Podemos então observar que o esquema de regências transporta para o Zodíaco a perfeição das esferas celestes.

A perfeita distribuição dos regentes planetários gera várias ordens de simetria e relação entre os planetas, que são essenciais para a compreensão das próprias fundações da Astrologia. Divide o Zodíaco em signos lunares (de Aquário a Caranguejo) e signos solares (de Leão a Capricórnio).

Signos solares e signos lunares
Também atribui a cada planeta uma regência diurna, num signo masculino, e uma regência noturna, num signo feminino. Assim, cada planeta tem uma expressão extrovertida (diurna, masculina) e uma expressão introvertida (noturna, feminina). Por exemplo, Vénus tem a sua regência noturna em Touro, signo feminino e noturno, e a sua regência diurna em Balança, um signo masculino e diurno.

Os luminares não apresentam esta duplicidade, pois são eles que definem o próprio conceito de dia e noite; além disso podem ser considerados um par.

Regentes diurnos e noturnos

Júbilo por signo

Nalgumas regências a natureza do planeta é temperada pela natureza do próprio signo; quando isto acontece, diz-se que o planeta está em júbilo.

Júpiter, em planeta masculino e diurno, tem o seu júbilo em Sagitário, signo igualmente masculino e diurno. Vênus, feminino e noturno, tem júbilo em Touro, que partilha a mesma natureza. Mercúrio, que é essencialmente Seco, tem júbilo no signo Frio e Seco de Virgem.

Esta ação moderadora tanto se manifesta por reforço (casos anteriores), como por contraposição (caso dos planetas maléficos).

Marte, que é noturno, torna-se mais construtivo em Escorpião, também noturno, mas cujas qualidades de Frio e Úmido temperam a natureza excessivamente Quente e Seca do planeta. Saturno, sendo diurno, fica mais equilibrado no signo diurno de Aquário, onde a sua natureza excessivamente Fria e Seca é temperada pelas qualidades Quente e Úmido do signo.

Nota: o júbilo por signo não deve ser confundido com o júbilo por Casa, que será abordado mais adiante.

Signos de júbilo dos planetas


Exílio ou detrimento

Quando o planeta está no signo oposto ao da sua regência diz-se que está em exílio ou detrimento. Este é o estado oposto ao trono. Nesta situação a expressão do planeta encontra-se debilitada. A sua atuação torna-se insegura e pouco direta. Como tem dificuldade em expressar-se, a sua natureza é enfraquecida e distorcida. Quando em exílio, as qualidades naturais dos planetas transformam-se nos defeitos correspondentes (que nada mais são afinal que uma deturpação das qualidades).

Assim, a seriedade e cautela de Saturno transformam-se em melancolia e avareza; a generosidade e otimismo de Júpiter tornam-se esbanjamento e descuido; a ousadia e assertividade de Marte manifestam-se como covardia e agressividade; a natural autoridade do Sol torna-se arrogante; a sensualidade e sociabilidade de Vênus pendem para a luxúria e a leviandade; a curiosidade e engenho de Mercúrio expressam-se como intriga e trapaça; a adaptabilidade da Lua resvala para a inércia e preguiça.

Se o planeta em exílio representar um objecto, sugere algo em mau estado, pouco valioso e possivelmente estragado.

Alguns autores utilizam para esta debilidade as designações de desterro ou inveja.

Exílios dos planetas


Exaltação

Os regentes de cada signo podem ter em alguns casos um planeta segundo-em-comando, que com eles partilha as funções de governação do "reino". A este segundo estado de dignidade é dado o nome de exaltação. O termo exaltação vem do latim exalto e significa pôr ao alto, elevar, honrar. Podemos comparar a exaltação ao cargo de primeiro-ministro: é um dignitário com muitas honras e poder, mas cuja atuação continua a depender da aprovação do rei.

Um planeta exaltado encontra-se num estado de grande força. Podemos até considerar que expressa a sua natureza com uma intensidade maior do que no estado de trono. No entanto, a expressão de um planeta exaltado é mais inconstante, passando por altos e baixos.

Cada planeta tem a sua exaltação apenas num signo.

Exaltações dos planetas

Numa interpretação astrológica considera-se que um planeta exaltado indica simultaneamente valor e exuberância. Se o planeta representar um indivíduo, sugere alguém respeitado e bem-intencionado mas com tendência ao exagero e até à arrogância. Um objecto representado por um planeta exaltado estará em bom estado, mas poderá parecer mais valioso do que na realidade é.

Alguns autores utilizam para esta dignidade a designação de honra.


Queda

À exaltação corresponde uma debilidade denominada queda, que ocorre no signo oposto.

Tal como na situação de exílio, um planeta em queda tem dificuldade em expressar a sua natureza. Na queda essa dificuldade é caracterizada por instabilidade na expressão. O planeta torna-se "trapalhão", a sua ação é desadequada, fora de contexto.

Alguns autores utilizam para esta debilidade as designações de depressão ou vergonha.

Quedas dos planetas

Como se atribuem as exaltações e quedas dos planetas

Mais uma vez, a explicação das posições de exaltação tem como base um pensamento "agrícola", baseado na dinâmica da natureza. A exaltação está ligada ao nível de fertilidade do planeta e à sua afinidade com uma determinada estação do ano.

O Sol tem exaltação no Carneiro, pois quando entra neste signo inicia-se a Primavera, os dias tornam-se maiores e o calor aumenta. Além disso, a sua natureza Quente e Seca é idêntica à de Carneiro e à de Marte, seu regente. A sua queda dá-se em Balança, signo que marca a diminuição de luz e a entrada do Outono.

A Lua exalta-se no Touro, signo feminino e primaveril, adjacente ao Carneiro, signo de exaltação do Sol. Qual rainha dos céus, fica posicionada ao lado do seu rei. Além disso, se o Sol estivesse em Carneiro, a Lua ao sair dos seus raios seria visível pela primeira vez em Touro. Escorpião, oposto a Touro, é o signo da sua queda.

Saturno tem a sua exaltação em Balança, signo oposto à exaltação do Sol, mantendo assim em relação ao astro-rei a mesma posição que tem nas regências. A Balança marca o início do Outono, estação em que o frio começa a aumentar e os dias a diminuir; torna-se assim o signo ideal para a exaltação do planeta mais Frio, Saturno. Pela mesma ordem de ideias, a sua queda é em Carneiro, o primeiro signo da Primavera.

Júpiter, planeta da fertilidade e abundância, tem a sua exaltação em Caranguejo, signo do Verão e do amadurecimento das colheitas. A sua queda dá-se em Capricórnio.

Marte tem a sua exaltação em Capricórnio onde o seu calor extremo fica temperado pela frieza do Inverno. A sua queda ocorre em Caranguejo.

Vénus, planeta feminino e Úmido, exalta-se em Peixes, signo de umidade, que prepara a fertilidade da Primavera. A sua queda dá-se em Virgem, signo em que marca a passagem para o Outono e o domínio do Seco.

Mercúrio, de natureza Seca, tem exaltação em Virgem, signo Frio e Seco (do qual também é regente), e queda em Peixes, signo Frio e Úmido.


Os graus de exaltação

Os autores da tradição assinalam também graus específicos para a exaltação dos planetas. Assim, o Sol teria a sua exaltação no grau 19 de Carneiro, a Lua no grau 3 de Touro, Júpiter no grau 15 de Caranguejo, Mercúrio no grau 15 de Virgem, Saturno no grau 21 de Balança, Marte no grau 28 de Capricórnio e Vénus no grau 27 de Peixes. A queda ocorre no mesmo grau do signo oposto.

Em termos práticos, a exaltação é considerada em toda a extensão do signo. Estes graus parecem indicar apenas os pontos de maior força. Alguns investigadores pensam tratar-se de posicionamentos simbólicos ou o que resta de um sistema de posicionamentos astronômicos de grande importância para os antigos.


Dignidades Secundárias

O trono, a exaltação, o exílio e a queda são as dignidades e debilidades fundamentais (também chamadas "completas") do sistema astrológico. É possível fazer a interpretação básica de um horóscopo contando apenas com estes quatro fatores de pesagem.

No entanto, o sistema de debilidades é mais complexo. Para além da regência e exaltação existem ainda mais três níveis de dignidade: a triplicidade, o termo e a face. Estas dignidades adicionais para além de terem aplicações técnicas específicas permitem uma melhor avaliação do potencial de expressão de cada planeta nos vários graus do Zodíaco. Utilizando o sistema completo podemos compreender como, em determinados horóscopos, planetas aparentemente debilitados conseguem ter uma expressão mais coerente com a sua natureza.

Refira-se ainda que, ao contrário do trono e da exaltação, as triplicidades, termos e faces não têm uma debilidade complementar. Por esse motivo são também designadas por dignidades incompletas.


Triplicidades

As triplicidades são dignidades atribuídas de acordo com o elemento de cada signo. A cada elemento são atribuídos três planetas: um chamado diurno, outro noturno e ainda um terceiro, chamado participante ou comum. Estes três planetas são comuns aos signos do mesmo elemento.

O elemento Fogo tem como triplicidade diurna o Sol; a sua triplicidade noturna é Júpiter e Saturno é a triplicidade participante.

O Ar tem Saturno como triplicidade diurna, Mercúrio como triplicidade noturna e Júpiter como participante.

No elemento Terra a triplicidade diurna é Vênus, a noturna a Lua e o participante é Marte.

A Água tem também Vênus como triplicidade diurna, mas Marte é a triplicidade noturna e a Lua é participante.

Como se pode constatar, a atribuição das triplicidades a cada elemento segue a facção dos planetas: aos elementos diurnos são atribuídos planetas diurnos, e aos noturnos planetas noturnos.

Tabela das triplicidades
Na prática, um planeta em triplicidade está literalmente "em família" pois encontra-se num elemento da sua facção. Não está no seu reino (como na regência), nem é primeiro-ministro (como na exaltação), mas faz parte da "família real" e goza, portanto, de algum poder. Também se considera que um planeta em triplicidade está "entre amigos".

Alguns autores afirmam que num mapa diurno a triplicidade diurna será mais forte, e que a noturna terá maior impacto num mapa noturno. A triplicidade participante terá sempre uma força moderada. De qualquer modo, um planeta posicionado num signo em que possua triplicidade está em estado de dignidade, independentemente do mapa ser noturno ou diurno.

Os regentes das triplicidades são geralmente considerados em sequência, recebendo a denominação de primeira, segunda e terceira triplicidade. Esta sequência depende se o mapa é diurno ou noturno (recordamos que nos mapas diurnos o Sol está acima do horizonte, estando abaixo deste nos noturnos). Nos diurnos, dá-se precedência à triplicidade diurna, seguida da noturna e da participante; nos noturnos, a precedência vai para a triplicidade noturna, seguindo-se a diurna e a participante.

Sequência diurna:

Triplicidades: sequência diurna
Sequência noturna:

Triplicidades: sequência noturna

Em técnicas muito particulares de interpretação, as triplicidades indicam sequências temporais. É nestes casos que as sequências diurnas e noturnas se tornam mais relevantes, pois a ordem dos planetas é determinante.


Variações na atribuição das triplicidades

O conjunto de triplicidades que apresentamos neste livro é o mais comum e aceite entre os autores tradicionais. Tem atualmente a designação de "Triplicidades de Dorotheus", não porque este autor as tenha criado, mas por ser a fonte mais antiga que as referencia.

Na Renascença deu-se uma grande reformulação da teoria astrológica, tendo por base os ensinamentos ptolemaicos. Em consequência, as triplicidades "de Dorotheus" foram gradualmente substituídas por versões baseadas no texto de Ptolomeu. Este autor altera os planetas participantes em Fogo, substituindo Saturno por Marte, e em Terra, substituindo Marte por Saturno. Ptolomeu altera também as triplicidades da Água, atribuindo a sequência: Vénus, Lua, Marte.

Uma das variantes mais divulgadas atualmente é da escola inglesa, da qual são representantes conhecidos autores como William Lilly. Esta linha usa apenas as triplicidades diurnas nos mapas diurnos e as noturnas nos mapas noturnos. As sequências são iguais às de Dorotheus, mas o planeta participante é abandonado. A única excepção ocorre no elemento Água, em que Marte (regente noturno da Água para Dorotheus) é considerado simultaneamente regente de triplicidades diurna e noturna.



Termos

Os termos são divisões dos signos em cinco partes desiguais. A cada parte (ou termo) é atribuída a regência de um dos cinco planetas tradicionais: Júpiter, Vénus, Mercúrio, Marte e Saturno. A Lua e o Sol não regem termos.

A maior peculiaridade dos termos é a sua irregularidade. Cada divisão incorpora partes desiguais do mesmo signo e cada signo é dividido de forma diferente; além disso, também a sequência dos regentes difere de signo para signo, ou seja, não há dois signos iguais no que diz respeito aos termos. Por exemplo, no signo de Carneiro a primeira divisão tem 6°; a segunda, 6°; a terceira, 8°; e a quarta e a quinta, 5°. No signo seguinte, Touro, as divisões têm respectivamente, 8°, 6°, 8°, 5° e 3°.

Também a sequência de planetas é completamente diferente nestes dois signos. No Carneiro o primeiro termo é de Júpiter, o segundo de Vénus, o terceiro de Mercúrio, o quarto de Marte e o último de Saturno. Quanto ao Touro, a sequência dos regentes dos termos é a seguinte: Vénus, Júpiter, Mercúrio, Saturno e Marte.

A razão destas atribuições perdeu-se no tempo. Os autores mais antigos, nomeadamente Ptolomeu, sugerem que a distribuição dos planetas depende do nível de dignidade que cada um tem no signo, dando prioridade ora à regência, ora à exaltação, ora à triplicidade. Marte e Saturno, por serem maléficos, tendem a reger os dois últimos termos, enquanto os benéficos, Júpiter e Vênus, são preferencialmente colocados nos termos iniciais.

Os termos mais utilizado pelos autores são os "termos egípcios". São estes os que adotamos ao longo do livro e que utilizamos na nossa prática astrológica. Esta sequência aparece nos autores mais antigos e mantém-se coerente ao longo dos milênios.

Tabela dos termos egípcios
Podemos comparar o termo de um planeta ao seu "feudo" dentro do signo. Um planeta no seu próprio termo está no seu território privado, mesmo que o signo onde se encontra não lhe seja particularmente favorável. Pode, portanto, agir de acordo com as suas próprias regras (literalmente, "nos seus termos").

O termo tem também algum efeito sobre a qualidade de expressão dos planetas. Por exemplo, um planeta num termo de Saturno terá uma expressão mais ponderada e reservada, enquanto um planeta num termo de Júpiter terá uma expressão mais jovial.

Alguns autores utilizam para esta dignidade as designações de limites, fronteiras ou fins.


Variações na atribuição dos termos

Existem outras variantes dos termos que também vale a pena referenciar. A mais importante é a tabela dos termos ptolemaicos. Esta versão dos termos é sugerida e adotada por Ptolomeu na sua obra Tetrabiblos. É também mencionada nas fontes medievais, mas o seu uso parece ter sido muito pontual. Durante a Renascença a obra de Ptolomeu começou a impor-se como fonte e a sua tabela popularizou-se. No entanto, foram apresentadas várias versões dos termos de Ptolomeu, com variações significativas (muitas das quais são meros erros de cópia). Na atualidade estão em uso duas versões destas tabelas, que podem ser consultadas no Anexo 3 — Dignidades Menores, Graus Zodiacais e Tabelas Adicionais.

Ptolomeu referencia ainda uma terceira tabela, que denomina de Termos Caldeus, mas que não está representada em mais nenhuma obra da época. Não são conhecidos exemplos da sua utilização.


Faces

As faces ou decanatos são divisões regulares de 10° cada; como um signo tem 30°, há três faces em cada signo.

A cada face é atribuído um planeta regente, segundo a ordem caldaica. À primeira face de Carneiro atribui-se a regência de Marte, o planeta regente de Carneiro; seguem-se, ainda neste signo, as faces do Sol e a de Vénus. O planeta seguinte na ordem caldaica, Mercúrio, é atribuído à primeira face de Touro; seguindo-se a Lua e Saturno. Júpiter, o planeta seguinte na sequência, é atribuído à primeira face de Gémeos, seguindo-se Marte e o Sol. A ordem caldaica mantém-se ao longo de todo o Zodíaco.

As faces

As faces são dignidades relativamente mais fracas, pois apenas reforçam ligeiramente a natureza do planeta. Para além de fazer parte do sistema de pesagem de dignidades e debilidades essenciais (como veremos adiante), são aplicadas em sistemas interpretativos específicos, nos quais servem para particularizar "diferenças comportamentais" dentro dos signos. Nesta perspectiva são utilizadas na interpretação detalhada do Ascendente e do Sol.


Variações na atribuição das faces

No que diz respeito à tradição astrológica ocidental, não se conhecem variações na atribuição dos planetas às faces. Contudo, está atualmente muito divulgada no Ocidente uma variante baseada no sistema astrológico hindu de decanatos, que é muito diferente das faces ocidentais.

No sistema hindu, a distribuição dos planetas tem por base os elementos e as regências dos signos. O primeiro decanato de um signo é atribuído ao regente do próprio signo, o segundo ao regente do signo seguinte do mesmo elemento e o terceiro ao regente do outro signo do mesmo elemento.

Por exemplo, para o signo de Capricórnio, o primeiro decanato corresponde a Saturno (regente do próprio Capricórnio), o segundo a Vênus  (regente de Touro, o signo de Terra seguinte) e o terceiro a Mercúrio (regente de Virgem, o restante signo de Terra).

Apesar de interessante, este sistema faz parte de outra tradição e não deve ser misturado com o sistema da tradição ocidental. A sua inserção na Astrologia ocidental é consequência da grande moda de "importações orientais" do final do século XIX e foi feita por autores que desconheciam as regras fundamentais da Astrologia.

Por vezes são referenciados na literatura astrológica outros sistemas de decanatos, baseados em misturas ou derivações do tradicional e do hindu, mas cuja validade e origem é questionável, pelo que não serão abordados na obra.


Existem outros tipos de dignidade que surgem de divisões ainda menores do Zodíaco ou da atribuição de qualidades a determinados graus. Como estas dignidades não têm uma aplicação tão generalizada, não as discutiremos neste capítulo. Alguns destes sistemas serão referidos no Anexo 3 — Dignidades Menores, Graus Zodiacais e Tabelas Adicionais.



Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.

Pode ser adquirido em nova edição aqui: https://www.facebook.com/prismaedicoes/

Planetas e Outros Corpos, por Benjamin Dykes

No trabalho sobre natalidades, muitos tradicionalistas hoje se apegam aos sete planetas antigos e seus significados, e quase nunca reconhecem pontos como o Vertex ou a Lua Negra (Lilith). Mas alguns também usam planetas externos e até mesmo asteroides. Da minha própria observação, parece que meus amigos que usam planetas externos e asteroides  fazem isso porque os aprenderam ao estudar astrologia moderna e ainda os acharam úteis. Mas também encontrei um tema comum: quase todos os tradicionalistas mantêm regentes tradicionais e tratam planetas externos e asteroides apenas como corpos secundários ou para amplificar os detalhes - não como coisas primárias a serem consideradas. Em termos de regras, então, Júpiter ainda governa Pisces, Saturno ainda governa Aquário, e Marte ainda governa Escorpião. E, ao olhar para um mapa, muitos tradicionalistas apenas prestarão atenção a um planeta externo ou a um asteroide, se isso ocorrer em algum grau de outro planeta ou ponto que seja importante. Então, por exemplo, se Urano está em seu 11º natal, mas está longe da cúspide ou de qualquer planeta antigo, muitas vezes é ignorado. Mas se o senhor do Ascendente (o planeta que governa o signo ascendente) está em um quadratura muito próxima com algum planeta exterior ou diretamente em um asteroide chave, esse outro corpo pode ser importante para questões da 1ª casa ou do caráter do nativo ou propósito da vida. Nesse sentido, os planetas externos e asteroides são algo menos do que um planeta verdadeiro, mas algo mais do que uma estrela fixa.

Eu direi mais sobre regências e dignidades no Capítulo 8, mas aqui está um esquema de Abú Ma'shar que eu acho interessante:

Relação dos planetas com a sociedade (Abū Ma'shar)
Este esquema é uma espécie de visão social dos planetas. Os planetas superiores (superiores) significam desenvolvimentos a longo prazo e eventos de época, enquanto os planetas inferiores (mais baixos) significam mais a curto prazo. Além disso, cada planeta do grupo superior se correlaciona e precisa de um do grupo inferior, de modo a torná-lo "real" e prático. Então Saturno e Vênus significam fundamentos e começos: Saturno estabelece sistemas políticos e dinastias, enquanto Vênus indica costumes e relações entre as pessoas. Júpiter significa os sistemas de direito e moral que trazem as idéias básicas de um sistema político ou religião, enquanto Mercúrio os codifica e preserva através da escrita (ele também indica "medição" literal ou figurativa no sentido de entender e explicar e explicar o que as naturezas verdadeiras e completas das coisas são). Marte e a Lua indicam mudanças, mudanças e a quebra do que aconteceu antes: Marte através da guerra, a Lua através da mudança diária e das viagens. No meio do meio está o Sol, que significa governantes agindo em nome e por causa das coisas mais elevadas, e que tomam uma decisão sobre as coisas mais baixas.

Note-se que Saturno desempenha especialmente o papel de influências geracionais ou mesmo de época: em vez de usar planetas externos para rastrear tendências entre gerações, os astrólogos tradicionais usaram a teoria persa da história astrológica que mencionei no Capítulo 1. A ideia principal é esta: se rastrearmos as conjunções Saturno-Júpiter ao longo do tempo, veremos que eles tendem a se agrupar no mesmo elemento por cerca de 240 anos: acerca de cada 20 anos, Saturno e Júpiter se juntam em um signo de um determinado elemento (digamos, um signo de fogo) e depois se juntarão, 20 anos depois, em outro signo do mesmo elemento; 20 anos depois, o mesmo. Após algumas centenas de anos, sua conjunção de repente mudará para o próximo elemento (neste caso, os signos de terra), com numerosas conjunções ao longo desse elemento, até que mudem de novo. A primeira conjunção de uma série elementar é chamada de "conjunção da mudança" e marca mudanças na história mundial e nas religiões. Ao rastrear as conjunções estreitas a cada 20 anos (e aplicar outras técnicas de predição), obtemos mais informações sobre mudanças geracionais e mudanças políticas. Isso não quer dizer que os planetas externos não podem mostrar coisas semelhantes. Mas a astrologia tradicional tem uma teoria pré-fabricada e um conjunto de técnicas para isso, que merecem ser vistas.

Essa maneira alternativa de olhar a mudança geracional me leva a outro ponto: na astrologia tradicional, todos os planetas também são planetas pessoais. Cada planeta tem associações com algum aspecto da alma (Vênus para o amor, a Lua para o corpo e emoções associadas) ou pessoas em nossas vidas (Saturno para um parente masculino mais velho, a Lua para a mãe), mesmo que certos planetas sejam especialmente usados quando se olha para a psicologia pessoal de alguém (Mercúrio e Lua). Não se agrupa necessariamente os planetas como sendo planetas pessoais ou impessoais (ou geracionais).

Na verdade, acho que a maioria dos astrólogos modernos também trabalham dessa maneira. Mas notei um hábito intrigante entre os astrólogos modernos: embora os planetas externos sejam chamados de impessoais ou geracionais, muitas vezes são as primeiras coisas que as pessoas modernas observam em um mapa de nascimento e são usadas para explicar todos os tipos de características pessoais da vida E detalhes de eventos - até mesmo os trânsitos muito duradouros de planetas externos são frequentemente usados ​​para explicar praticamente tudo. Muitas pessoas deixam que os planetas externos monopolizem o mapa, de modo que algo que normalmente possa ser atribuído a Júpiter (digamos, espiritualidade) ou violência (Saturno, Marte) seja dado a Neptuno, Urano e Plutão, deixando os antigos planetas com muito menos para fazer.

Atualmente, não utilizo planetas externos, mas não há motivos para que você não tente tratar os externos e os asteroides de forma diferente: tente notá-los apenas quando eles estão a cerca de um grau de um ângulo ou planeta antigo e se forçam a fazer algo além dos planetas antigos. Você pode se surpreender ao descobrir que raramente precisa de planetas externos, e quando você os usa dessa forma restrita, eles serão mais interessantes e úteis para você.



Capítulo 6
Benjamin Dykes, in Traditional Astrology for Today - An Introduction, Cazimi Press, Minneapolis, Minessota, EUA, 2011. Tradução de Claudio Fagundes.

O livro está à venda aqui:
https://www.amazon.com/Traditional-Astrology-Today-Benjamin-Dykes/dp/1934586226/ref=sr_1_4?ie=UTF8&qid=1497110339&sr=8-4&keywords=benjamin+dykes

terça-feira, 27 de junho de 2017

A Recepção, por Clélia Romano

Chamamos recepção o que ocorre quando um planeta se aplica a outro planeta que rege o signo ou uma das dignidades essenciais onde o primeiro se encontra, isto é quando o planeta mais rápido que se aplica ao mais lento está na casa onde o mais lento tem sua regência ou exaltação ou duas de suas dignidades menores.

Por exemplo, digamos que a Lua em Câncer faz um sextil a Júpiter em Touro. Júpiter está no signo onde a Lua tem sua exaltação e a Lua está no signo onde Júpiter tem sua exaltação: neste caso há mútua recepção por exaltação.

A recepção fortalece os aspectos e os torna efetivos.

Quanto à quadratura e oposição a recepção tem a capacidade de afastar totalmente a malícia do aspecto, embora que especialmente na oposição o traço de contrariedade sempre permaneça.

Suponhamos que Marte esteja a 9° de Capricórnio e Saturno a 9° de Aries. Trata-se de urna quadratura e a mesma trará certa fricção, mas Saturno é o dono do signo em que Marte está. Em outras palavras Marte está na casa de Saturno. E o oposto também acontece.

Simbolicamente, o que ocorre nas relações sociais ocorre também entre os planetas: o dono da casa quando recebe um convidado dá o melhor a ele, e o convidado procura não abusar e portar-se com certa cerimônia.

No caso do exemplo, Saturno está na casa de Marte e Marte o recebe. Logo Marte dá o melhor de si a Saturno e este corresponde a Marte na mesma quantidade.

Esta recepção mútua é uma dinâmica muito importante, pois a quadratura transforma-se praticamente em uma amizade.

Os planetas podem se receber por domicílio, exaltação, triplicidade, termo e face.

Quando estão ocupando o lugar de queda ou detrimento de outro planeta dizemos que não há recepção alguma, mesmo que haja aspecto: um trígono e um sextil, embora aspectos de amizade não são de grande valia sem recepção.

Basta um só planeta receber o outro que algum tipo de acordo se estabelece, desde que o seja por domicílio ou exaltação ou então por duas dignidades menores. Por exemplo, se o Sol estivesse em Áries, Marte receberia o Sol, mas o Sol não receberia Marte em Capricórnio, pois Capricórnio não é um signo onde o Sol tenha alguma dignidade. Neste caso dizemos que há uma recepção simples.


Veremos novamente o mapa de exemplo:


Observem que o Sol e a Lua não fazem aspecto, mas há entre eles uma relação cordial, chamada pelos Árabes de generosidade, visto que a Lua está na casa do Sol e vice-versa. Ocorre que se um planeta não vê o outro (não faz aspecto), essa recepção não tem como ser operativa a menos que um terceiro planeta interferira e seja um elemento de ligação entre os dois ou que os primeiros planetas estejam conjuntos por antiscio.

Nesta carta, por signos completos, Júpiter faz aspecto com o Sol e a Lua, nomeadamente uma quadratura com o Sol e um sextil com a Lua. Júpiter está coletando a luz de ambos segundo o que será explicado mais adiante.

Continuando, Saturno e Júpiter fazem aspecto: há uma quadratura com forte recepção mútua por exaltação.

Observe o esquema a seguir:


Júpiter é o regente do Ascendente e está razoavelmente forte: em nossa tabela de almuten ele é o planeta mais forte da carta com 9 pontos.

Aprofundando a relação entre Júpiter e Saturno na presente figura vemos que Júpiter em Libra não faz aspecto com o Ascendente em Peixes, mas Saturno faz um trígono com o ASC e se encarrega de servir de intermediário entre ambos.

Ora, Júpiter rege a Casa 10, a profissão e está na Casa 8, o dinheiro e os recursos da parceria. Este nativo tende a trabalhar com recursos de parceiros, esposas, amantes, usando tais recursos para exercer a profissão. Como Júpiter e Saturno estão em recepção mútua, há a colaboração dos amigos para que o nativo se realize em suas motivações pessoais, visto que Júpiter rege o ASC e Saturno está conjunto ao ASC por antiscio e o aspecta por trígono. Saturno rege a Casa 11, o suporte profissional. No entanto, dada a debilidade de Saturno o que é construído não tem durabilidade.

Examinando a situação de Júpiter, vemos que ele recebe um sextil de Vênus e da Lua. Em relação à Vênus é um sextil poderoso, pois há recepção mútua, mista: Vênus recebe Júpiter por domicílio e Júpiter recebe Vênus por triplicidade e face. Já com a Lua, Júpiter a recebe por triplicidade e face, mas a Lua não recebe Júpiter.

Vênus não é mais peregrina, pois é recebida por Júpiter que lhe confere sua própria disposição. Nem a Lua o é, pois Júpiter a recebe por triplicidade e face. A recepção agrega valor a um planeta, mas tão somente se o planeta que confere a dignidade tem algo a contribuir, isto é não esteja debilitado.

Vênus e Lua estão conjuntas e representam universalmente figuras femininas: Vênus, a sensualidade e Lua, a proteção.

Vênus rege a Casa 8 e a Casa 3 : o dinheiro da parceria e as comunicações. A Lua rege a Casa 5, os filhos, o divertimento e o sexo.

Ora, a profissão (Júpiter) e o nativo (também regido por Júpiter) estão poderosamente ligados à comunicação, sexo, divertimento, dinheiro dos outros e mulheres.

Tudo isso está extraordinariamente beneficiado por causa da recepção, uma vez que Vênus e Lua estão cadentes e sem dignidade essencial por si mesmas, mas recebem qualidade e força de Júpiter, que está em sua triplicidade e em casa proveitosa, sucedente.

Efetivamente, a profissão que o nativo desempenhou durante seu "prime" e que o tornou rico por uma fase da vida relacionava-se a emprestar dinheiro de uma grande organização financeira a terceiros. Ele atuava comercialmente e era encarregado da propaganda e marketing (comunicação) e do setor de relações públicas e vendas. Havia muita mistura de divertimento e mulheres no meio em que trabalhava, mulheres essas representadas pela Casa 6, isto é secretárias pessoais e das empresas com as quais tinha contato.

Isto durou por certo tempo de sua vida, visto que Saturno em mal estado zodiacal e regente da Parte da Fortuna, entrava na configuração com Júpiter.

Resumindo, quando um planeta está em aspecto com o regente do seu signo por uma das grandes dignidades ou por duas dignidades menores tais como triplicidade, termo ou face, o governante da dignidade eleva este planeta.

Percebe-se que delinear uma carta é um trabalho de paciência e calma: é como tecer urna veste a partir de um fio.

É impossível ao astrólogo Tradicional olhar uma carta e sair com as respostas na mesma hora. A carta é o desenho de uma vida ou de um fato, conta uma história que pode ter dezenas, centenas ou milhares de anos.

Astrólogos são leitores de sinais, e precisam se devotar à esfinge que a figura representa sem pressa ou ansiedade, ler a carta, colocando um passo após o outro.

Não se impressione quem ficar inicialmente perdido e incapaz de dizer algo. Este é um bom sinal: mostra que a pessoa está se tornando um astrólogo Tradicional. Desconfie de respostas fáceis. Por vezes elas ocorrem, mas são o resultado de anos de experiência.

A linguagem dos planetas e suas relações, corno vimos, são simbólicas e os símbolos têm a característica de ser a condensação de múltiplos significados.

Precisamos verificar as recepções, os dispositores de cada planeta e em que casa e signo estão posicionados, se estão fracos ou fortes, benéficos ou maléficos, em casas proveitosas ou fracas, até que se comece a formar um padrão.

O resultado é que se estuda muito para dizer pouco. Mas o que é dito, costuma ser o essencial, significativo e por vezes até impressionante.


Quem seguir o fio verá.



Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/

A natureza, o lugar, os países, a descrição geral e as doenças significadas pelos doze signos, por William Lilly

Áries.

Qualidades — É um signo masculino, diurno, cardeal, equinocial, de natureza fogosa, quente e seca, colérico, bestial, lascivo, destemperado e violento; é o domicílio diurno de Marte na triplicidade do fogo e pertence ao Leste.

Doenças — Todas as pústulas, furúnculos, borbulhas na cara, bexigas, lábios leporinos, pólipos, lúpus, tinha, epilepsia, apoplexias, dores de cabeça, dores de dentes e calvície.

Lugares — Onde apascentam, ou costumam estar as ovelhas e o gado pequeno, terrenos arenosos ou ondulantes, um lugar de refúgio para ladrões, (como alguns lugares pouco frequentados); nas casas, os telhados, tetos ou o seu estuque, estábulo de pequenos animais, terras recentemente aradas, ou onde tijolos ou cal tenham sido queimados.

Descrição que Áries apresenta do corpo físico - Um corpo seco, não sendo excessivo na altura, magro ou frugal, mas de ossatura vigorosa, sendo a pessoa forte de membros; o rosto é longo, sobrancelhas negras, um pescoço longo, ombros largos, a tez castanha escura ou morena.

Reinos sujeitos a Áries - Alemanha, Suérvia, Polônia, Borgonha, França, Inglaterra, Dinamarca, Silésia superior, Judeia, Síria.

Cidades - Florença, Capua, Nápoles, Ferrara, Verona, Utrecht, Marselha, Augusta, Cesareia, Pádua, Bérgamo.


Touro.

Qualidades do signo de Touro - Touro é um signo terreno, frio, seco, melancólico, feminino, noturno, fixo, doméstico ou bestial, da triplicidade da terra e do Sul, sendo o domicílio noturno de Vênus.

Doenças - Escrófula, irritações de garganta, tumores benignos do couro cabeludo, fluxos das reumas correndo para a garganta, abcessos nas amígdalas, pústulas nessas áreas.

Lugares - Estábulos onde estão cavalos, casas baixas, casas onde são guardados os utensílios do gado, pastos ou lugares de pastorícia onde não existem casas perto, terrenos planos, ou onde os arbustos tenham sido recentemente apanhados, e onde o trigo e o milho são semeados, com algumas árvores não muito longe; nas casas, a caves, salas baixas.

Aparência e descrição - Apresenta alguém de estatura baixa, mas cheia, forte e bem constituída, uma testa ampla, grandes olhos, rosto grande; ombros largos e fortes, boca grande e lábios grossos, mãos grosseiras, cabelo preto e áspero.

Reinos sujeitos a Touro - Polônia a grande, a parte Norte da Suécia, Rússia, Irlanda, Suíça, Lorraine, Campânia, Pérsia, Chipre, Parthia.

Cidades - Novograde, Parma, Bononia, Panormus, Mântua, Sena, Brixia, Carolstad, Nantes, Liepsig, Herbipolis.


Gêmeos.

Qualidades e propriedades de Gêmeos — É um signo aéreo, quente, úmido, sanguíneo, diurno, mutável, bicorpóreo e humano; é o domicílio diurno de Mercúrio, pertence à triplicidade do ar, é ocidental e masculino.

Doenças - Significa todas as doenças ou enfermidades dos braços, ombros, mãos, sangue corrompido, veias inchadas, mentes perturbadas.

Lugares - Salas forradas a madeira, estuque e paredes de casas, os salões ou onde se costuma jogar, elevações e montanhas, celeiros, arrecadações para guardar o milho, cofres, arcas, lugares altos.

Reinos, Países - Lombardia, Brabant, Flandres, a parte Oeste e Sudoeste de Inglaterra, Armênia.

Cidades - Londres, Lovaina, Bruges, Norrimberg, Córdova, Hasford, Mont, Bamberg, Cesena.

Descrição - Um corpo direito, alto, desempenado, tanto no homem como na mulher, a tez sanguínea, não clara, mas obscura e morena, braços longos, mas muitas vezes as mãos e os pés curtos e muito carnudos; um cabelo escuro, quase negro; um corpo forte e ativo, um belo olhar penetrante, cor de avelã, lascivo e de visão perfeita, excelente entendimento e discernimento nos assuntos mundanos.


Câncer.

Qualidade e propriedades do Câncer - É a única casa da Lua, e é o primeiro signo da triplicidade da água ou do Norte, é aquático, frio, úmido, fleumático, feminino, noturno, cardeal, um signo solsticial, mudo e lento no falar, fértil, setentrional.

Doenças - Significa deficiências gerais, ou no peito, estômago e mamilos, digestão deficiente, estômago frio, tuberculose, fleumas salgadas, tosses podres, humores hidropisíacos, úlceras no estômago, cancros que são sempre no peito.

Lugares - O mar, os grandes rios, águas navegáveis; mas nos países interiores denota lugares perto de rios, riachos, nascentes, poços, caves das casas, casas de lavagens, terrenos alagados, diques com juncos, bancos de areia, trincheiras, cisternas.

Forma e descrição - Geralmente uma estatura baixa e pequena, a parte superior maior do que a inferior, um rosto redondo; uma tez esbranquiçada, doentiamente pálida, o cabelo de um castanho pardo, olhos pequenos, com propensão para ter muitos filhos, se for mulher.

Reinos, Países e Cidades - Escócia, Zelândia, Holanda, Prússia, Túnis, Argélia, Constantinopla, Veneza, Milão, Gênova, Amsterdam, York, Magdeburgo, Wittenberg, Saint Lucas, Cádiz.


Leão.

Qualidades e propriedades do Leão - É a única casa do Sol, e é por natureza fogoso, quente, seco, colérico, diurno, comandante, bestial, estéril, do Leste e da triplicidade do fogo, masculino.

Doenças - Todas as doenças das costelas e flancos, tais como pleurisias, convulsões, dores de costas, tremores ou paixões do coração, violentas febres ardentes, todas as fraquezas ou doenças do coração, inflamações oculares, a peste, a pestilência, a icterícia amarela.

Lugares - Um lugar frequentado por animais selvagens, bosques, florestas, lugares desertos, lugares escarpados e rochosos, lugares inacessíveis, palácios dos reis, castelos, fortes, parques, perto da chaminé das casas onde há lareiras.

Aspecto e forma - Cabeça grande e redonda, olhos grandes fixos, espantados ou esbugalhados, visão rápida, um corpo grande e cheio, sendo de estatura superior à média, ombros largos, tronco estreito, cabelo amarelo ou louro escuro, e cheio de ondas ou caracóis, uma expressão feroz, mas a tez corada, altamente sanguínea, forte, valente e ativo.

Reinos, Países, Cidades - Itália, Boêmia, os Alpes, Turquia, Sicília, Apúlia, Roma, Siracusa, Cremona, Ravena, Damasco, Praga, Lintz, Confluência, Bristol.


Virgem.

Qualidades e propriedades - É um signo terreno, frio, melancólico, estéril, feminino, noturno, do Sul; é o domicílio e a exaltação de Mercúrio, e pertence à triplicidade da terra.

Lugares - Significa um escritório onde se encontram livros, um armário, uma leiteria, campos de milho, celeiros, casas de fabricação de malte, montes de palha, ou de cevada ou trigo, ou um lugar onde o queijo e a manteiga são preservados e guardados.

Doenças - Lombrigas, gases, cólicas, todas as obstruções nos intestinos, problemas nas tripas, enfermidades nos testículos, qualquer doença na barriga.

Reinos, Países, Cidades - A parte Sul da Grécia, Croácia, o território Ateniense, Mesopotâmia, África, o Sudoeste de França, Paris, Jerusalém, Rodes, Lyons, Toulouse, Basileia, Heidelburg, Brundusium.

Aspecto e forma - Um corpo magro de altura média, mas bem feito; uma tez morena corada, cabelos negros, é uma pessoa com boa aparência e encantadora, não sendo porém bela, uma voz pequena e aguda, tendo todos os membros tendência para serem curtos; um espírito arguto e circunspecto, prudente e extremamente bem falante, estudioso e dado à história, quer seja homem ou mulher; se Mercúrio estiver neste signo e a Lua estiver em Câncer, produz uma rara inteligência, mas um tanto instável.


Libra.

Natureza e propriedades - É um signo aéreo, quente e úmido, sanguíneo, masculino, cardeal, equinocial, humano, diurno, da triplicidade do ar e ocidental, sendo o principal domicílio de Vênus.

Doenças - Todas as doenças dos rins, cálculos ou areias, infecções e doenças da região lombar ou dos quadris, úlceras nos rins ou bexiga, coluna fraca, corrupção do sangue. Lugares - Nos campos, representa terrenos perto de moinhos, ou algum celeiro afastado, ou arrecadação, ou serração, ou onde trabalham os tanoeiros, ou onde a madeira é cortada, encostas de colinas, cumes de montanhas, terrenos onde se pratica a falcoaria e a caça, terrenos arenosos ou cobertos de cascalho, ar puro, claro e penetrante; os quartos superiores numa casa, câmaras, sótãos, um quarto dentro de outro.

Aparência e forma - Personifica um corpo bem feito, desempenado, alto e mais sutil ou magro do que grosseiro; um rosto redondo, encantador e belo, uma cor puramente sanguínea; na juventude, não há abundância ou excesso quer de branco ou de vermelho, mas com a idade, há geralmente algumas borbulhas ou uma cor muito viva, o cabelo amarelado, suave e longo.

Reinos, Países e Cidades - A Áustria superior, o Ducado da Sabóia, Alsácia, Livônia, Lisboa em Portugal, Frankfurt, Viena, Placentia, o território da Grécia onde em tempos a cidade de Tebas se elevou, Arles, Friburgo, Spires.


Escorpião.

Qualidade, propriedades - É um signo frio, aquático, noturno, fleumático e feminino, da triplicidade da água, fixo e Norte, domicílio e alegria de Marte, representando geralmente homens astutos e falsos.

Doenças - Areias e cálculos nas partes secretas, bexiga, hérnias, fístulas, ou as hemorróidas no ânus, gonorreia, priapismos, tudo o que afeta as partes privadas, tanto no homem como na mulher; defeitos na matriz.

Lugares - Lugares usados por todos os tipos de animais rastejantes, tais como carochas, etc., ou aqueles que não têm asas e são venenosos; jardins, pomares, vinhas, casas arruinadas perto de águas; terrenos lamacentos e pantanosos, lagos fétidos, areias movediças, tanques, a cozinha ou despensa, a lavanderia.

Aparência e descrição - Um físico corpulento, forte e robusto, o rosto um pouco largo ou quadrado, uma tez morena parda, um cabelo pardo e escuro, abundante e encrespado; um corpo peludo, as pernas um tanto arqueadas, pescoço curto, um tipo atarracado e compacto.

Reinos, Países, Cidades - Parte Norte da Bavária, a parte florestal da Noruega, Barbary, o Reino de Fez, Catalunha em Espanha, Valência, Urbine e Forum Julii em Itália, Viena, Messina em Itália, Gaunt, Frankfurt sobre o Odar.


Sagitário.

Qualidade e natureza - É da triplicidade do fogo, Leste, de natureza fogosa, quente, seca, masculino, colérico, diurno, mutável, bicorpóreo, sendo o domicílio e a alegria de Júpiter.

Doenças - Rege as coxas e as nádegas no corpo humano, e todas as fístulas ou feridas que surjam nesses membros, e geralmente denota sangue quente, febres pestilenciais, quedas de cavalos, ou ferimentos causados por estes ou por animais de quatro patas; assim como danos pelo fogo, calor e falta de moderação nos desportos.

Lugares - Um estábulo de grandes cavalos, ou cavalos de guerra, ou uma casa em que geralmente são guardados grandes animais de quatro patas; nos campos, representa as colinas e os lugares mais elevados das terras ou terrenos que se elevam um pouco acima dos outros; nas casas, os quartos superiores, perto do fogo.

Aparência e forma do corpo - Representa um semblante bem parecido, um rosto um pouco longo, mas cheio e rosado, ou quase bronzeado; o cabelo de um castanho claro, a estatura um pouco acima da média; membros harmoniosos, e um corpo forte e robusto.

Reinos, Países, Cidades - Espanha, Hungria, Slavônia, Morávia, Dalmátia, Buda na Hungria, Toledo, Narbon, Cullen, Stargard.


Capricórnio.

Qualidade e natureza - É o domicílio de Saturno e é noturno, frio, seco, melancólico, terreno, feminino, solsticial, cardeal, doméstico, quadrúpede, do Sul, sendo a exaltação de Marte.

Doenças - Governa os joelhos e todas as doenças relativas a eles, tanto devido a distensões como a fraturas; denota lepra, Urticária, sarna.

Lugares - Mostra a casa dos bois ou a vacaria, ou onde são guardados os vitelos, ou os instrumentos para o gado, ou onde a madeira velha é empilhada; ou onde se armazenam as velas dos navios, ou materiais desse tipo; assim como redis de ovelhas, ou terrenos onde se apascentam as ovelhas, terrenos baldios, terrenos estéreis cheios de arbustos e de espinhos; terrenos onde se empilha o estrume ou a terra; nas casas, lugares baixos e escuros, perto do chão ou da soleira da porta.

Corpo físico - Geralmente corpos secos, não sendo de estatura alta, rosto longo, magro e seco, barba rala, cabelo preto, um queixo estreito, pescoço longo e magro e peito estreito. Verifiquei muitas vezes que estando Capricórnio a ascender, a pessoa tinha cabelo branco, mas na sétima sempre preto; acho que o branco lhe vinha mais da natureza da família do que do signo.

Reinos, Países, Cidades - Trácia, Macedônia na Grécia e agora na Turquia, Albânia, Bulgária, Saxônia na parte Sudoeste, Índias Ocidentais, Stíria, as Ilhas Órcades, Hassia, Oxford, Mecklin, Cleves, Brandenburgo.


Aquário.

Natureza e propriedades - É um signo aéreo, quente e úmido, da triplicidade do ar, diurno, sanguíneo, fixo, racional, humano, masculino, o principal domicílio de Saturno e onde ele mais se rejubila; ocidental.

Doenças - Aquário governa as pernas, os tornozelos e todos os tipos de enfermidades relativas a esses membros, todos os gases melancólicos coagulados nas veias, ou perturbando o sangue, cãibras, etc.

Lugares - Lugares com elevações ou desníveis, lugares recentemente cavados, ou onde há pedreiras, ou de onde quaisquer minerais tenham sido desenterrados; nas casas, os telhados, os beirais ou as partes superiores; vinhas, ou perto de alguma pequena nascente ou fonte.

Aparência e forma - Apresenta um corpo atarracado, grosso, ou alguém de corpo forte e bem feito, não alto; um rosto longo, tez sanguínea; se Saturno, que é regente desta casa, estiver em Capricórnio ou Aquário, a pessoa tem cabelo preto e tez sanguínea, com dentes tortos; se não, tenho observado que a pessoa tem tez branca, clara ou loura, e cabelo cor de areia, ou muito louro, e uma pele muito pura.

Reinos, Países, Cidades - Tartária, Croácia, Valachia, Muscovia, Westphalia na Alemanha, Piemont na Saboia, as partes Oeste e Sul da Bavária, Média, Arábia, Hamburgo, Bremen, Montsferat e Pisaurum na Itália, Trento, Ingolstad


Peixes.

Propriedades e qualidade - É da triplicidade da água, um signo Norte, frio, úmido, fleumático, feminino, noturno, sendo o domicílio de Júpiter e a exaltação de Vênus, um signo bicorpóreo, mutável, inerte, efeminado, enfermiço, ou representativo de alguém sem ação.

Doenças - Todas as doenças dos pés, tais como a gota, e todos os danos e dores respeitantes a esses membros, e geralmente fleumas salgadas, sarna, Urticária, impigens, erupções cutâneas, bolhas e úlceras procedentes de sangue putrefato, constipações e doenças úmidas.

Lugares - Apresenta terrenos cheios de água, ou onde há muitas nascentes e muitas aves, assim como lagos de peixes, ou rios cheios de peixe, lugares onde tenham existido eremitas, fossos em torno das casas, moinhos de água; nas casas, perto da água, como de algum poço ou bomba, ou onde a água se acumula.

Aparência - Uma estatura baixa, mal feito, não muito decente, um rosto bastante grande, tez pálida, o corpo carnudo ou inchado, não muito direito, mas encurvando um pouco a cabeça.

Reinos, Países, Cidades - Calábria na Sicília, Portugal, Normandia, o norte do Egito, Alexandria, Rhemes, Wormes, Ratisbona, Compostela.



William Lilly, in Astrologia Cristã.

O livro, em seu primeiro tomo, pode ser adquirido aqui:
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segunda-feira, 26 de junho de 2017

As Casas e suas Significações, por Marcos Monteiro

Já falei dos agentes astrológicos, os planetas, de como eles interagem uns com os outros, os aspectos, e sobre a natureza do pano de funo sobre o qual eles atuam, o Zodíaco.

Vou tratar, agora, dos assuntos com relação aos quais eles agem; a origem do papel que cada ator recebe.

Já vimos o que são as casas (chamadas também de casas mundanas em oposição às casas celestes, os signos) e o princípio que norteia as divisões dos quadrantes. No apêndice, eu explico brevemente como se encontram os ângulos.

A divisão de cada quadrante varia de sistema para sistema. Não vamos entrar no cálculo dessa divisão.

De qualquer forma, os dois sistemas mais comuns, Placidus e Regiomontanus, apresentam muito pouca diferença na maior parte do território brasileiro.
Vamos ver o que cada casa significa. Grande parte dos assuntos pode ser derivado do simbolismo básico, mas alguns são mais difíceis de perceber, enquanto o raciocínio de outros se perdeu ao longo dos tempos.

Antes de entrar em cada uma delas, preciso explicar algumas generalidades.

As casas, na maior parte das vezes, como vimos no capítulo seis, não têm o mesmo tamanho quando medidas em graus da eclíptica. Isso não é uma distorção nem um problema; a sua divisão leva em consideração outros referenciais de medida, porque a eclíptica, do ponto de vista do observador, é torta. Com relação ao movimento celeste geral, o zodíaco está inclinado, e as casas traduzem, de alguma forma, essa diferença.

Além disso: elas não são equivalentes; algumas têm primazia sobre as outras.


Ângulos ou Casas cardinais

Os ângulos, ou casas cardinais, são os pontos mais fortes. São as casas mais óbvias, determinam os quadrantes; fixam, por assim dizer, o céu à terra conforme o observador.

Assim, eles significam, de uma forma geral, duas coisas aparentemente contraditórias.

Por um lado, elas são as casas mais fixas. São as mais estáveis; então, significam permanência.

Por outro lado, são as mais reais, e as mais evidentes. Então, significam mais oportunidade de agir. Se algo tem oportunidade de agir, e quer agir, age mais rápido – assim, elas significam velocidade.

Isso tem algumas aplicações interessantes (em astrologia horária, por exemplo na determinação de quando as coisas acontecem), mas a confusão é só aparente. O que acontece é que oportunidade de agir é algo importante para agentes conscientes. Uma pessoa, quando quer algo e pode fazer esse algo, o fará, normalmente, mais rápido; mas coisas (o clima, uma carta, uma doença) não querem nem deixam de querer nada, então não aproveitam a oportunidade para agir mais rápido.


Casas cadentes e sucedentes

Nós contamos as casas na ordem anti-horária, da mesma forma que os signos; mas o movimento aparente primário do céu é horário.

Assim, chamamos “cadentes” as casas para as quais as coisas vão, quando saem dos ângulos, segundo o movimento primário, porque parecem estar caindo deles. Ou seja, a casa cadente adjacente à casa um é a XII, não a II.

As casas que sobraram, as que não são nem cardinais nem cadentes, são as sucedentes. São as casas que, na ordem dos signos, sucedem aos ângulos. Para ficar no mesmo exemplo, a casa II é sucedente porque, no sentido anti-horário, ela sucede à I.

Essa é uma vantagem visual do mapa quadrado; ele enfatiza essa centralidade dos ângulos Eles são as ligações estruturais entre o céu e a terra naquele momento. As outras casas “caem” por um lado ou seguem a ordem normal por outro.


Derivando as casas

Cada uma das casas significa alguns assuntos. Uns são delas por elas serem o que são; outros são assuntos delas por sua relação com as outras casas.

Explico. Entre outras coisas, como vamos ver logo abaixo, a casa um pode significar a pessoa. A casa dois significa as posses móveis da pessoa.

A casa quatro significa o pai da pessoa. Não há uma casa cujo significado intrínseco (na terminologia astrológica, radical) signifique “dinheiro do pai”. Mas, se considerarmos a casa quatro como a casa um do pai, a casa seguinte, a cinco, é a casa dois da quatro. Então, pode significar as posses móveis de quem for significado pela casa anterior – o dinheiro do pai.

Isso se chama derivar uma casa; o significado obtido desta forma é chamado significado derivado.

Isso garante que todo assunto da vida possa ser atribuído a uma das doze casas do céu.

Duas notas técnicas, antes de entrarmos nos detalhes dos assuntos.

1) O início da casa, é chamado de cúspide. Dizemos que o planeta que rege o signo que está na cúspide de uma casa rege a casa. Ele é a corporificação do assunto.

2) Há um espaço antes da cúspide, normalmente de cinco graus (que pode ser considerado um pouco maior ou menor dependendo do tamanho da casa), que é considerado como se já pertencesse à casa. É como se fosse o jardim da frente, ou a varanda, da casa. Ainda não estamos dentro da propriedade, mas já não estamos na rua nem na casa do vizinho. Este espaço tem, necessariamente, que estar no mesmo signo que a cúspide.

Ou seja, se a cúspide estiver a 3º de Touro, essa “folga” anterior só vai até o grau zero, sem entrar em Áries.


As Casas, uma por uma 


CASA I – o ascendente

É uma casa cardinal. As casas cardinais, também chamadas de ângulos, significam direções do espaço: a casa um significa o leste.

Como é o ângulo em que o céu e a terra se encontram no nascimento, significa a coisa analisada, porque, afinal, tudo neste mundo é fruto de uma união entre a terra (a matéria) e o céu (a forma, a essência).

Em astrologia natal, é a pessoa, o nativo. Em astrologia horária, é o querente, quem faz a pergunta. Em mapas de países, é o povo.

O nativo é representado, num certo sentido, pelo mapa natal inteiro.

Em outro nível, no entanto, a casa um e seu regente significam o nativo; mais especificamente, seu corpo (mais especificamente ainda, sua cabeça), enquanto o resto do mapa são suas circunstâncias, as coisas e as pessoas que ele encontra na vida.

Em mapas de eventos esportivos, é o favorito. Em mapas de astrometeorologia, é o local, é o “aqui”.

Vamos ver que há outra casa que pode significar terrenos, casas, etc. Mas “meu lar”, quando não há a necessidade de fazer a diferenciação entre mim e minha casa, também é a casa I.

De forma mais geral, é o “aqui”, mesmo quando não é meu lar.

Ela também é o “navio em que navego”, ou o “eu estendido” – “nós”, em perguntas sobre um grupo do qual a pessoa pertença, tomados em conjunto; o time pelo qual a pessoa torce, também (como podemos ver pelos gritos dos torcedores, “ganhamos”, “vocês perderam de nós”, etc).

O navio, aqui, pode ser também o carro. Vamos ver na casa seguinte, carros nunca são casa III. Como bens móveis, são assunto da casa II. Como transportadores da pessoa, são casa I.

Em eletivas, significa a pessoa que começa o empreendimento e o próprio empreendimento.

Em casas, ou qualquer ambiente bem determinado, ela significa a porta de entrada, ou o quarto do dono da casa (ou do morador que fez a pergunta, no caso de uma pergunta horária).

Como significa a pessoa, significa o “comando” na pessoa – a cabeça.

A casa I também significa o nome, seja do nativo, do querente, ou da empresa.

Existe uma dignidade acidental dos planetas chamada “júbilo”.
Provavelmente, mais um resquício de outra astrologia que foi incorporada com a nossa. Cada planeta tem uma casa em que se sente mais feliz, em que desempenha sua atividade de forma mais natural.

Mercúrio tem seu júbilo na casa I. Mercúrio é o mensageiro dos deuses, o “psicopompo”, a ponte entre o Céu e a Terra, ficando muito feliz na junção entre os mundos. Também é a razão, que fica muito feliz na cabeça.

O co-significador da casa I, segundo alguns autores, é Saturno.

Saturno é o planeta das limitações, da matéria, do peso, das prisões. É isso que a alma sente, subitamente presa neste aglomerado de matéria pesada que chamamos de corpo.

A Lua, ao contrário, não está confortável na I.

A Lua significa a alma, nada feliz ao conhecer a prisão onde vai passar uma vida inteira; ela também significa as emoções, a parte da alma que não se sente bem com a frieza dos cálculos de Mercúrio.

Isso evoca dois pares de opostos. Eu já falei da Lua-Saturno quando expliquei as dignidades.

Lua-Mercúrio também são opostos. A Lua simboliza as emoções, a imaginação livre, os desejos, o “coração” (no sentido romântico, o lugar do afeto; o coração como fonte de vida é o Sol); Mercúrio é a “cabeça” (a razão. A cabeça como comando é, mais uma vez, o Sol). Um não está muito bem onde o outro está feliz; o ascendente é um exemplo.

Ela divide com a casa X a posição de casa mais forte; dependendo da situação, uma ou a outra prevalece.

É fácil ver a importância das duas casas se pusermos o Sol nelas. No ascendente, ele está criando o dia, nascendo, expulsando as trevas. No meio-céu, está dominado o mundo, no topo do céu.


CASA II

É uma casa sucedente.

As casas adjacentes (sucedentes e cadentes) tanto ao ascendente quando ao descendente (a casa oposta ao ascendente) têm conotações desagradáveis, menos esta.

As significações maléficas vêm de as casas não observarem o ascendente (veja os capítulos sobre aspectos; o conceito é análogo); elas não têm conexão com a junção Céu-Terra que deu origem ao nativo, à pergunta, à coisa, enfim, à situação significada pelo mapa.

A II é a única exceção (ou, pelo menos, a única exceção parcial).

Isso se dá porque ela é, no movimento secundário (o movimento correto, o humilde, que vai na ordem dos signos e desce antes de subir), ela é a casa seguinte ao do ascendente. Então, enquanto as coisas estiverem em ordem – ou seja, enquanto a casa dois servir ao ascendente – ela é boa. Ou, pelo menos, não é necessariamente ruim.

A casa doze, por outro lado, que é adjacente no sentido contrário, é a casa seguinte no movimento primário, o incorreto, o movimento do orgulho, de subir sem descer primeiro. É provavelmente a casa mais maléfica do Céu, e significa justamente o pecado, que nasce do orgulho. O orgulho, pecado associado ao Sol (e o pecado, na visão cristã, que fez Lúcifer cair), é justamente se pôr no lugar do Sol da vida, de Deus.

É a casa dos recursos materiais da casa I, é o que a sustenta.

Ela significa as finanças do nativo ou do querente, seus bens móveis e inanimados (definição de móvel: que o querente consegue mudar de lugar; definição de inanimado: não vivo), os recursos do estado, as testemunhas e o advogado (no tribunal), o ajudante no duelo.

Como sustenta a casa I, é a casa do pescoço, que sustenta a cabeça. Significa, além do pescoço, a garganta e o início da garganta, a boca, mesmo que anatomicamente ela fique na cabeça (que é significada pela casa I). É não só por onde a comida e a bebida entram, mas elas mesmas quando ingeridas – é a casa da matéria, não só a que enche os bolsos, mas a que enche os estômagos.

NOTA: Há uma correspondência óbvia entre os signos e as casas, quando dividimos o corpo humano. Isso NÃO deve ser extrapolado para os demais significados. Essa correspondência se dá pelo seguinte: primeiro, dividimos uma coisa (o corpo humano) por doze (signos). Depois, vamos dividir a mesma coisa por doze (casas) de novo. Os pedaços, a menos que façamos uma divisão bem esquisita, vão ser mais ou menos iguais. O leitor vai perceber que há muitas diferenças entre as significações das casas e dos signos em geral.

Os bens móveis incluem todas as formas de dinheiro ou valor pecuniário (ações, ouro, jóias, dinheiro em papel, cheques). Carros, motos, barcos, aviões (quando não são o “navio em que navegamos”) pertencem a esta casa (e não à casa III).

O co-significador da casa é Júpiter, que é o planeta da riqueza, da abundância, que aqui tem um sentido material.

Como significa nossas posses, tem um óbvio sentido positivo – e apresenta um óbvio problema. Ela é somente o segundo passo, não o final da viagem. Alguns textos antigos davam também a essa casa uma significação negativa, e é daí que ela vem, da tentação que ela representa.

Na casa, ela significa a cozinha (local da comida), a despensa. Por derivação, “o quarto seguinte”, a depender do contexto.


CASA III

A próxima casa é uma casa cadente. Ela “cai” do ângulo do sul, a casa dos pais – ela significa nossos irmãos, tanto sensu stricto quanto sensu lato: nossos primos e nossos parentes da mesma geração.

Também significa nossos vizinhos, os que estão “perto do nosso terreno” (a casa IV) e que acabam sendo, pelo menos no tipo de cidade e de vizinhança que existiam no mundo em que a astrologia foi codificada, nossa “família prática”, ou família estendida. Numa emergência (ou mesmo quando o açúcar acaba), a gente recorre ao vizinho, não ao nosso primo que mora na Rússia.

Além disso, os vizinhos e os familiares têm outra particularidade interessante: são as pessoas com que topamos ao longo da jornada diária da vida, mas que não escolhemos. Os colegas de escola, por terem as mesmas características (iguais hierarquicamente, convívio frequente, não escolhemos) também podem ser significados por essa casa (ou pela casa das “pessoas em geral”, que vamos ver mais tarde).

Continuando a divisão do corpo, ele rege as mãos (incluindo os dedos), os braços e os ombros.

Um significado conexo ao das mãos é o da comunicação. Embora a língua e a cabeça estejam na primeira casa, é na terceira que analisamos a comunicação do nativo, os modos mais básicos de se relacionar com o mundo (e os meios de comunicação existentes – telefonemas, cartas, e-mails, etc).

As habilidades intelectuais mais básicas (ler, escrever, falar) também são relacionadas a essa casa, bem como o ensino básico, a escola primária.

A capacidade de dirigir (e em alguns casos pilotar e navegar) não é básica, mas está relacionada à lida diária, à – em mais de um sentido – condução do dia a dia, e portanto também é significada por esta casa.

A casa III também significa as viagens curtas. A divisão entre “curtas” e “longas” não tem a ver com a distância, mas com o propósito. Para quem nunca saiu da cidade natal, uma ida até a praia é uma “viagem longa”. Para um executivo internacional, a conexão diária São Paulo – Nova Iorque é uma viagem curta. Se trata dos deslocamentos diários básicos, dos movimentos simples do dia a dia.

Os caminhos em si, além dos deslocamentos diários, são significados aqui.

Esta é a casa da lida diária.

Por extensão, o atracadouro ou pier, o local de carga e descarga, de entrada e saída de passageiros (não a garagem), o heliporto. Corredores, locais de correio ou conexão de alguma forma.

NOTA: Esta casa significa os vizinhos. No entanto, locais (incluindo quartos, apartamentos, terrenos, ou casas) adjacentes podem ser significados pela casa dois derivada (a “casa seguinte”). Esta é a casa dos vizinhos, não necessariamente a casa vizinha.

O co-significador da casa é Marte, a energia por trás das atividades diárias. É o motor que nos leva a esses deslocamentos cotidianos necessários. Em doenças de falta de energia, a primeira coisa que fica prejudicada é a capacidade de lidar com as tarefas básicas.

A Lua tem seu júbilo nesta casa. Essa casa sugere movimento, a Lua é o astro mais rápido do céu, o único que muda de forma. Além disso, ela significa a alma, estando muito feliz em oposição ao júbilo do Sol, na casa nove. Por último, a Lua é o planeta relacionado às tarefas do lar, àquela infinidade de pequenos atos que fazemos para manter a casa funcionando.

É uma casa cadente; indiferente, nem maléfica nem benéfica, sem muita força.


CASA IV – O fundo do céu

Chegamos no ângulo seguinte: o ângulo do norte.

A casa IV é o fundo do mapa, seu ponto mais baixo.

O seu significado mais básico são as raízes do nativo, ou do objeto.

Ela significa tesouros escondidos ou enterrados, terrenos, casas, prédios, fazendas (embora “minha casa”, literalmente, seja a casa I, porque o dono da casa I, seu regente, sou eu), em questões sobre compra ou venda de propriedade, sua qualidade; minas e cavernas. O porão ou os fundamentos. No tribunal, o veredicto, em campeonatos, o desafiante (por estar oposta à casa dez, o campeão); o inimigo do rei.

Ela tem um significado de “fim das coisas”, porque o fim das coisas é o pó da terra. Não significa a morte, no entanto.

Como significa as nossas raízes, significa nossos antepassados, nossos pais em geral e nosso pai em particular. Ela não significa a mãe (somente como membro de “antepassados” ou “pais”), nem “o mais importante dos responsáveis”, mas o pai. Também significa nossa terra natal, tanto o país quanto a cultura.

Numa casa, além da fundação e do porão, significa o salão informal (por ser oposta à dez, como veremos mais tarde); o quarto dos avós.

Embora seja o ângulo com menos força para agir (isso só é relevante se for necessário comparar os ângulos entre si), seu significado é bastante benéfico, se o contexto não indicar o contrário. Ele é o ponto mais baixo do mapa, é o fundo do céu. Qualquer movimento dali é ascendente, todos os caminhos são para cima.

O planeta co-significador da casa é o Sol, o planeta do Pai celeste e do pai terrestre.

Ela significa o peito e os pulmões.


CASA V

Mais uma casa sucedente. A Casa V é a casa da diversão.

Seu assunto mais comum é o esporte venéreo, o sexo. Um erro comum é atribuir os amantes a essa casa – isso só faria sentido se tivéssemos o mapa natal de Jocasta (como vamos ver pelo outro significado desta casa).

A Casa VII é a casa dos cônjuges, para a vida toda, mas também dos namorados, noivos, amantes, flertes fugazes, saídas de uma noite e programas de meia hora.

A astrologia considera, independentemente dos preconceitos dos astrólogos e dos clientes, que tanto a esposa quanto a prostituta são pessoas.

Então, pessoas são casa VII, o prazer que temos com elas são casa V.

Aí também investigamos a conseqüência lógica das atividades mencionadas, pois a casa V também é a casa dos filhos e da gravidez.

Ela nunca, de forma alguma, significa as mulheres grávidas.

A mulher grávida ainda é uma mulher (se for a querente/nativa, é casa I. Se for a companheira/etc do querente/nativo, é casa VII). O filho é representado pela casa V (embora um planeta na casa da mulher também possa significar o filho).

Os esportes de uma forma geral, não só os praticados na cama, são representados aqui, bem como os prazeres não sexuais. A casa V também significa os bares, as tavernas, as danceterias, os restaurantes, as lanchonetes, (locais de diversão), as academias (locais de esporte). Pode significar festas, piqueniques, mostras, uma ida ao cinema ou ao teatro, etc.

Um último significado importante é o dos embaixadores. Esse significado tem a ver com o planeta co-significador da casa, Vênus, com o fato que o embaixador sempre mostra a parte boa, alegre, do seu país e com a associação de Vênus na quinta casa com o Espírito Santo.

O carteiro não é significado pela casa V, mas pela III. O embaixador tem liberdade para agir, o carteiro, ou os mensageiros de forma geral, só podem entregar a mensagem.

Dentro das casas, ela significa o quarto das crianças ou o salão de jogos.

Ela significa o coração, o fígado, o estômago, as costas e as laterais do tronco. É (por causa do coração, mas principalmente, do fígado) uma das casas mais importantes em astrologia médica.

Como eu disse acima, o planeta co-significador da casa é Vênus, que também tem seu júbilo aqui. Vênus é o pequeno benéfico, o planeta das diversões sensíveis, das coisas doces e agradáveis. A sua associação com a pomba e o fato de que a casa V faz um trígono com a casa I sugerem também, como eu disse acima, uma associação entre Vênus nesta casa e o Espírito Santo.


CASA VI

Essa casa cadente e maléfica é fonte de muitos mal-entendidos.

É comum ouvirmos que ela é a casa da saúde. Completamente errado.

A casa da saúde, de forma geral, é a casa I, a casa do corpo, da pessoa.

A casa VI é a casa das doenças. Dos problemas deste mundo mau, que nos afligem sem que tenhamos culpa. Em astrologia médica, as coisas são mais complicadas que isso (o mapa inteiro é a pessoa e suas doenças), mas o regente e a casa VI têm esse significado no mapa natal e em horárias não médicas – por exemplo, se eu pergunto se vou chegar a tempo para um encontro e o planeta que impede a chegada é o regente da casa VI “não, porque você vai ficar doente”.

Os infortúnios com que o mundo nos brinda não se encerram nas doenças.

Acidentes também são assuntos desta casa.

Essa casa não tem só significados ruins.

Enquanto a casa II é a casa dos bens móveis e inanimados, a IV é a casa dos bens imóveis e inanimados, a casa VI é a casa dos bens móveis e animados: os servos e os animais pequenos.

Numa sociedade escravagista, os escravos estariam localizados aqui, também. Os “servos”, aqui, são tanto os empregados domésticos como quaisquer empregados contratados para prestar serviço (encanadores, eletricistas, pedreiros, carpinteiros, mecânicos, etc) e os subordinados / encarregados nas empresas – são as pessoas que, em tese, ao menos, devem obediência ao nativo / querente.

Outro mal-entendido nesta casa é que ela significaria o trabalho da pessoa, o que não faz sentido nenhum.

O argumento básico dessa alegação é que o serviço, antigamente, era mais parecido com a escravidão.

O problema é que essa casa não é a casa da escravidão, mas dos escravos – não são as coisas que oprimem de cima, mas que incomodam de baixo (suas doenças, seus animais de estimação que adoecem, fazem cocô na sala e pedem atenção constante, o pedreiro que não quer trabalhar mas quer dinheiro, o assistente que quer seu cargo, etc).

Além disso, a astrologia natal era coisa de reis e aristocratas. Os nativos estavam, por assim dizer, no topo da cadeia alimentar, não eram servos nem estavam oprimidos por atividades degradantes de forma nenhuma.

Enfim, em mapas mundanos, eles mostram, além dos servos do palácio, os habitantes dos campos e os fazendeiros.

Os animais significados por esta casa são descritos como “do tamanho de um bode ou menores” por alguns autores, ou “que podem ser domados” por outros.

O importante é a última definição, embora a primeira seja bastante prática. Um cachorro é seu animal de estimação num sentido em que um boi, por mais manso que seja, não é. É bom lembrar que essa divisão é específica.

Um pônei não pertence a esta casa (mas à casa XII), um dogue alemão sim.

Em astrologia médica ela significa os intestinos, as entranhas e a barriga. Dentro da casa, o quarto de empregadas, a área de serviço, o canil.

Por último, mais uma confusão. Os locatários são mencionados em alguns textos antigos como pertencentes a esta casa. Não são mais. Não foi a astrologia que mudou, mas sim a situação do aluguel. Hoje em dia, é o contrato entre duas pessoas livres, sem que uma seja subordinada à outra (casa I – casa VII).
Antigamente, o locatário vivia nas terras do senhorio, que lhe era superior e a quem ele devia obrigações e serviço.

O co-significador dessa casa é Mercúrio, que portava o caduceu e já foi identificado com Asclépio, tendo significação óbvia em assuntos de doenças.
Além disso, ele é o regente natural dos servos – e (tanto como Hermes quanto como Loki, dois deuses de características mercuriais) o causador de problemas e infortúnios.

Marte tem seu júbilo nesta casa. O pequeno maléfico está bastante feliz, causando problemas, ferindo pessoas, mas também usando a espada para consertar o mal do mundo. Por outro lado, Marte é o regente natural de cirurgias.


CASA VII – o descedente

Chegamos ao ângulo do oeste, a terceira casa cardinal.

É a primeira casa que vamos investigar que é oposta a outra que já falamos.

Por ser oposta à casa um, “eu”, ela é a casa do “outro”. Assim, ela é a casa mais cheia do céu.

Ela significa os cônjuges, os namorados, os amantes, os noivos, os pretendentes – mesmo se a pessoa for apenas um candidato ao papel, ou uma possibilidade (em perguntas horárias do tipo “Fulano me ama?”, Fulano é casa VII, por exemplo).

Significa também os parceiros, não só no sentido amoroso – os parceiros comerciais, os sócios, os co-celebrantes de algum contrato. Os parceiros comerciais nem sempre têm o nosso interesse em mente, como os bancos, também significados por esta casa, deixam claro.

Como é a casa que faz oposição à casa I, significa as pessoas que se opõem ao seu regente, seus inimigos declarados. É importante a gente lembrar que é a natureza do ataque do inimigo que o classifica em declarado ou oculto. Um ladrão, mesmo que você não saiba quem é, pertence à casa VII, o roubo é um ato bastante claro de inimizade. O feitiço (ou, falando de forma moderna, a “dominação psíquica”) é assunto da casa XII, dos inimigos ocultos, mesmo que seja feita pelo famoso Dr. Fulano Maluco. É sempre bom lembrar que, nos vilarejos medievais, todo mundo sabia quem era a bruxa, mas a bruxaria continuava sendo assunto da casa XII.

Os candidatos à mesma vaga que a pessoa significada, os adversários no tribunal, os oponentes numa luta ou numa disputa esportiva, no xadrez ou no pôquer, o dono da casa de apostas (seu adversário na aposta), o time rival (“eles”, em “nós ou eles”).

Em mapas de eventos esportivos, ela significa os azarões.

Em mapas mundanos, os inimigos da cidade ou país.

A casa sete também significa qualquer pessoa que não seja melhor descrita por outra casa (ou seja, não seja irmão, pai, filho, servo, professor, chefe, amigo ou inimigo oculto da pessoa significada pela casa um, por exemplo).

Como significa pessoas em geral, significa também o respeitável público: os clientes, existentes ou em potencial.

Profissionais em ação, como um médico em uma situação médica determinada, ou um astrólogo em uma investigação astrológica, pertencem a esta casa porque, neste caso, são os “parceiros” da pessoa – são quem está ajudando a pessoa a tratar desse problema concreto. Astrólogos, médicos, advogados, por si mesmos, são assunto de outra casa, a IX.

O veterinário também é nosso parceiro no tratamento do nosso bichinho de estimação e é significado por esta casa. Ele não é o parceiro do bichinho, não é o bichinho que resolveu se tratar.

Os colegas de trabalho são normalmente significados por esta casa (“pessoas comuns” ou, dependendo do trabalho, “adversários declarados”), bem como os colegas de universidade, enquanto os colegas de escola, por não termos escolha nenhuma sobre eles, podem ser significados pela casa três.

Em astrologia médica, a casa VII significa o sistema reprodutor e o sistema urinário, bem como a parte inferior das costas.

Na casa, ela significa o quarto do cônjuge, se este for diferente da da pessoa que pergunta, ou as suas dependências, ou a parte oposta à porta de entrada. Dentro de um quarto, o local oposto à porta.

A co-significadora desta casa é a Lua. Ela é a significadora natural das pessoas comuns, do povo, e das esposas e mães. Além disso, o Sol nasce no ascendente; a Lua enche ao se opor ao Sol.


CASA VIII

Casa sucedente.

Outra casa que dá margens a alguns desentendimentos.

Esta é a casa da morte. Morte física, fim da vida, corpo sendo enterrado, alma indo para onde deve ir, ou – segundo a fé do leitor – lugar nenhum.

Não é “experiência transformadora”, “liberação”, “evolução espiritual”, ou “ascensão”. Qualquer que seja a crença do astrólogo sobre o que acontece após a morte, não pode modificar a existência dela.

A morte é parte inescapável e importante da vida, não faz sentido ela sumir do mapa.

Essa casa não está ligada, de forma nenhuma, de jeito nenhum, em nenhuma circunstância, com o sexo. É engraçado que seja eu, católico, que tenha que explicar isso, mas sexo é fundamentalmente bom, normalmente bastante agradável e o comum é que pessoas não morram no final.

A associação com a morte faz com que essa casa também esteja ligada com heranças, com dinheiro de mortos de forma geral. No entanto, quando vamos investigar a herança de uma pessoa determinada, temos que olhar a casa das posses da pessoa, viva ou não, não a casa oito.

Sendo uma das piores casas do céu, a oitava significa também medo e angústia – os planetas não estão (a menos que o contexto sugira outra coisa) felizes ali. É uma casa sucedente – ou seja, não está caindo de ângulo nenhum - mas bastante ruim, quase tanto quanto a XII e tão ruim ou pior que a VI, que são cadentes.

Um significado derivado importante desta casa, não necessariamente ruim, é o dinheiro. Sendo a casa dois a partir da sete, ela é o dinheiro, ou as posses móveis, dos outros, do cônjuge, do parceiro comercial, do inimigo declarado, dos clientes.

Sendo a casa oposta à dois, é a casa por onde a comida sai – ela representa, em astrologia médica, o sistema excretor e o ânus.

Nas casas, os banheiros e os toaletes, por onde a comida sai e onde a sujeira é removida.

Seguindo a ordem caldaica dos planetas, temos Saturno de novo como co-significador.

Saturno é, na mitologia greco-romana, o deus das portas; ele está ligado aos limites, às fronteiras, ao fim. Ele rege a porta de entrada na vida, a casa um, e sua porta de saída.


CASA IX 

Casa cadente.

Vimos a casa III, a das viagens curtas e da comunicação básica.

Esta é a casa oposta a ela; a casa das viagens longas e do ensino superior, dois aspectos da mesma viagem que interessa – a viagem na direção de Deus.

O sentido primário da casa é a viagem final, a peregrinação maior, o que acontece depois da morte.

É a casa da religião, dos templos (casas de religião), das viagens longas (releia o que disse sobre viagens “longas” e “curtas” quando expliquei a casa três). Um feriado na cidade do lado é casa IX, a reunião semanal no outro lado do mundo é casa III), do estudo superior (qualquer coisa além do ensino mais básico – ler, escrever, as quatro operações fundamentais), universidades (casas de estudo superior) e, por extensão, das pessoas instruídas – médicos, professores, escritores, astrólogos, médicos, advogados.

Não podemos confundir as situações. O advogado é casa nove em si, como por exemplo na pergunta horária “esse advogado é bom?”. Como seu parceiro numa situação concreta, é casa VII. No tribunal, é seu segundo, seu preposto, é casa II. O mesmo vale para os outros. Numa situação concreta, num tratamento de uma doença, o médico é casa VII. Numa pergunta “o médico vem aqui amanhã?”, ele é casa IX.

A casa IX pode ser considerada como o assunto de que a casa III fala; ou a casa III é a expressão terrena, mundana, da casa IX.

Ela também significa sonhos (no sentido literal, aquilo que acontece quando dormimos).

Seguindo a ordem dos planetas, a casa é co-significada por Júpiter, o planeta dos religiosos. Ele também é o júbilo do Sol, o planeta de Deus – e a imagem do Sol na nove sendo refletido pela Lua na três explica muito da dinâmica dessas casas, do Espírito sendo refletido na alma, que é o motor da comunicação.

Dentro da casa, o estúdio, a biblioteca (locais de estudo), a capela, o oratório, a sala de meditação (locais de religião).

Em astrologia médica, ela significa as ancas e os quadris, até as coxas.

É uma casa benéfica, mas, por ser cadente, os planetas nela não têm muita força para agir – ao menos, em comparação com os ângulos.


CASA X – o meio do céu

Na ordem das casas, a última cardinal. O ângulo do sul, o topo do mundo, a parte mais alta do céu; o Medium Coeli.

As significações mais claras são devidas a esta posição no mapa.

Ela significa reis, juízes, patrões, senhores, pessoas em posição de autoridade, quem tem poder sobre o querente/nativo, em questões de compra/venda de terrenos, o preço deles; em questões de campeonato, o campeão.

O significado é sempre de quem está no trono, seja o trono do juiz, do rei, do chefe de repartição ou do preso mais forte dentro da cela.

Em questões médicas, é o tratamento da doença.

É a casa oposta à quatro e, portanto, significa a mãe.

Sendo o ponto mais alto do mapa, também significa magistério, profissão, honra pública – o agir no mundo, o pequeno pedaço da realidade no qual nós somos o rei. O casamento antigamente era algo relacionado à casa X (ascender socialmente, ser casado era mais nobre que ser solteiro), antes de virar assunto de casa VII.

É uma das casas que concede maior oportunidade de ação para os planetas, é uma casa bastante benéfica, mas ela também tem um ponto bastante negativo associado.

Ela é o ponto mais alto do mapa. De lá, só há uma saída, para baixo. Então, ela (principalmente sua cúspide) carrega esse significado de “fim da subida”.
Em astrologia médica, significa os joelhos.

Dentro da casa, o escritório, o salão formal, o sótão.

O seu co-significador é Marte, novamente, a energia necessária. Se na casa III é a energia para as atividades básicas, na X é para desempenhar nosso papel no mundo, defender nosso pequeno império.


CASA XI

Casa sucedente.

Se a casa V é a dos prazeres, das coisas agradáveis que vem do mesmo nível que nós (e, às vezes, de baixo), a casa XI é o bem que vem do alto. É a casa dos amigos, das bênçãos do alto, dos desejos e esperanças.

Amigo, aqui, não é contato de Facebook, parceiro ocasional de boteco, ou colega de faculdade.

Amigos são os canais pelos quais as bênçãos do céu caem sobre nós; é por isso que a literatura, religiosa ou não, é unânime em dizer que são poucos, raros e preciosos. É quem nos empresta dinheiro quando estamos mal, quem se arrisca por nós e quem pega em armas para nos defender, não quem divide uma cerveja gelada, ou dá “curtir” numa foto bonita.

Ou seja, é quem se dispõe a perder algo por nós, e por quem nós nos dispomos a perder algo, de forma livre. Não estamos ligados a eles nem por parentesco, nem contrato.

Enquanto os sonhos (aquilo que vem até nós quando dormimos) são assunto da casa IX, as esperanças, os desejos, os sonhos no sentido de “Eu tenho um sonho” do Martin Luther King, são daqui.

Esta é a casa a ser investigada em caso de loteria (“dinheiro do céu”).

Seu significado derivado mais importante é ser a casa dois da dez. Ela significa, desta forma, o salário (“dinheiro do patrão”, ou “dinheiro do emprego”) e vistos e autorizações (“presentes do rei”).

Ela significa, também, a nora, esposa do filho.

Em astrologia médica, ela significa as canelas (a parte da perna entre os joelhos e os pés).

Ela é co-significada pelo Sol e é o júbilo de Júpiter, fazendo um paralelo bastante interessante com a casa IX. Lá é a verdade do alto (casa X), o movimento ascendente na direção de Deus; aqui, são as bênçãos, a graça, o que cai do céu na nossa direção.


CASA XII

A última casa cadente.

Aqui chegamos no fim das casas – e no seu membro mais infame. Morin reserva os piores termos da sua descrição para ela, que era chamada de Malum Daemon.

Pode ser um consolo, ou uma fonte de mais temores, o fato de que esta casa seja considerada pior do que a casa da morte.

O fato é que ela reúne algumas das piores significações, e é considerada a casa mais restritiva do céu – planetas nela têm menos força para agir do que em qualquer outra casa.

Isso deriva de ela ser a casa cadente do ascendente. Além de estar caindo da casa mais importante do céu e de não fazer nenhum aspecto com ela, a XII representa a tentação do orgulho – a tentação de subir, em vez de fazer o movimento correto, menos difícil e menos brilhante, de descida.

Os antigos pais da Igreja diziam que o orgulho é a raiz dos vícios; e os vícios,
o pecado, o autossabotamento, os males que provocamos a nós mesmos, são significados por esta casa.

Enquanto a casa VI é a casa dos males do mundo, pelos quais não temos culpa,
o culpado pelos males da XII é o nosso maior inimigo oculto, “eu”.

Por extensão, ela é a casa dos outros inimigos ocultos, daqueles que atacam sem que a pessoa consiga ver – as bruxas, os ataques psíquicos, o domínio mental, e formas mais corriqueiras e menos fantásticas de ataques, como a difamação, a fofoca, a carta anônima ao chefe, o telefonema sem identificação à mulher.

Por isso, é a casa dos inimigos ocultos – ela não faz aspecto com o ascendente. A casa VII é oposta à I, o ascendente a vê muito bem, enquanto a XII está grudada ao lado, fora do campo de visão.

Ela é a casa das prisões, dos confinamentos, das restrições da vida, por espelhar aquela prisão primeira que o auto-sabotamento nos encarcera, a prisão do pecado e do vício.

Os dois significados não são excludentes de forma alguma; grande parte dos habitantes das prisões está lá por ter se entregue às próprias tentações, enquanto mais de um deles aprendeu alguns vícios novos na sua estadia forçada.

Ela não significa hospitais, que não são locais de confinamento, mas de tratamento (casa VI).

Sendo oposta à casa VI, também significa os animais maiores que um bode, ou animais que não podem ser domados. Um cavalo nunca obedece ao seu dono com tanta devoção quanto um cachorro, nem é tão íntimo. Especialmente, principalmente, um animal de casa XII é sempre perigoso. Ser chifrado, pisoteado, arrastado, etc, são sempre riscos, mesmo para os animais “domésticos”.

Os grandes animais (cavalos, bois, camelos, elefantes) ecoam o princípio por trás da casa XII e de seus males: os desejos. São como o mar, que nunca é completamente pacificado, nem sem riscos.

Vênus é a co-significadora desta casa. Se na casa V tínhamos a parte mais agradável de Vênus, aqui temos as conseqüências desagradáveis de a tornar mestra das nossas ações. Aqui é o lugar das diversões auto-destrutivas.

O júbilo de Saturno é na XII.

Primeiro, junto com o júbilo de Marte, ela faz um corte (diabólico, no sentido mais profundo da palavra, de “diabolos”, o que separa) no mapa, quadrando o eixo III-IX (do júbilo da Lua e do Sol). São as duas fontes de infortúnio (o mal externo e o mal interno) cortando nossa comunicação com Deus. A que nos afasta do caminho dele pelo desespero (VI) e a que nos afasta pelo descontrole (XII).

Além disso, Saturno é o planeta das privações, da limitação – portanto, das prisões e dessa grande prisão para a alma, que é o pecado. Por outro lado, as qualidades saturninas são as necessárias para escapar dos vícios.

Em astrologia médica, a XII rege os pés, o fim das casas rege o fim do corpo.
Na casa, ela significa o estábulo e, por extensão, a garagem. O quarto em que guardamos as tranqueiras.

Os problemas mentais – vistos, ao mesmo tempo como problemas ocultos (doenças que não se vê nem se percebe fisicamente) e como autossabotamento (problemas causados pela própria mente) – são significados por esta casa. É daqui que vem a conexão da casa doze e da psicologia, são os males desta casa que psicólogo trata.

É importante ter bastante segurança ao identificar um determinado assunto em uma das doze casas; este é um dos maiores motivos de erro na astrologia. Se olharmos a casa errada, estamos procurando uma coisa no lugar em que ela não está; qualquer acerto seria fortuito.



Marcos Monteiro, Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013.

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