O planeta Marte é associado ao deus romano de igual nome e ao deus grego Ares. Na Grécia, Ares, o deus da guerra, era visto com terror e geralmente ninguém gostava dele por causa de sua disposição furiosa e intratável. A história começa com Hera, que se sentiu ultrajada por seu marido Zeus ter feito Atena nascer sozinha (ela pulou de sua cabeça já crescida); então, Hera gerou e fez nascer Ares sem recorrer a ele. Neste sentido, Ares (Marte) nasceu da raiva e do despeito, a imagem da fúria e da raiva de sua mãe. Nas batalhas, ele era acompanhado por seus escudeiros Deimos (o Medo), Fobos (o Temor) e Éris (a Discórdia). Não era um grupo muito bonito. Ao contrário do que se poderia esperar, ele nem sempre era vitorioso nas batalhas e muitas vezes parecia até um tolo. Quando Atena, sem nenhum esforço, o derrubou com uma pedrada, Ares, machucado, caiu desajeitadamente por terra gritando e chorando como dez mil homens. Dois simples mortais conseguiram capturá-lo e mantê-lo preso dentro de uma garrafa durante treze meses (mais ou menos da mesma maneira que nós nos fechamos como "garrafas arrolhadas", ou reprimimos nossa raiva). Ares não era ridículo só na batalha; era tão ruim ou pior no amor. Quando seduziu Afrodite, foi surpreendido no ato e preso numa rede feita pelo marido dela, Hefaesto. Convidados para assistir ao espetáculo, os outros deuses vieram gozar e rir dos apuros de Ares. (Se os gregos falassem iídiche teriam chamado Ares de "klutz".)
Mas, ao contrário, o deus romano Marte era respeitado e honrado, e assumiu uma posição bem mais elevada no panteão do que o grande deus Júpiter. Os romanos veneravam Marte não só como deus da guerra, mas também como deus da vegetação e da fertilidade, o deus da primavera. A raiz latina de seu nome é associada com mar ou mas, palavras que significam "brilhar", e descrevem a força geradora. Ele era chamado Mar Gradivus, do latim grandiri — crescer, tornar-se grande. Nesta época, ele era acompanhado por seus escudeiros Honos (a Honra) e Virtus (a Virtude).
A desaprovação de Ares pelos gregos como grosseiro e bruto, bem como a reverência romana a Marte como honrado e virtuoso indicam dois aspectos de agressão: um deles é aquele que deploramos; o outro é aquele que não podemos desconhecer se queremos sobreviver e crescer. Marte pode representar a força bruta, a raiva cega, a impetuosidade e um estouvamento que nos faz parecer bobos, mas pode também ser entendido como um tipo de agressão saudável — o impulso positivo para compreender e dominar o mundo exterior. Agressão saudável e o anseio da matéria viva para se expressar, o poder que impele a semente a germinar. Um Marte positivo nos capacita a conquistar independência, nos dá a habilidade de ficar de pé nos dois pés e fazer escolhas autodirecionadas. Um Marte saudável nos dá ímpeto para aprender novidades e é a verdadeira base para a realização na vida (agarramos uma oportunidade, atacamos um problema, e dominamos uma dificuldade).
A posição de casa de Marte indica onde uma ou ambas estas formas de agressão e dogmatismo vão operar. Á distinção entre elas pode nem sempre ser muito clara: a criança que se rebela raivosamente contra a autoridade está sendo agressiva mas também está manifestando sua ânsia de independência que é vital e necessária para seu crescimento. Por casa, Marte mostra onde temos necessidade de atacar a vida, correr riscos, ousar e afirmar nossa iniciativa, nossa liberdade e independência. É também a área da vida em que estamos mais propensos à beligerância, a uma ultra-estimulação apaixonada, a acidentes, competitividade forte demais, violência e uma insaciável ânsia de poder. Se Marte está "aprisionado" numa casa isso pode dar vazão a um sentimento de infelicidade, desencorajamento e conseqüente depressão via esta esfera de experiência. Também podemos provocar a raiva de outros neste domínio.
Áries na cúspide de uma casa ou contido nela é semelhante a Marte numa casa. A pessoa deve enfrentar esta área de vida com coragem e vigor a fim de fazer desabrochar suas próprias potencialidades e realizar seu plano de vida. Se estamos deprimidos ou mal psicologicamente, podemos tentar desviar nossa atenção para a casa que tenha Áries na cúspide, de forma a "pôr as coisas para andar novamente".
Haverá uma relação entre a casa que tem Áries na cúspide (ou contida nela) e a casa contendo Marte. Por exemplo, se Marte está na 12ª Casa e Áries na cúspide da 10ª, a pessoa tem condições de desenvolver suas potencialidades e poder através de uma carreira (Áries na 10ª) que envolve trabalho dentro de uma instituição (Marte regente de Áries na 12ª).
Os livros mais antigos de astrologia indicam Marte como co-regente de Escorpião; portanto, qualquer casa que contenha Escorpião pode ser influenciada pelo posicionamento de Marte no mapa. Pessoalmente, acho Plutão bem mais apropriado como único regente de Escorpião.
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