Vamos agora explicitar como funciona o que Morin de Villefranche chamou de determinação local e quais as regras básicas de interpretação da RS.
Qualquer planeta na RS carrega consigo sua determinação natal, isto é, seu sentido na carta natal, os aspectos que recebe de outros planetas e a quais se aplica na natividade.
Essa noção é facilmente esquecida. Tendemos a pensar que Júpiter é um benéfico e que se ele aparecer na Casa 1 da RS será um ano positivo para o nativo. No entanto, se ele estiver na Casa 6 da natividade ele é um maléfico acidental, isto é, ele é um benéfico universalmente falando, mas acidentalmente ele tem a ver com doenças e se, além disso, ainda estiver no Ascendente, promete problemas físicos para o corpo.
Portanto deve-se interpretar qualquer planeta na RS de acordo com seu significado natal.
É importante também usar o significado concreto do planeta. Júpiter é um planeta cujo significado universal é de riqueza, sabedoria, elevação social e mesmo liberdade, mas muitas vezes escutamos que Júpiter significa expansão, o que é um significado muito vago e nem sempre verdadeiro. Marte também, embora ele até possa muito longinquamente ter um sentido energético, na pratica se relaciona com desavenças e agressões.
Desta forma, Morin de Villefranche em seu livro 23, diz muito bem, à pagina 26:
"Como por exemplo se Marte estiver na oitava casa do radix, não só o seu local radical mas também o próprio planeta deverá ser sempre observado nas revoluções individuais como o anareta ou significador radical da morte; e esta sua determinação radical deve ser combinada nas revoluções com a nova determinação que lhe é atribuída na revolução, quer devido às casas da figura quer devido ao seu estado celeste"
E mais adiante: "Mas poderá ser perguntado, que nova determinação tem precedência e é mais eficaz nas revoluções - é o local radical de Marte ou é o próprio Marte na revolução, visto também com a sua significação ou com sua determinação radical...” "mas eu respondo: a determinação do local radical de Marte tem precedência e é mais eficaz; consequentemente deverá ser observado em primeiro lugar..."
Por exemplo:
Considere o circulo interno como a carta natal e o externo como a Revolução Solar.
Se Marte estiver em Aquário na Casa 8 ele estará configurado para a morte e a cada revolução em que ele se apresentar em locais vitais, ou no mesmo signo onde se encontra na carta natal, no caso de exemplo Aquário, ele trará, se não a morte do nativo, alguma vivência de ansiedade e perda. Como locais vitais o Ascendente é o mais importante , mas a Casa 6 e 12 também ameaçam a vida com doenças e martírios de várias espécies. No caso de exemplo, seria danoso se Marte se apresentasse conjunto à Lua, pois ela é a regente do Ascendente radical.
No exemplo acima há risco se o Ascendente da RS cair na Casa 8 natal, Se o Ascendente da RS cair na Casa 6 da carta natal, ou se o Ascendente da RS for Aquário e ainda se Marte aparecer no Ascendente da RS. Também os anos em que Aquário apareça na Casa 12 são complicados e aqueles nos quais a Lua, regente do Ascendente natal estiver em conjunção com Marte, seja em que casa for da RS.
Os ângulos natais e sua posição na RS assim como a posição de seus regentes são muito importantes e devem sempre ser considerados de acordo com sua posição na RS.
A RS não pode ultrapassar as promessas de uma configuração natal. Desta forma, se a carta radical apresenta dificuldades no aspecto profissional, por melhor que seja a RS apontando para melhorias profissionais ela não consegue superar, mas apenas amainar o que a carta natal aponta. Neste caso ela mitiga os problemas e traz uma melhoria ao ano, mas nada que efetivamente mude a promessa natal. Já uma exuberante carta natal, se sujeita a uma RS difícil não sujeitará o nativo ao extermínio das as promessas radicais: apenas o ano será mais medíocre que o costumeiro.
Capítulo 3-1
Clélia Romano, in Técnicas Astrológicas Preditivas, Edição do Autor, 2015.
O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/
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