quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Sobre as Crianças que não Vingam, por Ptolomeu

Uma vez que ainda falta o relato das crianças que não vingam na discussão dos assuntos relacionados com o nascimento em si, é apropriado ver que, por um lado, esse procedimento está conectado com a pesquisa relacionada com a duração da vida, uma vez que a questão, em cada caso, é do mesmo tipo; mas, por outro lado, eles são distintos, porque há uma certa diferença no significado real da investigação. A questão da duração da vida considera os que em geral sobrevivem por períodos perceptíveis de tempo, ou seja, não menos do que um trajeto completo do Sol, e esse período é na verdade o que se entende por um ano; mas, potencialmente, períodos menores do que esse, meses e dias e horas, são também durações perceptíveis de tempo. No entanto, a investigação relacionada às crianças que não vingam se refere às que não atingem nenhum período de “tempo”, definido dessa forma, mas perecem em uma duração menor do que “tempo” por excesso de influência maléfica.

Por essa razão, a investigação da primeira questão é mais complexa; mas essa é mais simples, porque é o caso simplesmente de, se um dos luminares for angular e um dos planetas maléficos estiver em conjunção com ele, ou em oposição, tanto em graus quanto em igualdade de distância. enquanto não houver planetas benéficos fazendo nenhum aspecto, e se o senhor dos luminares for encontrado nos locais dos planetas maléficos, a criança que nascer não vingará; mas chegará imediatamente ao seu fim. Se isso ocorrer sem a igualdade de distância, mas os raios dos planetas maléficos incidirem perto dos locais dos luminares, e houver dois planetas maléficos, e se eles afligirem um ou ambos dos luminares, por sucessão ou por oposição, ou se um afligir um luminar e o outro atingir o outro, por sua vez, ou se um afligir por oposição e o outro por suceder o luminar, deste modo também as crianças nascidas não viverão; pois o número de aflições repele tudo o que for favorável à duração da vida devido à distância do planeta maléfico através da sua sucessão.

Marte aflige particularmente o Sol por sucessão, e Saturno, a Lua; ao contrário, em oposição ou posição superior Saturno aflige o Sol e Marte a Lua, principalmente se eles ocupam, como regentes, os locais dos luminares ou do horóscopo. Mas se houver duas oposições, quando os luminares estiverem nos ângulos e os planetas maléficos estiverem em uma configuração isósceles, então as crianças nascerão mortas ou semi-mortas. Nestas circunstâncias, se os luminares estiverem se afastando da conjunção com um dos planetas benéficos, ou estiverem em algum outro aspecto com eles, mas lançando, de qualquer modo, seus raios às partes que os precedem, a criança que nascer viverá um certo número de meses ou de dias, ou mesmo horas, igual ao número de graus entre o prorrogador e o raio mais próximo dos planetas maléficos, em proporção à grandeza da aflição e à força dos planetas regendo a causa.

Se, no entanto, os raios dos planetas maléficos caírem antes dos luminares, e os dos benéficos depois, a criança que for exposta será adotada e viverá. Mais uma vez, se os planetas maléficos sobrepujarem os benéficos que fizerem um aspecto sobre a genitura, eles viverão em aflição e servidão; mas se os planetas benéficos os sobrepujarem, eles viverão, mas como filhos supostos de outros pais; e se um dos planetas benéficos estiver ascendendo ou se aplicando à Lua, enquanto um dos planetas maléficos estiver se pondo, eles serão criados por seus próprios pais. E os mesmos métodos de julgamento serão utilizados também em casos de nascimentos múltiplos. Se um dos planetas que, dois a dois ou em grupos maiores, fizerem um aspecto com a genitura estiver no poente, a criança nascerá semi-morta, ou um mero pedaço de carne, e imperfeita. Mas e se os planetas maléficos os sobrepujarem, a criança nascida sob essa influência não será criada ou não sobreviverá.


Do Tetrabiblos, de Ptolomeu

Nenhum comentário:

Postar um comentário