Os aspectos de Plutão constituem um dos fatores menos previsíveis do tema astrológico; isso ocorre em função da dificuldade de saber em que nível de profundidade está agindo e que manifestação pode ter. Nem todos os elementos importantes se revelam no plano físico, havendo mudanças profundas e transcendentes que se passam em níveis muito internos. No que se refere a isso, Plutão se manifesta como um especialista.
Outra coisa que ocorre com todos os planetas lentos — e Plutão é o mais lento deles — é o fato de a clássica diferenciação entre aspectos bons e maus, harmônicos e desarmônicos, positivos ou negativos, ou como se queira denominá-los, diluir-se até quase desaparecer. Por sua lentidão, são planetas geracionais e os aspectos entre eles são comuns a muitas pessoas. Por essa razão, é possível supor que oferecem os parâmetros energéticos adequados à evolução coletiva de todo esse setor geracional, ou seja, que esses aspectos são os adequados. Por conseguinte, em si mesmos, eles não são nem bons nem maus, mas simplesmente os aspectos necessários a essa estrutura evolutiva.
As modificações ocorrem no nível da abordagem que cada indivíduo faz dessa energia. E isso depende tanto da situação e dos aspectos de seus planetas pessoais — os rápidos — como da filosofia com que esse indivíduo encara a vida.
Se aceitamos que os aspectos são parâmetros energéticos, isto é, padrões de comportamento, e que não estão situados dessa maneira por pura casualidade — a astrologia não admite a casualidade —, é fácil deduzir que a posição em que se encontram tem uma causa e um propósito. E, como parece lógico, é possível pensar também que o parâmetro planetário com o qual nascemos se relaciona com aquilo que somos. Esse é o ponto até onde chegamos. Desse ponto de vista, os aspectos nos ajudariam a descobrir esses hábitos de conduta —tanto os que apreciamos como os que repudiamos —e, por conseguinte, nos facilitariam a compreensão de quais hábitos devemos modificar e de quais precisamos incrementar, a fim de adequar-nos ao propósito implícito no mapa astral. Entendido dessa forma, nenhum aspecto é mau; eles simplesmente mostram o que somos, mas depende de nós conhecer-nos a nós mesmos e, a partir desse momento, dirigirmos nossa vida na direção adequada ao nosso objetivo.
A mudança consiste em deixar de entender os aspectos planetários como condicionamentos pouco menos que insuperáveis e passar a considerá-los como guia e oportunidade. Em mudanças dessa natureza, situa-se a maior ou menor liberdade do indivíduo.
Plutão é o planeta da regeneração e seus aspectos, especialmente o Sol e a Lua, nos mostram como flui e como podemos usar essa energia. Pode parecer fácil ou difícil — depende do fato de os aspectos serem harmônicos ou não —, mas, se uma pessoa os aceita e compreende como parte integrante de sua experiência, pode fazer as modificações e as adequações pertinentes e necessárias para seu desenvolvimento mais rápido e, por conseguinte, acelerar o processo de aproximação do estado no qual o indivíduo pode considerar-se "acima das estrelas".
Plutão aumenta o grau de consciência e seus aspectos, particularmente com os planetas pessoais, assinalam a parte da própria pessoa — simbolizada pelo planeta aspectado — em que esse fenômeno se realiza e onde deve efetuar-se esse renascimento. A casa em que esse planeta se situa mostra a área da vida em que se produz a ação. A dificuldade consiste no fato de que a pressão de Plutão movimenta molas internas e a pessoa geralmente não percebe essa influência. Ela se sente impelida a introduzir mudanças em sua vida ou em seu ambiente, às vezes sem conhecer a causa desse desejo, e tal coisa provoca nela transtornos mais ou menos compulsivos. A pessoa deverá procurar identificar esses impulsos por meio de um honesto exame de si mesma.
Um trígono ou um sextil não indicam que a energia flui de modo harmônico; indicam apenas que flui com facilidade, e, se uma pessoa não tomou anteriormente a precaução de retocar, refinar ou purificar essa energia, ocorre-lhe de manifestar facilmente sua pior parte.
Um "bom aspecto" nem sempre é bom. Acontece também que os aspectos de Plutão nos relacionam com o inframundo, com o subconsciente e, em função de sua categoria de planeta geracional, com o inconsciente coletivo. Como consequência, defrontamo-nos com uma série de fantasmas e de "tabus", que são nossos apenas de forma parcial e, se não estivermos atentos — caso não tenhamos exercitado um certo controle sobre nossas emoções e motivações —, poderemos pagar o preço de nos sentir culpados de algo que não nos diz respeito. Em casos exagerados, é possível até mesmo que o indivíduo se sinta culpado do "pecado" que nossos primeiros pais cometeram há tanto tempo atrás. O medo e o sentimento de culpa nos aproximam perigosamente da paranoia.
Nesses casos, nada pior que a tendência a reprimir tudo isso, que evidentemente nos desagrada. A missão de Plutão é trazer à luz aquilo que está oculto, para poder vê-lo com clareza e para efetuar as mudanças pertinentes.
Transformação é a palavra-chave e aquilo que já temos — nem mais, nem menos — é o que se submete à transformação.
Dois planetas em aspecto estão "trabalhando" juntos e, quando tem Plutão como companheiro, o indivíduo se vê diante de algo irrevogável, iniludível, que deve ser conhecido e de alguma forma solucionado.
Essa característica de inevitabilidade nos vincula, em certa medida, ao destino. Isso é mais claro em aspectos poderosos como a conjunção e a oposição e, em menor grau, a quadratura, acentuando-se na proporção do fechamento do orbe do aspecto e tornando-se especialmente notório quando os planetas estão perto dos ângulos.
Algo é eliminado para que em seu lugar possa desenvolver-se uma possibilidade nova e mais atualizada. Esse é o lado positivo do aspecto destrutivo de Plutão. Um indivíduo que apresente esse planeta muito poderoso em seu mapa natal pode assumir a carga de redimir alguma coisa para a sociedade. Dessa maneira, a fatalidade coletiva se introduz na vida dessa pessoa e exige dela sacrifício e esforço. Plutão vincula-a pessoalmente à miríade de interações dos outros, torna-a participe do ordenamento cósmico e, em troca, pede-lhe que veja o mundo com olhos diferentes e que faça com satisfação o que deve fazer.
Os aspectos de Plutão com os outros planetas, arrolados em seguida, não pretendem absolutamente esgotar as por definição inesgotáveis interpretações que deles podem ser feitas; pretendem somente assinalar uma relação dos efeitos mais óbvios e conhecidos de um planeta tão inescrutável como é Plutão.
Não os separo em aspectos bons e maus; tampouco especifico, com exceção de casos particulares, o tipo de aspecto, conjunção, trígono etc., mas procuro mostrar as duas faces dessa energia.
O uso construtivo ou destrutivo dessa energia não depende tanto do aspecto em si quanto da abordagem, feita por cada pessoa, da totalidade da experiência plutoniana. E, para isso, é preciso fazer uma análise da complexa totalidade do tema astral do indivíduo.
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