sábado, 6 de agosto de 2016

A Forma e o Padrão dos Aspectos Planetários — Forma Objetiva — Aspectos Planetários, por Dane Rudhyar


A primeira condição para um domínio bom do assunto "aspectos" é um entendimento real de esfera, círculo e circunferência.

Já foi dito que "todas as formas buscam a condição de esfera" — que o círculo é a forma perfeita. Se, no entanto, forma significa a definição do particular com relação ao universal, então a esfera e o círculo (conforme se escolha considerar a existência tri ou bidimensional) não podem ser consideradas "formas". Em vez disso, são símbolos de existência universal. Mas, como seria um erro lamentável pensar na existência universal como "desprovida de forma" — a despeito do fato de isso se dar com freqüência —, podemos estender o conceito de forma e dizer que o círculo (ou a esfera) é a "forma universal", a somatória ou culminação da série evolutiva de formas particulares e portanto imperfeitas.

Ele é verdadeiramente "universal", por derivação etimológica, pois cada um de seus pontos está "voltando em direção ao um", em direção ao centro. Pela conveniência de nossa análise, podemos descrever um círculo como o total de um número infinito de circunferências infinitamente próximas com um centro comum. Lidamos portanto essencialmente com circunferência e centro; e a circunferência é uma curva cujos pontos são todos equidistantes de um centro comum. Isto simboliza um estado de ser no qual é atingida uma universalidade absoluta de concepções, em outras palavras, a Mente Universal, a Personalidade Perfeita, que os homens chamaram Deus. Deus não é desprovido de forma, mas Ele é o estado de equilíbrio de todas as formas, a harmonia ou integração total de todas as concepções. Uma Pessoa divina é aquela que, mesmo operando temporariamente em uma forma particular, tem seu ser espiritual tão equilibrado, que seu "corpo de luz" é uma esfera perfeita de ser e entendimento. Ela ultrapassou não a forma, mas o estado desequilibrado próprio de uma forma particular —, atingiu a condição de "forma universal". Na filosofia gnóstica, tal unidade é chamada Eon ou Esfera. Num certo sentido, é claro, ela não é apenas um "um". E uma Hoste absolutamente centrada, integrada, unânime.

Mas cada um de nós é uma hoste de vidas. É assim num sentido psicológico, e o Grande Trabalho psicológico é o de harmonização e integração das "forças-da-alma". E assim num sentido ainda mais profundo, pois nosso corpo físico é uma hoste de "vidas" — e no homem aperfeiçoado (o homem do "terceiro nascimento"), o indivíduo atrai para si, como para um centro, essa hoste e faz dela, por assim dizer, a substância de seu "corpo de luz" — a Esfera perfeita e radiante de substância-espírito.

Se passarmos agora do universal para o particular, veremos que aquele nascimento, como urna personalidade particular, significa estabelecimento de desequilíbrio linear ou angular dentro do circulo ou esfera. Um ser particular é um ser no qual alguns elementos (ou pontos de vista) são ressaltados, outros suavizados. Ele não é mais um indivíduo "perfeitamente arredondado", mas um ser angular, com pontos de tensão e concentração de energia, e zonas de relativo vazio.

Esta particularização do universal (que significa nascimento) pode ser simbolizada corretamente pela inscrição de um polígono dentro do círculo. Há uma infinidade de polígonos que podem ser inscritos num cfrculo, alguns regulares (com lados de comprimento igual), todos os outros irregulares. Polígonos regulares são figuras geométricas tais como o triângulo equilátero, o quadrado, o pentágono, o hexágono, o heptágono etc., tendo respectivamente 3, 4, 5, 6, 7, etc. lados. Se forem traçadas linhas a partir do centro até os pontos das figuras, formam-se ângulos no centro. O triângulo produz três ângulos de 120 graus; o quadrado, quatro ângulos de 90 graus; o pentágono, cinco ângulos de 72 graus; o hexágono, seis ângulos de 60 graus etc.

Se, por outro lado, considerarmos um polígono irregular, tal como o da ilustração, vemos que é composto de um número de lados desiguais formando arcos desiguais, que representam ângulos desiguais.

Se marcássemos numa circunferência os doze signos do zodíaco, considerados arquetipicamente como segmentos iguais do campo magnético circular que envolve a Terra, e ainda dividíssemos cada signo de forma a marcar os graus na circunferência; se, além disso, associássemos por linhas cada uma dessas marcas de 360 graus, obteríamos um polígono regular de 360 lados. Simbolicamente, isto representaria a forma perfeita de um ser ainda identificado com um corpo da Terra. Ele seria um ser particular — mas um ser no qual todas as "qualidades de vida" possíveis em nosso planeta estariam representadas.




O "Deus" de nosso planeta (aquilo que os teósofos chamam "Logos planetário"), entretanto, precisaria ser concebido não como um polígono completo como esse, mas como a circunferência (ou círculo) em si, considerada uma série completa de arcos, tendo cada qual significado universal. Isto simbolizaria a qualidade universal de Seu ser total. Desta posição podemos ver que os símbolos dos graus do zodíaco são tentativas de superar essa distância desse lado muito pequeno de um polígono regular de 360 lados e o arco (segmento da circunferência) que essa linha contém. Se considerarmos uma relação como essa entre linha e curva no horizonte, teremos um símbolo interessante. Pois obtemos a figura de um arco, sendo a linha do horizonte a flecha atirada por um arqueiro invisível. Como a linha do horizonte é a linha da autoconsciência e da intuição, temos uma ilustração gráfica do eterno esforço do ser humano, o arqueiro, atirando no Espaço — o Universal. Seu arco é o símbolo em si; a corda esticada, a imagem concreta apresentada no símbolo é a madeira curva o significado interno e universal do símbolo. Atirar é o ato de atravessar as aparências e atingir o self Universal, que aqui transforma-se em espaço, o círculo cujo centro está em todo lugar e cuja circunferência não está em lugar algum. Este é um símbolo antigo, muitas vezes encontrado na filosofia hindu e também incorporado ao simbolismo zodiacal do signo de Sagitário.

Numa carta de nascimento comum, se unirmos com linhas os pontos determinados sobre a eclíptica pela posição dos planetas, obtemos um polígono irregular de dez lados. Este polígono é a "forma objetiva" caracterizando simbolicamente a personalidade do indivíduo — do modo como usamos este termo. Traçando os raios que ligam os pontos do polígono ao centro, aparecem os ângulos entre todos os planetas. Esse polígono é aquilo que já chamamos de padrão planetário. A tarefa do astrólogo é analisá-lo para extrair dele seu significado vital.
Em termos teóricos, é claro que cada valor angular tem seu significado particular, tal como cada grau do zodíaco tem seu próprio significado. Como a natureza da relação entre dois planetas, nesta fase da análise astrológica, é caracterizada pelo ângulo que separa as posições zodiacais (longitudes) dos dois planetas, é evidente que urna distancia angular de 92 graus é tão significativa em si quanto uma de 90 graus.

No entanto, tal como dividimos a órbita da Terra (ou seu campo magnético) em apenas doze regiões, que chamamos "signos zodiacais", do mesmo modo e por razões filosóficas igualmente válidas, usamos apenas ou principalmente para o propósito de análise de forma os primeiros doze polígonos regulares e os ângulos que eles geram. Isto quer dizer, presumimos que existam doze (ou até mesmo seis) tipos básicos de relacionamento-forma entre as atividades vitais simbolizadas pelos planetas, e simbolizamos estes tipos pelos ângulos produzidos pela divisão dos 360 graus da circunferência total em três, quatro, cinco, seis — até doze partes. Dois planetas "estão em aspecto" quando separados por um ângulo medindo esse valor, por exemplo: 120°, 90°, 60° etc. A lista com nomes e características desses aspectos vem em seguida.

No entanto, é necessário acrescentar imediatamente que, com relação a "aspectos", estamos diante de uma situação não muito diferente da encontrada na discussão sobre "cúspides". Em outras palavras, precisamos estender o conceito de aspecto de modo a fazê-lo significar não apenas um valor angular exato (90°), mas uma "zona angular" (como de 85° a 95°). 0 aspecto de quadratura exato cobre uma distância angular de 90°. Mas também se diz que dois planetas formam uma quadratura quando sua distância angular é qualquer valor entre 85° e 95°. Isto vale para qualquer aspecto, especialmente os mais significativos.

Mas, com o propósito de um entendimento mais profundo do fator de relacionamento planetário ou da "forma da personalidade", obviamente é necessário considerar não apenas as "zonas angulares", e sim cada valor angular. Isto em grande parte pela mesma razão pela qual a substancia de ser não fica suficientemente analisada com a diferenciação do zodíaco em doze signos, requerendo muitas vezes uma diferenciação mais pormenorizada.

Em seu curso intitulado "Astrologia Pitagórica", Marc Edmund Jones abordou esse problema de como analisar todos os valores possíveis de relacionamento angular entre planetas, de uma maneira impressionantemente original e convincente. Depois de estudar os aspectos astrológicos básicos, ele passou a analisar o significado do grau de precisão (ou grau de separação) dos aspectos. Se a distância angular entre dois planetas é 85° ou 95°, estes dois planetas formam uma "quadratura", mas a quadratura não é exata. E uma quadratura de mais ou menos cinco graus. Se a distância entre os planetas fosse 88° ou 93°, o aspecto seria uma quadratura menos dois ou mais três graus.

Então, se admitíssemos como considerável na "zona angular" de, digamos, sete graus de ambos os lados do aspecto exato, teríamos aspectos com um coeficiente de imprecisão variando de 0 a 7. De acordo com Marc Jones, o valor desse coeficiente é muito significativo e caracteriza a maneira pela qual o aspecto em si opera. O assunto é muito complexo para ser discutido aqui, mas foi mencionado para mostrar como cada valor angular pode receber significado.

A tabela de aspectos que se segue esclarecerá o assunto, pois veremos, por exemplo, que um "sextil" representa um valor angular de 60°, a "semiquadratura", de 45°. Se permitirmos uma zona de sete graus a cada lado dos valores exatos, na verdade teremos abrangido todos os valores angulares. Pois 53° é um sextil "coeficiente 7", e 52° é uma semiquadratura também "coeficiente 7". Por este método, cada valor angular em graus inteiros recebe um significado individual.


Destes aspectos, os comumente mais utilizados são: conjunção, oposição, trigono, quadratura, sextil, O semi-sextil geralmente é considerado uma subdivisão do sextil; a semiquadratura, uma subdivisão da quadratura. O quintilho — infelizmente — é muito pouco usado, e reptil, um nono e um onze avos praticamente nunca são encontrados em manuais astrológicos modernos.

Todos estes aspectos são gerados pela inscrição de polígonos regulares num círculo — salvo a conjunção e a oposição, que exigem alguma atenção especial. A conjunção essencialmente é o protótipo de toda manifestação particular, porque enfatiza o elemento de atividade de um modo particular ou pessoal. Poderíamos dizer que o próprio fato de um planeta estar localizado num grau significa que existe uma conjunção estabelecida entre o planeta e aquele grau. O grau, por si, é uma dentre 360 fases harmonizadas e integradas do ser universal. Mas quando um planeta chega àquele grau na carta de um determinado homem, a qualidade do grau é subitamente vivificada, energizada, enfatizada. A sequência harmônica dos 360 graus portanto é perturbada. Um dos graus adquire um destaque. A particularidade de ser é o resultado de um padrão de destaque; enquanto no ser universal não há destaques permanentes, não há pontos de elaboração de estrutura enfatizados. É este fato que foi mal elaborado como significando "ausência de forma".

Em qualquer carta, planetas são pontos de ênfase, destaques, liberações de energia, fontes de atividade. A qualidade significativa da energia liberada é determinada pelo símbolo do grau; o tipo de atividade, pelo planeta. Ele é o elemento de atividade que se transforma na matéria-prima da personalidade. Atividade significa esforço, tensão, desequilíbrio. Portanto, cada planeta representa um estado de desequilíbrio da totalidade zodiacal, tal como, para usar a frase de Goethe, "as cores são os sofrimentos e as alegrias da luz". O zodíaco é o ciclo harmonioso da totalidade. Os planetas introduzem desequilíbrio, diferenciação, sofrimentos e alegrias - que significam destaques para cima ou para baixo.

Um planeta localizado no espaço de um grau cria um destaque. Dois planetas na mesma localização podem ou aumentar ainda mais a tônica ou tornar difusa a liberação de energia implícita no destaque. Tudo depende: 1) da natureza dos planetas em conjunção; 2) do "coeficiente de imprecisão' da conjunção. Por exemplo: se dois planetas de polaridades opostas, como Marte e Vênus, estão conjuntos exatamente no mesmo grau, isto indica uma espécie de curto-circuito psicológico. Revela um tipo curioso de centralização em si e de inércia emocional — que podem produzir um tipo acentuado de narcisismo. Mas se estes dois planetas estiverem separados por vários graus, então, enquanto existe um senso peculiar de autoconfiança e com freqüência um tipo de "hermafroditismo" psicológico, isto contribui para o autocontrole emocional do tipo que é encontrado, por exemplo, em ocultistas. No entanto existe sempre a suspeita de um "complexo" escondido em toda conjunção de planetas masculino-femininos; na verdade ele se esconde em toda conjunção, especialmente conjunções múltiplas, ou stellium. Mas muitas vezes é através de "complexos" de algum tipo que se induzem fortes descargas de energia psíquica, talvez sempre seja assim.

Uma conjunção é um símbolo de uma certa tensão que libera atividade — às vezes explosivamente, como no caso de conjunções de Marte e Saturno, Urano e Saturno etc. Ela enfatiza o caráter único do ser particular, ou da atividade particular implícita. Não promove equilíbrio espiritual, mas gera impulso de um ou outro tipo. E uma aglomeração de energia concentrada. Se essa energia será liberada construtiva ou destrutivamente, se chegará a ser liberada, depende da natureza dos planetas e da distância real entre os planetas ditos "em conjunção'.

O aspecto de oposição é o oposto da conjunção e o antídoto para ela. Dois planetas em oposição localizam-se, em termos de longitude zodiacal, em direções exatamente opostas à luz do observador na Terra. Este portanto está, por assim dizer, sujeito a duas trações contrárias. Ele pode vir a ser de fato "dividido" pela oposição. Mas também, se os dois planetas opostos forem considerados dois polos de uma bateria, ele pode ser iluminado pela fagulha que pula de um polo para outro. Isto se dá em especial quando os dois planetas são basicamente de polaridades opostas.

Para compreender oposições é preciso captar plenamente o significado de polaridade. O Ascendente e o Descendente, o Zênite e o Nadir, em todo mapa, são pontos de oposição zodiacal. Consciência, que é percepção integrada, é o resultado dessas oposições básicas. Novamente, tudo depende de o indivíduo ter ou não a capacidade de "reconciliar os opostos", de atraí-los ou ser dividido por eles. No primeiro caso, sua consciência se expandirá e objetivará; no segundo, ele experimentará confusão psicológica e não será capaz de saber que direção tomar. E assim ele vai sentar-se e sofrer, torturado pela dúvida.

Na oposição, testemunhamos a operação mais ou menos simultânea de destaque e contra destaque. Se o aspecto não é exato, estabelece-se um ritmo rápido, que pode levar a uma intensa objetividade de consciência, uma compreensão quase absoluta. Mas se o aspecto é exato ou o nativo tem uma "velocidade de reação" muito lenta, um contra destaque neutraliza um destaque. Isto pode significar nirvana — a absorção do particular no universal —, e diz-se que o Buda atingiu o nirvana na Lua cheia de maio (oposição Sol—Lua). Mas pode também significar desintegração, esquizofrenia e coisas parecidas, daí o significado frequentemente nefasto do eclipse lunar.

Dificilmente se pode dizer que conjunção e oposição criem forma; como vimos, produzem destaque e contra destaque, os fenômenos básicos da vida da personalidade. Os outros aspectos, por assim dizer, distribuirão a ideia de destaque ou ênfase, e portanto transmitirão a ideia de propósito. Haverá destaque ou contra destaque tendendo na direção deste ou daquele propósito. O propósito em si será atendido se os aspectos envolvem a completação da forma poligonal, que é o fundamento do aspecto; o que quer dizer, quando se formam configurações chamadas "grande trígono" e "grande quadratura" — ou os muito raros "grande quintilho" e "grande sextil" —, como veremos adiante.

O que se quer dizer será entendido facilmente se compreendermos que as formas poligonais com as quais habitualmente lidamos em astrologia ou se baseiam no triângulo ou no quadrado. Trígono, sextil, semi-sextil (e quincunce) são essencialmente triangulares; quadratura e semiquadratura (e sesquiquadratura) são quadrangulares. A primeira série geralmente é considerada "feliz"; a segunda "infeliz". Mas uma valoração ética deste tipo, que encontra seu significado pleno na "astrologia horária", fica quase deslocada no tipo de astrologia que estamos estudando mais especificamente. Em seu lugar usaremos uma outra classificação de significados, e diremos que a série triangular lida com os vários estágios da idealização criativa (in-"formação"), enquanto a série quadrangular lida com a insubstanciação de formas.

Estes termos podem soar de modo estranho, mas são bastante simples. O trígono é um aspecto de "visão" e "perspectiva". Refere-se ao surgimento de ideias ou de pontos de vista na fase inicial de um novo plano ou de um novo propósito. A conjunção é ênfase. Quando esta ênfase começa a operar, toma forma de uma ideia, um projeto, um novo interesse no qual a personalidade possa fluir criativamente. Num estágio posterior, o sextil leva o projeto ou a ideia a um ponto em que é visto de fato em operação nas malhas da personalidade. Mais adiante ainda, o semi-sextil mostra a ideia decomposta em seus elementos polares e correlacionada com a rotina da atividade diária.

Se agora considerarmos a série quadrangular, vemos na quadratura o poder que força a idéia abstrata a tornar-se um corpo concreto. É o poder de encarnação, de nascer. Realmente é uma crucificação, do ponto de vista do espírito. Do ponto de vista da substância, significa extrair as pedras da pedreira e construir com elas as paredes perpendiculares do futuro edifício. A nota básica geral é mobilização. A semiquadratura simboliza a primeira percepção do self após ter sido envolto em substância. Pode ser uma constatação muito deprimente, mas pode ser também a primeira constatação do poder, pois o poder precisa de algum tipo de insubstanciação. Portanto a semiquadratura é um aspecto de poder para a alma que entende as leis da vida e do poder. Mas é um aspecto de desespero e de grande solidão para a alma, que lamenta sua "liberdade" espiritual. Se a quadratura significa "mobilização", a semiquadratura tem o significado de "ação", no sentido militar deste termo. O indivíduo está a serviço de propósitos coletivos.

No entanto existe uma outra série de aspectos que também é importante: a do quintilho, semiquintilho e semi-semiquintilho (18°). Esta série lida com a operação do fator individual por si mesmo, e como tal é muito pouco entendida. Baseia-se numa diferenciação quíntupla, e integra, por assim dizer, as duas séries precedentes. Quando dois planetas estão em aspecto de quintilho, vê-se que a relação entre eles libera um certo valor de significado individual. A partir dos quintilhos pode-se determinar, até certo ponto, o caráter do indivíduo. Entre a quadratura (90°) e o sextil (60°), o quintilho (72°) mostra a liberdade criativa do indivíduo para moldar materiais em formas fiéis à ideia que deviam expressar. Ali se encontra o "toque individual" do caráter, que transforma uma ação rotineira num desempenho inspirador e dotado de significado. O semiquintilho refere-se mais particularmente à técnica do desempenho. Sua metade ( 18°) sugere o ponto em que o mero destaque (conjunção) se orienta em direção ao desempenho significativo: os fatores de talento imponderáveis.

O septil é significativo apenas num sentido planetário. Devemos lembrar que ele é a divisão do Grande Ciclo Polar. Através do septil podemos ver, em casos raros, um ofuscamento do propósito planetário — na verdade, a fatalidade em operação, como diz Marc Edmund Jones. Quanto ao um nono, sua importância pode ser revelada numa era em que o número nove está assumindo significado crescente — como fica evidenciado pelo fato de ser o número sagrado do Bahaiísmo, e o número sobre o qual os templos Bahai devem ser fundamentados. Falamos antes do significado do número 40. 0 relacionamento entre dois planetas separados por um ângulo de 40° pode significar nascimento espiritual ou iniciação nos domínios a que os planetas se referem. Significa "nascimento para fora do cativeiro".

Todos esses aspectos foram tomados, por assim dizer, a partir do ponto de conjunção. Mas alguns deles também podem ser tomados a partir da oposição. Isto quer dizer, uma sesquiquadratura (135°) é uma oposição (180°) menos uma semiquadratura (45°). Um quincunce (150°) é uma oposição menos um semi-sextil (30°) etc. Nestes aspectos secundários vemos a operação do "contradestaque". Eles indicam, numa análise sutil, a reação à atividade pessoal: os resíduos de atividade. Também podem referir-se ao "retorno" da atividade à sua fonte: sublimação interna, transmutação espiritual. O assim chamado biquintilho (144°) também pode ser considerado uma oposição menos um semiquintilho (36°). Aqui podem ser vistas em operação as técnicas de introversão criativa. Mas, em termos negativos, isto também pode sugerir certos tipos de obsessões, um "complexo" criando suas alucinações.

Permitam-nos repetir mais uma vez que nenhum aspecto é feliz ou infeliz. Cada um pode ser visto como uma fase positiva ou negativa da personalidade. O que é ainda mais importante: nenhum aspecto isolado tem qualquer significado real a não ser que seja visto como urna parte integral do padrão planetário total. Precisamos analisar primeiro cada aspecto separadamente, para poder obter nossos elementos básicos de constatação sintética. Mas isto é meramente a fase preliminar da aquisição de uma técnica de interpretação. O verdadeiro intérprete lê o padrão planetário como um leitor lê uma palavra ou urna sentença. Só o principiante soletra as letras uma a uma.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

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