A determinação de centros de significado, daquilo que Marc Jones chama determinadores focais, é o primeiro e o mais importante fator na interpretação de uma carta natal, se o objetivo desta interpretação for revelar verdadeiramente a totalidade, o estar vivo, da personalidade — e não ser meramente uma informação fragmentária reunindo pedaços sobre o comportamento de uma pessoa. Não apenas é o fator mais importante, mas também o mais difícil. Cada intérprete individual precisa, mais ou menos, desenvolver sua própria técnica de "determinação focal" — de acordo com o caráter que seu próprio mapa poderá revelar. Além do mais, só aquele que é (relativamente) inteiro pode ter percepções holísticas corretas, e para determinar centros de significado é preciso necessariamente ser também um centro de significado.
No entanto há alguns princípios gerais de "determinação focal" que podem ser formulados, pois são apenas extensões de fatores astrológicos bem conhecidos, nos quais se fundamenta o próprio simbolismo de zodíaco, casas e aspectos. Entendê-los é entender a "forma", ou gestalt - em termos de psicologia moderna; é entender o caráter de "agrupamentos" e de "padrões de comportamento". Tal como a criança não é mais ensinada a soletrar letra após letra, de acordo com novos métodos de aprender a ler, mas em vez disso a reconhecer grupos de letras e estruturas de palavras de uma vez, assim também o astrólogo que procura aprender a sondar a vitalidade da personalidade simbolizada no mapa deveria treinar-se no reconhecimento instantâneo de estruturas planetárias e zodiacais básicas. Tabulação de fatores é útil para conferir resultados e chegar a um grau mais refinado de análise. Mas percepção holística atrai o todo e suas partes para um centro de significado e de vitalidade. Ela revela a "alma" da situação, o poder que anima o todo — a totalidade do todo, a energia espiritual na forma.
A primeira e mais simples determinação do significado total do padrão planetário é feita quando os planetas estão distribuídos de modos específicos pelos quatro quadrantes do mapa, isto é, em relação aos "eixos do self' horizonte e meridiano. Por razões de simplicidade e brevidade enunciaremos, um após o outro, o significado geral (muito geral!) a ser atribuído às configurações básicas que podem ser encontradas.
Todos os planetas acima do horizonte: "O nativo necessariamente vive a vida na vida" ou "encontra o foco de sua própria consciência interna totalmente em eventos externos" (Marc Jones). Uma tendência à extroversão e a adotar uni ponto de vista objetivo — muitas vezes materialista (vide o mapa de Mussolini).
Todos os planetas abaixo do horizonte: "O nativo vive dentro de si mesmo ou em domínios mais subjetivos", ou "encontra o foco de sua própria consciência interna em reações internas" (Marc Jones). Uma tendência para introversão. Um tipo intuitivo.
Todos os planetas a Leste ou a Oeste do meridiano: "O meridiano do zênite divide o universo (toda a experiência) em regiões de elevar (Leste) e assentar (Oeste) coisas. Se todos os planetas estão a leste, o nativo é chamado a fazer sua própria escolha em qualquer assunto, e a criar o assunto à vontade, enquanto no oeste ele precisa aceitar as escolhas e assuntos da vida do modo como lhe são apresentados" (Marc Jones). Este é o quadrante da "volição externa". Geralmente, um domínio exclusivo no leste indica uma tônica do pensar — pois pensamento é o elemento de livre-arbítrio (relativo), enquanto um predomínio exclusivo no oeste indica uma ênfase em sentimentos, pois sentimentos são quase puramente determinados pelo condicionamento externo da relação entre sujeito e sujeito, ou sujeito e objeto.
Além disso, todos os planetas podem ser encontrados num dos quatro quadrantes. Isto é raro, mas produz uma ênfase ainda mais absoluta em uma das quatro funções do self individual; intuição (quadrante norte-leste), sentimento (quadrante norte-oeste), sensação ou relacionamento (quadrante sul-oeste), pensamento (quadrante sul-leste).
Ao considerar tais assuntos é preciso ter em mente duas ideias importantes. A primeira é que não se podem extrair conclusões definidas do fato de não haver planetas numa casa. A ausência de tônica não significa ênfase negativa. A totalidade sempre deve ser entendida como a base de qualquer ser orgânico, portanto está sempre implícita na ausência de qualquer ênfase específica. Esta ausência de ênfase pode significar a realização prévia da qualidade representada pela casa ou pelo signo não enfatizado, ou pode significar um estado virgem de não-diferenciação. Refere-se sempre a um estado inconsciente, mais que a um estado consciente. Mas a saúde é inconsciente até que seja experimentada, pela pessoa doente, como ausência de doença. De modo parecido, a inconsciência pode ser o fator mais evidente da saúde psicológica. Permitam-nos repetir mais uma vez que se pode dizer que Deus, ou Ser Universal, está além de todas as tônicas planetárias, porque cada "grau" da totalidade de ser universal está igualmente acentuado. O homem só tem "planetas" porque é um ser particular. Deus não tem nenhum — é claro que em termos figurativos.
O segundo ponto refere-se ao que Marc Jones chama equilíbrio de peso, um tema que se adapta perfeitamente aos princípios da psicologia da Gestalt, Se nove planetas são encontrados num hemisfério e o décimo no outro, este décimo se destaca poderosamente, à luz da forma. Constitui um padrão em que um planeta, por causa de sua posição, é visto equilibrando nove outros. Ele se torna um fator absolutamente "proeminente", e abala, consideravelmente, a valoração de todos os outros fatores planetários no outro hemisfério. Marc Jones compara este planeta formalmente "isolado" a um dente dolorido que domina toda a consciência. É um tipo de tônica "irracional", que tende a destruir o sentido de totalidade da personalidade. É um fator autocrático ditando sua vontade isolada ao resto do organismo, que por contraste parece rudimentar.
Como ilustração interessante temos o mapa de Mussolini, que mostra um tipo dual de ênfase-forma. Todos os seus planetas estão acima do horizonte. Além disso, Urano está isolado no hemisfério leste — mais precisamente no quadrante sul-leste. A ênfase maciça está no segmento do mapa que trata do relacionamento humano e revela autorrealização por meio de contatos humanos e existência objetiva. Ele é visto aceitando as escolhas e questões da vida como lhe são apresentadas: um homem regido por seu destino objetivo. Mas, enquanto isto é verdade num sentido fundamental, Urano, acentuado como "isolado por posição de casa", indica que há uma liberação poderosa e insistente de fatores inconscientes operando como volição subjetiva (hemisfério leste) e, além disso, que a operação se dá através de um mecanismo de pensar súbito (quadrante sul-leste). Este último fato é corroborado por: 1) uma concentração planetária em signos zodiacais de pensamento concreto (Gêmeos e Virgem) ou de poder de geração vívida de imagens (conjunção Vênus-Júpiter em Câncer, na casa da "visão"); 2) o fato de o Nodo norte da Lua estar na Casa 12, o que implica poder liberado através de meditação ou introspecção subjetiva.
Este último fato e o poder de fatores raciais inconscientes na vida de Mussolini são ainda enfatizados pelo agrupamento de todos os planetas em um trígono exato entre Urano e Netuno (planetas do inconsciente). A configuração total está por assim dizer equilibrada a cada lado da conjunção Júpiter-Vênus, que está em sextil tanto com Urano quanto com Netuno. Entretanto isto pertence a um outro tipo de ênfase da qual trataremos. Agora, ainda precisamos enfatizar a localização de todos os planetas no hemisfério sul. Isto é, a tônica básica de fatores coletivos ou objetivos de forma que, por mais que Urano possa sugerir o trabalho de uma vontade ou de um poder interior autocondicionado, esta vontade é vista em operação apenas em termos de fatores coletivos. Mesmo sua "roda da imaginação" (a liberação de seu caráter) estando localizada abaixo do horizonte, está na segunda casa, referindo-se a herança racial e posses atávicas — um fator coletivo, apesar de se encontrar no âmbito do individual.
Um outro tipo de ênfase se produz pela localização de todos os planetas nos quadrantes básicos do zodíaco.
Todos os planetas entre Aries e Libra (pela ordem dos signos): isto indica que a "responsabilidade principal da vida é espiritual" (Marc Jones) — ou, preferiríamos dizer, refere-se à projeção de ideias e arquétipos na manifestação objetiva. Mussolini é um exemplo surpreendentemente forte deste tipo de ênfase — goste-se ou não do tipo de ideias que ele projetou.
Todos os planetas entre Libra e Aries: isto indica que "a principal responsabilidade da vida é material" (Marc Jones) — ou melhor, refere-se ao desenvolvimento de faculdades que são o resultado de atividade espiritual prévia e a matriz de manifestações futuras.
Todos os planetas em signos de ascensão longa (de Câncer a Capricórnio): "A vida interior é vivida para tornar-se manifesta na vida exterior" (Marc Jones). Este é o período em que o Sol se move para o sul. O que foi ganho durante a outra metade do ano é manifestado objetivamente. A alma torna-se manifestada.
Todos os planetas em signos de ascensão curta (de Capricórnio a Câncer): "A vida interior é vivida para tornar a vida exterior manifesta para si mesma" (Marc Jones). Este é o período em que o Sol se move para o norte, tradicionalmente um período de crescimento espiritual e realizações internas. Os frutos da experiência objetiva são acumulados, e há um processo de maturação interna, o crescimento de significado.
Aqui também se poderia aplicar o princípio da ênfase de um planeta isolado, um planeta numa seção do zodíaco equilibrando todos os outros na seção oposta. Além disso deveríamos acrescentar que, trocando as palavras "todos os planetas" por "maioria dos planetas", ainda se chegaria a um domínio de valores menos forte, mas notável.
Seja considerando o círculo de casas ou de signos zodiacais, o que se faz na verdade é dividi-lo em quadrantes estabelecendo dois eixos perpendiculares. Esta operação está relacionada com a determinação de aspectos de quadratura. Lida com o estabelecimento de uma estrutura de manifestação, o protótipo da qual, é claro, são "as quatro estações do ano". Poder-se-ia tentar a mesma coisa com qualquer dos eixos dados pelo simbolismo astrológico — especialmente com os eixos nodais dos planetas. Vimos previamente que o eixo nodal da Lua poderia ser considerado como o que estabelece uma "linha de destino" entre o passado e o futuro (o carma e o darma) de um indivíduo. Assim o hemisfério contado a partir do Nodo Norte (no sentido anti-horário) refere-se ao poder de desenvolvimento de novas faculdades espirituais, enquanto o hemisfério contado a partir do Nodo Sul se refere à elaboração de tendências passadas.
No mapa de Mussolini, todos os planetas estão no hemisfério contado a partir do Nodo Sul, estabelecendo uma confirmação impressionante — que poderia surpreender a muitos. O ditador italiano é mostrado como fazendo nesta vida o que presumivelmente fez em várias vidas precedentes — ou, em outras palavras, como sendo a última de uma longa linhagem ancestral de figurus semelhantes. Neste sentido, pode-se dizer que ele seja uma réplica da imagem de César, uma reafirmação de uma antiga fórmula racial, que portanto não acrescenta nada de novo, mas é uma culminação de carma racial — de carena individual, também, de acordo com a teoria da reencarnação.
O mesmo procedimento poderia ser adotado considerando todos os eixos nodais dos planetas, mas os resultados requerem uma interpretação sutil demais para ter importância prática. O mapa de Mussolini mais uma vez apresenta possibilidades interessantes de interpretação na linha da análise dos nodos planetários, pois pelo menos cinco de seus planetas estão situados sobre os nodos norte de outros planetas. Isto tenderia a demonstrar que sua personalidade é um padrão desenhado de acordo com um plano interior suprapessoal. Poderíamos chamá-lo um avatar racial, com tremendas forças raciais psíquicas por detrás dele. Isto é sugerido pelo símbolo do grau do Sol.
Um outro tipo de ênfase zodiacal é dado pela distribuição desigual de planetas: 1) em signos de fogo, ar, água e terra; 2) em signos cardinais, fixos e mutáveis. Este é um tipo de ênfase encontrada com muita freqüência na prática astrológica moderna. No entanto parece ter pouco significado, a não ser que a desigualdade de distribuição seja muito grande. Um predomínio muito definido de planetas num tipo de signo zodiacal é necessário para que se possa chegar a conclusões significativas. Precisamos remeter o leitor a nossa análise do significado das categorias zodiacais. Uma ênfase planetária em qualquer categoria demonstrará o significado e o poder daquela categoria na vida do nativo.
Até agora estudamos estruturas planetárias que são determinadas com relação: 1) ao circulo de casas; 2) ao circulo de signos zodiacais. O primeiro refere-se basicamente ao caráter e ao destino do indivíduo; o segundo aos fatores coletivos de seu ser. Considerando o "padrão de aspectos" formado pelos planetas, temos um outro tipo de caracterização de forma, que se refere em grande parte à personalidade em si. Aquilo com que estamos lidando agora é uma extensão do princípio de "aspecto". O que se segue são aspectos que envolvem diversos planetas, em outras palavras, agrupamentos planetários. Seguem-se seus nomes e descrições sucintas:
Stellium. É uma conjunção múltipla; uma tônica complexa, que envolve mais de dois planetas localizados numa área pequena. Existe o stellium de casa, quando muitos planetas (no mínimo quatro ou cinco) se encontram em uma casa; stellium de signo, quando o mesmo número de planetas está localizado num signo, ou na metade de um signo. Aqui, tal como na conjunção simples, muito dependerá de quais são os planetas e a que distância estão um do outro. O resultado frequentemente é confusão e envolvimento pessoal com as qualidades representadas pela casa ou pelo signo. As tônicas planetárias se mesclam umas 'As outras. O que se destaca é a qualidade representada pela casa ou signo, mais que a atividade simbolizada pelos diversos planetas.
Haste de leque. Este tipo de oposição ampliada acontece quando um planeta isolado se opõe a um stellium, isto é, quando um planeta, sozinho num hemisfério, faz oposição a todos os outros planetas no hemisfério oposto. De acordo com Marc Jones, "o planeta isolado contribui com o stellium e devolve a ênfase ao hemisfério que contém os outros planetas. A tônica do stellium se torna uma carga interna ou psicológica de manifestação. Indica uma alma com um problema-mais-que-físico", O significado do signo enfatizado (mais que a casa) torna-se o fator preponderante. O século XX começou com um stellium dos mais característicos, opondo Netuno a todos os demais planetas (então conhecidos). Para ampliar o significado dessa configuração, ela se equilibrava exatamente no eixo dos nodos lunares. Colocar Plutão no mapa diminui o unidirecionamento da configuração, pois este planeta estava perto de Netuno. Mas como Netuno e Plutão se referem a fatores universalistas e como a configuração é bastante impressionante, ainda pode ser considerada com proveito um leque, de haste dupla!
Grande trígono. Neste e nos aspectos múltiplos seguintes somos confrontados com a manifestação perfeita de aspectos isolados. Vimos que o trígono era produzido pela inscrição de um triângulo equilátero na circunferência; uma quadratura, pela inscrição de um quadrado etc. Agora consideramos configurações nas quais um planeta (ou vários planetas) se encontra localizado em cada um dos ângulos do polígono inscrito.
Assim, um grande trígono é uma figura em que três planetas estão relacionados por ângulos de 120°. Alguns astrólogos consideraram uma configuração deste tipo muito favorável, outros desfavorável. Que ela devesse ser condenada como desfavorável, quando o trígono é sempre tomado pelo mais harmonioso dos aspectos, não parece muito lógico. Mas existe alguma verdade nesta afirmação quando somos confrontados com uma formação triangular exata, pois, quando algumas das atividades mais importantes da personalidade se relacionam simbolicamente desse modo, estão tão bem equilibradas ou "estruturadas", que há muito pouco incentivo para expressão externa ou criação. Portanto, o Grande Trígono, especialmente quando numa formação muito exata, é um símbolo de inércia espiritual, ao menos relativa. Se, no entanto, um dos planetas (ou grupo de planetas) que participa dessa configuração forma quadratura com um outro planeta, então esta quadratura atua como um "canal de liberação" das energias presas no Grande Trígono.
Em geral o Grande Trígono produz ênfase numa das quatro qualidades zodiacais (fogo, ar, água, terra), pois normalmente une três signos que se referem à mesma qualidade. Mas isto não precisa ser assim, se os planetas estiverem próximos das cúspides. Por isso não se pode afirmar que o Grande Trígono tenha qualquer significado particular por causa disto. Se ele une, digamos, três signos de fogo, então fica implícito que a qualidade "fogo" ("movimento em direção à expressão objetiva" ou "emanação') está completamente estruturado dentro do ser do nativo.
Grande Cruz (ou Cruz Cósmica). Esta configuração é estabelecida por quatro planetas (ou grupos de planetas) em relacionamentos mútuos de 90°. Ela deve ser considerada como estabelecendo o "cubo perfeito" ou "pedra perfeita" do conhecimento maçônico. Simboliza a incorporação total da ideia, ou propósito, ou self, em outras palavras, realização na existência concreta e objetiva. Num sentido negativo, o que significa é cristalização e escravidão espiritual à matéria.
O modo mais comum em que a múltipla quadratura é encontrada é a configuração T. O quadrado não está completo. Em vez de uma cruz de quatro braços, ternos um Tau egípcio, ou, por extensão, uma cruz incompleta — que, é claro, é o hieróglifo de um ser humano com os braços abertos horizontalmente. Numa carta de nascimento que tenha essa configuração, há uma casa (signo) vazia ali onde deveria estar a cabeça do homem. O que isto indica é o máximo de liberação de espírito ou propósito em direção à existência material. Esta é uma configuração altamente dinâmica. Os três braços da cruz colocam ênfase dinâmica na casa vazia, que muitas vezes está, por assim dizer, ocupada por um redemoinho. Na fase de existência individual e destino, representada pela casa vazia, o nativo geralmente se vê indefeso, torturado por conflitos tempestuosos. Só o ego muito forte e consciente é capaz de dominar uma liberação de poder tão dissonante. Se ele o fizer, então uma quantidade incrível de energia criativa será sua.
A perfeição de formações poligonais mais complexas, como o quintilho e o sextil, é um fenômeno raro. Mas às vezes três planetas estão inter-relacionados por aspectos de quintilho — ou melhor, três deles constituem dois quintilhos, e os dois externos se relacionam por aspecto de triquintilho (216°) — uma ligação muito criativa entre os três tipos de atividade simbolizados pelos planetas. Esta ligação sugere que o que está sendo criado é uma faculdade espiritual, que muito provavelmente pode não estar evidente na vida externa.
Uma formação hexagonal completa (grande sextil) é ainda mais rara, mas muitas vezes três planetas estão relacionados por sextil — os mais externos constituindo um trígono dividido igualmente pelo planeta do meio. Isto é o que se vê tão claramente no mapa de Mussolini, com a ênfase acentuada pelo fato de todos os planetas estarem localizados dentro do trígono de Urano e Netuno (dividido pela conjunção Vênus-Júpiter). Esta configuração em especial tende a mostrar que a personalidade inteira é uma "formação do inconsciente da raça", governada pelo consciente. A conjunção Vênus-Júpiter no centro da configuração indica o ponto de emergência do poder formativo do inconsciente coletivo em termos de consciência. Estando na nona casa, este poder não só é estruturante como expansivo. A conjunção Júpiter-Vênus mostra que este poder é de ordem idealista. Estando em Câncer, o ideal projetar-se-á em esboços claramente imaginados. Júpiter está situado num grau (19° de Câncer) que simboliza "o equilíbrio interno de valores pelos processos inconscientes da natureza, tomando o melhor do antigo para inspiração do novo" (Marc Jones).
Uma configuração hexagonal completa ocorreu em 15 de junho de 1935, com Urano em Touro; Mercúrio, Sol e Plutão em Câncer; Vênus e Netuno em Virgem; Júpiter em Escorpião; Lua em Capricórnio e Saturno em Peixes — ligando todos os signos "femininos" do zodíaco. Esta foi uma configuração altamente produtiva para o trabalho e especialmente para o planejamento detalhado, em termos de atividade prática sustentada. Crianças nascidas nesta época deveriam mostrar habilidade em organizar — especialmente porque a quadratura entre Sol e Marte ao mesmo tempo está liberando o poder, que, de outro modo, poderia ter ficado numa condição estática de autossatisfação e autoindulgência estética.
Uma configuração do mesmo tipo é aquela em que quatro planetas constituem alternadamente sextis e trígonos. Forma-se um retângulo, cujas proporções geométricas sugerem um significado místico. No mapa da época de um dos maiores pintores vivos, Urano em 8° de Virgem, Lua em 6° de Escorpião, Júpiter em 4° de Peixes e Netuno em 12° de Touro constituem uma configuração desse tipo. Urano está em sextil com a Lua e em trígono com Netuno, que está em sextil com Júpiter e em trígono com a Lua. Esta é uma combinação interessante de trígonos, sextis — e, é claro, duas oposições. Um bom símbolo de "misticismo prático". Esta pessoa foi uma força de sustentação notável para seu marido, tanto de modo interno como também externo, combinando consciência espiritual, produtividade externa e planejamento intencional.
Em todos esses padrões planetários definidos, podemos sempre suspeitar da existência de problemas igualmente definidos na esfera da personalidade. Ou estes problemas são a manifestação de complexos psicológicos que tendem a tornar a personalidade "diferente" e muitas vezes socialmente inadaptada, ou então a personalidade carrega um fardo de responsabilidade suprapessoal (planetária) exigindo uma focalização estrita e uma particularização de ponto de vista. O mapa de Mussolini é o mais típico deste último caso que encontramos. É um mapa superfocalizado. O homem está vivo apenas para servir a um propósito racial e morrerá por esse propósito.
Por outro lado, um mapa que não tenha nenhum destaque evidente pode significar ou uma personalidade fragmentada ou um ser cujo destino é o de ligar, harmonizar e ser um símbolo da totalidade de ser. Esta, é claro, é a marca do verdadeiro indivíduo — um que se aproxima da igualdade ao Indivíduo perfeito que é Deus, o Ser todo-tonificado por igual. Um Mussolini não é um indivíduo, mas um propósito racial transformado em personalidade. É um ser muito, particularizado ou especializado: o homem de um trabalho coletivo. Isto fica claro em todos os fatores possíveis de sua carta, mesmo quanto à posição do Nodo Sul (ponto do carma) na sexta casa (de serviço, trabalho e submissão a ideais ou personalidade), e num grau de "capitalização real sobre tradição e valores estabelecidos" (A mulher de Samaria vem pegar água na fonte de Jacó).
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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.
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