Os signos, como vimos no capítulo sobre eles, formam trios que partilham o mesmo elemento.
Cada um desses signos é chamado de triplicidade.
Então, a triplicidade do fogo é composta pelos signos de Aries, Leão e Sagitário.
A triplicidade do ar são os signos de Gêmeos, Libra e Aquário. A triplicidade da água são Câncer, Escorpião e Peixes.
A triplicidade da terra são os signos de Touro, Virgem e Capricórnio.
Há duas tabelas de regentes da triplicidade, uma com dois regentes (um diurno e outro noturno), outra com três regentes (um diurno, um noturno e outro participante).
Alguns autores sustentam que o sistema de três regentes é mais antigo que o regente de duas triplicidades (que seria uma degeneração), o que parece não se sustentar. Ptolomeu e Paulo de Alexandria já mencionavam o sistema de dois regentes; o que pode ter acontecido é que ambos os sistemas conviviam, cada um sendo usado num tipo diferente de aplicações, como muitos autores ainda hoje fazem.
Na minha experiência, o sistema de dois regentes funciona bem e parece mais conforme aos princípios básicos da arte; de qualquer forma, ele parece ter sido mais usado durante a maior parte da astrologia ocidental, então vai ser o que vou explicar com mais detalhes.
Uma relação entre as faculdades da alma que os planetas simbolizam e como cada elemento se manifesta pode tornar essa tabela menos estranha ao leitor.
O fogo é ação, atividade. A ação vem da vontade (Sol); Júpiter (o intelecto passivo, o entendimento sem esforço das coisas) é o que a alimenta.
O ar é o pensamento, que surge do interesse em inteligir (Saturno, o intelecto agente) e é alimentado pela estimativa, pela capacidade de cálculo, de classificação (Mercúrio)
A terra é a manutenção do mundo físico, é a materialidade, a permanência. Ela, propriamente, não age, mas suporta, mantém — coisa que só fazemos quando gostamos (Vênus, o apetite concupiscível) e só gostamos do que absorvemos, do que temos, ao menos em alguma medida, na alma (a Lua é o sentido comum, a "fantasia" no sentido grego, a capacidade da alma que absorve os dados brutos do exterior e os organiza na memória e para a imaginação e as outras faculdades).
A água simboliza os desejos, que seguimos usando o apetite irascível, Marte.
Essa relação sublinha outra: a cólera (fogo) e a fleuma (água) são dois modos opostos de impulsionar a ação, enquanto o ar e a terra são dois modos opostos de reagir ao mundo externo.
Eu usava um esquema para me ajudar a memorizar a tabela, quando comecei a estudar as dignidades.
Ele não é explicativo, é apenas um arranjo para facilitar a lembrança das relações, mas pode ser útil ao leitor:
Triplicidades ativas (quentes):
Regente diurno do fogo: planeta que tem duas dignidades maiores no elemento, o Sol (domicílio em Leão, exaltação em Aries).
O regente noturno do fogo é o regente do domicilio do signo restante (Sagitário), Júpiter; o regente noturno do ar é o regente do domicílio do signo restante (Gêmeos), Mercúrio.
Triplicidades passivas (frias):
Não há nenhum planeta com duas dignidades maiores na terra, então usamos o regente do primeiro signo como regente diurno, Vênus. Os regentes de domicílio dos outros signos (Mercúrio, Virgem, e Saturno, Capricórnio) já foram usados, então como regente noturno vou usar o planeta com exaltação no primeiro signo, a Lua.
Sobrou Marte e a triplicidade da água.
Esse esquema tem outra vantagem: por ser trabalhoso, nos lembra que é preciso decorar os regentes.
A significação da dignidade de triplicidade é bastante bem entendida quando pensamos que o planeta está no próprio elemento. Ele está à vontade, bem, mas sem poder para fazer muita coisa.
As dignidades são cumulativas, porque não são simplesmente a mesma coisa com variações de intensidade, mas são coisas diferentes.
Ler mais aqui: Marcos Monteiro, Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013.
Mas na tabela de dignidades e debilidades essenciais, utilizada por alguns astrólogos, os signos de água tem Vênus como domicílio diurno e Marte como noturno.
ResponderExcluirÉ porquê estás tabelas aos quais você se refere provavelmente são as adotadas por Dorotheus de Sidon, um astrólogo muito famoso e antigo. Pessoas que estudam a astrologia de um ponto de vista mais clássico utiliza esse sistema de triplicidades por Dorotheus de Sidon, onde a vênus rege os signos de água durante o dia e Marte durante a noite.
ExcluirSegundo Dorotheus ainda existiria um terceiro regente pra cada elemento, este regente é chamado de participativo.