A Astrologia tem acompanhado a Humanidade ao longo da sua evolução. Embora bastante debilitada com o advento do racionalismo e do materialismo científico, ela continua hoje, mais do que nunca, a ter um papel ativo no desenvolvimento humano.
A visão clássica
Ao contrário do conceito mais divulgado, a Astrologia não é um conhecimento estático. Como qualquer campo do conhecimento humano, está em constante evolução, adaptando-se às necessidade do ser humano e às correntes de pensamento da época.
A Astrologia começou por ser um conhecimento do foro religioso, místico e iniciático. A sua função era dar ao ser humano uma linguagem que lhe permitisse relacionar-se com as verdades ocultas e metafísica do Universo.
Mais tarde, na era de ouro da Filosofia grega as verdades metafísicas nela contidas são aprofundadas e estruturadas na sua forma atual.
Apesar de tudo, sempre existiu uma vertente mais popular da Astrologia. Para as massas, o seu lado "divinatório" e "preditivo" foi sempre muito enfatizado. Devido à incapacidade de compreensão metafísica do ser humano comum (ainda hoje notável) a prática da Astrologia reduziu-se desde muito cedo a presságios fatalistas e predestinações sinistras. Isto é, como facilmente se compreende, uma tremenda deturpação da sua verdadeira natureza.
Nesta abordagem da Astrologia, o ser humano não era muito importante. O seu objeto de análise eram os momentos (favoráveis ou desfavoráveis) e os acontecimentos mundanos. Predominavam as vertentes Horária e Mundana da Astrologia. Sobre estas, falaremos mais tarde.
A importância do indivíduo
Atualmente, o ser humano é, sem dúvida, considerado o centro do Universo. Muito do pensamento e das ideologias atuais vão centrar-se na importância do indivíduo e do seu bem estar. Este tipo de pensamento, no entanto, não é nenhuma novidade: ele já era tema de discussão das grandes mentes do planeta, milênios antes da nossa era. No entanto, só agora ele chegou às massas.
Esta perspectiva de centragem no ser humano modificou grandemente as artes e ciências. A Astrologia não é excepção. Com o aparecimento da Psicologia e das Ciências Sociais, na viragem do sec. XIX, vão surgir na Astrologia movimentos ideológicos que apelam para o seu uso como "ferramenta de auto conhecimento". Adapta-se, então, a linguagem psicológica à Astrologia, e surge uma excelente ferramenta de aconselhamento.
Esta perspectiva vai influenciar e determinar todas as linhas de desenvolvimento da Astrologia no Sec. XX. Desenvolvem-se as linhas Humanista e Psicológica.
A Astrologia Natal, que estuda o horóscopo individual, torna-se a forma mais praticada, relegando para uma posição mais secundária outras linhas, como a Mundana e a Horária.
A Espiritualidade e o "New Age"
Nos anos 60, há um florescer de toda uma cultura pró-espiritual que surge de uma "migração" de conhecimento oriental para o Ocidente. Começa a falar-se de temas como reencarnação, karma, meditação, Yoga.
Este influxo de novas ideias vai afetar também a Astrologia. Enfatiza-se a Astrologia "kármica" e a Astrologia Espiritual ou Esotérica começa a dar os primeiros passos.
No entanto, há que realçar que a maior parte das bases espirituais da Astrologia foram perdidas ou esquecidas à 1500 anos atrás. Todos os atuais conceitos esotéricos foram reconstruídos recentemente. São ainda um pálido reflexo da verdadeira essência desta arte. As ilações que se fazem atualmente são muitas vezes "colagens" feitas por indivíduos que, por muito boa vontade que tenham, não possuem um verdadeiro conhecimento esotérico.
O terceiro milênio
Na véspera do Sec. XXI a Astrologia enfrenta grandes desafios e perigos.
A sua crescente popularidade faz com que muitas opiniões baseadas em escassos conhecimentos sejam tomadas por Astrologia séria. Abundam os chamados "astrólogos de fast-food" que, baseando-se em "receitas" e interpretações computorizadas, apenas contribuem para o simplismo e deturpação de verdades muito profundas. Além disso a moda das terapias alternativas fez surgir nesta classe uma série de pseudo-terapeutas mal preparados cuja prática põe em perigo os seus pacientes.
Urge na atualidade tornar a Astrologia num corpo coeso de conhecimentos, evitando a sua degradação. Felizmente, paralelamente à degradação, existem movimentos de recuperação e de estudo sério desta arte. A atual crise do materialismo científico, provocado pelo aparecimento da "visão quântica" e da relatividade, fez com que a necessidade de "explicação cientifica" que prendia muito do avanço da Astrologia Moderna esteja a diminuir.
Vamos ver, então, o que o "futuro nos reserva".
Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.
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