segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Plutão na Casa 4, por Puigross

A cruz cardeal é a mais dinâmica do zodíaco e a casa quatro é a base dessa cruz, assim como a base de todo o tema e, por definição, a base, os alicerces, do indivíduo representado pelo horóscopo.

Trata-se do atávico, das raízes do ser, daquilo que liga o indivíduo com seu passado; é o código genético herdado de seus pais, sua árvore genealógica. É a meianoite do mapa, a obscura origem de tudo aquilo que uma pessoa é; em suma, para defini-lo de alguma maneira, constitui a alma do indivíduo.

Esse setor, entendido como base, nos indica a estabilidade -ou a instabilidade do indivíduo. Os fundamentos internos de seu caráter e as energias ocultas que nele operam.

Não deixa de ser interessante o fato de que essa casa, cujo simbolismo é análogo ao de Câncer - as águas nas quais tem origem a vida -, assinale tradicionalmente "a última parte da vida", como pode ser lido na maioria dos manuais de astrologia. Talvez a explicação resida na dificuldade de desvelar os mitos que compõem a herança do indivíduo e que, psicologicamente, o vinculam a seu passado. Desse modo, somente quando toma plena consciência de sua realidade individualizada - sua realidade solar -, a pessoa tem condições de tornar objetivo o que nela é subjetivo - isto é, sua realidade lunar. A Lua é regente natural de Câncer e da casa quatro e, quando essa tomada de consciência tem lugar, a pessoa costuma, em geral, já ser idosa.

Entre suas características, Plutão apresenta também a de fazer aflorar aquilo que está oculto e, quando se situa nesse setor, incrementa ao máximo a busca do conhecimento interno.

A vida interior é enfatizada e a intensidade do planeta age sobre a sensibilidade, característica de Câncer e desse setor, elevando-a de modo acentuado; em muitas ocasiões esse fato se traduz no desenvolvimento, controlado ou não, de habilidades mediúnicas, clarividência, adivinhação e outras condutas próprias das pessoas sensitivas.

Essa habilidade para penetrar na mente inconsciente gera, por outro lado, intensas crises emocionais e uma forte instabilidade, que se traduz geralmente numa busca, às vezes compulsiva, de paz emocional. Desejo de ter um lar cheio de amor e de segurança, no qual seja possível descansar, regenerar-se e exercer controle sobre todas as coisas ao redor.

Nessa casa, Plutão indica que a sensibilidade, os sentimentos e os vínculos com o ancestral - o herdado, o conceito de "onde viemos" - constituem aquilo que deve ser reorientado. Plutão facilita essa tarefa regeneradora e, caso esta não ocorra, nos nega, no local em que está situado, aquilo que mais desejamos.

Plutão leva a uma modificação do conceito tradicional de lar: os limites da família logo se tornam acanhados, o "lar" pode ser encontrado em qualquer lugar e a "família", junto a qualquer pessoa ou em qualquer ambiente.

O conceito de nutrição e o de mãe são inerentes ao significado de Câncer e da casa quatro; a este respeito, Plutão pode assinalar uma forte dependência em relação aos pais e, de modo especial, em relação à mãe. Com referência a isso, diz Liz Greene: "Parece, com freqüência, que o vínculo seja estabelecido com sua mãe, mas, por trás desta, se esconde a Grande Mãe". Greene se refere ao mundo, à Terra, e lhe dá o nome de corpo da mãe. Novamente aparece o laço de união com o ancestral, com a origem, com o nosso passado. E Plutão na casa quatro obriga a estabelecer esse contato.

Em outra ordem de coisas, Plutão na casa quatro pode indicar significativas tensões no âmbito familiar, prematura separação da família e desagregação, real ou simbólica, desta última. Mudanças de residência. Destruição do lar por causas naturais.

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