Saturno é um planeta-limite. Assinala a fronteira entre aquilo que é mais puramente pessoal e uma espécie de consciência mais geral, ampla e impessoal.
Todos os planetas situados adiante de Saturno estão relacionados com. uma classe de experiências, processos e desenvolvimentos gerais, coletivos e geracionais, diante dos quais todos emitimos uma resposta personalizada através dos planetas pessoais, de Sol a Saturno, e dos aspectos destes com os transpessoais, Urano, Netuno e Plutão.
Enquanto mantemos um tipo de consciência egotista, centrada nos limites de nós mesmos, esses planetas não nos afetam individualmente e só o fazem através das respostas que damos aos grandes acontecimentos coletivos. Em outras palavras, a posição por signo de Plutão assinala o tipo de experiência geral de toda a humanidade que se está desenvolvendo nesse momento, mas não indica, de modo algum, a resposta que damos a essa influência.
As diversas posições por signo de Plutão assinalam as diferentes experiências de uma geração para outra. E as diferentes respostas entre os membros de uma mesma geração são dadas através de sua posição por casa e dos aspectos com os planetas pessoais.
É necessário levar em consideração tal coisa quando se tem a intenção de decifrar as influências de Plutão em cada signo.
Plutão, o planeta mais distante do sistema solar, simboliza o poder de criar e destruir, o poder radical nas raízes da vida - onde criação e destruição constituem as duas faces do mesmo processo -, a primeira divisão entre matéria e energia, a primeira semente, a primeira nota, o primeiro tom. Sua posição por signo assinala a experiência histórica, a fase de civilização e as provas por que cada grupo deve passar com o planeta no mesmo signo.
Enquanto Plutão assinala o propósito para cada época, Netuno e Urano desenvolvem e matizam essa semente. Tais influências trabalham de forma oculta, afetam o inconsciente coletivo das gerações e, no momento propício, emergem do lado invisível da vida para a transformação e regeneração de todo um segmento da sociedade, quando não da totalidade dessa sociedade.
Recapitular, selecionar e sintetizar as influências e os efeitos mais ou menos visíveis de um planeta geracional durante um período médio de vinte anos e em todo o mundo constitui, por definição, uma tarefa impossível.
É muito difícil dispor de toda a informação e estar capacitado para ser um especialista em todos os temas de uma só vez. Analisar toda uma geração leva inevitavelmente a generalizar e, dessa maneira, torna-se irresistível a tendência a encaixar todas as peças. Tende-se a ver tudo a partir de uma única perspectiva e se interpretam os fatos e as idéias da maneira que mais convém à tese inicial, procedimento que conduz, de modo inelutável, à inexatidão e ao erro.
Quanto mais amplo, mais profundo e mais duradouro é o efeito de um planeta, menos se pode falar dele; no caso de Plutão, o planeta até agora mais misterioso, tal idéia é enfatizada ao máximo.
É difícil a análise dos planetas lentos em relação aos signos. É necessário entendê-los como grandes movimentos, etapas e direções que a humanidade toma como um todo. A partir do momento em que se procura concretizar, vê-lo do ponto de vista de uma situação mais restrita ou mais localizada, é preciso agir com extremo cuidado e não esquecer o propósito geral que subjaz a qualquer resposta ou manifestação pormenorizada de determinado segmento da sociedade num momento específico de sua transformação cronológica particular. A reação ao efeito de Plutão em Leão não é a mesma, por exemplo, nos americanos dos anos quarenta até meados dos cinqüenta - reação que produziu uma série de movimentos de liberação pessoal, de repúdio ao "american way of life", nos anos sessenta (quando essa geração chegou à maioridade) - e em outros lugares do planeta, que apresentam diferenças genéticas, de tradição, de sistema social, ou ainda possibilidades econômicas diversas que permitam concluir aquilo que o trânsito de um planeta por um signo significa.
Na Espanha, sem que se vá mais longe, as seqüelas da guerra, a pobreza e um regime pouco permissivo frustraram a maioria das pessoas. A libertação aludida foi adiada para mais tarde, quando as circunstâncias o permitiram, e, nessa época, Plutão já não estava no signo de Leão. Chegou-se tarde e se fez o que foi possível; algumas pessoas que tentaram chegar à libertação no momento anterior precisaram pagar um preço exageradamente alto por isso.
Para decifrar a possível manifestação de Plutão em diferentes lugares ou países, é necessário dispor do tema astral da nação em questão e interpretá-lo à luz de sua situação social atual; disso se ocupa a chamada astrologia mundial ou política.
No entanto, é certo que Plutão em cada signo marca uma tendência distinta, uma fase específica no total do ciclo de desenvolvimento, e que, em cada época, nascem pessoas que, em sua vida e em suas obras, simbolizam, de modo completo, as propriedades do planeta no signo.
Essas pessoas, no entanto, representam uma minoria; as restantes se limitam a seguir, de forma retardada e limitada, os princípios que elas exemplificaram. Por essa razão, é difícil concretizar situações, idéias e pessoas, e muito mais fácil - e talvez mais correto e menos sujeito a erro - manter-se dentro de um discurso mais abstrato, centrado em princípios básicos, sem afastar-se exageradamente do simbolismo mais genuíno de cada signo.
Portanto, fica a cargo do conhecimento e da habilidade do astrólogo a tarefa de dar forma concreta a cada situação pessoal particular, uma vez que esse profissional dispõe da informação necessária: o tema astral da pessoa a ser analisada e sua circunstância pessoal e social.
Diz-se que um planeta não afeta uma pessoa até que esta não vibre na mesma freqüência desse planeta, até que não atinja determinada evolução semelhante à evolução simbolizada por ele. Quando um novo planeta é descoberto, tal fato significa que uma grande parte das pessoas chegou a sintonizar com sua freqüência vibratória, isto é, atingiu um nível determinado dentro do processo evolutivo.
Plutão só foi descoberto em 1930, no signo de Câncer. Portanto, faz pouco mais de cinqüenta anos, tempo insuficiente para decifrar com precisão a totalidade das complexas influências de um planeta cujo ciclo abrange quase 250 anos. Dever-se-á esperar todo esse tempo para saber, pela experiência, o que esse planeta oferece numa revolução completa. Na verdade, nossa experiência não abrange mais que quatro signos - de Câncer a Libra - e toda a chave interpretativa parte do efeito de Plutão nesses signos. Sua situação em Áries, Touro e Gêmeos, antes de manifestar-se objetivamente, se configura como gênese dos efeitos posteriores e, como ainda existem pessoas com o planeta em Touro e Gêmeos, é certo que isso não passa de história-ficção e que é possível "demonstrar" qualquer coisa, assim como o seu contrário.
Faz pouco tempo que Plutão entrou em Escorpião, seu signo regente, e devem ser esperadas grandes mudanças, que afetarão toda a humanidade.
Em função disso, Escorpião é o último signo sobre o qual é possível aventar uma hipótese. Ultrapassá-lo constituiria astrologia-ficção, e seria negada a tese latente neste livro segundo a qual o homem é livre para decidir seu futuro, seja qual for a prova a que é submetido. Por esse motivo, não incluímos aqui uma teórica interpretação de Plutão em Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário