Plutão representa a conexão do último conhecido com os primeiros níveis do cognoscível e, antes que se ultrapasse a "porta" que conduz a outro reino, e necessário defrontar-se com o guardião, com o cão Cérbero, o cachorro de três cabeças, a parte animalizada do ser. E isso ocorre da seguinte maneira: a parte positiva do homem não se manifesta até o momento em que este aprenda a refinar sua parte negativa; mas, se o homem entra no confronto sem estar preparado, sucumbe ao animal que traz dentro de si.
Uma vez que esteja em vigência essa prova, é preciso aproveitá-la: é-se aprovado ou não, mas não existe possibilidade de repetição. Ou se atinge outro nível ou o cão devora o homem.
Plutão liga uma realidade a outra distinta, constituindo uma porta que, pelo menos uma vez na vida, todos temos oportunidade de ultrapassar. O que existe para além dela é difícil de saber - e muito mais difícil ainda de concretizar ou de explicar por meio de palavras -, mas, na própria porta, no momento de atravessar o umbral, esse fio da navalha entre dois mundos é pura consciência, um fragmento de segundo de plenitude, de totalidade, pelo qual vale a pena enfrentar o temível guardião.
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