O principal aspecto a ter em conta é o facto de este modelo descrever o Universo segundo parâmetros astrológicos, pelo que difere substancialmente dos modelos científicos correntes.
Esta representação expressa a realidade objectiva do Sistema Solar e enfatiza a natureza concreta e física dos planetas. Apesar de correcta, esta perspectiva não expressa um ponto de vista adequado ao estudo da Astrologia.
A realidade astrológica
Em Astrologia, a base de observação é a própria Terra. Todo o conhecimento astrológico está construído em função da realidade observável a partir do nosso planeta. Assim, os planetas são representados tal como são vistos por um observador terrestre. Para este, os astros parecem movimentar-se ao redor da Terra e não ao redor do Sol. Compreende-se assim que, no que diz respeito a simbolismo e interpretação, a Astrologia tome como ponto central a Terra (perspectiva geocêntrica) e não o Sol (perspectiva heliocêntrica).
Não se trata aqui de escolher um dos modelos em detrimento do outro, mas de compreender que ambos representam a mesma realidade, mas a partir de perspectivas diferentes — o modelo heliocêntrico mostra o Sistema Solar no seu todo e o modelo geocêntrico mostra o céu tal como é visto a partir da Terra. A questão é escolher o modelo adequado ao objectivo que se tem em vista. Quando o objectivo é estudar Astrologia, que observa os astros a partir do ponto de vista terrestre, há que adoptar o modelo geocêntrico.
O modelo das esferas celestes
O universo astrológico está admiravelmente retratado no modelo ptolemaico (também designado modelo das esferas celestes), de onde foram retirados a maior parte dos significados e "comportamentos" astrológicos dos planetas.
Neste modelo a Terra está situada no centro do Universo; é o ponto de maior materialidade. Ao seu redor agrupam-se de forma concêntrica as sete esferas dos planetas (incluindo o Sol e a Lua), bem como a esfera das estrelas fixas e a do Zodíaco. Para além das esferas, diz a Tradição, situam-se os reinos divinos, que transcendem a própria Astrologia, constituindo-se como tema de estudo da Teologia.
A nona esfera, a que está mais distante da Terra, tem a designação de Primum Mobile. É assim chamada porque é nela que se gera o movimento primário, a rotação aparente dos céus de Este para Oeste, ao longo de 24 horas. O movimento primário é o mais poderoso e importante de todos os movimentos celestes: movimenta as estrelas, o Sol, a Lua e os planetas ao redor da Terra; marca desta forma a passagem dos dias e confere aos planetas o seu poder de actuação, pois estabelece quando se erguem, culminam e põem. É também nesta esfera que está representado o Zodíaco — a base da interpretação astrológica.
Logo abaixo temos a oitava esfera, a das Estrelas Fixas, que constitui o pano-de-fundo de estrelas que se observa no céu nocturno. Esta esfera, também denominada firmamento, representa o céu "imutável" das estrelas e constelações, com todo o seu poder e simbolismo.
Sabemos hoje que o céu não é imutável nem perfeito, e que, além disso, é constituído pelos mesmos componentes que a Terra. No entanto, para o observador terrestre, é assim que a esfera celeste é percepcionada: perfeita, imutável e grandiosa.
Do ponto de vista astrológico estas premissas mantêm-se: tudo o que é terrestre está sujeito à mudança, e eventualmente conhecerá a corrupção e o decaimento. Estas mudanças, contudo, não ocorrem de forma aleatória, mas segundo um ritmo ditado pelo movimento dos planetas nos céus. Ao movimentarem-se, os planetas agem sobre os quatro elementos da Terra, alterando-os de diferentes formas — e por consequência provocando a mudança na Terra e em tudo o que esta contém, incluindo os seres humanos.
Este é o princípio básico da Astrologia: existe uma correlação entre os movimentos celestes e os eventos na Terra que permite interpretar e antever as mudanças.
Assim, para compreender como os planetas e as estrelas se relacionam com as mudanças na Terra é necessário conhecer as correlações de cada planeta, signo e estrela com os quatro elementos, ou seja, com o mundo terrestre. Esta é a base do estudo astrológico.
Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas - um guia prático da tradição astrológica. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007, pp. 31-6.
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