quinta-feira, 18 de maio de 2017

Ainda sobre os planetas, por Marcos Monteiro

Existem algumas relações interessantes entre os planetas; uma delas é entre Júpiter, o planeta da expansão e da abundância, e Saturno, o planeta da contração e da escassez. Eles indicam princípios opostos; além disso, a virtude de um é remédio contra o pecado do outro. Sua lenta dança no céu serve de marcador para eventos em escalas grandes de tempo.

Outro planeta oposto a Júpiter é Mercúrio. Enquanto Júpiter significa ação grandiosa, expansão, grande, Mercúrio é fazer pequeno, articulação. Júpiter é o planeta sanguíneo, quente e úmido, ele significa conexão, umidade, enquanto Mercúrio é o planeta da troca sem conexão real.

Saturno, como o planeta da morte, do fim, dos limites, é oposto naturalmente ao casal real, o Sol, senhor da vida (o orgulho real não respeita limites), e a Lua, a mãe (a água lava e borra os limites).

Marte e Vênus simbolizam, como eu disse anteriormente, duas tendências opostas, o amor (no sentido de que o ímã ama o ferro, a atração) e o ódio (no sentido de que a água odeia o óleo; repulsão). É a repetição da relação entre Júpiter e Saturno, só que num nível menos geral.

Além das classificações em masculinos e femininos, noturnos e diurnos, os planetas são classificados em benéficos, maléficos, e neutros.

Saturno é o grande maléfico, Marte, o pequeno maléfico. Júpiter é o grande benéfico, Vênus a pequena benéfica.

Os outros são neutros: Mercúrio é maléfico nos textos médicos, alguns autores consideram a Lua é benéfica quando crescente e maléfica quando minguante, e o Sol é benéfico em trígono e sextil, e maléfico em quadratura, oposição ou conjunção.

Essa classificação é imprecisa.

Vamos ver mais à frente, que os planetas se comportam bem ou mal de acordo com o signo em que estão; mas, considerando que eles estejam todos se comportando como deveriam, é fácil ver que os maléficos são os que simbolizam qualidades desagradáveis.

Ninguém gosta da ideia da morte, mas ela é necessária. Da mesma forma, a separação é necessária à vida, o filhote não pode ficar sempre com a mãe.

Falando em qualidades humanas, disciplina, perseverança, sobriedade, temperança, coragem, valor, resistência ao inimigo são virtudes que exigem esforço, podem causar dor. São boas, mas não são agradáveis.

Por outro lado, as coisas significadas por Júpiter e Vênus podem ser ruins. Açúcar demais, comida demais, gordura, sexo, diversão em excesso, essas coisas são sempre agradáveis, mas podem matar.

O simbolismo astrológico deriva da cosmovisão cristã: para o cristão, nada criado é mau ou ruim, porque Deus, Bem infinito, criou todas as coisas. O mal é o uso errado ou abusivo de coisas boas. Vamos ver melhor as implicações disso à frente.



Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, p. 121-2.

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