sábado, 10 de junho de 2017

A História da Astrologia Tradicional em Poucas Páginas (5), por Benjamin Dykes

O declínio da astrologia (século 17 dC - século XVIII)

Havia muitas razões para o declínio da astrologia perto do final do século XVII. Mas mas essas razões não são os motivos reais pelos quais normalmente somos informados. A visão usual é que a astrologia fazia previsões ruins e acabou sendo superada pela chegada gloriosa da ciência moderna (especialmente na astronomia e nas disciplinas associadas à medicina). É fácil mostrar que essa não é a verdade, através de dois fatos bem simples de se entender. Em primeiro lugar, as pessoas nos círculos religiosos e econômicos rotineiramente faziam predições falsas e tinham disputas entre si, e ainda assim essas áreas se desenvolveram muito bem. Segundo, muitos astrólogos eram cientistas, e alguns esperavam usar a física newtoniana (com sua "ação à distância") para apoiar a astrologia. Não havia unanimidade sobre astrologia entre cientistas.

Gostaria de propor as seguintes razões para o declínio da astrologia, todas essas estavam em jogo naquele tempo.


  1. O vocabulário astrológico combinava cada vez menos com as opiniões das pessoas educadas sobre o mundo: por exemplo, não existe uma categoria científica ou acadêmica que possa dar sentido a uma "casa" astrológica ou a uma "regência". A natureza simbólica da astrologia dificultou a compreensão das pessoas, e os astrólogos em si mesmos muitas vezes jogavam o velho vocabulário em uma tentativa de ser moderno.
  2. Embora os almanaques astrológicos fossem muito populares, eram muito genéricos e não eram muito úteis (bem como colunas modernas do signo do Sol), ao contrário de ir a um astrólogo profissional.
  3. Os astrólogos reformadores estavam mais interessados ​​em se livrar do que eles consideravam antigo ou "não naturais", ou como invenção por árabes, do que fazer suas próprias contribuições - o que levou a uma astrologia empobrecida. Enquanto isso, eles estavam muitas vezes em competição uns com os outros como personalidades, em vez de promover cooperativamente a astrologia como uma arte. Isto foi especialmente verdadeiro na Inglaterra, onde os astrólogos se atacaram em panfletos viciosos, muitas vezes políticos.
  4. Os mitos modernos do progresso e do Iluminismo encorajavam as pessoas a rejeitar qualquer coisa que parecesse "antiga" - que incluiu a astrologia.
  5. As pessoas religiosas muitas vezes continuavam insistindo que a astrologia não se aplicava à alma, mas apenas a coisas como clima e remédios. Essa atitude geral também teria desencorajado a magia astrológica e a espiritualidade.
  6. As pessoas não religiosas (simpáticas com a astrologia ou não) freqüentemente tendiam a teorias materialistas e mecanicistas do mundo, o que na verdade não correspondia à visão astrológica do mundo.
  7. Finalmente, há o que eu chamaria de teologias e ideologias ruins, não-astrológicas. Muitos astrólogos protestantes, em particular, publicaram panfletos assustadores, proferindo a chegada do anticristo. Agora, embora houvesse algumas vistas antigas sobre como o mundo seria destruído quando os planetas chegassem a determinadas posições, não era uma informação muito prática. A astrologia funciona com ciclos e a visão persa da astrologia mundana admitiu transtornos periódicos que levariam a novos ciclos. Os astrólogos anteriores não especularam sobre o Dia do Juízo Final, nem assumiram que estava perto! Portanto, sua visão astrológica da história combinou bastante a noção astrológica de ciclos. Mas as figuras Reformistas e Iluministas (como muitos modernos) acreditavam que estavam entrando em um período fundamentalmente novo da história, que tinha versões seculares e religiosas. Em termos seculares, significava que estávamos entrando em um momento de luz e razão, mas religiosamente significava que estávamos entrando em um momento de escuridão e conflito finais. E assim, esses astrólogos enxertaram o que era realmente uma visão cristã dos tempos finais em uma astrologia que nunca era adequada para isso. Além disso, ambos esses pontos de vista de entrar em uma era totalmente nova são basicamente incompatíveis com a astrologia prática: se materialismo racional e razão são tudo o que precisamos, então não precisamos de astrologia; mas se pregamos erroneamente a vinda do Anticristo todos os anos, então os astrólogos ficam enfraquecidos. Devo enfatizar que essas duas atitudes são hipóteses de diferentes ideologias, não são fatos comprovados. Mas, como a astrologia era mais ou menos prejudicada por ambos, parecia menos relevante e útil.

Benjamin Dykes, in Tradicional Astrology for Today, The Cazimi Press, Minneapolis, Minnesota, 2011. Tradução de Claudio Fagundes.  

O livro está à venda aqui: https://www.amazon.com/Traditional-Astrology-Today-Benjamin-Dykes/dp/1934586226/ref=sr_1_4?ie=UTF8&qid=1497110339&sr=8-4&keywords=benjamin+dykes

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Aspectos, Fundamentos, por Marcos Monteiro

Este é um assunto que normalmente é tratado junto com os planetas, o que causa algumas confusões. O fundamento dos aspectos (e da conjunção. Vamos ver o que são abaixo) está na relação entre os signos, que é o que vamos ver, ou rever, agora.

Os signos não se sucedem no zodíaco de forma aleatória. O frio e o calor se alternam a cada signo (ou seja, Áries é quente, Touro é frio, Gêmeos quente, Câncer, frio, etc.). A umidade e a secura se alternam a cada dois signos (Áries e Touro são secos, Gêmeos e Câncer são úmidos, Leão e Virgem secos, etc.).

Essa alternância em dois passos diferentes faz com que os elementos sempre se alternem na sequência fogo-terra-ar-água. Além disso, ela faz com que os signos do mesmo elemento estejam sempre em distâncias de 120º entre si, ou seja, os elementos estão dispostos em triângulos equiláteros. É por isso que os signos de um mesmo elemento são chamados de triplicidades: Áries, Leão, Sagitário são a triplicidade do fogo, Touro, Virgem e Capricórnio a triplicidade da terra, Gêmeos, Libra e Aquário, a triplicidade do ar, e Câncer, Escorpião e Peixes, a triplicidade da água.

Ou seja, para qualquer signo, os outros signos que têm mais afinidade elementar com ele são sempre os quintos signos, nas duas direções, a partir dele. Ele partilha a mesma qualidade ativa (calor ou frio) com os terceiros signos nas duas direções a partir dele e com o signo que está oposto a ele no zodíaco.

Por exemplo, os signos com maior afinidade elementar com Áries (primeiro signo do Zodíaco) são Leão (o quinto signo) e Sagitário (o nono; na ordem inversa ao dos signos do Zodíaco, o quinto a partir de Áries, ou, o quinto na ordem correta a partir de Leão).

Ele é quente, assim como Gêmeos (o terceiro signo a partir dele), Aquário (o terceiro signo na ordem inversa) e Libra (signo oposto a ele); além, claro, de Leão e Sagitário, já mencionados.

Os signos adjacentes a ele, ao contrário, são frios (Peixes e Touro); os adjacentes ao signo oposto a ele, também (Virgem e Escorpião) são frios.

Esses signos não têm afinidade.
Se inserirmos os modos, as coisas ficam mais interessantes. As triplicidades são complementares.

Áries é cardinal, Leão é fixo e Sagitário mutável. A triplicidade do fogo esgota os três modos.

Isso também acontece com um signo e os terceiros signos a partir dele em qualquer direção, embora o elemento mude. Áries é cardinal, Aquário é fixo, Gêmeos é mutável.

Ainda há alguma complementaridade da qualidade ativa.

Os signos adjacentes não se complementam porque embora cada um seja de um modo (Áries cardinal, Touro fixo, Peixes mutável), não há uma qualidade que seja partilhada pelos três. A mesma coisa acontece se agrupamos o signo com os adjacentes ao signo oposto.

Com os signos opostos, no entanto, não há complementaridade. Eles têm a mesma qualidade ativa e o mesmo modo, sempre (Áries e Libra são quentes e cardinais. Touro e Escorpião, frios e fixos; Gêmeos e Sagitário, quentes e mutáveis, etc.).

Como cada modo aparece quatro vezes, ele une dois pares de signos opostos, com uma particularidade. Qualquer signo tem a qualidade ativa oposta ao dos signos em ângulos retos a ele.

Por exemplo, Áries e Libra (quentes) têm o mesmo modo que Câncer (frio) e Capricórnio (frio).

Os signos opostos, além disso, estão sempre em situações opostas no céu. Quando um surge no céu, o outro está se pondo. Quando um está no meio-céu, o outro está no fundo do céu. Se um está acima do horizonte, o outro está abaixo, e por aí vai.

Essas relações não são da mesma natureza.

Os signos do mesmo elemento parecem ter uma relação fácil e forte.

Os signos distantes entre si dois signos parecem ter uma relação também fácil, mas bem menos forte.

Os signos em ângulos retos parecem ter uma relação forte, mas difícil, são estranhos um ao outro.

Os signos em oposição parecem ter uma relação extremamente ruim, complicada, difícil.

Signos adjacentes ou signos e os signos adjacentes ao oposto parecem não ter relação nenhuma.

À relação entre signos do mesmo elemento, distantes entre si 120°, chamamos de trígono. Os signos estão em trígono e qualquer coisa dentro de um deles está em trígono com qualquer coisas em um dos outros (isso é verdadeiro para todas as relações que vou mencionar).

À relação entre os signos distantes 60° entre si chamamos de sextil.

Chamamos de quadratura a relação entre os signos em ângulo reto, distantes 90° entre si.

Chamamos de oposição a relação entre os signos opostos, distantes 180°.

Estas relações são chamadas de aspectos, que vem de “aspectare”, observar, em latim. Vamos ver isso mais tarde, mas os planetas, simbolicamente, emitem luz (não estamos falando da luz física): emitem a sua essência. Essa luz é filtrada, ou modificada, pela natureza dos signos em que estão. Então, os planetas só captam a luz um dos outros – só se observam – se estiverem nos signos corretos, que tenham essas relações, esses aspectos.

Vou voltar aos aspectos depois que virmos os planetas, mas isto tem que estar claro: aspectos são, antes de serem entre planetas, entre signos. Não há aspectos se os signos não tiverem alguma relação.

Desde o Renascimento, se fala de outros aspectos além desses, que usam outros ângulos. Quando temos em mente esta noção das qualidades dos signos, vemos que esses aspectos novos não são aspectos de verdade, mas divisões arbitrárias da eclíptica; são exercícios de geometria.

Uma coisa chamada conjunção é normalmente estudada junto com os aspectos, mas tecnicamente não é um deles. Vamos vê-la com mais detalhes no outro capítulo sobre o assunto.


Marcos Monteiro, Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

A História da Astrologia Tradicional em Poucas Páginas (4), por Benjamin Dykes

Astrologia Renascentista e precursores da Astrologia Moderna (1400 AD - 1600 AD)

Este período tem várias características importantes. Além de prosseguir as práticas mais antigas, os adivinhos do Renascimento e do início da Astrologia Moderna (quero dizer isso no sentido histórico padrão do período durante e após a Reforma, e a revolução científica inicial) também tiveram de enfrentar a popularidade da magia e terapia astro-psicológica, numa atitude de reforma (especialmente contra técnicas que se pensava serem invenções de árabes ou como não sendo "natural") e do novo vocabulário científico e perspectivas (NT: o Iluminismo).

Por um lado, Marsilio Ficino (século 15) publicou obras de Platão e escritos herméticos e desenvolveu uma prática de magia astrológica, enfatizando a relação dos planetas com a alma: a alma não escapa à astrologia (como alguns argumentaram na época). Os deuses desempenham um papel importante como aspectos da própria psique. Para Ficino, esse tipo de cura é especialmente necessário porque a alma encarnada tende a depressão e doenças psicológicas. Essa atitude abordou as perspectivas platônicas e mágicas descritas no Capítulo 2, deste livro.

Mais tarde, a astrologia tomou aproximadamente três caminhos sobrepostos. Os astrólogos tradicionais, como William Lilly, tiveram pouco interesse nas últimas teorias da física e continuaram a usar técnicas tradicionais, como se nada tivesse mudado. Por outro lado, havia reformadores astrológicos. Essas pessoas foram incomodadas por predições ruins em almanaques populares e em outros lugares, e preocuparam-se com a astrologia ter sido poluída por várias superstições. Eles queriam fazer uma astrologia mais precisa que se harmonizasse com novas idéias em astronomia e rejeitaram o que acreditavam ser adições ilegítimas dos árabes, ou qualquer coisa que não pudessem entender, ou o que não parecesse "real" ou "natural". Infelizmente, esses reformadores muitas vezes não entendiam a verdadeira história da astrologia: como mencionei anteriormente, os escritores persas e árabes estavam totalmente envolvidos com a astrologia da era helenística e não estavam muito interessados ​​em adicionar novos conceitos técnicos. No entanto, os reformadores sentiram-se livres para rejeitar o que fosse necessário para agilizar sua prática. Esta tendência de reforma tem sido uma parte central da reinvenção da astrologia no século 20, incluindo a destituição casual de qualquer coisa que pareça antiga ou estranha.

Finalmente, os astrônomos e os novos céticos científicos ignoraram cada vez mais a astrologia, embora estivessem abertos à ideia de influências planetárias sobre coisas como o clima. Em parte, a nova física materialista e mecanicista era simplesmente incompatível com as perspectivas aristotélicas e neoplatônicas mais antigas (e mágicas). Mas muitas dessas pessoas ainda pensavam que talvez a ciência moderna pudesse melhorar a astrologia, em vez de rejeitá-la. Também não devemos pensar que essas pessoas também eram ateias, também, muitas delas também acreditavam no livre-arbítrio (que era originalmente um conceito teológico) e em Deus e, de certa forma, continuavam a ocupar uma posição dominante na astrologia: a astrologia diria respeito à física e aos corpos naturais (por exemplo, clima, saúde) e não a alma. Voltarei a isso no Capítulo 2.

Em termos de contribuições técnicas e desenvolvimentos, este período teve vários:

Em primeiro lugar, surgiram inúmeros sistemas de casas baseados em quadrantes usando cúspides intermediárias (por exemplo, Regiomontanus e Placidus) em vez do sistema de casa mais antigo de Signos Inteiros (ver Capítulo 9). Embora muitos astrólogos da era árabe usassem casas de quadrantes, é difícil encontrar escritores astrológicos descrevendo-os explicitamente (e muitos ainda fizeram referência a casas de Signos Inteiros). Mas o uso de novos sistemas de casas foi explícito neste período posterior.

Os astrólogos também expandiram muito o uso da astrologia médica e técnicas para determinar o temperamento e a forma corporal. Alguns desses métodos podem ser encontrados na Astrologia Cristã de William Lilly (século XVII). De fato, as escolas médicas geralmente incluíam técnicas astrológicas em seus currículos.

Claro, os avanços em matemática levaram a efemérides mais precisas. Outro resultado da matemática moderna e das atitudes reformadoras foi a invenção de novos aspectos, como o quintil (promovido por astrônomos-astrólogos como Kepler).


Pessoas que você precisa conhecer:


  • Regiomontanus (1436-1476). Sob este pseudônimo, Johann Muller é mais conhecido por sua tabela de casas e método de direções primárias, que foram amplamente adotadas e favorecidas por astrólogos como William Lilly e Jean-Baptiste Morin.
  • Jean-Baptiste Morin (1583-1656). Um astrônomo e matemático realizado, sua Astrologia Gallica ("Astrologia Francesa") foi publicada postumamente em 1661. Morin é especialmente valioso para seu estilo de ensino cuidadoso e preciso. Ele envolve muitos debates com outros astrólogos e descarta várias técnicas tradicionais como invenções não artificiais ou árabes.
  • William Lilly (1602-1681). Um astrólogo inglês e um dos primeiros a escrever em inglês, Lilly era um mestre famoso da astrologia horária. Sua astrologia cristã continua sendo um clássico valioso.
  • Placidus de Tito (1603-1668). Placidus é mais conhecido por seu desenvolvimento do sistema de casas de Placidus, que estava intimamente relacionado com seu método de direções primárias.

Benjamin Dykes, in Tradicional Astrology for Today, The Cazimi Press, Minneapolis, Minnesota, 2011. Tradução de Claudio Fagundes. 

O livro está à venda aqui.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

A História da Astrologia Tradicional em Poucas Páginas (3), por Benjamin Dykes

O Ocidente Latino Medieval (aproximadamente 1100 AD - 1400 AD)

Os europeus medievais de língua latina obtiveram conhecimento de grande parte da astrologia quando os tradutores da Espanha do século 12 começaram a trabalhar em trabalhos astrológicos, mágicos, herméticos, matemáticos e filosóficos em árabe. Uma linha de tradução vem de João de Espanha (ou João de Sevilha), que trabalhou em Toledo. Outra linha importante vem de um grupo de três tradutores: Hermann da Caríntia, Robert de Kelton e Hugo de Santalla. (Aliás, Hugo foi o primeiro a traduzir a Tábua de Esmeralda de Hermes do árabe para o latim - o famoso "como acima, então abaixo" do texto que ainda citamos hoje).

É importante saber que João e esses outros tradutores tinham atitudes muito diferentes em relação à tradução, que afetam a nossa astrologia hoje. João preferiu escrever em latim simples e direto, tentando traduzir o árabe palavra por palavra. Seu latim é mesmo fácil para um aluno começar a ler. Mas Hugo e os outros não gostavam do fluxo de árabe e queriam escrever em um latim mais estilizado (e, portanto, complicado). Consequentemente, as traduções de João se tornaram mais populares e seu vocabulário foi adotado pela maioria dos astrólogos, enquanto as obras de Hugo e outras foram largamente negligenciadas. Por exemplo, nossa palavra "exaltação" vem diretamente do vocabulário de João: exaltatio. Mas Hugo usou o termo regnum um pouco mais preciso, "supremacia, reino". Pense em como podemos ver Aries de forma diferente, se considerarmos o lugar da "supremacia" do Sol ao invés de sua "exaltação". Esta negligência de Hugo e os outros também significava que suas traduções de importantes autores árabes na astrologia natal e horária nunca foram amplamente conhecidas, o que novamente afetou a compreensão futura da astrologia. Recentemente eu comecei a traduzir obras de Hugo e seu círculo, para que suas contribuições estejam disponíveis para o público contemporâneo (ver Apêndices A e B).

No século 13, a astrologia foi amplamente apoiada por elites militares e políticas, e foi comentada e teorizada por acadêmicos como São Tomás de Aquino e seu professor, São Alberto, o Grande. Nos próximos séculos, a astrologia tornou-se um pilar dos cursos universitários, especialmente nas faculdades de medicina. Algumas figuras notáveis ​​neste período são o astrólogo italiano Guido Bonatti (13º século), um conselheiro do imperador Frederico II chamado Michael Scot (séculos XII e XIII) e Campanus (século 13), que criou um sistema de casas ainda usado por alguns hoje.


Pessoas que você precisa conhecer:

  • João da Espanha (início do século 12). Também conhecido como João de Sevilha, ele era um prolífico tradutor de árabe, com um estilo latino muito amigável. Muitos astrólogos mais recentes usaram suas traduções como textos de origem.
  • Hugo de Santalla, Hermann da Caríntia, Robert de Ketton (início do início do século 12). Esses três tradutores trabalharam juntos de várias maneiras ao redor do norte da Espanha e do sul da França, especialmente em trabalhos astrológicos que João da Espanha não traduziu. Seu latim foi mais estilizado e difícil, o que levou a que suas traduções fossem negligenciadas ou criticadas. Eu traduzi vários dos seus trabalhos disponíveis em inglês.
  • Abraham ibn Ezra (século XII). Um erudito e poeta judeu que viveu em grande parte na Espanha, ibn Ezra escreveu uma série de trabalhos curtos em todas as áreas da astrologia, em grande parte desenvolvidos sobre predecessores de língua árabe.
  • Guido Bonatti (século XIII). Este astrólogo italiano era famoso em seus tempos, especialmente como um conselheiro militar astrológico. Seu enorme Livro de Astronomia foi um trabalho de enciclopédias baseado em predecessores árabes, gregos e latinos, e tornou-se um padrão medieval.


Benjamin Dykes, in Tradicional Astrology for Today, The Cazimi Press, Minneapolis, Minnesota, 2011. Tradução de Claudio Fagundes.

terça-feira, 6 de junho de 2017

Ο Zodíaco e os Signos, por Helena Avelar e Luís Ribeiro.

Α palavra Zodíaco vem do grego Ζώoν que quer dizer vida ou animal. Ο Zodíaco, é portanto, a faixa da vida ou dos animais, pois muitas das imagens das constelações que se encontram ao longo desta faixa retratam figuras de animais (o Carneiro, o Touro, o Leão, etc.).

Ο Zodíaco é gerado pelo movimento aparente do Sol em redor da Terra, ao longo do ano (na verdade é a Terra, no seu movimento de translação, que se movimenta no espaço ao redor do Sol, mas não é isso que é visível a um observador terrestre).

Este movimento aparente traça uma linha ao redor da Terra. É ao longo desta linha, denominada eclíptica, que a Lua e os planetas se deslocam no céu.



Como a trajetória aparente dos planetas não coincide exatamente com a eclíptica, definiu-se uma faixa com 16° de largura (8° abaixo e outros tantos acima da eclíptica) que abrange a área total onde se movimentam os planetas visíveis. É esta banda que se denomina Zodíaco.

Esta faixa e as suas divisões, os signos, são o principal ponto de referência na Astrologia.

Nela se mede o movimento dos planetas, bem como as variações nas suas qualidades e efeitos à medida que atravessam os diferentes signos.

O Zodíaco e os Signos

As variações de luz e calor, causadas pelo movimento do Sol ao longo do ano, originam as quatro estações: Primavera, Verão, Outono e Inverno.

Assim sendo, tanto as estações como o Zodíaco nascem do movimento anual do Sol, estando intimamente ligados. De fato, o Zodíaco foi originalmente concebido como um dispositivo calêndrico, concebido para "medir" as estações.

Desta forma, o Zodíaco divide-se em quatro áreas distintas, cada uma correspondendo a uma estação do ano. Os pontos de divisão são o Equinócio da Primavera, o Solstício de Verão, o Equinócio de Outono e o Solstício de Inverno, ou seja, os pontos onde o Sol está posicionado no início de cada estação.


O ponto "zero" da eclíptica (e de todos os referenciais celestes) é o Equinócio da Primavera, também conhecido por ponto vernal. Este equinócio marca o ponto em que os dias e as noites têm a mesma duração. Daí em diante, os dias começam gradualmente a aumentar, ao passo que as noites se tornam mais curtas. O tempo aquece; o calor junta-se à umidade acumulada no Inverno, dando lugar à fertilidade e ao crescimento. É uma época de agitação, de grande "fervilhar" no mundo natural.

A Primavera é uma estação Quente e Úmida, associada ao elemento Ar e ao temperamento Sanguíneo. O seu símbolo é uma semente a germinar.

A duração máxima dos dias é alcançada no Solstício de Verão. O Sol atinge o ponto de maior altitude nos céus e o tempo continua a aquecer, secando a umidade da Primavera. É um tempo de maturação dos frutos; os dias mais quentes permitem mais tempo de atividade.

O Verão é uma época Quente e Seca, associada ao elemento Fogo e ao temperamento Colérico. O seu símbolo é uma semente germinada.

No Equinócio de Outono, os dias e as noites voltam a ter igual duração. A partir deste ponto, a altura do Sol nos céus diminui gradualmente.


O tempo continua seco, mas a temperatura e a luz decrescem. É uma estação de recolhimento e de preparação para os tempos duros do Inverno.

O Outono é uma fase Fria e Seca, associada ao elemento Terra e ao temperamento Melancólico. O símbolo do Outono é uma planta totalmente desenvolvida que começa a secar.

O dia mais curto (e a noite mais longa) atinge-se no Solstício de Inverno, dando início a uma estação fria e de pouca luz, pois o Sol está no ponto de menor altitude no céu. Nesta fase, as chuvas abundam e a natureza mantém-se relativamente estática, aguardando a Primavera.

O Inverno é uma estação Fria e Úmida, associada ao elemento Água e ao temperamento Fleumático. O símbolo do Inverno representa alimentos armazenados.

Cada uma das quatro estações é dividida em três partes, correspondendo ao início, ao meio e à fase final. Ao dividir o Zodíaco em quatro estações, e cada estação em três partes, obtemos doze segmentos, que correspondem aos doze signos.

Os três primeiros signos assinalam a Primavera: Carneiro, que marca o início da estação, Touro, que corresponde ao culminar, e Gémeos, que assinala o seu fim.


A sequência repete-se nas outras estações, ao longo do ano; os signos de Verão são Caranguejo, Leão e Virgem; seguem-se os de Outono: Balança, Escorpião e Sagitário e finalmente os de Inverno: Capricórnio, Aquário e Peixes.

Embora subordinado ao temperamento comum da estação a que pertence (e que o determina em termos gerais), cada signo apresenta o seu próprio temperamento e modo de ação, como veremos adiante.


Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.
Pode ser adquirido em nova edição aqui: https://www.facebook.com/prismaedicoes/

segunda-feira, 5 de junho de 2017

A História da Astrologia Tradicional em Poucas Páginas (2), por Benjamin Dykes

Os Persas Sassanianos (226 dC - 651 dC)

O império Persa Sassaniano começou em 226 dC e floresceu até que foi conquistado pelos exércitos muçulmanos em 651. Infelizmente, não temos muito material em Pahlavi, porque durante as invasões, a literatura astrológica persa (ou Pahlavi) foi destruída. Ainda assim, os principais textos sobreviveram até pelo menos no final dos anos 700: as edições gregas e Pahlavi da Antologia de Valens, o Carmen de Dorotheus e outros. Outras obras em grego e Pahlavi apareceram mais tarde sob diferentes formas em árabe, derivadas de lugares como Harran, que era um centro de astrologia, magia hermética e filosofia, e adoração em estrelas.

Não sabemos muito sobre os astrólogos persas. Mas três nomes se destacam. Buzurjmihr foi (talvez) um ministro do século 6 para o governante sassaniano Khusrau I, embora ele realmente tenha sido Burjmihr (do mesmo período), que introduziu o xadrez no Irã da Índia. Zaradusht ("Zoroastro") viveu em algum momento antes de 600 dC, e escreveu um Livro de Natividades (juntamente com vários outros) em Velho Persa, baseado em material grego. Este trabalho sobre natividades é a tradução árabe mais antiga de um trabalho astrológico em Pahlavi que temos, embora ainda não esteja publicado e não traduzido. Finalmente, há a figura curiosa de Zãdãnfarriikh al-Andarzaghar, cujas datas são desconhecidas, mas cuja influência foi ótima. Ele parece ter sido responsável por transmitir a maioria do sistema preditivo anual sassaniano. (Muito deste sistema está descrito no Livro de Aristóteles Livro IV, e Abu Ma`shar sobre as Revoluções de Natividades, ambos recentemente traduzidos e publicados por mim em minhas Natividades Persas). Três mapas em Umar al-Tabarfs "Três Livros de Natividades" podem ser datados entre 614 e 642 (perto do final do período sassaniano). Esses mapas ilustram as técnicas anuais, é muito tentador supor que alAndarzaghar floresceu nestas últimas décadas do império Sassaniano.


O Período Árabe (aproximadamente 750 DC - 950 DC)

Conforme penso, a astrologia medieval "oficialmente" começa em torno de 750 dC, com a fundação da dinastia abadesa muçulmana em Harran. Caliph alMansúr (r. 754-775) aproveitou a experiência astrológica persa contratando vários persas e um hindu para elaborar um mapa eletivo para a fundação de Bagdá (762 DC). Assim como Al Mansur contratou persas para fazer o seu mapa, ele e seu círculo apoiaram projetos de pesquisa em todas as ciências, tradutores hirin e estudiosos dos lugares que conquistaram. Assim, foi no meio dos últimos 700 que as principais figuras persas começaram a escrever e a traduzir inti árabe pela primeira vez.

Alguns desenvolvimentos muito importantes na astrologia ocorreram durante os períodos persa e árabe. Em primeiro lugar, esta era contém nossas discussões mais explícitas e desenvolvidas de dois lados para a astrologia horária: a interpretação dos pensamentos e responder perguntas adequadas. Parece que na Astrologia Helenística, houve muita sobreposição entre adivinhar o pensamento de um cliente, responder perguntas e desenhar mapas eletivos. Mas nesse período, as abordagens eram distintas e foram tratadas em livros separados. Por exemplo, os astrólogos aplicaram diferentes métodos para adivinhar os pensamentos de um cliente (às vezes respondendo a questões simplesmente nessa base) e respondendo explicitamente perguntas horárias fornecidas pelo cliente.

Uma segunda contribuição foi o uso de novas técnicas mundanas. Em trabalhos helenísticos, há muito pouco na astrologia mundana que inclua eclipses, presságios e previsão climática. Mas os persas contribuíram com uma teoria complexa de conjunções planetárias para rastrear períodos de historiografia, particularmente centrando-se em ciclos de conjunções de Saturno-Júpiter. Os primeiros astrólogos modernos, nos séculos XVI e XVII, passaram muito tempo usando esse método para entender o tumulto político em torno deles.

Essas contribuições permitiram aos astrólogos concretizar os quatro ramos da astrologia horoscópica:


  • Natividades. Esta é a astrologia natal, com suas técnicas preditivas preditivas.
     
  • Eleições. Isso diz respeito à escolha de momentos para fazer ou evitar algo e se refere a "mapas de eventos".
     
  • Questões. Aqui, o astrólogo faz um mapa para analisar os problemas do momento, colocados a ele em uma determinada hora específica (daí o nome "horária"). Havia originalmente dois lados para esse ramo: a interpretação dos pensamentos (usando significadores especiais, incluindo a previsão de resultados) e a resposta a questões explícitas.
     
  • Mundana. Isso abrange a política e a história, clima e eventos naturais (incluindo desastres) e preços das commodities.


Assim, esse período foi em parte sobre a preservação da astrologia helenística e, em parte, sobre a inovação ou o aprimoramento de material já presente. O período inicialmente frutífero e excitante da astrologia em língua árabe durou apenas cerca de dois ou três séculos, quando os escritores persas e seu trabalho deixaram de dominar. Depois disso, a chama da astrologia passou para os latinos medievais no Ocidente.

Pessoas que você precisa conhecer:

Mãshã'allãh (cerca de 740 - cerca de 815). Um judeu persa, Mãshã'allãh era um astrólogo amplamente respeitado e prolífico, um dos contratados para fazer o mapa eletivo para a fundação de Bagdá. Muito pouco do seu trabalho sobrevive em árabe, mas grande parte disso foi preservada em latim e agora está disponível em inglês.

Umar al-Tabari (d. Ca. 815). Umar era outro persa na equipe de Bagdá, e era especialmente conhecido por seu trabalho horário, bem como um pequeno livro acessível sobre natividades.

Sahl bin Bishr (início do século IX). Outro judeu persa, Sahl trabalhou durante anos no Extremo Oriente como um assessor militar e político. Ele estava familiarizado com as obras de seus predecessores e escreveu cinco trabalhos muito populares sobre princípios básicos, julgamentos, eleições, cronogramas e perguntas. O trabalho de Sahl foi fundamental para astrólogos posteriores, como Guido Bonatti.

Al-Kindi (801 - ca. 870). O "primeiro" filósofo etnicamente árabe, al-Kindi escreveu em muitos tópicos científicos e astrológicos. Ele é especialmente conhecido pelos Quarenta Capítulos (sobre questões e eleições) e sua teoria da previsão do tempo. Ele foi dito ser a inspiração para a conversão de Abu Ma'shar para a astrologia.

Abu Ma'shar (787 - 886). Um dos astrólogos mais famosos e autoridade no assunto, ele escreveu inúmeras obras influentes. A mais conhecida no ocidente era a sua "Grande Introdução à Astrologia", e um tratado mundano maciço chamado "On Religions and Dynasties", muitas vezes conhecido como "On the Great Conjunctions".


Benjamin Dykes, in Tradicional Astrology for Today, The Cazimi Press, Minneapolis, Minnesota, 2011. Tradução de Claudio Fagundes.