sábado, 15 de julho de 2017

Curso de Iniciação à Astrologia Tradicional - Parte 6

Curso de Iniciação à Astrologia Tradicional
Parte 6

Conteúdo:
- As Casas Terrestres
- O Horizonte e o Meridiano
- Os Hemisférios
- Os Quadrantes
- Movimento Primário e Secundário
- As Doze Casas
- Angularidade
- O Gênero das Casas
- O Significado das Casas
- Casas Maléficas e Benéficas
- Casas Derivadas

Download aqui:
https://drive.google.com/file/d/0BwHlJGrC7JnqXzFRcG1WS0xoVUE/view?usp=sharing

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Os Significados das Doze Casas, por Helena Avelar e Luís Ribeiro

Cada Casa contém um leque de significados muito rico: define temas, personagens, ações, direções, cores, partes do corpo, etc. Contudo, nem todas estas significações são aplicáveis a todas as áreas da Astrologia; algumas são específicas da Mundana, outras da Horária, etc. Cabe ao estudante discriminar os significados adequados para cada ramo.

Vamos agora descrever os principais significados de cada Casa, apontando sempre que necessário o ramo (ou técnica) a que pertencem. Acrescentamos também a cada Casa associações e regências específicas, como cores, utilizadas em Astrologia Horária, e anatomia, utilizada em Astrologia Médica.



Casa I

Casa angular e masculina

A Casa I tem como cúspide o próprio Ascendente, sendo por isso a mais importante do mapa astrológico. O Ascendente é o princípio de individualidade do mapa, marca a hora de nascimento e, portanto, toda a configuração celeste de um momento ou nascimento. E a base do mapa astrológico. O próprio termo “horóscopo” vem do grego e significa “ver a hora”. Para os autores clássicos, o termo horóscopo é sinônimo de Ascendente (assim, se num texto clássico se diz que o horóscopo de um indivíduo é Leão, por exemplo, isso significa que Leão é o seu signo ascendente e não o signo solar).

A Casa I representa sempre o indivíduo, quer numa carta natal, quer numa horária. Em mapas de eventos ou colectividades indica também a “individualidade” em questão (o país, a empresa, o projeto, etc.), e as suas características.

Numa natividade, esta é a Casa da vida, significando todas as condições que rodeiam o indivíduo. Tanto se refere à sua aparência (estatura, cor, compleição e forma) como às suas motivações e objetivos. Os gostos, os maneirismos e a mentalidade são em grande parte definidos pela Casa I. Em questões de saúde significa a vitalidade e a compleição geral. No corpo, está especificamente ligada à cabeça e à face. Assim, num contexto médico, os planetas nesta Casa podem representar condições ou marcas (doenças, sinais, cicatrizes, etc.) nessas partes do corpo.

Em Astrologia Horária a Casa I define o indivíduo que coloca a questão, descrevendo a sua aparência e o estado de espírito em que se encontra no momento.

Em termos de cor, o posicionamento de um significador*" nesta casa descreve pessoas, animais ou objetos de cor branca, cinza ou, em geral, de cores muito claras.

Num horóscopo mundano (eclipse, ingresso, etc.) indica o estado geral do local para onde o mapa foi erigido. Significa a nação ou reino, assim como o povo e sua condição.


Casa II

Casa sucedente e masculina

Significa os recursos, sejam estes referentes a um indivíduo ou uma coletividade. Sendo a casa sucedente contígua ao Ascendente, considera-se que “suporta” a ascensão da Casa I.

Num mapa natal representa os recursos e posses da pessoa, a sua riqueza ou pobreza, a forma como gere os seus bens.

Em Astrologia Horária significa as posses de quem faz a pergunta, os seus bens móveis; refere-se a questões de empréstimos, lucros e per-das. No caso de duelos e questões legais representa aqueles que apoiam o querente (amigos ou assistentes).

Em questão de cores, está associada ao verde (por vezes com matizes de vermelho).

Num mapa mundano indica os recursos e economia de um povo ou nação, as suas munições, os seus aliados e apoiantes. Em batalhas, ca-racteriza o exército atacante.

Em Astrologia Médica representa o pescoço, desde a nuca até aos ombros.


Casa III

Casa cadente e masculina

Representa os irmãos, irmãs e no geral parentes próximos (primos, cunhados, etc.). Indica as condições que os rodeiam e a sua relação com o nativo. E também a Casa das pequenas viagens, ou seja, deslocações a lugares próximos ou dentro do mesmo contexto cultural. Em termos tradicionais representa também as viagens por terra em contraste com as viagens por mar que fazem parte das significações da Casa IX.

Partilha com a Casa IX o tema da religião e do conhecimento das leis, se bem que em menor grau; a Casa III parece estar mais relacionada com a expressão prática e mundana do tema, embora esta distinção nem sempre seja clara nos autores antigos. O pensamento, o intelecto e a comunicação são também temas centrais desta Casa.

Em Astrologia Horária também representa todo o tipo de mensagens (cartas, conversas, etc.) bem como aqueles que as transmitem (mensageiros, correios e, modernamente, telefones, Internet, etc.). Neste contexto, os rumores e boatos são também temas desta Casa.

As suas cores são o laranja, o amarelo e tons similares (açafrão, ferrugem, etc.).

Num mapa mundano representa os meios de comunicação (estradas, pontes, etc.), os media (jornais, revistas, etc.) e todo o tipo de relatórios e comunicações oficiais.

Em Astrologia Médica significa os ombros, braços, mãos e dedos.


Casa IV

Casa angular e feminina

A Casa IV, também conhecida por ângulo de Terra, representa as bases ou fundamentos do horóscopo. O seu simbolismo é muito rico.

Numa natividade simboliza a família de origem. De um modo geral representa os pais, mas tem significação particular sobre o pai do nativo. Dentro do mesmo tema indica raízes, ancestrais ou qualquer questão de genealogia.

Outros dos temas centrais desta Casa são os bens e posses. De forma diferente da Casa II, que representa apenas os bens móveis, está relacionada com os imóveis do indivíduo (casas, terrenos e outro tipo de propriedades) ou os recursos adquiridos por herança de família.

Noutro contexto, representa também o fim da vida e as condições que o rodeiam, o que ocorre depois da morte e o túmulo.

Numa questão de Astrologia Horária significa todos os assuntos relativos a terras e casas, desde a sua compra ou arrendamento, a cultivos e tesouros escondidos. Indica a qualidade da terra ou casa que se comprou, assim como a qualidade do solo de um terreno para agricultura. Pode também ser utilizada para a determinação do fim de algum assunto.

No que diz respeito à significação de cores, está associada ao vermelho.

Em Astrologia Mundana representa castelos, fortalezas e edifícios em geral, assim como jardins, campos, florestas, pastagens e terras de cultivo. Os recursos minerais (minério, material de construção, etc.) também fazem parte do seu simbolismo. A mulher do rei (a rainha consorte), assim como as suas concubinas, são também indicadas por esta Casa; da mesma forma, também representa os seus inimigos e os do governo. Num contexto mais específico também pode representar uma cidade e o seu governador.

Em Astrologia Médica associa-se ao tórax, peito e pulmões.


Casa V

Casa sucedente e masculina

Num mapa natal tem como principal representação os filhos, a sua condição e relação com o indivíduo. Estão também associadas a esta Casa todas as atividades lúdicas, todo o tipo de divertimentos, assim como os prazeres, os amores e as paixões. As expressões artísticas estão também incluídas no seu simbolismo.

Numa questão de Astrologia Horária, significa os assuntos de filhos, crianças, gravidez e fertilidade, assim como convites para banquetes, festas e outras atividades de lazer.

Em termos de cores, representa coisas brancas, negras ou cor-de-mel.

Em termos mundanos representa também embaixadores e embaixadas, assim como lugares de divertimento (bares, estádios, etc.). Em alguns contextos representa os recursos de uma cidade, os seus alimentos e munições.

Em Astrologia Médica significa o estômago, fígado, coração, costas e parte lateral do corpo.


Casa VI

Casa cadente e feminina

Numa natividade representa doenças e lesões; as fraquezas e tendências de debilidade no indivíduo, assim como a compleição (e humores) que as origina. Representa também as pessoas que trabalham para o nativo e a sua relação com eles (tradicionalmente, os criados e os escravos; modernamente trabalhadores contratados e serviçais). As tarefas rotineiras e obrigatórias são igualmente um assunto desta Casa.

Os animais de criação e o gado (menor que uma ovelha) são também indicados por esta Casa. Atualmente, usa-se esta atribuição para animais de estimação (gatos, cães, etc.).

A cor associada a esta Casa é o preto.

Em Astrologia Horária tem igualmente significado em questões de doenças (sua natureza e duração) assim como em perguntas sobre empregados, gado ou animais de estimação.

Em Astrologia Mundana, os significados da Casa mantém-se, mas são associados ao país e região em estudo.

Em Astrologia Médica a Casa VI representa a parte inferior do abdômen, a barriga e os intestinos.


Casa VII

Casa angular e masculina

Tem como significação genérica “o outro”, pois é a Casa que se opõe à Casa I e Ascendente. Em Natividades é a casa do casamento, dos relacionamentos conjugais e amorosos e das parcerias. O “outro” pode ser personificado pelo cônjuge (noivos, namorados, etc.), por sócios e parceiros de negócios assim como por oponentes, os inimigos declarados referenciados pela Tradição. Esta Casa define, portanto, as dinâmicas de relação do indivíduo: como se relaciona, que tipo de parceiros tem, como lida com confrontos e a natureza dos seus oponentes (inimigos).

Em questões de Astrologia Horária o simbolismo é praticamente o mesmo. Representa o cônjuge e qualquer situação amorosa, os inimigos ou a pessoa sobre quem se faz a questão. Em particular, define os oponentes num processo legal, o inimigo em situações de guerra ou em duelos, o ladrão no caso de furtos e pessoas foragidas em geral. Indica ainda o médico em questões de saúde e o astrólogo que faz a interpretação. Também representa o destino de uma viagem (o ponto de chegada, por oposição ao Ascendente, que representa a partida).

Em termos de cores significa o negro, tons escuros e esverdeados.

Numa figura mundana representa também os oponentes, neste caso, os inimigos do país, do reino e do povo; também guerras e conflitos.

A parte do corpo atribuída à Casa VII está localizada do umbigo até às nádegas.


Casa VIII

Casa sucedente e feminina

E a Casa da morte e de tudo o que a ela está associado.

Em mapas natais representa a morte e a sua natureza e todos os assuntos que envolvam mortes e perdas. Refere-se assim a testamentos, legados e heranças. Está igualmente associada a sentimentos de medo, preocupação e angústia, assim como a obsessões - no geral, estados de espírito sombrios e obscuros. Também representa as coisas ocultas, as coisas antigas e os antepassados (num sentido mais amplo que o da Casa IV). Numa outra perspectiva refere-se também aos recursos do parceiro como, por exemplo, dotes.

Tem idêntico significado em Astrologia Horária e Mundana. Em casos legais, dá indicações sobre os apoiantes do oponente; e em batalhas sobre o exército e recursos do inimigo.

No que diz respeito a cores, associa-se ao verde e ao negro.

Os genitais e os órgãos de excreção são as partes do corpo representadas por esta Casa.


Casa IX

Casa cadente e masculina

Está associada ao conhecimento e aos assuntos de fé e religião, representando todo o tipo de religiosos (monges, padres, sacerdotes, etc.), assim como templos e Igrejas. E muitas vezes denominada a Casa de Deus. Tem como tema adicional as viagens de longa distância - estas significações são comuns aos diversos ramos da Astrologia.

Também representa o conhecimento e a educação, tendo significação sobre escolas, livros, universidades e professores. Outros temas a ela associados são os sonhos, as visões e sua interpretação. Também o profetismo, as histórias, lendas e narrações de coisas passadas. Neste contexto, a Astrologia é significada por esta Casa.

As viagens de longa duração do nativo (antigamente: as viagens por água) e o estrangeiro são outro tema desta Casa. A “Casa das peregrinações” é outro dos nomes pelo qual é conhecida.

Assim, em Astrologia Natal indica a atitude do indivíduo em relação ao conhecimento e aprendizagem, assim como a abordagem religiosa ou filosófica que está mais de acordo com a sua natureza. De um modo mais particular relaciona-se com os parentes do parceiro.

Em Astrologia Horária e Mundana, representa qualquer assunto associado a religião, conhecimento, sonho ou viagens. Em Astrologia Horária indica a sabedoria de um indivíduo ou da qualidade de determinado conhecimento.

Tem como cores o branco e o verde.

Em Astrologia Médica representa as ancas e coxas.


Casa X

Casa angular e feminina

E a Casa mais elevada do horóscopo. Tal como a Casa IV, tem um simbolismo muito rico. Está associada ao poder temporal, às figuras de autoridade e às ações que têm impacto social.

Numa natividade representa as ações do nativo, ou seja, os seus projetos ou objetivos de vida. E significadora da vocação, carreira e profissão do nativo, dando indicações sobre a sua natureza e qualidade. E também representativa da vida pública assim como da fama e do impacto social. Em termos tradicionais indica dignidade, poder e distinções, profissão do nativo, dando indicações sobre a sua natureza qualidade. E também representativa da vida pública assim como da fama e do impacto social. Em termos tradicionais indica dignidade, poder e distinções.

Um aspecto particular desta Casa é a sua associação à mãe, do mes mo modo que a Casa IV se associa ao pai.

Na Astrologia Horária, para além das significações já mencionadas para a Astrologia Natal, indica ainda temas de poder, figuras de autori dade (governantes, patrões, chefes, etc.), a profissão de quem faz a pergunta e a sua condição atual. Em questões legais representa o juiz e a sentença.

Em Astrologia Mundana tem como principal representação as figuras de autoridade (reis, presidentes, chefes de estado, duques, príncipes, perfeitos, etc.) e, de forma geral, o atual governo de uma nação.

Está associada ao branco e ao vermelho.

Anatomicamente, a Casa X representa os joelhos e as coxas.


Casa XI

Casa sucedente e masculina

Esta Casa é muitas vezes denominada o “bom espírito”, por ser considerada afortunada.

Em Astrologia Natal representa os amigos e aliados, aqueles que o apoiam e auxiliam e o tipo de relação que o nativo mantém com estes. E também a Casa das esperanças: significa os sonhos e expectativas. De certa forma representa também a fé, não necessariamente no sentido religioso do termo, mas mais como uma “expectativa optimista”. A confiança e reconhecimento social são também temas desta Casa.

Em Astrologia Horária, os significados são idênticos.

As cores por si representadas são o açafrão e os tons de amarelo em geral.

Em Astrologia Mundana representa os favoritos, os conselheiros e aliados do rei ou governante. Neste contexto, representa órgãos governativos como o parlamento e os conselhos de Estado. Tem também como significados mundanos a tesouraria, os impostos e as finanças do país. Em assuntos de guerra indica os recursos (exército e munições) do chefe de Estado.

No que diz respeito a partes do corpo, representa as pernas e os tornozelos.


Casa XII

Casa cadente e feminina

É a Casa das prisões e das limitações, sendo frequentemente denominada o “mau espírito”.

Numa natividade representa sempre situações que limitam e condicionam o nativo. Associa-se a tristezas, lamentos, tribulações e aflições. E também a Casa dos inimigos secretos (ou ocultos), ou seja, aqueles que não sabemos ser nossos oponentes. Assim, as invejas, as conspirações, as traições e os atos de sabotagem estão associados à Casa XII. Também são temas importantes os atos ilícitos, assim como prisões, clausuras e situações de isolamento em geral.

Noutra perspectiva, representa também as condições anteriores ao nascimento, ou seja, o que ocorreu ao nativo enquanto esteve no ventre da mãe.

Em Astrologia Horária esta Casa tem significados idênticos.

Em termos de cores simboliza o verde.

Num contexto mundano representa os inimigos secretos de um país, nação ou instituição. Assim, pode representar espiões, sabotadores, criminosos e todo o tipo de agentes subversivos.

Um significado menos comum da Casa XII (válido para qualquer um dos ramos astrológicos) é o de animais de grande porte. Nesta categoria estão incluídos os animais domésticos de maior tamanho (cavalos, camelos, gado bovino e similares) ou animais selvagens em geral (tradicionalmente, as feras).

Em Astrologia Médica representa os pés.

Nota importante: Os diversos significados de uma casa não devem ser associados entre si, pois estes existem em planos diferentes.
Por exemplo, a Casa X tem, como já vimos, significação sobre a carreira, a fama e a mãe do indivíduo. Contudo, é errado pensar que a mãe tem influência sobre a carreira ou a fama do indivíduo. Da mesma forma, os irmãos e as viagens curtas nada têm a ver entre si, embora sejam ambos significados pela Casa III.



Casas benéficas e maléficas

Tal como os planetas, as Casas podem ser classificadas como benéficas e maléficas.

De uma forma geral as Casas I, XI, X, IX, VII, V, III e II são consideradas benéficas, pois representam áreas de vida que trabalham a favor no indivíduo.

Por outro lado, há três Casas que são consideradas maléficas, pois representam facetas da vida mais difíceis ou trabalhosas: a VI, associada às doenças e servidão, a VIII, associada à Morte, e a XII, associada a limitações.

Nalguns casos, a Casa VII pode também adquirir um carácter maléfico, pois embora represente assuntos tidos como “benéficos”, como as parcerias e o casamento, indica também oponentes, inimigos e conflitos (note-se que esta Casa está oposta ao Ascendente, representando, portanto, aquilo que o contraria). Outra casa de significação ambígua é a IV, que tanto pode representar o lar ou a família, situação em que é benéfica, como o fim da vida, adquirindo um carácter mais maléfico.

Esta classificação deriva não só do significado da Casa mas também a sua posição relativa ao Ascendente. Assim, as Casas XII, VI, VIII e II formam ângulos fracos com o Ascendente (30° entre a Casa I e as Casas II e XII; 150° entre as Casas VI e VIII). Considera-se que os planetas posicionados nestas Casas não contribuem para a expressão do Ascendente. Apenas a Casa II é poupada deste simbolismo, por ser contígua à Casa I e por isso considerar-se que lhe serve de suporte.

Este assunto será mais desenvolvido no Capítulo IX - A Dinâmica dos Aspectos.

 Casas maléficas

Casas derivadas

Para além dos significados primários ou radicais, descritos anterior-mente, cada Casa pode também ter significados mais específicos, que derivam da sua relação com as restantes Casas.

Estes significados - chamados “derivados” - obtêm-se quando, em vez de se tomar o Ascendente como ponto de partida, se toma a cúspide de uma outra Casa. Desta forma, quando queremos analisar em profundidade um tema específico, tomamos como “ascendente” a cúspide da Casa que representa o assunto em estudo. As restantes Casas passam a derivar os seus significados a partir deste “ascendente”, seguindo a ordem natural.

Por exemplo, se quisermos informações muito específicas sobre o pai de um indivíduo, podemos tomar como ponto de partida a Casa IV do mapa dessa pessoa (pois esta Casa significa o pai). Nesta perspectiva, a Casa V radical passa também a ser a 2ª derivada, ou seja, a 2ª a contar da IV, adquirindo como significado derivado os recursos (2ª casa derivada) do pai (Casa IV radical). Da mesma forma, a Casa VI radical passa a ser a 3ª derivada, adquirindo o significado de os irmãos (3ª casa derivada) do pai (IV radical). As restantes casas seguem a mesma lógica.

Derivação da Casa 5
Qualquer Casa que queiramos estudar mais detalhadamente passa a ser o “ascendente”. Contudo, a Casa nunca perde o seu significado inicial: são as outras Casas do mapa que adquirem novos significados, sempre relativos ao seu posicionamento em relação à Casa “de partida”.

Note-se que as Casas derivadas nunca substituem as Casas radicais; a significação derivada é sempre um complemento ás indicações das Casas radicais.

Contudo, não há uma sobreposição entre significados radicais e derivados. Por exemplo, no caso anterior, a V radical, para além de significar os filhos do nativo, tem também como significado derivado os recursos do pai - contudo, o dinheiro do pai não está relacionado com os filhos do nativo. A interpretação serve para aprofundar assuntos específicos e não deve ser “cruzada” com a interpretação radical, para evitar confusões desnecessárias.


Significados derivados das Casas

Apresentamos de seguida alguns significados derivados para as Casas. Como nem todas as derivações são úteis para a interpretação, limitámos a lista aos significados mais importantes.

Como em tudo na Astrologia, não vale a pena decorar estas listas de significados; o que importa é compreender o método de derivação e saber utilizá-lo sempre que necessário.

Casa I: irmãos dos amigos (3ª da XI), o pai da mãe, ou seja, o avô materno (4ª da X), os parceiros dos oponentes (7ª da VII), a religião ou viagens dos filhos (9ª da V), cargos do pai ou mãe do pai, a avó paterna (10ª da IV), os amigos dos irmãos (11ª da III).

Casa II: pais ou família dos amigos (4ª da XI), os filhos do governador (5ª da X), a morte dos parceiros (8ª da VII), viagens por doença (9ª da VI), a profissão e honras dos filhos (10ª da V), os amigos do pai (11ª da IV).

Casa III: os filhos dos amigos (5ª da XI), a doenças do governador ou da mãe (6ª da X), religião dos parceiros (9ª da VII), os amigos dos filhos (11ª da V).

Casa IV: o dinheiro e posses dos irmãos (2ª da III), as doenças dos amigos (6ª da XI), os oponentes do rei (7ª da X), viagens relacionadas com a morte (9ª da VIII), a profissão dos inimigos ou dos parceiros (10ª da VII).

Casa V: as posses do pai (2ª da IV), os irmãos dos irmãos, quando de outro pai ou de outra mãe (3ª da III), os parceiros dos amigos (7ª da XI), a morte do governador ou da mãe (8ª da X), os amigos dos parceiros (11ª da VII).

Casa VI: as posses dos filhos (2ª da V), os irmãos do pai, ou seja, os dos paternos (3ª da IV), o pai dos irmãos, quando são meios-irmãos de pai diferente (4ª da III), a morte dos amigos (8ª da XI), a religião ou viagens da mãe (9ª da X).

Casa VII: as posses dos empregados (2ª da VI), os irmãos dos filhos, quando de outro pai (3ª da V), o pai do pai, ou seja, o avô paterno (4ª da IV), os filhos dos irmãos, ou seja, os sobrinhos (5ª da III), a profissão da mãe ou a mãe da mãe, a avó materna (10ª da X).

Casa VIII: as posses dos parceiros e oponentes (2ª da VII), as doenças ou os empregados do irmão (6ª da III), os amigos da mãe (11ª da X).

Casa IX: os irmãos dos parceiros ou opositores (3ª da VII), os filhos dos filhos, ou seja, os netos (5ª da V), as doenças do pai (6ª da IV), os parceiros dos irmãos, ou seja, os cunhados (7ª da III), os amigos dos amigos (11ª da XI).

Casa X: o pai dos parceiros, ou seja, o sogro (4ª da VII), as doenças dos filhos (6ª da V), os parceiros do pai ou opositores do pai (7ª da IV), a morte dos irmãos (8ª da III).

Casa XI: as posses do governador ou da mãe (2ª da X), os filhos do parceiro, ou seja, enteados (5ª da VII), doenças dos empregados (6ª da VI), os parceiros dos filhos, ou seja, noras e genros (7ª da V), a morte do pai (8ª da IV), religião ou viagens dos irmãos (9ª da III).

Casa XII: as posses dos amigos (2ª da XI), os irmãos da mãe, ou seja, os tios maternos (3ª da X), doenças do parceiro (6ª da VII), a morte dos filhos (8ª da V), a religião do pai (9ª da IV), a profissão dos irmãos (10ª da III).

Para evitar informação excessiva ou mesmo inútil, esta técnica deve ser aplicada com moderação, bom senso e sempre no devido contexto. Por exemplo, na interpretação de um mapa natal, de pouco nos serve saber que a Casa II significa os filhos do patrão (por ser a 5ª derivada da X radical) ou que a Casa VIII representa os empregados do irmão (6ª derivada da III radical). Em contrapartida, estes exemplos podem fazer todo o sentido no contexto da Astrologia Mundana ou Horária.



Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.

Pode ser adquirido em nova edição aqui: https://www.facebook.com/prismaedicoes/ 



Partes Árabes, por Clélia Romano

Lots Helenísticos ou Herméticos

As chamadas partes Árabes não são verdadeiramente árabes, mas Helenísticas.

É verdade, no entanto que foram abundantemente usadas pelos árabes mais tarde, que muitas vezes deram outros nomes as formulas Helenísticas e ainda criaram muitas outras.

Ninguém usou as partes ou lots tão bem como os gregos.

Os vários lotes proveem de um livro chamado Panaretos e que foi atribuído a Hermes Trimegistus.

Hermes é sem dúvida uma figura lendária, sem base histórica, mas tudo que lhe é atribuído antes da Idade Média seguramente advém de fontes egípcias ou mesmo helenísticas bastante antigas.

O Lot da Fortuna foi atribuído a Nechepso e Petosiris, um lendário rei egípcio e seu sacerdote, que viveram antes da era cristã e cujos escritos nos restam fragmentariamente.

Lots são pontos importantes da carta obtidos através da somatória de partes significativas da mesma geralmente somadas ao ASC.

Lot significa porção. Em Latim a palavra Lot foi traduzida por "pars", de onde vem o nome Parte que o leitor deve observar que difere em sentido da palavra grau, em Latim gradus, porque Parte se refere a uma parte significativa, enquanto que o grau nada mais é que um ponto zodiacal entre os 360 que formam o circulo.

Os lots herméticos são descritos em Paulus Alexandrinus, autor do sec. IV, em sua Lições Introdutórias e também em Vettius Valens, na citada Antologia, a principal obra astrológica Helenística.

Há sete Lots Herméticos baseados nos sete planetas: Os principais deles são o Lot do Lua (Lot da Fortuna) e o Lot do Sol (Lot do Uma questão muito importante em relação aos lots é que frequentemente sua formula se inverte em natividades noturnas.

Os motivos a favor da reversão são lógicos e filosoficamente coerentes, desde que eles são baseados na fundamental noção de sect .

A posição do Sol acima ou abaixo do horizonte fornece o sect ou setor da carta e determina se uma natividade é diurna ou noturna, fato da maior importância em astrologia Tradicional.

Nos tempos modernos a astrologia esqueceu-se da importância do sect: ter nascido à noite ou durante o dia passou a ser um assunto pouco importante. Conheço softwares que sequer dão a opção de reverter a fórmula para nascimentos noturnos.

O resultado é que o Lot da Fortuna é um ponto na carta que acaba por ser dispensável por muitos astrólogos modernos, que não entendem seu significado. Na verdade, se não for feita a inversão, o Lot da Fortuna será usado em lugar do Lot do Espírito, que como veremos tem um significado diferente. Isto tem causada muita confusão no entendimento do significado e importância dos lots.

Ptolomeu foi o único autor a não reverter o Lot da Fortuna, não se sabe por qual razão, e como a astrologia ocidental apoiou-se muito em Ptolomeu passou a não reverter, também. O resultado é que o lot deixou de fazer sentido.

Olimpiodorus, enquanto comenta Paulus, afirma que os luminares provavelmente são a base da construção de todos os outros lotes.

Há uma diferença entre a luz dos dois luminares: o Sol fornece sua luz a partir de si mesmo e a Lua a reflete, sendo o Sol ativo e masculino, e a Lua, passiva e feminina, como já vimos.

Desta forma, a fórmula do Lot da Fortuna, o mais importante da carta, em uma carta diurna é encontrado a partir da distância entre o SOL, o luminar diurno, até a Lua (usamos a direção dada pelo sect) somando-se o resultado obtido ao Ascendente. Uma carta noturna a formula é obtida a partir da distância entre a LUA até o Sol, somando-se a distância obtida ao Ascendente.

Todos os autores tradicionais invertem a fórmula para valorizar a importância da Lua à noite e do Sol durante o dia à exceção de Ptolomeu. Lilly seguiu Ptolomeu, tanto na atribuição das triplicidades e termos quanto no fato de não reverter a Parte da Fortuna. Nisso ambos são duas vozes isoladas em meio a maioria de autores tradicionais.

Basicamente, o Lot da Fortuna é usado para descrever a maneira pela qual o indivíduo está fisicamente conectado com o mundo. É um dos significadores do corpo e da saúde, e é também um signifícador de prosperidade, da sorte ou fortuna do nativo. Se aflito pela oposição de maléficos fala em favor do encurtamento da vida.

A Parte da Fortuna é encontrada a partir dos 3 pontos mais importantes da carta: o Ascendente, o Sol e a Lua.

Mas ela não é apenas um ponto significador, tal como os planetas ou os Nodos. É o começo de um sistema de casas. O signo do Lot da Fortuna era usado como horoskopus pelos Helenísticos, isto é a primeira casa do sistema de casas que se estende de 0º a 30° do signo em que se encontra a Fortuna, usado como um segundo Ascendente.

Tal procedimento era habitual na astrologia Helenística que costumava derivar casas, à maneira que expliquei anteriormente no capitulo sobre Casas Derivadas, mas as derivavam a partir de certos significadores que eram, por exemplo, alguns lots.

Note-se que os helenísticos usavam signos completos nestes casos, sendo a primeira casa do lot mensurada a partir de zero grau do signo onde o lot se encontrava.

Vettius Valens, escreveu o seguinte:

"... O próprio [Refere-se ao Lot da Fortuna] possui o poder do horoskopos, o da vida; o zoidion do décimo signo a partir deste, o poder do Céu, que é a reputação, do Sétimo, o poder do Descendente, do Quarto, o zoidion subterrâneo, e dos lugares restantes possuem o poder das 12 regiões.”

E continua:

"Nós também temos encontrado o 11° Local da Fortuna como o Lugar da Aquisição, um doador de bens e produtos, e especialmente quando há benéficos sobre ele ou lhe dão testemunho".

Construir uma carta a partir da Fortuna nos dá importantes pistas sobre a posição e status do nativo e sobre sua vida, principalmente olhando para o a 10a casa a partir do lot, o Meio do Céu da Fortuna e, como dissemos, para o 11° signo a partir do lot, o Local de Aquisição, que é também um testemunho importante para saber sobre a forma pela qual o nativo obtém recursos materiais.

Como vemos, a importância dada ao Lot da Fortuna, que Valens simplesmente chama Lot é imensa.

Tal lot é conhecido como o Ascendente Lunar, porque seu sentido relaciona-se a Lua, isto é dá informações sobre hábitos, sobre o que não se tem controle e sobre o corpo.

O segundo lot em importância, só ligeiramente menos importante que a Fortuna, é o Lot do Espírito, ou Daemon, que é calculado exatamente ao contrário da Fortuna.

Assim, temos:

Nascimentos diurnos:
Fortuna = Ascendente + Lua - Sol

Nascimentos noturnos:
Fortuna = Ascendente + Sol - Lua

Nascimentos diurnos:
Espírito= Ascendente + Sol - Lua

Nascimentos noturnos:
Espírito = Ascendente + Lua - Sol

O Lot do Espírito está relacionado com o caminho espiritual, a motivação e a vontade de uma pessoa. É considerado relacionado ao Sol da mesma forma que o Lot da Fortuna está relacionado à Lua. O Lot de Espírito é a vontade dirigida para o mundo. Ele mostra as suas intenções e dá sinais relacionados à carreira. A doença também pode ser indicada pelo Espírito, porque ele age indiretamente sobre o físico. Por exemplo, se Saturno fizer conjunção com o Espírito pode levar à depressão.

Tem ele o sentido de consciência e movimento.

Durante a época medieval a distinção dos dois principais lots não é tão clara.

Abu Mashar, citado por Bonatti deu, entretanto, uma feliz denominação para a Parte do Espírito. Ele a chamou Pars Futurorum, ou Parte das Coisas que Virão a Ser.

Tal denominação mostra que o Lot do Espírito pode dizer sobre o futuro de uma pessoa, o que o nativo virá a fazer para tornar-se o que veio a esta vida para ser.

Tal parte é consciente e se opõe ao significado da parte da Fortuna que mostra o que o nativo recebeu de bom ou mau, seu quinhão, sobre o qual não tem poder de mudança. Lembremo-nos que a Fortuna é uma deusa cega que dá a sorte e o azar independente do mérito.

Muito mais resta a dizer e investigar sobre o Lot do Espírito que ficou esquecido e cujo sentido dá margem a que se escreva um livro somente sobre ele; é possível que ele seja a única porta aberta para o livre arbítrio na carta.

O nativo pode, através de sua vontade e esforço realizar ações conscientes no sentido de ajudar e incrementar sua sorte e saúde. Tudo depende de como está configurado o Lot do Espírito, seu regente e que planetas lhe dão testemunho.

Em astrologia Medieval a Parte da Fortuna é usada como doador de vida em determinadas circunstâncias, mas nunca a Parte do Espírito, o que é correto em meu entender uma vez que a Parte do Espírito é ligada à consciência e ao futuro, enquanto que a vida é função de condições inatas e que ocorrem antes da possibilidade de consciência.

Veremos agora os lots herméticos baseados nos cinco planetas.

Lot da Necessidade: (baseado em Mercúrio)
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Fortuna - Mercúrio
٠ Para Natividades Noturnas = Ascendente + Mercúrio -Fortuna

De acordo com Paulus, necessidade significa constrangimentos, submissões, lutas e guerras e fazer inimigos, ódios condenações, todas as outras coisas restritivas que acontecem aos homens como resultado de seu nascimento

Mais tarde em astrologia Medieval tal lot foi chamado de Parte dos Endividados.

Lot de Eros ou de Vénus
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Vénus - Espírito
٠ Para Natividades Noturnas = Ascendente + Espírito - Vénus

Lot da Coragem ou de Marte:
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Fortuna - Marte
٠ Para Natividades Noturnas = Ascendente + Marte - Fortuna

Lot da Vitória ou de Júpiter:
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Júpiter -Espírito
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Espírito - Júpiter

Lot de Nêmesis ou de Saturno:
٠ Para Natividades Diurnas = Ascendente + Fortuna - Saturno
٠ Para Natividades Noturnas = Ascendente + Saturno - Fortuna

Nêmesis é a personificação da retribuição e da justiça distributiva. Representa a força encarregada de abater toda a desmesura (hybris), como o excesso de felicidade de um mortal, ou o orgulho dos reis. Segundo Paulus relaciona-se à tudo que pode abater o nativo, como o destino e causas subterrâneas. Este lot é chamado pelos autores Medievais de Parte dos que Sobem Subitamente.


Outros lots usados por Vettius Valens

Além do Lot da Fortuna e do Lot do Espírito, Valens usa o Lot da Base, que o leitor verá inúmeras vezes ser usado na astrologia árabe com diversos nomes, às vezes distantes de seu significado original: o Lot da Base representa a base da carta e ele dá testemunho dos fundamentos da carta.

O Lot é calculado através do calculo da menor distância entre o Lot da Fortuna e o Lot do Espírito. Esta distância é somada ao Ascendente.

Por uma questão relacionada à própria fórmula, tal Lot sempre fica abaixo na carta e seu sentido é realmente o de “fundação” e alicerce.

Além disso, Valens trabalha com o Lot da Exaltação que se baseia na exaltação dos luminares. O grau específico de exaltação é usado para determinar prestígio e status social do nativo. Ele é calculado:

Para Natividades Diurnas: Ascendente + 19° Áries - Sol
Para Natividades Noturnas: Ascendente + 3º Touro - Lua

Valens usa também outros lots que revelam muito do mundo da época: O Lot da Traição, o Lot do Roubo e o Lot do Exílio.

É interessante notar que Valens não usa o Lot de Eros tal como é descrito em Paulus. Como o lot de Eros é importante convém testar as diversas formulas.

No livro lida Antologia Valens dá a fórmula do Lot do Casamento:
para o homem: ASC + Vênus - Sol (não se inverte)
e para mulheres: ASC + Marte - Lua (não se inverte)

Já no livro VII da mesma Antologia ele descreve que Eros é obtido:
ASC +Lot do Espírito - Lot da Fortuna (inverte-se)


As Partes Árabes referentes às Doze Casas

Neste momento adentramos na maneira como a astrologia árabe trabalhou os lots helenísticos. Por uma questão didática, como nos apresenta Bonatti, tais partes são divididas por casas.

Há partes demais, em meu entender, e calculá-las em todas as cartas significa também delineá-las, isto é correlacionar cada uma com seu regente, suas dignidades essenciais e acidentais, a que assunto se configura etc. Recomendo que o leitor restrinja seu uso às mais importantes.

Quando futuramente abordarmos as técnicas específicas de delineação vamos necessitar algumas partes citadas aqui.

Abaixo, segue uma tabela com as Longitudes Absolutas dos signos. ciue pode facilitar no cálculo das fórmulas.



Partes referentes à Primeira Casa

1. Pars Vitae ou Parte da Vida =ASC + Saturno - Júpiter (inverte-se)

2. Parte da Base (como utilizada por Valens) - tal parte será usada em outros contextos, significando coisas diferentes.

3. Parte do Raciocínio =ASC+Marte - Mercúrio (inverte-se)

4. Parte do Hyleg ou Parte da Raiz da Vida =ASC +Lua - SAN(não se inverte)


Partes referentes à Segunda Casa

1. Parte da Substância = ASC + Cúspide da 2U Casa - Regente da Casa 2 (não se inverte)

2. Parte das Dívidas (já citada como Lot de Nêmesis) = ASC + Mercúrio - Saturno (não se inverte)

3. Parte dos Tesouros encontrados=ASC+Vênus-Mercúrio (inverte-se)


Partes referentes à Terceira Casa

1. Parte dos Irmãos = ASC + Júpiter - Saturno (não se inverte)

2. Parte do Número de Irmãos = ASC + Saturno - Mercúrio (não se inverte)

3. Parte da Morte dos Irmãos e Irmãs =ASC +MC - Sol (inverte-se)


Partes referentes à Quarta Casa

1. Parte do Pai = ASC + Saturno - Sol (inverte-se)58

2. Parte da Morte do Pai = ASC + Júpiter -Saturno (inverte-se)

3. Parte dos Avós:


  1. ASC + Saturno - regente do Sol (inverte-se) 
  2. Se o Sol estiver em Leão = ASC + Saturno -10º de Leão (inverte-se) 
  3. Se o Sol estiver nas casas de Saturno = ASC + Saturno - Sol (inverte-se)
  4. Parte dos Antepassados = ASC + Marte - Saturno (inverte-se) 
  5. Parte das Heranças ou da Propriedade = ASC + Lua -Saturno (não se inverte)
  6. Parte das Heranças de acordo com os persas = ASC + Júpiter - Mercúrio (inverte-se)
  7. Parte da Lavoura = ASC + Saturno - Vênus (não se inverte) 
  8. Parte do Fim das Coisas = ASC + Júpiter - Saturno (inverte-se) 

Partes referentes à Quinta Casa

1. Parte dos Filhos =ASC + Saturno - Júpiter (inverte-se)

2. Parte da Data do nascimento do Número e do Sexo dos Filhos:
ASC + Júpiter - Marte (não se inverte)

3. Parte da Condição do Filho (Masculino) ASC + Júpiter - Lua (não se inverte)

4. Parte da Condição da Filha (Feminino) = ASC + Vênus - Lua (não se inverte)

5. Parte para saber o sexo da criança= ASC + Lua - Regente do signo da Lua (inverte-se)


Partes da Sexta casa

1. Parte das Doenças, Acidentes e dos Vícios Insuperáveis =
ASC + Marte -Saturno (inverte-se)

2. Parte das Doenças = ASC + Marte - Mercúrio (não se inverte)

3. Parte dos Escravos = ASC + Lua - Mercúrio (não se inverte)

4. Parte do Cativeiro (Dia) =ASC + Sol - Regente Sol

5. Parte do Cativeiro (Noite) =ASC + Lua - Reg. Lua


Partes referentes à Sétima Casa

1. Parte do Casamento do Homem de acordo com Hermes =
ASC + Vênus - Saturno (não se inverte)

2. Parte do Casamento do Homem de acordo com Valens =
ASC + Vênus - Sol (não se inverte)

3. Parte da Luxúria e coito do homem = ASC + Vênus - Sol (não se inverte)

4. Parte do Casamento das Mulheres de acordo com Hermes =
ASC + Saturno - Vênus (não se inverte)

5. Parte do Proveito e das delícias =
ASC + Cúspide da Casa 7 -Vênus (não se inverte)

6. Parte da Licenciosidade e vergonha da Mulher =
ASC + Saturno - Vênus (não se inverte).

7. Parte do Casamento do Homem e da Mulher de acordo com Hermes =
ASC + Cúspide da 7ª - Vênus (não se inverte)

8. Parte da Hora do Casamento de acordo com Hermes =
ASC + Lua - Sol (não se inverte)

9. Parte da Honestidade das Mulheres =ASC + Vênus - Lua (não se inverte)

10. Parte da habilidade e facilidade para arranjar um casamento =
Grau e minuto de Vênus + Lua - Sol (não se inverte)

11. Parte dos Sogros =ASC + Vênus - Saturno (não se inverte)

12. Parte das Disputas/Alegações = ASC + Júpiter -Marte (Inverte-se)


Partes referentes à Oitava Casa

1. Parte da Morte = Saturno + Cúspide da 8ª - Lua (não se inverte)

2. Parte do Planeta que Mata = ASC + Lua - Reg. ASC (inverte-se)

3. Parte do Ano em que o nativo deve temer a Morte, Aflições, etc. =
ASC + Regente da SAN - Saturno (não se inverte)

4. Parte do que Pesa (preocupações, assuntos que aborrecem e preocupam inclusive doenças) =
Mercúrio + Marte - Saturno (inverte-se)

5. Parte da Preocupação, Opressão e Destruição =
ASC + Mercúrio - Saturno (Inverte-se)


Partes referentes à Nona Casa

1. Parte das Viagens = ASC + Cúspide da 9ª - Regente da 9ª (não se inverte)

2. Parte das Viagens por Água =ASC + 15° Câncer - Saturno (inverte-se)

3. Parte da Religião ou Parte da Fé = ASC + Mercúrio - Lua (inverte-se)

4. Parte da Oração e Profunda Reflexão =ASC +Lua - Saturno (inverte-se)

5. Parte da Sabedoria e da Paciência = Mercúrio + Júpiter - Saturno (inverte-se)

6. Parte da Tradição e do Conhecimento dos assuntos ou das Histórias =
ASC + Júpiter - Sol (inverte-se)

7. Parte dos Rumores se são verdadeiros ou falsos =
ASC + Lua - Mercúrio (não se inverte)


Partes referentes à Décima Casa

1. Parte da Honra e da Nobreza do Nativo = Lot da Exaltação

2. Parte da Realeza = ASC + Lua - Marte (inverte-se)

3. Parte dos Reis e Comandantes = ASC + Marte - Mercúrio (inverte-se)

4. Parte do Reino, da Vitória e Ajuda = ASC + Saturno - Sol (inverte-se)

5. Parte daqueles que sobem de classe subitamente ou Parte de Saturno (já visto como Lot de Nêmesis) =
ASC + Fortuna -Saturno (só o calculo da Parte da Fortuna é invertido)

6. Parte dos nobres ou dos notáveis = ASC + Sol - Mercúrio (inverte-se)

7. Parte dos Soldados e Ministros =ASC + Marte - Saturno (inverte-se)

8. Parte dos Reis e do trabalho do nativo = ASC +Lua - Saturno (não se inverte)

9. Parte dos Negociantes e dos Artesãos =ASC + Vênus - Mercúrio (inverte-se)

10. Parte do Comércio ou Parte da Compra e Venda = ASC + Fortuna - Espírito

11. Parte do Trabalho que tem que ser feito =ASC + Júpiter - Sol (inverte-se)

12. Parte Significando se Existe Razão para um Reinado ou Não =
Júpiter + grau do MC - Sol (não se inverte)

13. Parte das Mães (Progenitora) = ASC + Lua - Vênus (inverte-se)68

14. Parte da Morte da Mãe =ASC + Saturno - Vênus (inverte-se)


Partes referentes à Décima Primeira Casa

1. Parte da Glória ou Parte da Excelência e Nobreza = Lote da Base

2. Parte de Ser Conhecido Entre os Homens, Reverenciado e Constante nos Negócios = ASC + Sol - Fortuna (inverte-se)

3. Parte da Sorte ou Proveito = Lot da Base

4. Parte do Anseio e Esperança (e desejo pelas coisas do mundo) =
ASC + Parte do Espírito - Parte da Fortuna (inverte-se)69

5. Parte da Esperança e da Fé = ASC + Vênus - Saturno (inverte-se)

6. Parte dos Amigos = ASC + Mercúrio - Lua (não se inverte)

7. Parte da Concordância entre amigos (e entre marido e mulher) = ASC + Mercúrio - Parte do Espírito (não se inverte)

8. Parte da fertilidade e da Abundância no Lar =
ASC + distância entre Lua e Mercúrio (não se inverte)

9. Parte da Honestidade mental = ASC + Sol - Mercúrio (inverte- se)

10 Parte da gratidão= ASC + Vênus - Júpiter (inverte-se)


Partes referentes à Décima Segunda Casa

1. Parte dos Inimigos = ASC + Marte - Saturno (não se inverte)

2. Parte dos Inimigos de acordo com Hermes =
ASC + Cúspide da 12ª casa - Regente da Casa 12 (não se inverte)

3. Parte das obrigações e aflições =
ASC + Parte do Espírito -Parte da Fortuna (inverte-se)

Conclusão: Como o leitor pode verificar há na astrologia Medieval a repetição de fórmulas usadas pelos Helenísticos com propósito diferente. Outras fórmulas tem sentido diferente de autor para autor desde a época helenística.

Lots ou partes não tem um ponto referencial como os planetas e acabaram por perder a pureza com a qual foram criadas.

Cabe ao leitor conhecer as mais importantes ou testar as mais significativas, antes de incorporá-las a seu trabalho habitual.

No que diz respeito a certas partes como a Parte da Morte ou do Casamento do Homem, serão usadas em técnicas especiais que estudaremos e farão parte da composição de um almuten que leva em consideração diversos significadores. Desta forma, a Parte propriamente dita permanece um tanto quanto neutralizada dentro da quantidade de significadores a serem sopesados.

As partes, com exceção da Parte da Fortuna e do Espírito são um complemento para a delineação e não um manual para encontrar através da fórmula uma resposta pronta.

No geral, se os testemunhos encaminharem o raciocínio em determinada direção e uma parte encaminhar em outra direção, fique com a maior parte dos testemunhos.



Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O Alcochoden e o que Significa sobre a Vida, por Abu Ali Al-Khayyat

(Trata-se de uma continuação daqui)

Quando você determinou o Hyleg e quer saber o Alcochoden, olhe para o senhor do termo do Hyleg, e o senhor do seu domicílio, e o senhor da sua exaltação, ou a sua triplicidade, ou o sua face. E se um desses aspecta o Hyleg, esse é o Alcochoden; e se dois ou três ou todos eles o aparecem, aquele que tem mais dignidades e é mais próximo em graus será o Alcochoden. Mas se houver um que tenha mais dignidades no lugar do Hyleg e mais próximo em graus, mas não é o Hyleg, devemos tomar primeiro o mais próximo dele na força de suas dignidades (desde que aspecte o Hyleg), e esse será o Alcochoden.

E saiba que quando o Sol é atribuído a dignidade Hylegiacal e está em Áries ou Leão e nenhum dos senhores das cinco dignidades o aspecte, será Hyleg e Alcochoden. E da mesma forma, a Lua, quando está em Câncer ou Touro, e nenhum dos senhores das cinco dignidades do signo a aspecte, será Hyleg e Alcochoden.

E quando você reconheceu o Alcochoden, veja se seu próprio domicílio ou exaltação ou triplicidade, está oriental e livre de [qualquer aspecto] do mal [estrelas], e livre de retrogradação e combustão está angular, [para então] significar [que se deve olhar] para os anos maiores [do Alcochoden] para o nativo. E se eles estão em [casas] sucedentes aos ângulos, semelhante à situação que acabamos de mencionar nos ângulos, olhe para os anos médios para o nativo. Mas se estão em [casas] cadentes dos ângulos, com as condições que mencionamos nos ângulos, ela concede seus anos menores.

Além disso, deve-se saber que, além disso, o Alcochoden é diminuído em sua própria conveniência, força e dignidade de acordo com seu lugar no círculo, ou também através das aplicações das estrelas, tal qual a ordem a sua significação diminuiu. E quando não é oriental, será convertido. E sabe-se que se o Alcochoden for diminuído [em eficácia] por qualquer uma desses modos que eu citei, reduzirá seus anos de acordo com seu lugar no círculo da maneira que eu vou dizer.

Para quando está em um ângulo (mas, como eu disse, com a exceção de que não é oriental), é convertido de seus maiores para seus anos médios. E se é ocidental e peregrino, ele cai dos médios para os anos menores. E se for ocidental, peregrino, retrógrado e combustível, é convertido de seus anos e meses menores para uma quantidade similar de meses e dias. E você observará isso de forma semelhante com outros impedimentos dos planetas e com outras casas do círculo, porque é uma regra. E saiba que a Cabeça do Dragão da Lua, quando está antes ou depois dela, aumentará em uma quarta parte os anos que significa, e quanto mais perto for em graus, melhor será. Mas quando a Cauda do Dragão estiver em seu lugar, reduzirá em uma quarta parte os anos que o Alcochoden significa, e quanto mais próximo for, pior será, e especialmente se o Sol ou a Lua estiverem no Alcochoden (e a Lua sofre mais danos por causa disso). Assim, Ptolomeu disse que a Cabeça com os planetas aumenta, e a Cauda diminui, mas mais, então, com a Lua  E se o Alcochoden estiver colocado naquilo que significa uma vida curta, e Júpiter e Vênus estão no ASC ou no MC, haverá esperança de que o nativo viva tanto quanto a quantidade de menor de anos, a menos que o termo do ASC e da Lua seja impedido pelo mal [estrelas maléficas], ou a uma das fortunas que significou a vida é governante da Casa da Morte, porque então um curto espaço de tempo e uma morte rápida significa.


Quanto as Estrelas Adicionam ou Subtraem aos Anos do Alcochoden

Anos em que os planetas individuais, quando são Alcochoden, indicam:


Quando, portanto, você descobriu a quantidade de anos, meses e dias que o Alcochoden significa, e você quer saber o que os planetas adicionam ou tiram dessa quantidade, faça isso: considere cuidadosamente se há uma fortuna conjunta a ou aspectando por trígono ou sextil, [para] aumentará seus próprios anos menores; e se for médio em sua força, tantos meses; e se for mais fraco, dias ou horas. Mas se uma estrela do mal [conjunta] for associada a ela ou a aspectos de quadratura ou oposição, isso levará seus anos menores. É preciso saber que a quadratura e a oposição das fortunas não acrescentam nada e não subtraem nada do Alcochoden, assim como os sextil e os trinos das infortunas não fazem nem uma adição nem uma diminuição. Mercúrio, no entanto, quando está com a fortuna (que adiciona) adicionará seus anos menores a ele, e se for com uma maléfica [as estrelas] vai tirá-los. E de todas [as estrelas], a que mais impõe o Alcochoden é Marte. Mas quando você sabe quantos anos o Alcochoden deu, dirija o Hyleg com os graus de ascensão até o ponto em que se trata dos corpos ou dos raios do mal (as estrelas). Para quando se trata desse ponto, significa a destruição do nativo, sem negar a onipotência de Deus.



Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

O livro pode ser adquirido aqui:
https://www.amazon.com/gp/product/0866903399/ref=oh_aui_detailpage_o05_s00?ie=UTF8&psc=1

Dignidade Acidental, por Marcos Monteiro

No capítulo 14, vimos a relação entre os planetas e os signos em que estão: o que se chama de dignidade essencial.

Ela é chamada assim porque trata de como as qualidades essenciais dos planetas vai se manifestar: se eles estão de acordo com suas qualidades mais nobres ou não.

Isso está relacionado, por assim dizer, com a natureza da ação do planeta; mas não diz nada sobre a força dessa ação.

Um exemplo simples. Marte pode significar um soldado honrado (em Áries, seu domicílio) ou um encrenqueiro violento (em Câncer, sua queda).

Essa distinção não nos informa, no entanto, se Marte consegue cumprir sua missão. O soldado vai conseguir me defender? O encrenqueiro pode me machucar?

A força da ação nos é dada pelo que chamamos de dignidade acidental, e sua contraparte, a debilidade acidental.

A palavra “acidente”, aqui, é usada no sentido aristotélico, em oposição a “essência”, e não significa necessariamente nada ruim ou inesperado. São auxílios ou aflições que não fazem parte da essência do planeta, mas que nos dizem o quanto de força para agir (ou o quanto de dificuldades para agir) o planeta tem.

Existem muitas dignidades e debilidades acidentais, porque, pela natureza das coisas, os acidentes são variados. Vamos ver rapidamente as principais.


Posição nas casas

As casas angulares, por sua natureza, são mais reais que as outras regiões do céu: assim, quanto mais próximo de um ângulo, mais real é a influência do planeta, mais forte é a sua ação.

As casa seis, oito e doze, ao contrário, são restritivas. Os planetas nelas têm menos força de ação; eles estão afligidos nelas (doenças e adversidades, morte, prisão e vícios: os significados das casas não prometem muita ajuda).

As demais, de forma geral, são neutras.

Esse efeito diminui bastante com a distância da cúspide (se o planeta estiver no meio da casa dez, tem muito menos força que um planeta próximo do meio-céu) e com estar em signo diferente da cúspide (o limite entre os signos funciona como uma barreira, um cordão de isolamento).


Cazimi

Estar cazimi, ou no coração do Sol, é uma das dignidades acidentais mais fortes que existem: estando nas graças do rei, é possível fazer qualquer coisa - exceto, é claro, ser o rei. Então, é uma dignidade que promete quase qualquer coisa, menos a posição de domínio.

Por outro lado:


Combustão

É uma das piores aflições acidentais que existem. O planeta está queimado, destruído, oculto, aniquilado - adjetivos que normalmente não acompanham ações bem sucedidas. Estar Sob os Raios do Sol é uma aflição também, mas não tão ruim.


Oposição ao Sol

Oposição próxima com o Sol (menos de 8 graus de afastamento) é quase tão ruim quanto a combustão, sem haver um oásis comparável ao cazimi.


Estrelas fixas

A conjunção próxima com estrelas fixas benéficas (especialmente as mais fortes, como Spica ou Regulus, e que tenham natureza parecida com a do planeta) é uma dignidade acidental importante.

Da mesma forma, a conjunção com estrelas fixas maléficas, como Algol ou Antares, ou que signifiquem aflição grave dentro do contexto, é uma debilidade acidental grave.


Velocidade

Aqui não estamos falando da velocidade média, nem da velocidade normal, dos planetas.

A dignidade é estar mais rápido que o normal. A Lua é sempre mais rápida do que os outros planetas, mas isso não importa. No entanto, se ela estiver bastante mais rápida do que a sua própria velocidade normal, ela está acidentalmente dignificada.

A única exceção é Saturno. Estar mais rápido que o normal não é bom para o planeta da lentidão.

Estar muito mais lento que o normal é debilitante.

Estar estacionário - parado, com velocidade zero - é uma debilidade grave.

Estar retrógrado normalmente é considerado uma aflição grave; mas isso depende muito do contexto. Se o planeta significa um filho perdido, ele estar voltando é uma coisa boa.


Júbilo

Eu mencionei essa dignidade quando falei das casas.

Todo planeta tem seu júbilo em uma das casas. É uma casa na qual o planeta se sente bem, por assim dizer, porque as atividades da casa têm alguma semelhança com as atividades que o planeta significa.

O júbilo da Lua é a casa três; a do Sol, a nove. Vênus tem seu júbilo na cinco, Júpiter na onze. O júbilo de Marte é a casa seis, o de Saturno, a doze. Mercúrio tem seu júbilo na casa um.

Estar na casa contrária ao próprio júbilo é uma aflição.


Aspectos próximos

Aspectos próximos de planetas com muita dignidade essencial são benéficos; aspectos próximos de planetas debilitados são maléficos. Oposições, de forma geral, são maléficas.

Isso, como tudo em astrologia, depende do contexto: o que os planetas envolvidos significam, o que o próprio aspecto significa, etc.


Conjunção com os Nodos

De forma geral, uma conjunção com o Nodo Norte é extremamente benéfica: é como se o planeta subisse num banquinho.

A conjunção com o Nodo Sul, ao contrário, é uma restrição grave: é como se o planeta tivesse caído num buraco.

Outros aspectos não são importantes; não há como fazer um aspecto a um dos nodos sem fazer aspecto ao outro.


Oriental e ocidental

Estes termos têm mais de um significado possível. O significado normalmente associado à dignidade e debilidade acidental tem a ver com a posição em relação ao Sol.

Estar oriental é estar antes do Sol em movimento primário: ou seja, nascer antes do Sol. Estar ocidental, ao contrário, é estar depois do Sol no movimento primário.

O significado deriva da visibilidade. Planetas orientais nascem antes do Sol; ou seja, são visíveis no céu escuro. Planetas ocidentais nascem quando o Sol já nasceu, então não são visíveis.

Para saber se o planeta está ocidental ou oriental, imagine que o Sol esteja no ascendente. Qualquer planeta “acima do horizonte” está oriental; qualquer planeta no outro hemisfério está ocidental.

De forma geral, estar oriental pode ser considerado uma dignidade acidental: o planeta é mais óbvio, mais manifesto no mundo, enquanto estar ocidental é estar mais escondido, mais oculto.


Halb e Hayz

Os termos têm origem árabe.

Os signos e os planetas se dividem em planetas diurnos e noturnos.

Quando um planeta diurno está acima do horizonte (nas casas VII, VIII, IX, X, XI e XII) de dia ou abaixo do horizonte (nas casas I, II, III, IV V e VI) de noite, ele está em halb. Um planeta noturno está em halb quando está abaixo do horizonte de dia e acima do horizonte de noite.

Um planeta em hayz está em halb e, além disso, está num signo do próprio gênero (ou seja, um planeta masculino num signo masculino, um feminino num feminino).

Os conceitos são bastante simples, mas é sempre bom lembrar que Marte, apesar de noturno, é masculino, e que Mercúrio é diurno quando oriental, noturno quando ocidental, e que é masculino ou feminino dependendo dos planetas que estão em conjunção ou aspecto com ele ou do planeta que o rege.


As dignidades e debilidades da Lua

Por sua posição de destaque, e por ser o único dos astros cuja forma visível varia, a Lua tem algumas dignidades e debilidades especiais.

A primeira tem a ver com a quantidade de luz. Quando mais cheia a Lua estiver, mais ela é visível.

Então, estar aumentando em luz é uma dignidade para a Lua, enquanto estar diminuindo em luz é uma debilidade. Sim, isso quer dizer que para a Lua, estar ocidental é uma dignidade - isso também vale para Vênus e Mercúrio, segundo alguns autores, mas por outros motivos.

Há uma faixa do Zodíaco (entre 15° de Libra e 15° de Escorpião), chamada Via Combusta, no qual a Lua também está debilitada.

Os motivos para a existência dessa faixa são controversos e a discussão foge ao propósito deste livro. Ela parece afetar somente a Lua.


Lua Fora de Curso

Este conceito atrai confusão de todos os lados, desde o seu nome até a sua importância.

O “Lua Fora de Curso” vem de “Void of Course Moon”, que é uma tradução ao inglês da expressão em latim “Luna Vacua Cursa”, que quer dizer “Lua em caminho vazio”, ou “Lua com percurso vazio”.

Isso quer dizer: a Lua não tem nenhum planeta no caminho dela. Ela termina o seu percurso por um signo sem fazer conjunção ou aspecto.

A Lua, pela sua posição de intermediária entre o céu e a terra, pode significar o fluxo geral dos acontecimentos. Desta forma, ela não fazer nada é um sinal de que nada vai acontecer, de que as coisas permanecem como estão.

Repetindo: é um sinal, de importância variável de acordo com a situação. Não é um veredicto. O cosmos não pára até que a Lua mude de signo. As pessoas que nascem quando a Lua está fora de curso crescem e se desenvolvem como o resto do mundo.

Como a ideia é a Lua ficar sem fazer nada, não faz sentido dizer que ela está fora de curso nos últimos graus de um signo, porque ela está prestes a fazer algo: mudar de signo.




Marcos Monteiro, Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013.

O livro pode ser adquirido aqui:
https://www.amazon.com.br/gp/product/B00SKNUZIQ/ref=s9u_simh_gw_i1?ie=UTF8&pd_rd_i=B00SKNUZIQ&pd_rd_r=A2XN3S8N61PC6N801MY0&pd_rd_w=X9bTN&pd_rd_wg=z7T8V&pf_rd_m=A1ZZFT5FULY4LN&pf_rd_s=&pf_rd_r=G6KVWQTGRY7KDNE92MPP&pf_rd_t=36701&pf_rd_p=a400fac2-f1d8-4385-8890-1dcda8c10b5e&pf_rd_i=desktop





A Classificação das Casas, por Helena Avelar e Luis Ribeiro

Até aqui foram apresentados ao leitor os elementos celestes da Astrologia: os planetas e os signos. As casas astrológicas, que serão estudadas neste capítulo, constituem a componente “terrestre” da Astrologia.

As casas surgem através da divisão do céu em doze partes. Esta divisão varia de acordo com o local para onde é feito o cálculo do mapa, o que faz das Casas o fator mais individual do horóscopo. Sem elas não existe mapa astrológico e apenas se podem fazer interpretações genéricas.

As Casas astrológicas têm como base dois referenciais: o horizonte e o meridiano.

O horizonte define que os astros estão visíveis (acima do horizonte) ou ocultos (abaixo do horizonte). No céu os pontos Este e Oeste do horizonte são fundamentais pois no primeiro os astros erguem-se nos céus (Este) e no segundo têm o seu ocaso (Oeste). Assim, o ponto Este define o Ascendente, pois neste ponto os astros levantam-se (ascendem) no céu. Em oposição, o ponto Oeste define o Descendente, onde os astros descem e se põem.


O horizonte: nascimento e ocaso

O meridiano representa o ponto onde os astros culminam, onde alcançam o ponto niais alto do céu na sua trajetória de nascente (ascendente) a poente (descendente). Neste meridiano há dois pontos: o Meio -do-Céu (MC), onde os astros têm a sua culminação acima do horizonte e o ponto oposto, o Fundo-do-Céu (FC), o ponto mais baixo. O Meio -do-céu e o Fundo-do-céu formam o eixo vertical de um horóscopo.

O meridiano: o Meio-do-Céu e o Fundo-do-Céu

Assim, os astros nascem sempre a Este, culminam no meridiano e descem até Oeste. Fazem idêntico percurso no hemisfério inferior, voltando a erguer-se no Ascendente cerca de 24 horas depois.

Este ciclo, em que todo o céu parece dar uma volta completa em 24 horas, é uma consequência natural do movimento de rotação da Terra. Por ser tão evidente, é denominado movimento primário.

O movimento primário

Os hemisférios

O Ascendente e o Descendente formam o eixo horizontal de um horóscopo e dividem a esfera celeste em dois hemisférios. A parte que fica acima do horizonte tem a designação de hemisfério superior a que fica abaixo do horizonte designa-se hemisfério inferior.

Hemisférios superior e inferior

Regra geral, os astros localizados acima do horizonte referem-se a coisas públicas, visíveis, expressas num ambiente social, enquanto os situados abaixo do horizonte representam coisas de teor mais privado e menos visível.

O céu também pode ser dividido em dois hemisférios pelo eixo formado pelo MC e FC. Neste caso, obtemos o hemisfério oriental ou Ascendente, localizado a Este, do lado do Ascendente, e o hemisfério ocidental ou Descendente, localizado a Oeste, do lado do Descendente.

Hemisférios oriental e ocidental

Os quadrantes

A partir destes dois eixos o céu é dividido em quatro quadrantes. Os quadrantes são numerados seguindo o movimento primário (na direção dos ponteiros do relógio) e têm as seguintes características:

Primeiro quadrante: vai do Ascendente ao MC; é denominado Oriental ou Vernal; é masculino, Quente e Úmido e tem um temperamento Sanguíneo. Simboliza a infância.

Segundo quadrante: vai do MC ao Descendente; é denominado Meridional ou Estival; é feminino, Quente e Seco e tem um temperamento Colérico. Simboliza a juventude.

Terceiro quadrante: vai do Descendente ao FC; é denominado Ocidental ou Outonal; é masculino, Frio e Seco e tem um temperamento Melancólico. Simboliza a maturidade.

Quarto quadrante: vai do FC ao Ascendente; é denominado Setentrional ou Invernal; é feminino, Frio e Úmido e tem um temperamento Fleumático. Simboliza a velhice.

Os quatro quadrantes

Importante: Esta divisão é completamente diferente das divisões propostas pelas correntes astrológicas contemporâneas (pós-século XIX). A classificação tradicional, que apresentamos, tem por base o movimento diário dos planetas nas Casas, ao passo que a abordagem atual (que omitimos por já se encontrar largamente explicada em diversos manuais) tem como base a numeração das Casas.

As doze Casas

Cada quadrante é dividido em três áreas diferentes, indicando o princípio, meio e fim do ciclo de ascensão dos astros. Obtêm-se assim doze divisões, conhecidas como Casas astrológicas. Cada Casa representa uma área de vida específica, onde os signos e planetas atuam.

As doze Casas

As doze Casas são numeradas por ordem de ascensão, ou seja, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Assim, logo abaixo do horizonte fica a Casa I, o primeiro lugar a ascender, a seguir a Casa II, o segundo lugar a ascender, e assim sucessivamente.

Esta numeração confunde os estudantes, que numa primeira fase tendem a concluir que o movimento dos planetas nas Casas deve seguir a numeração das mesmas (da I para a II, etc.). Embora pareça lógica, esta conclusão não corresponde à verdade no que diz respeito às Casas. No seu movimento diário, os planetas passam da Casa II para a Casa I, onde cruzam o Ascendente, seguindo depois para as Casas XII, XI, X, etc.

Existe, portanto, uma diferença entre o movimento dos planetas no Zodíaco (no sentido anti-horário) e o movimento nas Casas (no sentido horário).

Para compreender esta aparente inconsistência é necessário recordar que as Casas são “fatias do céu” traçadas a partir do horizonte e do meridiano local. Trata-se, portanto, de um referencial estático, que não se move em relação ao horizonte (a Casa I está sempre a Este, a X sempre no alto, etc.). O que se movimenta é o Zodíaco (juntamente com os planetas) seguindo o movimento primário de Este para Oeste e dando a volta às doze Casas em 24 horas.

Os movimentos primário e secundário

Cada Casa tem o seu começo num grau do Zodíaco, denominado cúspide. Num horóscopo, as cúspides mais notórias são o Ascendente (cúspide da Casa I), o MC (cúspide da Casa X), o Descendente (cúspide da Casa VII) e o FC (cúspide da Casa IV). As restantes cúspides, calculadas a partir destes pontos, são denominadas cúspides intermédias.

A cúspide é o ponto de maior expressão da Casa; a sua posição no Zodíaco determina as qualidades da Casa. Por exemplo, a cúspide da Casa XI em Carneiro determina para essa área de vida (amigos, aliados, etc.) as qualidades desse signo (dinâmica, impetuosidade, etc.).

Embora sejam divisões iguais do céu (30°), quando são projetadas no Zodíaco as Casas sofrem alguma distorção; desta forma, um mapa pode apresentar Casas com diferentes tamanhos. Esta diferença depende do local da Terra para onde o mapa é calculado, dos graus do Zodíaco que ascendem e culminam nesse momento, e do tipo de divisão matemática utilizada nesse cálculo.

Note-se que o tamanho da Casa não tem necessariamente implicações na sua importância; a sua relevância depende dos planetas nela posicionados.


A classificação das Casas

Angularidade

Tal como os planetas e os signos, as Casas astrológicas podem ser classificadas de várias formas. A classificação mais importante é a de angularidade, que as divide em três tipos: angulares, sucedentes e cadentes.

Denominam-se angulares as Casas I, X, VII e IV, cuja cúspide corresponde a um dos quatro ângulos principais (respectivamente o Ascendente, MC, Descendente e FC).

Planetas posicionados nestas casas têm uma expressão muito forte.

Casas angulares

As Casas sucedentes, assim denominadas porque sucedem as angulares, são a II (que segue a I), a XI (que segue a X), a VIII (que segue a VII) e a V (que segue a IV).

Planetas situados em casas sucedentes têm um nível de expressão mediano.

Casas sucedentes

As Casas cadentes são assim chamadas porque os planetas nela posicionados “caem” do ângulo; são elas a XII (que é cadente a partir do Ascendente), a IX (cadente da X), a VI (cadente da VII) e a III (cadente da IV).

Planetas localizados nestas Casas têm pouco poder de expressão.

Casas cadentes

A angularidade está diretamente relacionada com o movimento diário dos planetas. Assim o poder de expressão de um planeta vai aumentando à medida que se aproxima do ângulo; passado este ponto alto, o planeta “cai” do ângulo para uma Casa cadente e perde (esgota) a sua força; começa a recuperá-la gradualmente quando passa para a Casa sucedente contígua, voltando à sua expressão máxima na Casa angular seguinte.

Note-se que num mapa os planetas estão parados numa posição específica. Este conceito de movimento serve apenas para explicar o porquê das diversas classificações das Casas.

A força relativa das Casas

Para além destes níveis de força, mais genéricos, podemos ainda estabelecer o nível relativo de força das Casas entre si. As mais fortes são, evidentemente, as quatro angulares. Destas, a Casa I é a mais poderosa, seguindo-se a X, a VII e a IV Nas Casas sucedentes, a mais forte é a XI, seguida da V, da II e da VIII. Nas cadentes, a mais forte é a IX, seguida pela III, a VI e finalmente a XII.

Existem, contudo, excepções: embora as Casas cadentes sejam por regra mais fracas que as sucedentes, as Casas IX e III (apesar de cadentes) têm maior expressão que as Casas II e VIII (que são sucedentes). Esta situação excepcional prende-se com a relação entre as Casas e o Ascendente, que explicaremos mais adiante.

Assim a sequência de poder das Casas é a seguinte: I (a mais forte), X, VII, IV, XI, V, IX, III, II, VIII, VI, XII (a mais fraca).

Embora largamente aceite, esta sequência pode apresentar variações, em geral associadas a métodos de interpretação muito específicos.


Gênero

Outra forma de classificar as Casas diz respeito ao gênero: são consideradas masculinas as Casas de numeração ímpar (I, III, V, VII, IX e XI), e femininas as de numeração par (II, I\( VI, VIII, X, XII). Esta classificação é pouco relevante em termos práticos.




Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.

Pode ser adquirido em nova edição aqui: https://www.facebook.com/prismaedicoes/ 








terça-feira, 11 de julho de 2017

Usando Dignidades, por Benjamin Dykes

A astrologia tradicional usa muito das chamadas "dignidades e debilidades". A dignidade é um tipo de domicílio ou domínio, e quando um planeta se encontra em um lugar de dignidade geralmente mostra algum tipo de competência e consistência naquilo que indica. As debilidades mostram os diferentes modos pelos quais os assuntos se tornam menos organizados, ou obscuros, ou instáveis ​​e incertos.

Tenho certeza de que você já ouviu falar sobre as duas principais dignidades ou governos, que são:

1. Domicílio. Isso se refere a um planeta que governa um signo, como Marte governa Áries. Marte é o senhor ou "senhor do domicílio" de Áries. Quando Marte está em Áries, ele está "no seu próprio domicílio".

2. Exaltação. Isso se refere a um planeta que é exaltado em um signo, como o Sol sendo exaltado em Áries. O Sol é o "senhor exaltado" de Áries. Quando o Sol está em Áries, ele está "em sua própria exaltação", ou ele "está exaltado".

Estes são os que eu vou falar neste capítulo. Mas, tradicionalmente, há outros três principais tipos de dignidade. Elas são usadas ​​apenas para fins e técnicas específicas e, como dignidades, são considerados "mais fracos" do que o domicílio ou a exaltação:

3. Triplicidade. Todos os três signos de um determinado elemento (por exemplo, os signos de fogo) são regidos por um conjunto de três planetas, que podem não ser o seu domicílio ou os senhores exaltados.

4. Termos. Cada sinal é subdividido em cinco pedaços desiguais, cada um dos quais é governado por um planeta, mas o Sol e a Lua não governam nenhum termo.

5. Face ou decan. Cada signo é dividido em três partes iguais de 10°, cada uma das quais é governada por um dos sete planetas tradicionais.

A principal ideia por trás de uma dignidade é que cada planeta tem responsabilidade de gestão pelas áreas do zodíaco que ele rege. Então, não importa onde Áries está no mapa, Marte é responsável por gerenciar o que significa Áries, porque ele é o senhor do domicílio de Áries. Se Áries está na décima casa, então Marte está gerindo os assuntos da décima casa; se Áries está na quinta casa, então Marte governa os assuntos da quinta casa.

Do mesmo modo, não importa onde Áries está, o Sol é seu senhor exaltado e tem a responsabilidade de sua própria administração.

O seguinte é um diagrama que mostra o domicílio e a exaltação dos planetas:

Domicílios Planetários (anel externo) e Exaltações (anel interno)

Isso ajuda a imaginar que cada signo é como um lar (na verdade, os signos são as "casas" ou "domicílios" dos planetas). Se você é um dos chefes da sua casa, então você é responsável por apoiar e gerenciar sua casa. Se você está doente, ou está de férias, ou algo acontece com você, isso afeta sua vida doméstica e qualquer pessoa que esteja morando lá. Assim, se Áries é sua décima casa, então, Marte gerencia a sua reputação, as suas ações e a sua carreira, e o que ele está fazendo no mapa afeta essas coisas. Ele sempre estará em algum signo do mapa ou em outro, em aspecto ou fora de aspecto com algum outro planeta, em alguma condição benéfica ou difícil: assim como a sua situação muda, então essas coisas mudam. Muito do que fazemos ao olhar para o mapa natal, é entender o que está acontecendo com uma casa e seu senhor do domicílio.

A diferença entre um senhor do domicílio e um senhor exaltado é aproximadamente esta. Imagine um departamento de uma universidade, que tem um chefe de departamento e um secretário administrativo-chefe. A chefia do departamento é como o senhor exaltado: ele toma algumas decisões executivas e é oficialmente responsável pelo departamento, mas ele não é realmente uma pessoa prática nos assuntos do dia-a-dia do departamento. Se ele quiser enviar uma carta, ele pode não saber onde os selos estão guardados; ou ele pode não saber a quem ligar se o computador não funcionar. Mas como nós todos sabemos, o secretário administrativo é, freqüentemente, aquele que realmente administra o show. Se você precisar realizar algo prático, se você precisa de um número de telefone ou precisa saber como é uma determinada política do departamento, ou quais são os requisitos de uma licenciatura, o secretário sabe o que fazer. O secretário é como o senhor do domicílio.

Essas analogias podem ser ampliadas para outras áreas da vida: o senhor exaltado é como o proprietário de um restaurante, mas o senhor do domicílio é o gerente que realmente administra e traz o dinheiro. Muitas pessoas ricas (senhores exaltados) contratam gerentes domésticos (senhores do domicílio) para pagar contas, gerenciar a agenda, contratar trabalhadores que fazem consertos e gerenciar o serviço de limpeza. Na astrologia tradicional, esses senhores do domicílio ou gerentes domésticos são os poderes reais no mapa. Na maior parte, não usamos senhores exaltados ao delinear o tópico de uma casa.

Mas aqui é algo muito crucial: o quão bem um senhor de domicílio (ou qualquer planeta) está fazendo, o quão organizado, eficiente e confiante ele é, depende em grande medida se está ou não em suas próprias dignidades. Vamos tomar Marte, como exemplo: ele governa Áries e, em qualquer carta, ele será seu senhor do domicílio e tentará gerenciar seus assuntos. Mas ele sempre estará em um signo ou em qualquer outro, e talvez não seja um signo que ele domina ou que ele se sinta confortável. Se Marte estiver em um signo que ele governa por domicílio (Áries ou Escorpião), então ele ficará mais confortável e você perceberá qualidades marciais mais construtivas e eficientes acontecerem. Mas se ele está em detrimento ou queda, ou está peregrino (ou mesmo uma combinação destes), teremos efeitos desorganizados e perturbados que afetam a área de vida indicada por Áries. Vejamos estas três contra-dignidades agora.

Detrimento. O signo do detrimento de um planeta é sempre o oposto ao signo que ele tem por domicílio, então, se um planeta governa dois signos, ele tem dois signos de detrimento. Por exemplo, o Sol (o senhor de Leão) está em detrimento de Aquário, enquanto Marte (o senhor de Áries e Escorpião) está em detrimento tanto em Libra quanto em Touro. O principal significado do detrimento é a "corrupção", que traz os seguintes significados básicos: desintegração, desunião, falta de controle, desconforto ou inimizade, e até corrupção moral (pelo menos, aos olhos da comunidade). Também pode mostrar algo que é "alternativo" ou "contracultural", porque representa a dissolução dos padrões normais. Então, se Marte está no signo de seu detrimento, sua atividade marcial e seus eventos marciais terão essas características. Imagine a diferença entre um soldado disciplinado, organizado e competente (domicílio) e um soldado que sofre de medo, luta mal, é antagônico, desajeitado, e assim por diante.

Queda. O signo de queda é sempre o oposto ao da exaltação, de modo que Marte (exaltado em Capricórnio) está em queda em Câncer; O Sol (exaltado em Áries) está em queda em Libra. Como cada planeta tem apenas um sinal de exaltação, cada um tem apenas um signo de queda. E uma vez que há doze signos, mas apenas sete planetas tradicionais, cinco signos não têm quedas neles. A imagem básica de um planeta em queda é a de alguém que caiu em um poço: eles podem gritar e chorar, mas ninguém os ouve. Em situações sociais, um planeta em sua própria queda geralmente representa alguém que não é respeitado ou é de baixo status social. Podemos também imaginar que indica coisas de baixa qualidade, ou mesmo impulsos psicológicos que são difíceis de entender e expressar bem. Além disso, ele pode mostrar algo que é socialmente incomum ou alternativo porque é algo ignorado ou não aceito pelo grande público, pelo olhar do público.

Uma característica interessante da queda é que, uma vez que cada planeta está tentando ser ele próprio, então, muitas vezes, será mais difícil deste planeta se expressar: então, a queda pode mostrar uma dificuldade que alguém está tentando superar. Às vezes, isso tem resultados desagradáveis. Como Marte é um planeta maléfico, você pode considerar que seria bom deixá-lo afastado e ignorado. Mas você já tentou ignorar uma pessoa realmente marcial? Geralmente não funciona: ele ou ela pode facilmente barulhento, estridente, interromper e atacar, como sendo uma estratégia para tentar ser ouvido. Portanto, não podemos simplesmente olhar essas contra-dignidades ao pé da letra, porque o que vemos na vida e na personalidade de uma pessoa é muitas vezes sua tentativa de superar esses problemas subjacentes.

A seguir está  um diagrama dos signos de detrimento e queda dos planetas:

Planetas em Detrimento (anel externo) e Planetas em Queda (anel interno)

Peregrino. Por fim, vejamos o que é ser "peregrino". A palavra em latim e árabe na realidade significa ser viajante, estranho, estrangeiro ou peregrino. Um planeta é peregrino quando está em um lugar onde não tem dignidade positiva, como o Sol em Touro. É como estar em uma terra estrangeira onde você não fala bem a língua, e você depende das boas graças dos outros para se dar bem. Você pode estar confuso e perdido, ou o hotel barato que você queria se hospedar está reservado, e assim por diante. Você pode ter que ficar com pessoas que você não gosta e onde você tem pouco controle da situação. Ou, por outro lado, você pode pousar no lugar certo - mas o ponto é que você não tem à disposição os tipos de controle normal que você gosta de ter em casa. Assim mesmo, quando um planeta é peregrino, sua condição e comportamento dependem do que está acontecendo com o senhor do domicílio desse signo. Se o senhor do signo estiver em uma casa favorável e em uma das suas próprias dignidades, ou alguma outra situação favorável, o planeta peregrino estará melhor: é como se alguém cuidasse deles. Mas se o senhor do signo em que está o peregrino estiver nas condições opostas, será menos agradável, construtivo e assim por diante.

Algumas pessoas se confundem quanto à forma como a peregrinação se encaixa com detrimento e queda. Lembre-se: ser peregrino significa não possuir uma das dignidades positivas. Não exclui a possibilidade de estar em contra-dignidade também. Por exemplo, o Sol está peregrino em Touro porque ele não tem nenhuma das cinco dignidades lá. Ele também é peregrino em Aquário pelas mesmas razões, mas porque ele também está em detrimento de Aquário, isso potencialmente piora o que ele significa em um mapa.

Ao interpretar um planeta em dignidade ou em contra-dignidade, aqui está uma dica: para dignidades, considere quais seriam as expressões mais organizadas e construtivas (domicílio) ou exaltadas e autoconfiantes (exaltação) desses planetas e, então, pergunte-se como seria se esse planeta fosse desorganizado e assim por diante (detrimento) ou empobrecido e marginalizado (queda). Claro que você tem que levar suas naturezas planetárias em conta. Um Marte desorganizado irá agir de forma diferente do que um Júpiter desorganizado.

Tábua das Dignidades Maiores e das Corrupções/Debilidades dos Planetas

Exercício: Dê uma olhada no quadro a seguir e responda as perguntas abaixo.


1. Quatro planetas estão em seus próprios domicílios neste mapa: quais são eles?

2. Qual planeta está em sua queda?

3. Quais dois planetas são peregrinos?

4. Olhe para Júpiter e sua condição de dignidade na quinta casa. O que você acha que isso pode significar para os filhos de tal pessoa? Lembre-se de considerar a natureza de Júpiter, além de sua condição de dignidade lá.



Capítulo 8
Benjamin Dykes, in Traditional Astrology for Today - An Introduction, Cazimi Press, Minneapolis, Minessota, EUA, 2011. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente).

O livro está à venda aqui:
https://www.amazon.com/Traditional-Astrology-Today-Benjamin-Dykes/dp/1934586226/ref=sr_1_4?ie=UTF8&qid=1497110339&sr=8-4&keywords=benjamin+dykes