sábado, 2 de julho de 2016

Lilith na Casa 1



Dá um tipo de olhar penetrante que atravessa as pessoas. Coloca distância entre o sujeito e os outros que fascina, atrai, magnetiza. Quanto mais perto do Ascendente, mais evidente é. Não é uma pessoa faladora, o olhar fala por ela.

Faz as mulheres com características masculinas, autoritárias. Aos homens não os afemina, pode ser que lhes outorgue de ser poeta, místico, filósofo.

Pode ser um componente de homossexualidade.

Também pode resultar para o psicólogo, para o astrólogo, aquilo que ajuda a tomar consciência, aquilo que dá iniciativa aos demais.

Há força de juízo, porém intransigência.

Tem um ideal ascético.

Pulsões fortes e inconscientes para progredir espiritualmente, às vezes, pelo contrário, torturas por um vazio interior muito grande.

A Fórmula do "Novo Mundo", por Dane Rudhyar





Estas as Weltanschauungen, ou visões de mundo, chinesa e hindu. Afirmamos ser possível um terceiro tipo de integração universal, que enfatizaria não o Um-que-é-no-começo nem o "processo" que chamamos vida — mas a soma total última, a consumação, a reunião de todos os elementos no "círculo de totalidade". Um sistema como esse obviamente integraria algumas das características das filosofias chinesa e hindu típicas. Incorporaria além disso a ênfase peculiar que a cristandade dá à "personalidade" e ao processo de crucificação — uma ênfase aparentemente ausente do sistema chinês. Finalmente, esse sistema precisaria abrigar a nova mentalidade científica à medida que esta envolve uma abordagem crítica e analítica do mundo dos fenômenos naturais e uma tentativa de assim aprofundar a compreensão do processo de mudança.

Um sistema como esse, uma tal atitude diante da vida, está se formando lentamente diante de nossos olhos. Faltam-lhe apenas alguns fatores básicos de coordenação, uma visão mais ampla, livre dos preconceitos europeus, um temperamento verdadeiramente estético e criativo — e um impulso espiritual coletivo que pode estar reunindo seu momentum agora mesmo, a partir do colapso da velha civilização europeia. Pioneiros em praticamente todas as esferas de atividade humana estão contribuindo para a construção de uma nova visão de mundo como essa. Talvez o termo holismo seja tão bom quanto qualquer outro para caracterizar essa nova atitude diante da vida, se o sentido do termo for ampliado além da definição do general Smuts. Temos usado a frase "filosofia da totalidade operativa". Em nosso capítulo anterior, definimos a concepção verdadeiramente "estética" da vida e sua relação com a nova psicologia, especialmente como formulada por Jung. Num capítulo anterior, tocamos no assunto da nova atitude da ciência, cujas descobertas talvez venham a fazer mais pelo estabelecimento da nova filosofia de viver e ser do que qualquer outro fator. Precisamos mencionar não apenas aqueles movimentos nos campos da organização, da política e da jurisprudência social que balbuciam as primeiras sentenças da nova linguagem humana, mas, acima de tudo, a imensa pressão dos fatores econômicos, a influência de nossas máquinas e de nossa tecnologia, que serão o fator prático determinante das mudanças materiais.

Então existe a nova consciência religiosa e o poder de movimentos que lidam com ocultismo e misticismo — até mesmo espiritualismo. Nos livros de Alice Bailey, as características do novo tipo de consciência, emergindo aqui e ali em toda parte, e as implicações mais amplas do trabalho em grupo numa base mundial estão 'descritas com clareza irrefutável. Seu estudo das atividades do que ela chama Novo Grupo de Servidores do Mundo, apesar de ser feito com base em ideias ocultistas que podem desconcertar muitos, é uma expressão magistral de uma visão que abrange o todo da humanidade.

No entanto, o que é preciso é uma apresentação simbólica simples de princípios vitais tal como a encontramos no antigo I Ching: uma fórmula geral que relacione, centralize e cristalize todas as novas ideias e ideais; que formule de maneira nova e significativa as forças básicas que em todos os campos procuram um novo tipo de ajustamento. Compreendendo a magnitude óbvia da tarefa, pareceria presunçoso até tentar. No entanto, o que é mais simples do que os princípios básicos do I Ching? Nossa civilização está sobrecarregada de complexidades. Ela precisa de algumas poucas ideias simples e sintetizadoras, que por fim possam coordenar estruturalmente o labirinto assustador de nosso conhecimento intelectual. Precisa de um, ou de alguns poucos símbolos significativos para integrar toda a massa de materiais, dados e ciências que superlotam nossas enciclopédias. Isto pode ser encontrado neste presente momento? E difícil dizer. Mas de qualquer modo podemos contribuir com uma sugestão em direção a uma solução final. Por outro lado, os conceitos que se seguem serão de valor essencial para nós na determinação das bases do simbolismo astrológico. E não esqueçamos que o simbolismo astrológico, como simbolismo, poderá vir a ter um papel muito importante para tornar concretas e inteligíveis algumas das ideias mais profundas envolvidas na filosofia da nova civilização.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar. 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A Fórmula Chinesa, por Dane Rudhyar




É claro que este sistema é fundamentalmente diferente do sistema chinês, que coloca ênfase na realidade do "processo" e no dualismo que ele envolve. O yang e o yin, as duas polaridades cósmicas, são vistas em sua inter-relação cíclica, O tempo já não é mais a fatalidade que força o espírito à reencarnação, mas é a realidade básica de todo o processo de mutação. Toda a vida é um ritual de mutação, um drama mostrando as atividades correlatas de yang e yin, e apresentando suas transmutações sucessivas. Estas mutações são simbolizadas geometricamente, primeiro num sistema triplo de manifestação arquetípica (pois cada relação entre dois elementos envolve ação, reação e interação), depois num domínio sêxtuplo de atividade, que é o domínio do drama verdadeiro ou do desempenho externo. Formam-se assim 64 hexagramas, representando todas as fases possíveis de interação entre os dois princípios no domínio da atividade. Esses hexagramas então são distribuídos em um círculo, tal como os signos do zodíaco na astrologia moderna.

O que esta série cíclica de hexagramas representa é o drama universal da vida, o padrão cósmico de toda atividade e de toda reação a atividade (a que chamamos conhecimento). Mais especificamente, representa o gráfico das mudanças de relação entre Sol e Lua durante o ciclo do ano. Mas essa relação, que se curva ao longo do caminho da órbita da Terra, na verdade é a própria origem do princípio vital em tudo. A vida não vem do Sol. Vida é o resultado da relação entre Sol e Terra, entre energia e substância, entre Luz e Escuridão.

No solstício de verão, domina o yang, no solstício de inverno, o yin; nos equinócios eles estão num estado de equilíbrio dinâmico. Mas no outono, o yin aumenta, enquanto, na primavera, o yang aumenta e o yin diminui em intensidade. Portanto, quatro pontos cruciais, a Cruz da atividade, os quatro Atos do drama — que um Quinto Ato pode, ou não, sintetizar. Este Quinto Ato é a "Quintessência" do ensinamento alquímico. E o Quinto Ramo — a casa do Criativo, seja acima ou abaixo. É o lugar sagrado onde reside Tao, o Grande Significado, o ápice da pirâmide baseada nos quatro pontos cruciais do ano, o Símbolo de todos os símbolos. Tao é a solução de todos os conflitos, e por isso não é uma coisa nem mesmo uma essência, mas um processo. E o Processo na Cabeça, o caminhar do Iniciado ao subir os degraus que levam ao topo da pirâmide — um topo plano, originalmente, pois o ápice em si somente poderia ser o Fogo místico se elevando do altar exaltado, o altar em que os Quatro Erros (que na verdade são concepções limitadas) são queimados e dissolvidos, transformados, integrados no Significado Uno.

Este Significado Uno, resolvendo todos os conflitos pelo equilíbrio e transcendência, é incorporado pelo imperador chinês. Ele é o ponto neutro em que todas as energias cósmicas estão equilibradas, o Grande Vazio, o eixo da roda. Isto, no âmbito do Estado. Mas para o místico existia potencialmente um "palácio imperial" em cada pessoa. Lá, dentro da cabeça, Tao atingia completação como processo, o processo de "circulação da Luz", e o "Corpo Diamantino" nascia — o Imperador: o Deus-do-fun, a Semente-de-Luz.

A palavra Tao pode ser analisada simbolicamente de modo que cada uma das três letras corresponda a uma das partes do ciclo. A refere-se a Um-que-é-no-começo, a mônada; O implica a consumação final, que no homem significa a Personalidade integrada centrada ao redor do self (e não apenas o ego meramente consciente) e, num estágio mais avançado de abstração, a quintessência do Ser self; e o T representa o processo mundano de mutação — no homem, aquele estado de ser que é um fluxo contínuo de pensamentos, sentimentos, intuições e sensações, o estado da personalidade em evolução e permanente mutação. A letra T veio primeiro, nesta palavra sagrada da China, porque a civilização chinesa enfatizou o elemento do "processo", e a letra T, na simbologia universal, significa o poder vital que flui através do processo do vir-a-ser, o poder nascido da "crucificação" do Um no domínio da dualidade. No entanto esse poder vital, quando controlado pelo ser humano em equilíbrio de ação, transforma-se na energia que leva para o interior ao longo do "Caminho Consciente", que é Tao.

Assim, a meta do Sábio era harmonizar em si mesmo as polaridades opostas para alcançar um ponto de equilíbrio a partir do qual todos os conflitos poderiam ser resolvidos, simbolicamente, sendo então objetivados e transcendidos. Era, também, encontrar no centro criativo de sua identidade última, a quintessência de todo o processo de mutação, e com ela construir o veículo espiritual para um tipo correspondente de imortalidade individual como um dos verdadeiros "celestiais" — isto é, com a manifestação espiritual de um dos Princípios arquetípicos no domínio dos Universais.


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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Astrologia, Karma e Transformação, por Stephen Arroyo.

Este trecho é do livro do Stephen Arroyo, ‘Astrologia, karma e transformação’:

“Como Jung salientou muitas vezes nos seus escritos, aquilo com que não estamos conscientemente em contato aparece-nos como ‘destino’. Parece acontecer-nos e, assim, não nos responsabilizamos por isso, nem reconhecemos o nosso papel na sua manifestação. Quanto mais uma pessoa está conscientemente em contato com a sua vida interior, mais a Astrologia oferece – não surpresas sensacionais ou um modo de manipular o destino – mas um meio de clarificar as fases de autodesenvolvimento que devemos vencer e utilizar como oportunidades para a transformação pessoal.”






Sol na Casa 1


As Casas Astrológicas - Detalhamento. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro



Casa I

Casa Angular de Fogo - identidade em ação.

A Casa I começa no Ascendente (que é a cúspide da Casa I) e pode prolongar-se pelo signo ou signos seguintes.

Tal como todas as outras casas do mapa astrológico, pode estar "vazia" ou conter vários planetas.

No seu conjunto, o complexo Ascendente-Casa I constitui um dos mais importantes aspectos do horóscopo.

Complementando o Ascendente, a Casa I dá-nos mais informações sobre a nossa primeira identificação com a vida: é a primeira inspiração do bebé recém-nascido, a sua primeira troca energética com o meio.

Por estar naturalmente ligada ao nascimento, o Ascendente (e a Casa I) são ativadas sempre que começamos alguma coisa. Quando tomamos iniciativas e encetamos algum projeto, estamos a "nascer" de novo para alguma atividade ou ação.

Pela análise desta área do mapa astrológico, podemos ter indicações adicionais sobre o tipo de experiência através da qual nos descobrimos como indivíduo, a forma como tomamos iniciativas e a forma como começamos as ações.

Descreve mais pormenores sobre a imagem que projetamos exteriormente: dá algumas pistas sobre a maneira como os outros nos veem, tanto do ponto de vista físico como no aspecto comportamental.


Casa II

Casa Sucedente de Terra - segurança concreta.

É nesta área de vida que vamos concretizar, fixar e dar forma ao que iniciamos sob o impulso do Fogo Angular da Casa I.

É aqui que entramos em contacto com os recursos, valores próprios e posses pessoais; é aqui que nos deparamos com o conceito de valorização, segurança e estabilidade.

A Casa II representa os recursos que temos ou queremos ter para nos sentirmos seguros e "importantes". Esta área do mapa mostra aquilo que valorizamos, o que nos dá segurança; os recursos e atributos que nos dão o sentido de valor.

Estes recursos são físicos e patrimoniais, mas também podem ser emocionais, psicológicos ou espirituais Nesse sentido, os amigos, a cultura ou a saúde podem também ser considerados "recursos pessoais" tão ou mais importantes como o dinheiro e a gestão e acumulação de bens.
Assim, vamos vivenciar o auto-valor, os recursos e as posses, nos mais diversos níveis:
- material e concreto: os objetos que possuímos; o corpo físico como elemento de autovalor, com a sua resistência e aptidão física.

- moral e psicológico: as nossas qualidades, os recursos de que dispomos para sobreviver - coragem, preserverança, inteligência, etc.

- espiritual: devoção, desapego, generosidade, etc.

Vemos, assim, que esta casa indica não apenas o "ter" mas também o usar e o gerir, atividades aqui encaradas como complementares ao "ser".


Casa III

Casa Cadente de Ar - conhecimento intelectual e social.

Depois da grande libertação de energia do nascimento e da sua "descida à Terra", chega o momento de perceber e interagir com o mundo exterior.

Esta casa representa a primeira tomada de consciência do não-e, o primeiro o processo de distinção sujeito-objeto.

É, assim, a casa do meio próximo, do "ambiente" da infância. Indica de que forma vivemos as relações com os irmãos, vizinhos e colegas de escola, o processo de aprendizagem. Também nos dá pistas sobre o processo de aquisição da linguagem (como forma de apreender o mundo).

A Casa III rege:

• todas as situações de comunicação, os processos mentais lógicos

• a aprendizagem

• a mente concreta e o lado esquerdo do cérebro (raciocínio, dedução, etc.)

• as deslocações de curta distância, as "pequenas viagens"

• as relações com ambiente imediato (aquilo que nos rodeia)

Dá indicações sobre a forma como pensamos, comunicamos, escrevemos e nomeamos as coisas, a nossa atitude face ao conhecimento, e ainda sobre a maneira como exploramos o ambiente imediato. É a nossa "descrição" do Mundo.


O Fundo do Céu

É o ponto mais "interno" do mapa natal. Representa o sentido de unidade interior que cada ser transporta consigo. É o "eu aqui dentro", o centro da existência de cada ser.

Tal como o Ascendente (outro ângulo importante do mapa natal), o Fundo do Céu representa um aspecto essencial da estrutura do indivíduo. Mas ao contrário do Ascendente, que se manifesta na expressão imediata e direta, o Fundo do Céu raramente é vivido de forma consciente.
Por este motivo, o Ascendente representa a autoimagem imediata, enquanto o Fundo do Céu simboliza a autoimagem inconsciente. O primeiro mostra a forma como nos expressamos no imediato, a forma como começamos as coisas; o segundo revela o que somos "cá dentro", a nossa base interior.

Para além de ser a cúspide da Casa IV, o Fundo do Céu marca também o início do Segundo Quadrante.

Neste ponto de interiorização máxima começamos a refinar (Segundo Quadrante) tudo aquilo que somos (Primeiro Quadrante).

O signo que se encontra na cúspide da 4ª Casa dá indicações sobre o princípio e o fim da vida. Simboliza simultaneamente o berço e o túmulo.

Revela ainda a forma como nos comportamos na intimidade e em todas as situações em que nos sentimos "em casa".


Casa IV


Casa Angular de Água - ação emocional.

A Casa IV, que tem a sua cúspide (início) no Fundo do Céu, representa as origens, o passado, as raízes emocionais, psíquicas, familiares e raciais.

Esta Casa vem complementar o significado do Fundo do Céu, da mesma forma que a Casa I complementa as indicações dadas pelo Ascendente.

A Casa IV descreve a forma como agimos na privacidade, a influência familiar, a vivência e "atmosfera emocional" da infância. Pode também dar indicações sobre a forma como vemos/sentimos um dos progenitores (o pai ou a mãe, conforme os casos).

Simboliza igualmente a relação com a linhagem familiar, o espírito de família ou de "tribo". Representa não apenas o lar de família, mas também ao nosso refúgio interior.

É o ponto de assimilação da experiência emocional relativa a tudo o que foi vivido nas casas anteriores (as "memórias de infância"). É na Casa IV que se faz a integração e estruturação da mente, corpo e sentimentos, bem como a manutenção das características individuais do eu.
É a matriz, a base de operações e o centro de poder.

Rege tudo o que tenha a ver com abrigos, refúgios e lares de infância, assim como a experiência emocional do início e do fim da vida.


Casa V

Casa Sucedente de Fogo - segurança da identidade.

A Casa V marca o início de um novo ciclo de identidade.

Nesta área de vida, porém, já não basta existir, como acontecia na Casa I. Aqui, sentimos a necessidade de sermos especiais.

Estamos agora, na fase da manifestação do ser como entidade individual, independente e única: a afirmação do indivíduo como "ele mesmo".

Enquanto na casa anterior, de Água, vivemos o sentimento de sermos quem somos, nesta casa de Fogo aprendemos a exteriorizar esse sentimento, transformando-o em autoexpressão criativa.
A Casa V rege todas as atividades associadas à autoexpressão do ego.

Esta autoexpressão pode tomar diversas formas, todas elas associadas à Casa V:

Criação: a capacidade de criar, as minhas criações. Estas podem ter um carácter artístico ou estender-se a outras áreas de expressão.

Procriação: a capacidade de gerar, os filhos. As crianças são aqui encarados mais como projeções do ego do que como "outras pessoas" independentes e autônomas.

Recriação: capacidade lúdica, de criar divertimentos e jogos. O "flirt", os namoros, os casos amorosos, a popularidade em geral estão incluídos neste grupo, por se tratarem de expressões do eu, mais do que de "relacionamentos" com parceiros.

Complementando a Casa IV, a Casa V dá-nos indicações sobre a Criança Interior que existe em cada adulto.


Casa VI

Casa Cadente de Terra - conhecimento concreto, material.

A Casa VI representa o ajustamento, aprimoramento e diferenciação do Eu. Está associada à purificação, tanto física como espiritual.

Esta Casa refere-se ao disciplinamento do eu, ao "trabalho de bastidores", que será uma preparação para um melhor funcionamento e integração em sociedade.

Dá-nos pistas sobre o nosso "funcionamento" do dia a dia e sobre a forma como encaramos os rituais da vida mundana, as rotinas diárias.

Revela as "ferramentas", habilidades e técnicas de que dispomos para o autoaperfeiçoamento. Mostra também a nossa atitude perante o "dever" o trabalho.

A Casa VI está rege vários temas aparentemente distintos mas, na verdade, profundamento relacionados: a saúde, as doenças, o trabalho, o aperfeiçoamento pessoal, os deveres e os animais domésticos.

As doenças são aqui encaradas como bloqueios de energia criativa que não é usada produtivamente. Quando os nossos deveres e rotinas no mundo do trabalho não correspondem às nossas verdadeiras necessidades, arriscamo-nos a ficar doentes. Da mesma forma, um trabalho compensador pode promover o bem-estar e a saúde.

Quanto aos animais domésticos, é por demais conhecido o efeito benéfico que podem ter sobre as condições de saúde dos donos. Além disso, os animais eram antigamente vistos como serviçais (outro tema da Casa VI), que ajudavam aos cumprimento das rotinas diárias.

A Casa VI rege, assim, tudo o que está tem a ver com limpezas, rotinas e deveres. Relaciona-se também com a nossa capacidade de trabalho e de autoaperfeiçoamento.


O Descendente

Ao longo do percurso que nos levou da Casa I à Casa VI, experienciamos a nossa dimensão física, intelectual e emocional.

Todo este campo de experiências pertence à primeira metade do mapa, àquela que está "abaixo do horizonte" e que diz respeito à vida pessoal, privada.

Na Casa VII emergimos "acima do horizonte", iniciando o Hemisfério Diurno.

um contexto cada vez mais abrangente: primeiro os parceiros, depois a Sociedade, finalmente o Colectivo.

O Descendente indica essa mudança de direção: é "o ponto de consciência do Outro", o momento em que percebemos que nada existe como entidade separada.

O signo que se encontra no Descendente mostra o que procuramos no parceiro (por vezes de forma totalmente inconsciente), o "ambiente" que queremos ter nas relações e também as energias que precisamos desenvolver para ficarmos completos.


Casa VII

Casa Angular de Ar - ação social e intelectual.

Sendo a primeira Casa acima do horizonte, a VII refere-se aos relacionamentos.

Define as relações "de igual-para-igual", o compromisso mútuo e a forma como encaramos a Sociedade.

Rege todas as associações oficiais, como casamentos e contratos de negócio; rege igualmente todas as associações ou confrontos pessoais, incluindo as inimizades declaradas.

A Casa VII dá-nos indicações sobre a forma como estamos na relação e sobre o tipo de pessoas que atraímos nas nossas parcerias. É, por isso, considerada a casa do cônjuge, do casamento.
Muitas vezes, encontramos nos nossos parceiros as características e "defeitos" que não conseguimos ver em nós mesmos. Assim, está também relacionada com os inimigos declarados.

Representa O Outro, tanto no sentido da complementariedade como no do confronto.


Casa VIII

Casa Sucedente de Água - segurança emocional.

A Casa VIII representa os relacionamentos íntimos e as grandes transformações emocionais que deles resultam.

Pode ser comparada ao caldeirão da bruxa ou ao forno do alquimista: é o lugar das crises e mudanças que decorrem em segredo, no íntimo do ser.

Mostra a forma como misturamos as nossas energias com algo maior.

Esta tentativa de união pode ser vivenciada como uma forma de aumentar o poder e o domínio do ego, ou como uma via para a transcendência, através da transformação desse mesmo ego.
Este processo pode ocorrer a vários níveis:

material: dinheiro, heranças, empreendimentos; gerir e administrar os valores dos outros; a confiança mútua.

emocional: ligações, profundas; a sexualidade; o relacionamento como catalizador de transformações; a destruição de velhas fronteiras do ego.

social: o poder; a busca do que está escondido, desconhecido, oculto no relacionamento e na sociedade; manipulação, intrigas, temas-tabu.

espiritual: morte, renascimento; a transcendência, a relação com o chamado Plano Astral; é nesta área de vida que enfrentamos e transformamos os "demônios" internos: o ciúme, a inveja, a ganância, o egoísmo, etc.


Casa IX

Casa Cadente de Fogo - conhecimento da identidade.

A Casa IX marca o começo de um novo ciclo de identidade. Nesta terceira casa de Fogo este ciclo é bastante complexo.

Já não falamos aqui da identidade primordial, que trazemos à vida no nascimento (Casa I) nem tão-pouco da expressão criativa da individualidade (Casa V); trata-se agora da procura de um significado, de uma direção, de um propósito maior do que o ser individual, algo que transcende a própria personalidade.

A Casa IX é, por isso, a casa da identificação com o significado último das coisas: com a Verdade ou a "Pedra Filosofal".

Está igualmente relacionada com o conhecimento superior, a mente abstrata, os processos intuitivos de pensamento, a Fé, a Filosofia e a Religião. Mostra a maneira como concebemos a Imagem de Deus.

Para além das questões filosóficas e religiosas, a Casa IX rege também o "ambiente" que se vive nos relacionamentos, a ética conjugal e as relações com os parentes por afinidade (sogros, cunhados, etc). Rege ainda as grandes viagens, pois a viagem, por nos permitir conhecer novas culturas, filosofias, modos de vida, religiões, faz-nos alargar horizontes.


O Meio do Céu

Estamos agora no ponto mais "elevado" do mapa. Vivenciamos todo o hemiciclo de autoconhecimento (o Hemisfério Noturno) e uma boa parte da experiência com os outros (Terceiro Quadrante). A nossa identidade sofreu importantes crises transformativas e delas conseguimos extrair um significado maior.

Entramos então no Quarto e último Quadrante, no qual o foco de expressão do indivíduo vai ser primariamente colectivo, resultado de uma transformação pessoal e pessoal-social anterior.
Resta-nos agora pôr toda esta experiência ao serviço do Colectivo, tarefa que levaremos a cabo no conjunto de casas deste último quadrante.

O signo que se encontra no Meio do Céu indica o modo como gostaríamos de ser vistos pela sociedade; sugere qualidades e modos de expressão pelas quais gostaríamos de ser lembrados.
São temas que valorizamos a ponto de exibirmos publicamente - é a nossa máscara (persona) social.

Indica a forma como nos descrevemos quando queremos mostrar-nos no nosso melhor; é através das qualidades associadas a este signo que queremos ser admirados e respeitados, são, por isso, qualidades que queremos ter e mostrar perante a sociedade.


Casa X

Casa Angular de Terra - Ação concreta, material,

Sendo uma casa de Angular e de Terra, indica primariamente a nossa capacidade de integração, estruturação e realização perante o social. Mostra o momento em que temos reconhecimento social (oposta à casa IV em que a estruturação era individual).

É a casa onde nos vemos como seres sociais.

É o momento de projetar perante a Sociedade tudo que integramos como estrutura-raíz (Casa IV): neste sentido, podemos afirmar que "a copa da árvore (Casa X) começa a dar os seus frutos".

Sendo a última Casa de Terra, a X representa o culminar funcional do nosso eu individual; indica de que forma projetamos na Sociedade os recursos que reconhecemos e aprendemos a gerir na II e que aperfeiçoamos e rentabilizamos na VI.

Indica, assim, a nossa projeção e influência na Sociedade e nos processos sociais, o "status", a carreira, a ambição, a vocação. Dá também indicações sobre a nossa capacidade de realização pessoal. É a capacidade de estruturar e influenciar a sociedade (casa X) através de leis e princípios éticos (casa IX).

Define também aquilo que representamos para a Sociedade, a nossa imagem social.


Casa XI

Casa Sucedente de Ar - segurança social e intelectual.

Nesta casa vivemos a possibilidade de nos integrarmos num esquema ainda mais vasto do que a própria imagem social.

É a área de vida onde as nossas conquistas sociais (Casa X) se relativizam perante a Humanidade. A nossa posição social tem aqui a possibilidade de integrar-se com as ideologias e correntes de pensamento colectivas.

Na Casa XI vivenciamos, portanto, uma ânsia de ir além da identidade individual, de nos vermos como parte de uma "moldura conceptual" maior que os nosso limites individuais. Aqui, vamos procurar ser criativos mas agora num contexto colectivo e não individual (e não individual, como acontecia na casa oposta, a Casa V).

Assim, a casa XI mostra:

- como funcionamos enquanto parte de um todo maior (grupos, associações, corporações, conglomerados, etc.).

- o tipo de amigos e o tipo de grupos com que nos envolvemos.

- de que forma estabelecemos a ligação com a "mente colectiva": a nossa capacidade de captar os grandes conceitos e arquétipos.

Nesta área de vida, vemo-nos como seres criativos individuais, integrados num todo maior (o grupo, a Humanidade). Relaciona-se com o estágio em que somos capazes de comunicar a nível global.

A Casa XI rege a nossa atitude relativamente à realização e sucesso social ou à sua falta, a capacidade de reformular e transformar a Sociedade do seu tempo. Tem a ver com sonhos, visões, imaginações a projetos de carácter humanitário, idealista e mesmo utópico.


Casa XII


Casa Cadente de Água - conhecimento/aprendizagem emocional e para a Alma.

Nesta última Casa de Água dá-se a integração emocional das experiências de todo o mapa. Representa o mergulho nas memórias do inconsciente.

A Casa XII indica o tipo de experiências através das quais alcançamos o que de mais íntimo e profundo existe em nós; é o momento do confronto do Eu consigo mesmo.

Pode ser vivenciada como experiência mística ou onírica, meditação, dádiva, rendição e entrega perante algo maior que o ser. Todos os factores nela contidos são vivenciados de forma interior e subjectiva.

Esta casa refere-se a tudo o que diz respeito à vida anímica e interna: é através dela que temos acesso ao inconsciente colectivo, com os seus mitos intemporais - é onde tocamos o "sentir colectivo".

Do ponto de vista tradicional, é também a casa do carma (juntamente com a VIII) e a casa dos inimigos ocultos. Está ainda associada a hospitais, prisões e asilos, sendo considerada a casa do isolamento e das "prisões emocionais". Perante o isolamento, a reclusão e o silêncio interior, poderemos perceber o sentido da vida; encontrarmo-nos a nós mesmos; fazer contacto com o nosso verdadeiro Eu, a Alma.

Só depois deste mergulho no Todo poderá, mais tarde, surgir um verdadeiro renascimento.

A XII representa, por isso, a dissolução que antecede o renascimento; é o "eu subjetivo", interior, inconsciente, enquanto a Casa I representa a manifestação objetiva, exterior e consciente da identidade.


A Fórmula Ariana-Hindu, por Dane Rudhyar

A Índia representa tipicamente (mas claro que não exclusivamente) a atitude de devoção, isto é, dependência do Um-que-é-no-começo. Ressalta — de várias maneiras — o Primeiro Princípio, o alfa da evolução e os anseios em direção à Unidade absoluta. O fato de ter existido na Índia uma síntese universal de conhecimento nem sempre é reconhecido, mas pode ser descoberto nos grandes dias do antigo Aryavarta, da civilização ariana, sob as muitas crenças e perversões que mancharam a beleza e simplicidade puras do sistema antigo, muito anterior ao budismo — tal como o I Ching antecedeu em muito o confucionismo. Esse sistema parece ter sido, ao menos em parte, recuperado de um modo um tanto misterioso por Bhagavan Das, e remetemos o estudante à leitura de seu grande trabalho, o Pranava Veda.

A integração da Índia, sendo baseada no Um original, é essencialmente hierárquica — muito mais que a da China, que é equilibradora. Toda atividade e conhecimento são vistos em seu relacionamento radical com o Um trino, que é o AUM, o processo do mundo derivado da Unidade absoluta incognoscível e incompreensível. Em AUM, A representa a mônada universal, U o mundo da ilusão, M a relação entre ambos. Esta relação é de negação. Pois a antiga sabedoria hindu, baseada no Um, nega os Muitos exceto como uma obscura objetivação desse Um.

Portanto, a fórmula do processo mundial é dada por: "O self — não é — o Não-self'. A fórmula de conhecimento é que o objeto (Não-self) precisa ser conhecido de forma que o sujeito (self) percebe, por ver o caráter ilusório daquele, que não há nada além do sujeito. A integração é alcançada através de negação e renúncia. O processo do mundo é visto como uma ilusão (maya). A personalidade e as mutações são ilusões, e no final do ciclo o Um original torna a encontrar-se com o que era originalmente — incorrompido pela mutação. O que ele ganhou através do processo de mutação? Isto: que ele agora sabe, conscientemente, que "Eu sou o que eu sou". Assim, a consciência é o fim do processo, mas uma consciência que se identifica completamente com o sujeito e retira do objeto toda realidade. No entanto, todo fogo deixa cinzas, e assim é necessário um novo ciclo para reincorporar essas cinzas numa nova árvore viva e em crescimento. Portanto o processo do mundo continua infinitamente através de encarnação após encarnação do mesmo self. Assim, o tempo torna-se a fatalidade de ser — a urdidura e o tecido de carena e miséria.

Essa atitude básica diante da vida obedece necessariamente a uma ênfase acentuada no Um-que-é-no-começo. Para este Um, o "processo" do meio do ciclo significa desmembramento, tragédia — ou sacrifício. O fim significa retorno à integridade do começo. Por isto o AUM: que deve ser repetido sucessivamente, pois o M é cessar, libertação. Mas torna a trazer renascimento. E o verdadeiro AUM é o um inaudível, verdade que reside em recolhimento e abstração. A e U também são pronunciados como O para mostrar que a distinção entre self e não-self é um mero conceito, uma ilusão. Assim, OM é o tom integrado — o som vogal mais simples, exalação de ar e fechamento de lábios. Um verdadeiro símbolo do Um sem semelhante.

A síntese de conhecimento e atividade universal baseou-se em tais conceitos. Do OM emanou o Gayatri, a invocação sagrada ao Sol e à unidade de toda vida. A partir do Gayatri e de alguns outros mantrams básicos, surgiram os quatro Vedas; dos Vedas vieram os Vedantas; destes, representando as ciências básicas do self, se originaram as seis escolas da filosofia hindu, finalmente sintetizadas na sétima secreta — Atma-Vidya — a consciência do "fim", levando à re-pronunciação do AUM de urn modo universal. Tudo isso não passa de esboço muito tosco de um dos sistemas básicos de consciência da humanidade, de um sistema que ainda é o fundamento da maioria das religiões e da maior parte dos tipos de filosofia oculta.


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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

O Ascendente. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

O Ascendente é um dos factores mais complexos do mapa astrológico.

Representa o impulso inicial para a vida, o momento do nascimento, o primeiro choro do bebé.
Mostra a qualidade do nosso primeiro contacto como o Mundo, a primeira vez que "tocamos" a Vida.

Neste ponto inicia-se o primeiro quadrante, no qual o indivíduo vai perceber aquilo que é, o seu valor e a capacidade de interpretar o mundo.

O signo que se encontra no Ascendente indica a primeira impressão que causamos e a forma como iniciamos as coisas. Pode igualmente dar-nos pistas sobre o aspecto físico, a "máscara" exterior (tanto física, como emocional e intelectual) e alguns pequenos hábitos e maneirismos pessoais.

Planetas conjuntos ao Ascendente vão também ter uma importância primordial na expressão imediata da personalidade.

A presença de um planeta muito próximo do Ascendente pode mesmo tornar-se a característica mais óbvia da personalidade, ofuscando até o próprio signo ascendente.

É por esta razão que encontramos, por exemplo, indivíduos com ascendente Carneiro que, em vez da tradicional impulsividade e assertividade, têm um aspecto comedido e até mesmo um tanto receoso. Um Saturno próximo do Ascendente (entre outros factores) pode ser o "causador" desta retenção das energias do Carneiro.

Num outro exemplo, podemos encontrar alguém que tem ascendente Virgem e que, em vez da reserva e precisão próprios deste signo, avança para a vida com inesperado optimismo e expansividade. A presença de Júpiter próximo Ascendente, poderá ajudar a compreender a extroversão e o gosto pela aventura numa pessoa de quem, à partida, se esperaria um comportamento modesto, cuidadoso e pormenorizado.

Outro aspecto a levar em conta é o planeta que rege o signo ascendente. A sua posição por signo e casa vai acrescentar dados importantes sobre a expressão imediata da personalidade.
Assim, se alguém com Ascendente Gêmeos tiver Mercúrio (regente do Ascendente) em Touro, a natural expressão geminiana, conversadora e "leve", será moldada pelo sentido prático do Touro, tornando-se mais comedida, moderada e concreta.

Se Mercúrio estivesse em Aquário, haveria um toque muito mais acentuado de comunicação e de velocidade do pensamento. Em Caranguejo, a comunicação geminiana seria colorida pelos sentimentos e imaginações próprias do primeiro signo de água.

Em resumo: ao considerarmos o Ascendente, há que levar em contra todo um conjunto de factores a ele associados:

1- o signo Ascendente

2- os planetas que se encontrem próximos (cerca de 10º antes ou depois) do Ascendente

3- o planeta regente do signo Ascendente (segundo a sua posição por signo e casa)

Só assim teremos uma visão correta deste importante fator de interpretação astrológica.

Os Signos Ascendentes


Ascendente Carneiro

A primeira abordagem da vida, a expressão imediata da personalidade, é feita através do Fogo Cardinal: a identidade em ação.

Quem tem Ascendente Carneiro entra na vida como quem entra num desafio: com impulsividade, pioneirismo, ousadia, impaciência. A expressão é ativa, espontânea, competitiva, direta e assertiva.

Quem tem este ascendente tende a acreditar que o caminho mais curto entre dois pontos é uma recta e a pôr isso em prática em todas as circunstâncias da vida, por vezes com grandes ganhos de tempo e benefícios, outras vezes com consequências menos felizes.

O indivíduo com este ascendente tem necessidade de se pôr continuamente à prova através da ação. Na verdade, só tem a sensação de existir, de estar vivo, se estiver a fazer alguma coisa.

Quando aprende a agir por vontade e escolha própria, em vez de reagir continuamente à necessidade de se afirmar, o indivíduo consegue vivenciar plenamente as qualidades de ação, assertividade e decisão associadas ao seu signo ascendente.

Em termos físicos, o Ascendente Carneiro pode caracterizar-se por uma postura enérgica, viva, rápida e impaciente. Os movimentos são repentinos, por vezes até bruscos e diretos. O olhar é vivo, franco e direto.


Ascendente Touro

A primeira impressão é vivenciada através da Terra Fixa: segurança e continuidade na concretização de objetivos.

O Ascendente Touro entra na vida com calma, ponderação e segurança. Há que avançar sem pressas, experimentar bem o terreno e medir cada passo. O avanço é lento mas é também seguro: uma vez conquistado o terreno, raramente se dá um recuo.

Existe geralmente uma habilidade natural em lidar com os recursos materiais, tendo em vista estabilidade e a abundância material. A abordagem é prática, física e sensorial: pode haver uma sensualidade forte, simples e desinibida, uma certa tendência à gula e, em geral, uma grande capacidade de apreciar os confortos e prazeres da vida. O sentido estético, que está quase sempre presente, pode ser também simples e um pouco rústico, dando preferência ao que é natural e confortável.

Com a maturidade, a necessidade de segurança material e financeira pode ser gradualmente substituída pela segurança emocional e pela estabilidade interior; nessa altura o Ascendente Touro descobre a sua faceta mais espiritualizada, capaz de vislumbrar beleza e transcendência nas formas mais concretas.

Existem dois tipos físicos bem distintos que podem ser considerados associados ao Ascendente Touro. Um é pesado e sólido, com pescoço forte e tendência a aumentar de peso; o outro apresenta uma constituição harmoniosa, delicada e elegante. Alguns indivíduos reúnem características de ambos os tipos.


Ascendente Gêmeos

A primeira abordagem à vida é feita através do Ar Mutável: aprendizagem, comunicação e experimentação no plano mental.

Com Ascendente Gêmeos, abordamos a vida de forma ligeira, curiosa e um tanto dispersa. Há uma forte necessidade de compreender as coisas mentalmente e de apreender todas as faces da realidade.

A diversidade da vida diária, com todos os seus pequenos e variados acontecimentos, é um elemento-chave para a expressão imediata da individualidade. Há uma tendência natural para se identificar com as ideias ("sou aquilo que penso"), embora estas possam estar continuamente em mudança.

A comunicação é também uma importante via de expressão pessoal.

Quando aprende a seguir um rumo de pensamento, entre a multiplicidade dos seus apelos mentais, o indivíduo com ascendente Gêmeos começa a manifestar o que de mais elevado existe no signo: a capacidade de relativizar e de compreender, no plano mental, todas as faces de um assunto ou situação.

Os factores físicos geralmente associados ao Ascendente Gêmeos são uma figura ágil e um tanto andrógina, que tende a manter o aspecto juvenil até muito tarde. As mãos e braços podem estar em evidência, tanto pelo gesticular contínuo como pela sua elegância e delicadeza. O rosto pode ser vivo, móvel, expressivo e marcado por um ar de eterna adolescência.


Ascendente Caranguejo

A primeira impressão da vida é sentida através da Água Cardinal: ação motivada pelos sentimentos.

Expressão cautelosa e grande necessidade de segurança emocional são características de quem tem Ascendente Caranguejo. A expressão da individualidade é cautelosa e "tradicional", aparentemente pouco marcada e pouco assertiva.

Há uma qualidade mimética, camaleônica na expressão pessoal: o indivíduo procura confundir-se com o ambiente, e não se mostra competitivo, chegando por vezes ao ponto de apresentar comportamentos desprotegidos ou mesmo "infantis". Pode manter-se sempre muito próximo da mãe ou da família de origem (do ponto de vista físico, emocional ou ambos). Ao evitar uma imagem saliente e agressiva, evita também ser ameaçado ou agredido.

Esta camuflagem pode, contudo, ser apenas aparente. Por detrás dela esconde-se, por vezes, uma grande tenacidade e uma inesperada capacidade de se "agarrar" teimosamente a comportamentos de preservação (física e emocional) e a situações em que sinta familiaridade e segurança, mesmo que esta segurança seja feita à custa de outros.

À medida que integra um certo grau de maturidade, o indivíduo consegue desfrutar toda sensibilidade e riqueza emocional associadas a este signo.

O aspecto físico ligado a este ascendente é arredondado, agradável e um pouco infantil. Um rosto redondo e um tronco desenvolvido são características comuns. Alguns indivíduos, contudo, apresentam um rosto oblongo e uma figura esguia.


Ascendente Leão

A entrada na vida surge através do Fogo Fixo: segurança na expressão da identidade.
Quem tem Ascendente Leão entra na vida com grandes passadas: a expressão pessoal é calorosa, "quente", digna e poderosa. O mundo, os outros e as circunstâncias em geral podem ser vistas como um grande palco onde, ao longo de diversos atos e cenas, a individualidade vai manifestar-se de forma brilhante e poderosa. A necessidade de protagonismo é imperativa e quase constante.

O indivíduo com este ascendente tende a dominar as situações com a sua projeção carismática; esta contudo, pode ser demasiado abrupta, autoritária ou avassaladora, tocando mesmo, em casos extremos, as raias da arrogância.

Ao longo da vida, esta forte expressão tende a ser posta em causa e a modificar-se. Na maturidade, poderá deixar de encarar a vida como um grande palco e passar a vê-la como uma oportunidade criativa. Nessa altura, as manifestações pomposas e gratuitas, de carácter personalístico, dão lugar a uma atitude verdadeiramente criativa, generosa, desinteressada e vitalizante.

No aspecto físico ligado a este ascendente surge, em geral, associado a uma atitude naturalmente altiva, quase régia, e a uma cabeleira bonita, volumosa, tipo "juba de leão".


Ascendente Virgem

O primeiro contacto com a vida é feito através da Terra Mutável: aprendizagem e experimentação das coisas concretas.

Para quem tem Virgem ascendente a vida é um "projeto de perfeição". Todas as atitudes, funções, relações e comunicações são, por isso, sujeitas a uma forte crítica, revelando-se sempre aquém de tão exigentes expectativas.

A expressão pessoal tende a ser precisa, funcional, ordenada e ergonômica. Tudo é feito com método, funcionalidade, detalhe e eficiência, tendo em vista a ideia de perfeição. "A qualidade acima da quantidade" poderia ser o seu lema.

Esta forma de abordar a vida pode levar a uma atitude de crítica implacável, que se torna muito desmoralizadora e, em casos extremos, chega a tornar-se paralisante.

A partir de uma certa fase da vida, o indivíduo com este ascendente começa a aprender que a perfeição está subjacente a tudo, mas que não tem possibilidades de se manifestar plenamente no plano físico. Nessa altura, a tolerância e a compreensão começam a temperar o seu sentido crítico, levando-o a encarar todas as coisas (e a si mesmo) como manifestações terrenas do arquétipo da Perfeição.

Um ar limpo, preciso e resistente, ao mesmo tempo aprumado e simples são qualidades típicas do Ascendente Virgem. O aspecto geral pode ser bastante juvenil, mantendo uma figura delgada e muita vivacidade.


Ascendente Balança

A primeira abordagem à vida é feita através do Ar Cardinal: ação dirigida para o relacionamento e a comunicação.

Com Balança ascendente, a expressão pessoal é pensada, medida e considerada, levando sempre em conta a opinião ou a reação dos outros. A atitude geral é de cooperação e de busca de harmonia. Pode haver uma qualidade estética e uma elegância natural nos gestos, na fala e na escolha de roupas e adornos.

O sentido de justiça e de equilíbrio inerentes a este signo conferem-lhe graça e harmonia. Podem, contudo, tornar-se factores obstaculizantes sempre que as circunstâncias exigem decisões diretas e imediatas. Quando tem de atuar sozinho e de escolher por si mesmo, o indivíduo pode sentir-se perdido.

Em casos mais extremos, a tendência para se apoiar nos outros degenera em sociabilidade exagerada, falta de descriminação nos relacionamentos, inércia, preguiça e dependência emocional.

Quando aprende a equilibrar a sua necessidade de ouvir os outros e os seus próprios desejos e vontades, o indivíduo com este ascendente ganha a capacidade de harmonizar com ligeireza e desembaraço todas as polaridades da vida: eu-o outro; pessoal-social; formal-informal; mundano-sagrado.

O tipo físico associado a este ascendente é proporcionado, naturalmente ágil e elegante, apesar de um pouco roliço e com tendência a ganhar peso.


Ascendente Escorpião

É através da Água Fixa que as primeiras impressões da vida são sentidas: intensa necessidade de segurança e transformação emocional.

Para o Ascendente Escorpião, a expressão pessoal é intensa, carismática, poderosa e sempre um tanto secreta. Para ele, a vida é uma batalha, onde vitórias e derrotas marcam e transformam a expressão individual.

O indivíduo com este ascendente pode ver-se como um lutador, um reformista ou um investigador. O seu carisma que começa por ser fascinante, pode torná-lo incomodativo ou mesmo belicoso.

Todos os aspectos da vida são sentidos com grande intensidade, mas também com uma profunda contradição interior. Perante qualquer desafio imediato (em coisas simples do dia a dia), reage com um misto de atração e repulsa, avidez e desconfiança, desejo e negação do próprio desejo.

Esta turbulência emocional leva-o ao principal tema deste signo - o da morte e transformação. Ao compreender que a verdadeira batalha é interior, o Escorpião ascendente inicia uma nova fase na sua vida - deixa de lutar contra inimigos exteriores e lança-se na cruzada contra os seus demônios interiores, trazendo-os para a luz da consciência e transcendendo-os. É nessa altura que descobre em si recursos e capacidades que até então desconhecia. Deixa de ser um lutador e torna-se um guerreiro espiritual.

Olhos de expressão intensa e profunda, sublinhados por sobrancelhas espessas e bonitas, são característicos deste ascendente.


Ascendente Sagitário

A primeira abordagem da vida é feita através do Fogo Mutável: aprendizagem e experiência da identidade.

Quem tem ascendente Sagitário tende a entrar na vida como quem começa uma viagem: com entusiasmo, curiosidade, optimismo e boa-disposição. Na sua abordagem existe sempre uma componente de aventura, descoberta.

O indivíduo com este ascendente lança-se à descoberta de uma nova fronteira, de uma nova ideia ou da solução para os problemas globais com o mesmo entusiasmo e convicção com que parte em busca de um tesouro, descobre um novo disco ou, mais prosaicamente, explora a despensa em busca de guloseimas. É optimista: acredita que "hão-de acontecer coisas boas" e que a vida, afinal, "não é assim tão má". Com a sua fé jovial e inabalável, encara tudo como um jogo e não hesita em correr riscos. O que poderá correr mal?...

O seu entusiasmo e idealismo são contagiantes e, na maior parte dos casos, contribuem para o bem-estar geral. Contudo, o indivíduo com este ascendente corre o risco de se tornar pomposo, arrogante e "doutrinário". Quer que os outros "acreditem" naquilo que acha que está certo e não hesita em "ensinar" ou mesmo impor as atitudes e conceitos morais que considera corretos.

Quando passa da atitude de sabedoria pomposa á de partilha de conhecimentos, dá um importante passo em direção à maturidade. Esta etapa, que é alcançada através do controlo da fala e dos pensamentos (evitando exageros e indiscrições), vem trazer à sua vida o sentido e a Sabedoria que tanto procurou. O aventureiro transforma-se, então, no cruzado.

Associa-se a este ascendente um aspecto descontraído e jovial. Pode ter um rosto aberto, com um grande sorriso e cabelos encaracolados (às vezes arruivados), coxas fortes e tendência a aumentar de peso.


Ascendente Capricórnio

A entrada na vida é feito através da Terra Cardinal: ação prática e concreta.

O Ascendente Capricórnio entra na vida com os passos firmes, medidos e planeados de quem escala uma montanha. Não brinca em serviço: a expressão pessoal é séria, responsável, convencional, retraída e um pouco seca.

Avalia-se a si mesmo e aos outros pelas conquistas profissionais, a carreira e o estatuto social. As figuras de autoridade impressionam-no.

Há uma tendência latente para a inibição, a rigidez e a "depressão". Longe de ser nefasta, esta "depressão" revela-se fundamentais para o crescimento da individualidade: abala a rigidez, permitindo uma reestruturação em moldes mais abrangentes e flexíveis. As qualidades de resistência, planeamento e estratégia passam, então, a ajudar à transformação, em ver de lhe resistirem.

É, por isso, frequente que os indivíduos com Ascendente Capricórnio venham ao mundo com uma postura sisuda, triste e desmotivada (nascem "velhinhos") e que, ao longo dos anos, aprendam a gozar as coisas boas da vida. Dir-se-ia que rejuvenescem com a idade. Na maturidade, é frequente serem muito mais descontraídos, simpáticos e comunicativos do que foram em jovens.
Esta alegria interior representa o culminar das qualidades de trabalho e associadas a este ascendente. É uma "marca de Sabedoria".

Um aspecto magro, tenso e seco pode ser associado a este ascendente. As maçãs do rosto são marcadas. Algumas pessoas (principalmente mulheres) têm uma beleza refinada, assente no equilíbrio de linhas e na elegância da estrutura óssea..


Ascendente Aquário

É através do Ar Fixo que se faz a primeira entrada na vida: segurança nas ideologias e pontos de vista globais.

Quem tem Aquário ascendente baseia a sua expressão pessoal numa aparente contradição. Tem uma necessidade imperativa (embora por vezes disfarçada) de ser único, diferente e inconvencional mas precisa de ser aceite pelo colectivo, pela sociedade. Por outras palavras: tem de ser diferente e, ao mesmo tempo, igual; é simultaneamente rebelde e gregário.

A solução deste conflito interno varia de indivíduo para indivíduo.

Alguns sufocam o seu individualismo em prol da aceitação social. Mantém-se numa atitude de falso conformismo, mas correm o risco de "explodir".

Outros proclamam-se "espíritos livres" e mantém-se à margem da sociedade. Ganham "liberdade" para serem inconvencionais, teimosos, excêntricos, rebeldes e até chocantes, mas perdem o prazer da companhia humana.

Na maior parte dos casos, contudo, a faceta experimental e pioneira deste signo consegue encontrar soluções originais e equilibradas (geralmente depois de várias tentativas). Pode juntar-se a grupos diferentes e originais que lhe deem espaço e liberdade; pode ter diversos grupos de amigos, que representem diversas facetas da sua personalidade; ou pode tentar compartilhar o seu "mundo paralelo", onde reina a busca da liberdade e a visão do futuro.

Qualquer destas soluções vai permitir ao indivíduo trocar ideias e pontos de vista, sentindo-se, desta forma, acompanhado na sua diferença.

Ao compreender que não precisa de se rebelar para ser livre, o indivíduo com este ascendente começa a encarar a vida como uma grande experiência de solidariedade. Descobre, então, que tem a capacidade de partilhar com todas a humanidade as suas ideias largas globais, numa perspectiva de serviço, esperança e fraternidade. As utopias tornam-se, então, ideias realizáveis.

Este ascendente é associado a figuras grandes, altas e a rostos de expressão aberta. Pode ter uma espécie de "aura eléctrica", que lhe dá um toque excêntrico.


Ascendente Peixes

A primeira impressão da vida é sentida através da Água Mutável: percepção sensível ao todo, aprendizagem do sentir.

Uma espécie de névoa vaga e intangível parece permear a expressão pessoal de Peixes ascendente. Ao expressar-se, o indivíduo procura incluir nessa expressão algo mais abrangente, total e inclusivo, algo muito maior do que próprio "eu". Esta "névoa" confere empatia e permeabilidade mas, ao mesmo tempo, traz um certo isolamento e distanciamento.

Assim, o indivíduo pode ter sentimentos e comportamentos um tanto contraditórios.

Em determinadas situações, pode entrar em empatia emocional com toda a Humanidade e procurar redimi-la dos seus sofrimentos. Nessa altura, a sua sensibilidade manifesta-se como compaixão, expressão artística ou devoção mística. No momento seguinte, contudo, pode perder o foco e passar a centrar-se apenas nas próprias necessidades emocionais. Cai então num caos emocional, numa autopiedade quase "autista" do qual só sairá (segundo julga) se viver alguém "salvá-lo".

Se conseguir o distanciamento necessário para distinguir entre os seus problemas e os dos outros, o indivíduo com este ascendente poderá pôr a sua enorme sensibilidade ao serviço do colectivo. Nessa altura, deixa de oscilar entre os papéis de salvador e vítima, tornando-se capaz de passar da empatia emocional à ajuda efetiva, mesmo que isso implique sacrifícios pessoais.

Um aspecto físico vago, etéreo e um pouco "perdido" pode ser a marca deste signo ascendente. Alguns indivíduos são verdadeiros "espelhos vivos", refletindo e imitando tudo o que os impressiona.

As Casas Astrológicas. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

As Casas astrológicas são doze divisões do círculo que representa o mapa natal. A sua determinação faz-se começando por calcular o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois eixos principais do mapa. O primeiro horizontal e o outro vertical. O Ascendente vai ser o início da 1ª casa.

Depois de determinadas as Casas, podemos então começar a recolher alguma informação delas. Eis as suas características:

A 1ª Casa mostra de que modo a pessoa "vê" o mundo, e como "é vista" pelos outros, como age naturalmente nas situações mais imediatas. Mostra também que tipo físico a pessoa poderá ter. Está associada ao signo de Carneiro

A 2ª Casa, elucida-nos sobre o tipo de valores básicos que a pessoa tem relativamente às "posses materiais" e ao seu "valor próprio", "O que é que eu valho?", "O que é que eu valorizo?", "Quais são os meus recursos?". Está associada ao signo de Touro.

A 3ª Casa, indica-nos como a pessoa apreende e comunica no quotidiano, como raciocina na aprendizagem e descreve o mundo onde vive. É a casa da aprendizagem, da comunicação e das pequenas viagens. Está associada ao signo de Gêmeos.

A 4ª Casa, mostra-nos como é o ambiente familiar. Que tipo de relação a pessoa tem com a família, com as suas "raízes". De que modo fomos ou somos "alimentados" por ela. Está associada ao signo de Caranguejo.

A 5ª Casa, informa-nos que tipo de individualidade a pessoa tem. O que é sozinha, fora da família. Que tipo de criatividade lhe é característica. como lida com os "romances" e com os "divertimentos". É também a casa dos filhos. Está associada ao signo de Leão.

A 6ª Casa diz-nos como a pessoa produz (ou pode produzir) no mundo do trabalho. É através desse trabalho que ela põe a funcionar o seu potencial criativo de uma forma produtiva e ao mesmo tempo o vai aprimorando. Também nos dá informações sobre eventuais doenças "psico.somáticas". Está associada ao signo de Virgem.

A 7ª Casa, fala-nos sobre o modo como a pessoa se comporta nos relacionamentos a dois, incluindo, como é obvio, o casamento. Que gênero de pessoas atrai para se relacionar, para partilhar e trocar afeto. Está associada ao signo de Balança.

A 8ª Casa, indica-nos o tipo de valores que se tem nos relacionamentos a dois ou nas associações. "O que é que a relação vale?", "Quais são os recurso da relação?". É também a Casa das grandes transformações, da regeneração, da morte, das heranças. Está associada ao signo de Escorpião.
 
A 9ª Casa está relacionada com o ensino "superior", desde o acadêmico ao transpessoal. É também uma indicadora das "grandes viagens", das crenças e de tudo o que indique expansão de horizontes. Está associada ao signo de Sagitário.

A 10ª Casa indica-nos o modo como funcionamos em sociedade, o tipo de "carreira profissional" que escolhemos, enfim, como nos expressamos socialmente e com que responsabilidade. Está associada ao signo de Capricórnio.

A 11ª Casas diz-nos que tipo de ideais grupais têm a haver conosco, com que tipo de amigos nos identificamos e gostamos de colaborar para um projeto comum que vise o bem estar de todos. É portanto a Casa dos ideais, das aspirações. Está associada ao signo de Aquário.
 
A 12ª Casas, é a que nos revela o nosso mais profundo mundo interior, o modo como procuramos ligar-nos à nossa Alma. Também é indicadora das prisões e isolamento e possíveis doenças. Está associada ao signo de Peixes.

A casa é uma área de expressão onde as energias planetárias e zodiacais vão ser expressadas. Num mapa astrológico ou horóscopo, cada casa vai conter um signo que a vai qualificar e poderá também conter ou não planetas.

As Casas Astrológicas - O que são?

As Casas Astrológicas são divisões da esfera celeste, projetadas a partir de um dado local na Terra.

Surgem do cruzamento entre os dois eixos principais: um horizontal Ascendente/Descendente) e outro vertical (Meio-do-Céu/Fundo-do-Céu). Estes eixos correspondem a projeções dos quatro pontos cardeais.

O Ascendente, ou Oriente, corresponde ao Nascente. Por oposição, o Descendente ou Ocidente corresponde ao Poente.

O Meio-do-Céu ou Sul e o Fundo-do-Céu corresponde ao Norte.

Como se determinam?

Esses quatro pontos - ou ângulos - marcam o início dos quadrantes. O Ascendente dá início ao primeiro quadrante, o Fundo-do-Céu ao segundo, o Descendente ao terceiro e o Meio-do-Céu ao quarto. Em cada um destes quadrantes vão surgir três casas, originando um total de doze.
Existem vários sistemas de casas: alguns são baseados no tempo, outros no local. Todos implicam cálculos matemáticos complexos.

Alguns astrólogos utilizam diferentes sistemas de casas para diferentes tipos de Astrologia.
A contagem das casas faz-se no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, a partir do Ascendente. Cada marcador de separação tem a denominação de cúspide.
 
Casas e signos

Vamos encontrar uma notável semelhança entre os signos e as casas. Ao primeiro signo corresponde simbolicamente a primeira casa, ao segundo signo a segunda casa, e assim por diante.

Contudo, há que ter sempre presente que existe uma importante diferença: os signos são os temas ou arquétipos principais do mapa, enquanto as casas representam áreas de vida.
Podemos afirmar que os signos são causais: dão energia, originam, determinam qualidades. As casas, por seu turno, são receptáculos e áreas de expressão das energias dos signos (Nesta perspectiva, os planetas seriam mediadores da expressão de energia).

Voltando à comparação do mapa natal com uma peça de teatro, podemos considerar os signos como os temas ou "papéis" dessa peça e os planetas como os atores que representam esses papéis. Nessa comparação, as casas astrológicas seriam os diversos cenários ou palcos onde a peça se vai desenrolar.

Numa outra perspectiva, podemos também interpretar as casas como marcadores de tempos específicos de vida. Assim, o Ascendente corresponderia ao momento do nascimento, a Casa X à maturidade e ao culminar da carreira, etc.

Os Hemisférios

Tal como acontece com os signos do Zodíaco, podemos agrupar as casas astrológicas de diversas formas: por hemisférios, quadrantes, elementos, modos ou polaridades.
A forma mais simples é o agrupamento por hemisférios
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Os hemisférios surgem, como já vimos, a partir dos ângulos principais do mapa (Ascendente, Descendente, Meio-do-Céu e Fundo-do-Céu).

Se dividirmos o mapa pelo eixo Ascendente/Descendente (a linha do horizonte) surgem dois hemisférios.

Abaixo do horizonte vemos o Hemisfério Noturno, que contém as casas I, II, III, IV, V e VI. Representa a área de vivência pessoal, auto-centrada, noturna ou "invisível" da vida. Quando este hemisfério está acentuado no mapa natal, o indivíduo tende a ser reservado, introvertido e a viver no seu mundo interior. Pode ser tímido e egocentrado.

Acima do horizonte fica o Hemisfério Diurno, que contém as casas VII, VIII, IX, X, XII e XII. Simboliza as áreas sociais, diurnas, "visíveis" e do domínio público. Se estiver muito acentuado num mapa natal, representa extroversão, sociabilidade, capacidade de comunicar e gosto pelas "luzes da ribalta". Quando em exagero, pode indicar falta de bases e pouca interiorização.

Também o eixo Meio-do-Céu/Fundo-do-Céu, que divide o mapa de alto a baixo, gera dois hemisférios, que vão repartir as casas de forma diferente.

O Hemisfério Oriental, situado do lado do Ascendente, contém as casas X, XI, XII, I, II e III. Indica áreas de vida na qual o indivíduo se expressa a age por impulso pessoal, automotivado. Quando este hemisfério está acentuado, o indivíduo tem bastante iniciativa, é assertivo, capaz de se impor e depende pouco da opinião alheia. Se exagerar, corre o risco de tornar-se egoísta.

O Hemisfério Ocidental, do lado do Descendente, contém as casas IV, V, VI, VII, VIII, e IX. Representa áreas de vida que dependem de factores exteriores ao indivíduo. Quem tem esta área acentuada tende a agir em função dos outros, procurando uma resposta, uma motivação ou uma referência exterior. Nalguns casos, pode ser dependente dos outros.

Os Quadrantes

Da interação entre os eixos Ascendente/Descendente e Meio do Céu/Fundo do Céu surgem os quatro quadrantes. Estes são, afinal, especificações dos próprios hemisférios.

O Primeiro Quadrante contém as casas I, II e III.
Diz respeito à definição pessoal e autoconsciência.
Faz as perguntas: o que eu sou? o que tenho / o que valho? como comunico / como defino o mundo?
Neste quadrante estão representadas as áreas básicas da vida, onde vamos criar as condições para o posterior desenvolvimento e expressão da personalidade.
Quando está muito acentuado, o indivíduo tende a focalizar a sua atenção na autoafirmação e autodescoberta.

O Segundo Quadrante contém as casas IV, V e VI.
Refere-se à expressão pessoal.
Interroga-se: de onde venho? quem sou? qual a minha utilidade?
Neste quadrante está subjacente a consolidação e aperfeiçoamento da personalidade.
Se estiver forte num mapa, revela uma personalidade que se experimenta e põe à prova, tendo em vista a autoexpressão e o aperfeiçoamento.

O Terceiro Quadrante contém as casas VII, VIII e IX.
Relaciona-se com a definição social.
Aqui as perguntas são: com quem e como me relaciono? qual a minha capacidade de partilhar? que significado dou ao mundo?
Aqui temos uma autoconsciência social, na qual o indivíduo aprende a estruturar-se e a agir em interação direta com os seus semelhantes.
Se estiver muito acentuado indica uma grande capacidade de relacionamentos, quer a nível social, quer em áreas de emoção e intimidade.

O Quarto Quadrante contém as casas X, XI e XII.
Tem a ver com a expressão social.
Pergunta-se: qual o meu lugar na sociedade? como interajo no colectivo? qual o meu propósito último?
Neste quadrante a expressão é de teor colectivo. Aqui, a ação do indivíduo tem como base a sua identidade social; a sua criatividade e capacidade construtiva é expressa num contexto colectivo.
Quando está muito forte num mapa, revela uma personalidade que se expressa principalmente através de propósitos criativos sociais

As Casas e os Elementos

Tal como acontece com os signos, as casas astrológicas podem ser agrupadas por elemento e por modo.

À semelhança dos signos, os elementos vão indicar campos de experiência:

Casas de Fogo - Casas I, V, IX
Palavra-Chave: Identidade/Vitalidade
São por vezes designadas a Trindade da Vida. Estão relacionadas com a expressão de identidade, a vitalidade geral do indivíduo.
Muitos planetas em casas de Fogo mostra uma expressão ativa, forte, enérgica, positiva e, por vezes, inspirada. O indivíduo tem muita vitalidade e usa-a para expressar a sua identidade, de formas diretas e criativas.
Uma excessiva ênfase nas casas de Fogo pode indicar demasiada necessidade de expressão exterior do ego, em detrimento da interiorização e da vida interior.

Casas de Terra - Casas II, VI, X
Palavra-Chave: Concreto/Material
Chamadas Trindade da Riqueza / do Poder Objectivo. Relacionam-se com a valorização, realização prática e recursos concretos.
Muita energia em casas de Terra mostra uma marcada capacidade de trabalho e realização concreta. O indivíduo tem determinação e estabilidade: um "construtor" por natureza.
Excesso de energia nestas casas indicam que a prioridade está na expressão material (posses, trabalho, carreira), deixando para segundo plano.

Casas de Ar - Casas III, VII, XI
Palavra-Chave: Social/Intelectual
Alguns autores chamam-lhes a Trindade da Relação / da Comunicação. Têm a ver com a comunicação, o mundo das ideias e os relacionamentos.
Quando há muitos planetas em casas de Ar, há uma tendência natural para os relacionamentos. O indivíduo tende a ser um forte comunicador, e campo da comunicação e dá grande importância às suas ideias e conceitos.
Uma ênfase exagerada nas casas de Ar pode indicar um risco de "desligamento" geral a personalidade e tendência a refugiar-se no mundo das ideias.

Casas de Água - Casas IV, VIII, XII
Palavra-Chave: Emocional/Alma
Trindade da Alma / do Poder Subjectivo.
Estão associadas à vida interior, ao sentir, à "gestação" interna da personalidade e à transformação de memórias emocionais. Ligam-se também ao conceito de karma.
Quando as energias do mapa estão concentradas em casas de Água, há uma atração natural para a vida recolhida e interiorizada. O indivíduo tende a ser reservado, sensível para proteger a sua própria sensibilidade.
Excesso de planetas em casas de Água indicam uma grande permeabilidade aos outros e ao meio ambiente, que pode, em determinadas circunstâncias, fugir do controlo consciente do indivíduo.

As Casas e os Modos

Tal como acontece com os signos, a classificação por modos também se aplica às casas. Existem, contudo, algumas diferenças, como veremos a seguir.


ANGULAR - Casas I, IV, VII, X.
Palavra-Chave: Ação
Estão ligadas aos 4 ângulos do mapa: Asc. (I), Desc. (VII), MC (X) e FC (IV).
Marcam o início de cada um dos quadrantes do mapa natal.
São casas de Ser, de expressão de energia.
Estão ligadas ao Presente, à forma.
Os planetas que se encontrem nestas casas vão ter importância destacada na expressão da personalidade.

SUCEDENTE - Casas II, V, VIII, XI.
Palavra-Chave: Segurança
As casas que sucedem às angulares são denominadas casas sucedentes. Ficam no meio de cada um dos quadrantes do mapa.
São casas de Usar, de consolidação de energia, relacionam-se com a concretização de atividades.
Os planetas aqui situados serão postos ao serviço da concretização de objetivos.
Estão ligadas ao Futuro, à atividade.

CADENTE - Casas II, V, VIII, XI.
Palavra-Chave: Aprendizagem / Experiência
As casas seguintes receberam a designação de casas cadentes, porque completam aquela parte do círculo e parecem "cair" para o ângulo seguinte. São as casas situadas depois das sucedentes e antes das angulares.
São casas de Entender e de Transformar, têm a ver com a movimentação de energia.
Estão ligadas ao Passado, à substância.

Quando há planetas nestes sectores, serão aplicados na procura do entendimento e síntese.
Compreendemos, assim, que a classificação das casas - angulares, sucedentes e cadentes - vai ter correspondência com os modos Cardinal, Fixo e Mutável, que se aplicam aos signos.

O Ciclo: de Semente a Semente, por Dane Rudhyar

Cada ciclo pode ser interpretado estruturalmente como sendo composto de começo, meio e fim. Entretanto estes três termos devem ser entendidos num sentido metafísico mais que no sentido de valores de tempo. Eles representam três fatores essenciais ou princípios, que em sua trindade constituem a totalidade do ciclo. O modo mais simples de abordar um assunto complexo será examinar sucessivamente cada um desses três termos e determinar a que ele se refere, num sentido geral.

COMEÇO. O começo de cada ciclo é um Um: uma mônada. Por definição, diremos que uma mônada é o ponto inicial de emanação de qualquer ciclo de vida. E a semente em germinação, ou aquele ponto da semente de onde surgem as raízes e o tronco. O começo de um ciclo é o momento de unidade, o momento que revela a verdadeira presença do Um. Unidade absoluta é um postulado, um desideratum, urna meta abstrata, um conceito metafísico. Ela é incompatível com vida ou manifestação. Mas o Um-que-é-no-começo é uma representação dessa unidade abstrata e metafísica — um avatar dessa unidade. A unidade pode ser alcançada em consciência, pela devoção a esse Um — Pai-Mãe do ciclo todo. A devoção é concentração sobre o Um — como se este Um existisse.

Na verdade o Um já não "existe" mais como Pai manifestado, mas o Um é como realidade psicológica na memória daqueles dentre Seus filhos que se tornam os portadores de Seu poder integrador — hipóstases, ou avatares, de seu poder. Este poder é Tao, e, num outro sentido, é o AUM dos hindus. É o poder integrador que é a própria Vida, e que por si s6 possibilita o processo de integração ou individuação de que falamos no capítulo anterior. No organismo fisiológico humano, este poder é o da circulação sanguínea enraizado no coração; na psique humana este poder não é tão bem definido, pois a psique, na maioria das pessoas, ainda está longe de ser um "organismo". Mas é o poder que pode ser chamado vontade de totalidade ou vontade de sanidade e saúde, com o qual o psicólogo precisa lidar para que sua análise possa levar o paciente à saúde psicológica e, em consequência, à individuação.

Portanto aquele que adora o Um como uma forma ou entidade, como o_ Pai Supremo, na verdade adora uma memória, a mais primordial de todas as "imagens primordiais". Esta adoração mantém viva a memória e oferece canais através dos quais a energia desse Um pode fluir. O Um não está mais lá, tal como a semente não existe mais na árvore em crescimento. Mas o poder de crescimento que estava na semente fica ativa durante o ciclo de manifestação da planta. Esse poder é uma força integradora que "dá testemunho", sempre, da Semente una.

Em outras palavras, uma vez terminado o período de germinação, a semente desapareceu, tendo sacrificado a si mesma para que a planta pudesse existir. Mas a energia que estava na semente continua operando. Ela é o poder de totalidade operativa. O Um, tendo cessado sua existência como entidade manifestada, transformou-se agora num processo

MEIO. Este "processo" é a realidade fundamental do "meio" do ciclo. No entanto é preciso entender o termo meio como o todo do vir-a-ser: toda a série de momentos que ocorrem entre o momento inicial de emanação e o momento fanal de consumação. Estes dois momentos (de emanação e consumação) num certo sentido são únicos; constituem o alfa e o ômega da manifestação — ou melhor, representam os dois aspectos da vida, os dois aspectos do Um. Como D. H. Lawrence escreveu certa vez num artigo inspirado, eles são o Deus-do-começo e o Deus-do-fim. Em A doutrina secreta, H. P. Blavatsky refere-se a estes dois "Deuses" — que em essência são um — respectivamente como Manu-Raiz e Manu-Semente. Afora eles, tudo o mais pertence ao processo de mutação, ao fluxo do vir-a-ser, isto é, àquilo que os homens hoje chamam vida — a série de atividades que constituem o viver.

No entanto, através de todo esse processo de mutação, um poder integrador está mais ou menos evidente: um poder que dá coesão e direção às múltiplas transformações do vir-a-ser. Este poder é a energia do Pai, o Espírito Santo, o Confortador. É a força vital que integra toda a multiplicidade de partes em todos orgânicos. É o poder do "holismo".

FIM. O momento de consumação do ciclo é um momento de concentração, conclusão e reunião interna dos frutos do processo de manifestação. É o "Dia-Esteja-Conosco" dos ocultistas, o Sétimo-Dia. Quando esse momento de consumação é alcançado, todas as forças, que eram as diferentes correntes emanadas da Fonte Original (ou mônada) e que animavam os muitos Filhos do Pai uno, se reúnem num vórtice de poder e luz, a realidade criativa do Deus-do-fim — criativa porque esse Deus por sua vez transformar-se-á, através da continuação de Sua imagem, no Criador dos "arquétipos" ou Formas genéricas do novo ciclo.

Apesar dessa caracterização dos três termos básicos de um Ciclo ser incompleta, servirá para definir as três visões de mundo fundamentais que deram e virão a dar origem a três fórmulas de ser e vir-a-ser igualmente fundamentais. Cada visão de mundo e sua fórmula enfatiza um dos três termos do ciclo — uma ênfase que obviamente não nega os outros dois termos, mas os deixa em segundo plano ou lhes atribui uma valoração mais ou menos inferior, ou negativa, ou ilusória. Os primeiros dois tipos de ênfase, ressaltando o "começo" e o "meio" do ciclo — o Um original e o processo de vir-a-ser — são bem conhecidos para a humanidade. O primeiro é típico da antiga civilização hindu e de todos os movimentos religiosos e espirituais que dependem em maior ou menor grau da antiga tradição ariana. O segundo recebeu uma formulação característica na antiga civilização chinesa e também é exemplificado pela maior parte do pensamento filosófico, do psicológico e do científico do século XX. Um terceiro tipo de ênfase — sublinhando o valor da consumação e o termo final do ciclo — está surgindo lentamente a partir do corpo geral do pensamento moderno. E este tipo de ênfase que tentaremos caracterizar numa nova fórmula cíclica.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Saturno nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

A posição de Saturno num mapa natal indica uma área onde nos sentimos restringidos, limitados e por vezes até em desvantagem. É, ao mesmo tempo, uma área onde vamos ter oportunidade de aprender através da experiência e do esforço, e onde temos possibilidade de ganhar sabedoria.

Saturno em Fogo: a insegurança está na própria expressão da identidade. Só com o tempo o indivíduo aprenderá a estruturar os impulsos e a agir sem medo (Carneiro), a ter confiança e solidez naquilo que é (Leão) e a ter fé na sua sabedoria e sentido interior (Sagitário).

Saturno em Terra: é no plano concreto e prático que as dificuldades se fazem sentir. Com o tempo, o indivíduo aprenderá a gerir recursos e valores (Touro), a confiar na sua funcionalidade e poder de organização (Virgem) e a ter segurança na sua posição e imagem social (Capricórnio).

Saturno em Ar: há um fundo de insegurança perante os relacionamentos e a comunicação. O tempo ajudará o indivíduo a estruturar a sua comunicação, vencendo a desconfiança (Gêmeos), a relacionar-se livremente sem necessidade de formalidades (Balança) e a estar em grupo sem precisar de afirmar constantemente a sua diferença (Aquário).

Saturno em Água: é na expressão dos sentimentos que reside a dificuldade. Aos poucos, o indivíduo consegue ter confiança na sua projeção afetiva (Caranguejo), na intensidade e poder dos seus sentimentos (Escorpião) e na capacidade de entrega e devoção (Peixes).

Júpiter nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

Num mapa natal, a posição de Júpiter indica uma área de expressão em que nos sentimos mais à vontade, onde nos é fácil expandir. Há uma noção de alegria, abundância e prazer associado àquele elemento.

Júpiter em Fogo: há um sentido de optimismo geral, de alegria, exuberância e atividade. Acredita na ação e na iniciativa (Carneiro), em si mesmo e no que cria (Leão) e no que aprende e no que considera Sabedoria (Sagitário).

Júpiter em Terra: por ter como base o mundo concreto, a expansão é mais segura e estruturada. Acredita na experiência concreta, naquilo que constrói e tem (Touro), no que analisa e qualifica (Virgem) e nas estruturas e hierarquias (Capricórnio).

Júpiter em Ar: é no plano mental e na comunicação que sente um maior à vontade e confiança. Acredita na relatividade e multiplicidade das coisas (Gêmeos), na harmonia e na justiça (Balança) e nas ideologias liberais e vanguardistas (Aquário).

Júpiter em Água: o sentimento é o campo de expansão natural. Acredita no que sente, na tradição e na segurança (Caranguejo), na intensidade emocional e na transformação (Escorpião) e no sentir total, devocional, absoluto (Peixes).

Marte nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

O signo onde Marte se encontra num mapa natal dá-nos indicações sobre as formas de ação, as reações e a expressão sexual do indivíduo.

Marte em Fogo: expressão intensa e assertiva. A ação é rápida, direta e primária (Carneiro), exaltada, firme e exuberante (Leão) ou aventureira, "devocional" e idealista (Sagitário).

Marte em Terra: expressão prática e concretizadora. Age de forma lenta, segura e persistente (Touro), meticulosa, ordenada e perfeccionista (Virgem) ou estruturada, cautelosa e estratégica (Capricórnio).

Marte em Ar: expressão mental e conceptual. A ação é vivida no plano da comunicação e das ideias (Gêmeos), na relação e através do outro (Balança) ou através de um grupo ou ideologia (Aquário).

Marte em Água: a expressão tem uma motivação emocional e sentimental. A ação é condicionada pelo sentir e pode manifestar-se de formas indiretas. Pode reagir com reserva, defensividade e tenacidade (Caranguejo), intensidade, manipulação e secretismo (Escorpião) ou com dispersão, mordacidade ou - se tudo o mais falhar - apelo à piedade (Peixes).



O Individual, o Coletivo, o Criativo e o Processo Cíclico, por Dane Rudhyar

No final do capítulo anterior referimo-nos ao I Ching da antiga China e à sua "fórmula de mutação" baseada na inter-relação das duas polaridades cósmicas, yang e yin. Como já mencionamos, tal fórmula é de interesse especial para nós, pois teve obviamente origens astrológicas. Além disso é uma expressão característica de uma filosofia do tempo, tal como a postulamos num capítulo anterior como base necessária para qualquer pensamento astrológico coerente e válido. A astrologia perde o significado filosófico a não ser que se baseie numa profunda compreensão dos ciclos e da potência criativa de cada momento — especialmente aqueles "momentos-semente", assim chamados por se tornarem pontos de partida de ciclos. A  "fórmula de mutação' do I Ching é uma fórmula cíclica, que se propõe a determinar simbolicamente a estrutura universal e essencial de todos os ciclos, ainda mais, do Ciclo ou da ciclicidade. Como todos os processos vitais são cíclicos — em essência, se não na aparência externa — tal fórmula se transforma na lei básica de todos os processos de vida. Atinge-se assim uma verdadeira síntese universal de ser e vir-a-ser — uma síntese provavelmente maior e mais absoluta, em sua aplicabilidade simbólica, que aquela contemplada por Einstein em sua "teoria dos campos unificados", reduzindo todos os fenômenos naturais a uma lei simples.

A fórmula chinesa não é única na história do pensamento humano. Veremos aqui que a antiga civilização hindu também concebeu uma síntese universal de conhecimento, que podia ser expressa em termos de uma fórmula cíclica definindo o processo vital universal cujos polos são: ser e vir-a-. ser. E nós afirmamos que uma nova civilização, agora em lenta formação, também desenvolverá uma fórmula desse tipo numa nova base de análise de vida e num novo nível de funcionamento mental.

A discussão desses assuntos obviamente vai muito além do escopo deste livro, mesmo assim, vemo-nos obrigados a delineá-los sucintamente, pois os valores nos quais a nova fórmula do ciclo se baseia são — a nosso ver — os próprios fatores dos quais dependerá nossa classificação e. interpretação de elementos astrológicos. O antigo dualismo chinês de polaridades cósmicas não é suficiente para interpretar nossa abordagem moderna do ser e vir-a-ser.

Como já foi dito, a humanidade está estabelecendo sua consciência, lentamente, mas de modo constante, num novo nível mental, e daí contempla o processo vital universal de um outro ponto de partida. Portanto, precisam ser determinados novos valores que no entanto não neguem os antigos valores chineses ou hindus, mas que os complementem e suplementem — valores ocidentais, que presumivelmente florescerão no continente americano, a sede de uma civilização em surgimento.

Ao delinear a nova fórmula cíclica, deveremos apenas expor ideias, sem discuti-las com relação a outras concepções tradicionais. Nosso objetivo não é escrever um tratado filosófico, mas meramente estabelecer uma base filosófica para a astrologia. A nova filosofia do Tempo, ou do Ciclo, ainda está por ser escrita. O que se segue será mera sugestão de sua existência e simples esboço daqueles dentre seus aspectos que se referem mais especialmente à psicologia e à astrologia.


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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Vênus nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

O signo ocupado por Vênus num mapa natal dá-nos indicações sobre aquilo que o indivíduo valoriza, a sua capacidade de empatia e a forma como se relaciona.

Vênus em Fogo: valoriza a ação, o entusiasmo e a expressão calorosa dos afetos. O valor de uma relação é medido pela "competitividade" e desafio que apresenta (Carneiro), a capacidade de brilhar e fazer brilhar o parceiro (Leão) ou pela componente de aventura e idealismo que contém (Sagitário).

Vênus em Terra: valoriza o concreto, o tangível, o aspecto prático. A relação é tanto melhor quanto mais estável, presente e duradoura (Touro), funcional e "arrumada" (Virgem) ou estruturada, adequada e "sóbria" (Capricórnio).

Vênus em Ar: valoriza o próprio conceito da relação e a troca de ideias. Para a relação ter valor terá de incluir comunicação e diversidade (Gêmeos), equilíbrio, harmonia e estética (Balança) ou liberdade, diferença e amizade (Aquário).

Vênus em Água: valoriza o sentimento e a partilha emocional. O valor de uma relação reside na sua capacidade de proteção e nutrição emocional (Caranguejo), paixão, intensidade e profundidade (Escorpião) ou a comunhão, empatia e fusão com o outro (Peixes).

Mercúrio nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

O signo onde se encontra Mercúrio num mapa natal dá-nos indicações sobre a forma como o indivíduo comunica, pensa e aprende.

Mercúrio em Fogo: Pensamento vivo, enérgico e caloroso. A comunicação e a aprendizagem passam sempre por um processo de identificação. Este pode ser rápido e impaciente (Carneiro), autorreferenciado (Leão) ou ideológico e opinioso (Sagitário).

Mercúrio em Terra: Pensamento pragmático, experimental, concreto. A aprendizagem passa pela experiência do concreto, pelas coisas "físicas". Comunica de forma lenta e segura (Touro), meticulosa e analítica (Virgem) ou estruturada e estratégica (Capricórnio).

Mercúrio em Ar: Curiosidade, facilidade em conceptualizar. A comunicação podem ser muito dispersa, relativista e contrastante (Gêmeos), diplomática, hesitante e harmoniosa (Balança) ou excêntrica, racional e focalizada (Aquário).

Mercúrio em Água: Pensamento e comunicação ligados ao sentir e às memórias. Fala de forma intimista e nostálgica (Caranguejo), intensa e penetrante (Escorpião) ou vaga, poética e difusa (Peixes).

A Lua nos Elementos. Por Helena Avelar e Luís Ribeiro

Lua em Fogo: as inseguranças têm como centro a identidade e a expressão pessoal. Pode tentar compensar-se por reatividade (Carneiro), manifestações exageradas de personalidade (Leão) ou demasiada ênfase nas opiniões e pontos de vista pessoais (Sagitário). A correta expressão da Lua passa por aprender a expressar-se e a gerir a identidade de forma íntegra e coerente.

Lua em Terra: é na área da realização concreta e prática que se manifestam as inseguranças. Estas podem gerar possessividade e avidez (Touro) criticismo e dificuldades de expressão emocional (Virgem) ou rigidez e necessidade de reconhecimento social (Capricórnio). Quando aprende a encarar o lado prático e concreto da existência como uma faceta natural da vida e não um campo de provas, consegue estruturar e tomar consciência das suas necessidades.

Lua em Ar: as inseguranças expressam-se através de uma conceptualização do instinto e dos sentimentos. Tem uma necessidade exagerada de falar do que sente (Gêmeos), dependência excessiva dos relacionamentos (Balança) ou compulsão para ser diferente e, ao mesmo tempo, aceite pelos outros (Aquário). Para conseguir uma boa expressão da sua faceta lunar, terá de unir o sentir com o pensar, fugindo assim às ideias vazias e desligadas de vida prática.

Lua em Água: as inseguranças estão enraizadas no sentir. Podem ser expressas através de uma necessidade de ser acarinhado e alimentado (Caranguejo), de estar profundamente envolvido e controlar (Escorpião) ou de estar mergulhado num "oceano" de sentimentos (Peixes). À medida que vai conseguindo separar os seus próprios sentimentos dos outros, ganha uma estrutura emocional mais coerente e equilibrada.

Análise de Sonhos e Assimilação de Conteúdos Inconscientes, por Dane Rudhyar

Mais adiante, referir-nos-emos à relação existente entre a astrologia, do modo como está reformulada neste livro, e a atitude estética diante da vida. Veremos especialmente como esta atitude invalida todas as noções de "maus" aspectos e planetas "maléficos", ao menos na astrologia natal. Mas antes de mais nada, queremos concluir nosso breve estudo da psicologia analítica de Jung delineando o método que ele advoga para aprofundar o processo de individuação. Na verdade, esse delinear será mais um simples esboço, e  devemos remeter o leitor aos livros de Jung, especialmente Two Essays on Analytical Psychology, Modern Man in Search of a Soul e o comentário de O segredo da flor de ouro.

Poderíamos dizer que o primeiro passo no caminho da individuação é remover os. impedimentos que o obstruem. O processo de individuação não é nenhum desempenho misterioso ou santificado. E o viver pleno de uma vida não-castrada ética e socialmente. Como Jung diz: "A vida, ... se vivida com devoção completa, traz uma intuição do self, o ser individual". Infelizmente o viver com devoção completa é dificultado pela herança da humanidade, que se faz sentir através da influência do ambiente, da tradição e da educação. Elementos coletivos pressionam os brotos tenros da planta da personalidade, e assim o fluxo natural da vida é perturbado, impedido, e as próprias águas da alma são envenenadas. As tendências e energias reprimidas se acumulam no inconsciente pessoal, afetando o comportamento externo e a saúde fisiológica por caminhos subterrâneos. A análise psicológica, em seu primeiro estágio, precisa portanto liberar essas repressões, os desejos reprimidos precisam ser trazidos à consciência.

A análise dos sonhos nos ajuda a chegar a essas repressões e trazê-las à luz da consciência, tirando-lhes assim seu poder.

Os sonhos dão informações sobre os segredos da vida interior e revelam ao sonhador fatores escondidos de sua personalidade. Enquanto estes ficam inexplorados, perturbam sua vida na vigília e se fazem notar apenas sob forma de sintomas. Isto significa que não podemos tratar efetivamente o paciente apenas pelo lado da consciência, mas é preciso provocar uma mudança no inconsciente e através dele. Até onde vai o conhecimento atual, s6 existe um meio de se fazer isso: é preciso que haja uma assimilação profunda, consciente, dos conteúdos inconscientes. Com "assimilação" quero dizer interpenetração mútua de conteúdos conscientes e inconscientes e não — como é demasiado comum se pensar — uma valoração unilateral, interpretação e deformação de conteúdos inconscientes pela mente consciente. ...A relação entre consciente e inconsciente é compensatória. Este fato, facilmente verificável, permite uma regra para a interpretação de sonhos. Quando queremos interpretar um sonho, é sempre útil perguntar: que atitude consciente ele compensa? ... Cada sonho é uma fonte de informação e um meio de autorregulagem. ...(Sonhos) são nossos auxiliares mais eficazes na tarefa de construir a personalidade.

(Modern Man in Search of a Soul, pp. 18-20)

O sonho fala através de imagens e dá expressão a instintos que derivam dos níveis mais primitivos da natureza. A consciência se afasta com muita facilidade da lei da natureza, mas pode ser reencaminhada a uma harmonia com ela por meio da assimilação dos conteúdos inconscientes. Fomentando esse processo levamos o paciente à redescoberta da lei de seu próprio ser. ... Eu não poderia compor (num espaço tão pequeno) diante de seus olhos, pedra por pedra, o edifício que está por detrás de cada análise dos materiais do inconsciente e que encontra sua completação na restauração da personalidade total. O caminho de assimilações sucessivas vai muito além dos resultados de cura que concernem especificamente ao médico. Leva por fim àquela meta distante (que pode ter sido talvez o primeiro impulso para a vida), o trazer o ser humano total para a realidade — isto é, individuação.

(Modern Man in Search of a Soul, p. 30)

No entanto os sonhos não são as únicas projeções do inconsciente que podem ser assimiladas. Há um outro campo de atividade psicológica, que Jung denomina fantasia, e que tem suas raízes muito mais no inconsciente que no consciente. O domínio da fantasia criativa se estende do mais insignificativo sonhar acordado à mais significativa "inspiração" súbita do artista criativo, do cientista ou do filósofo. A fantasia criativa é a ponte entre sentimento e pensamento. "Não nasce de nenhum dos dois, pois é a mãe de ambos — melhor dizendo, ela é grávida da criança, aquela meta final que reconcilia os opostos. ...Que grande coisa já chegou a existir que não tenha sido primeiro fantasia?" (Tipos psicológicos)

A fantasia age, tal como os sonhos, através da projeção de símbolos. Podemos sonhar os níveis mais profundos do inconsciente através de um entendimento desses símbolos e assimilar a profunda sabedoria dos tempos, depositada naqueles níveis.

O inconsciente pode nos fornecer todo o auxílio e ajuda que a generosa natureza mantém guardados para o homem, numa abundância que flui continuamente. O inconsciente ... não só comanda todos os conteúdos psíquicos subliminares, tudo que foi esquecido e passado por alto, mas também a sabedoria e a experiência de séculos incontáveis, uma sabedoria que está depositada e repousa em potencial no cérebro humano. O inconsciente é continuamente ativo, criando combinações a partir de seus materiais que servem das necessidades do futuro. Cria combinações subliminares prospectivas tal como o consciente, mas estas são marcadamente superiores das combinações conscientes, tanto em refinamento quanto em extensão. Portanto o inconsciente pode ser um guia inigualável para o homem.

(Two Essays on Analytical Psychology, pp. 118-19)

O uso do que é chamado "material-fantasia" é uma das características mais significativas da técnica de Jung. Ele escreve: "Precisamos ser capazes de deixar as coisas acontecerem na psique. ...A consciência fica eternamente interferindo, ajudando, corrigindo e negando, e nunca deixando em paz o crescimento simples do processo psíquico'. Precisamos "relaxar a câimbra do consciente". Uma nova atitude deve ser criada,

uma atitude que aceita o irracional e o inacreditável, simplesmente porque é o que está acontecendo. Esta atitude seria um veneno para uma pessoa que já tenha sido oprimida por coisas que simplesmente acontecem, mas é de enorme valor para alguém que, com uma crítica exclusivamente consciente, escolhe, dentre as coisas que acontecem, apenas aquelas apropriadas d sua consciência, e assim gradualmente é afastado do fluxo da vida para uma represa estagnada.

(Comentário sobre O segredo da flor de ouro, p. 91)

O "Comentário" sobre O segredo da flor de ouro fornece muita informação quanto ao significado dessa fantasia criativa e à maneira pela qual se pode limpar o caminho que leva à condição de integração e individuação. Mostra, além disso, como o método moderno se ajusta a algumas das mais antigas concepções da sabedoria chinesa, quando estas são vistas como referentes a processos psicológicos — à integração e ao nascimento de uma personalidade superior, cuja consciência desapegada do mundo, que ela contém sem estar presa a ele, se tornou visão pura.

A razão filosófica que há no interior das concepções de Jung é o da reconciliação dos opostos — um tema antigo e universal, que as civilizações chinesa e ariana-hindu apresentavam, cada mina de modo um tanto diferente, cada uma enfatizando um dos opostos. A formulação chinesa é particularmente clara, e há pouca dúvida de que, numa formulação renovada, ela terá uma ascendência cada vez maior na nova era. Graças a Richard Wilhelm, Jung teve contato íntimo com essa filosofia chinesa e com o I Ching, o grande livro, na China antiga, que mostrava simbolicamente uma síntese maravilhosa de todas as atividades da vida, abarcando todo o conhecimento e todas as modalidades de ação numa imensa fórmula, a fórmula da mutação.

A aplicação do princípio que está por detrás da fórmula, com referência à psicologia e ao processo de individuação, é admirável, e, num sentido profundo, constitui o pano de fundo das concepções e das técnicas de Jung — consciente ou inconscientemente, para ele. Apresentada como está em O segredo da flor de ouro, encontramos a seguinte figura metafísica:

Tao, o individido, Grande Um, dá origem a dois princípios opostos de realidade, Escuridão e Luz, yin e yang. A princípio, estes são entendidos apenas como forças da natureza, separados do homem. Depois, as polaridades sexuais e outras se derivam deles. De yin vem ming, vida; de yang, hsing ou essência.

Tao é "aquilo que existe por si mesmo", portanto um paralelo do "Auto-Existente" (Svayambhuva) do budismo hindu. Mas também é o Grande Integrador e o Processo de Integração. O ideograma chinês para Tao é composto de dois caracteres, um que significa "cabeça" e outro "indo". Wilhelm traduz Tao como "significado", mas ele tem sido geralmente traduzido como "o Caminho". Ao menos num certo sentido, ele é o Caminho, ou melhor, o Processo, na cabeça. Relacionando "Cabeça" com consciência, Jung chega ao significado: caminho consciente. Tao é a síntese de ming, vida e hsing, essência. Essência e vida, originalmente um no Tao, são separadas na concepção da criança. Reuni-las é a meta do desenvolvimento psicológico. Assim o Tao se transforma no "método ou caminho consciente de unir o que está separado", isto é, essência (que é intercambiável com consciência) e vida. A consciência separada da vida se refere à condição que Jung descreve como "o desvio ou descaracterização da consciência".

Também "a questão de tornar conscientes os opostos significa reunião com as leis da vida representadas no inconsciente". Viver conscientemente é fazer surgir o Tao. Fazer isso plenamente é integrar a consciência (essência) e as energias do inconsciente coletivo (vida). Isto vem como resultado de um "processo psíquico de desenvolvimento, que se expressa em símbolos". O grande símbolo da individuação é a mandala, isto é, um círculo mágico contendo uma cruz ou alguma outra formação basicamente quádrupla.

Um símbolo desse tipo é a zodíaco e a quadratura típica de uma carta astrológica (os quatro ângulos). Toda a astrologia natal é a aplicação prática desta "divisão quádrupla do círculo' — o Caminho consciente: Tao T-A-O quádruplo dá os doze signos ou casas da astrologia (3 x 4 = 12). Toda carta natal é a mandala de uma vida individual. É o mapa do processo de individuação desse indivíduo em particular. Segui-lo com entendimento é seguir o "caminho consciente", o caminho da "totalidade operativa", isto é, o caminho de realização ativa da totalidade de ser que é self.

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Extraído do livro Astrologia da Personalidade, de Dane Rudhyar.