sábado, 29 de julho de 2017

Os Filhos na Astrologia Medieval, por Paulo Alexandre Silva

Século XXI ano de 2005, controle da natalidade difundido em diversas partes do mundo através de métodos contraceptivos, fertilização in vitro aplicada amplamente gerando crianças saudáveis e realizando o sonho de muitas famílias, terapias diversas visando tanto a concepção como a contracepção. Dentro desta realidade o que a Astrologia Medieval nos pode oferecer, através da interpretação do mapa natal, em relação à previsão da existência ou não de filhos na vida de um indivíduo?

Os astrólogos medievais utilizavam diversos elementos para avaliar se o mapa indicava ou não a existência de filhos [Não são considerados filhos adoptados ou enteados] e, através da análise desses elementos, realizavam o julgamento correspondente. Observamos na literatura referências gerais a “uma grande quantidade de filhos”, “muitos filhos”, “pequena quantidade de filhos” e “nenhum filho”, de forma que este parece ter sido, e ainda é, o objectivo principal destas interpretações.

Ao aplicarmos estas técnicas medievais devemos ainda ter em mente as diferenças sócio-culturais actuais. Sociedades, grupos, culturas, povos, países, ou mesmo regiões diferentes dentro de um mesmo país com grande extensão territorial, interpretam termos genéricos como os acima de formas diferentes. A tendência nos grandes centros nas últimas décadas tem sido a progressiva diminuição no número de filhos. O que na época medieval era considerado um pequeno número de filhos pode ser um grande número nos dias actuais para determinadas famílias.

Os Significadores

Para os antigos mestres medievais, os filhos são avaliados pela existência de planetas ou de determinadas Partes Árabes em locais específicos da Natividade, as casas 1, 11, 10, 7 e 5. Alguns autores adicionam a casa 4 às mencionadas anteriormente. Todos os planetas participam como significadores. Júpiter, Vénus e Lua propiciam filhos. Marte Saturno e Sol dificultam a existência de filhos ou indicam um pequeno número deles. Mercúrio varia de acordo com a relação que possui com outros significadores. Além dos planetas, devem ser analisados outros pontos como a Parte da Fortuna  (pars fortunae), a Parte dos Filhos (pars filiorum), seus regentes, o regente da triplicidade de Júpiter e o regente da casa 5.

Os signos nos quais encontramos os significadores devem ser interpretados de acordo com sua classificação em: muito férteis (Caranguejo, Escorpião e Peixes), moderadamente férteis (Touro, Balança, Sagitário e Aquário), pouco férteis (Carneiro e Capricórnio) e estéreis (Gémeos, Leão e Virgem), já que podem modificar as qualidades intrínsecas dos significadores. Júpiter, que é essencialmente um planeta significador de filhos, se posicionado num signo estéril passa a ser um impedimento. Saturno, um planeta que dificulta os filhos, se posicionado num signo muito fértil, em casas adequadas e bem aspectado pelos seus regentes ou por outros significadores pode possibilitar filhos.

Significadores dignificados, principalmente Júpiter e Vénus, em signos férteis, em casas que indicam a existência de filhos, bem aspectados por benéficos e livres de impedimentos propiciam muitos filhos. Significadores em detrimento ou queda, impedidos ou aflitos por maléficos, diminuem a quantidade de filhos.

(Ver exemplos)

Conclusão

Embora muitos séculos nos separem da vida e dos costumes da época medieval, as obras dos antigos mestres oferecem um material rico e abrangente para este género específico de interpretações. Ao contrário do que possa parecer, a adição de significadores aos tradicionalmente usados nos dias actuais, como casa 5 e seu regente, em lugar de dificultar a análise, amplia e refina a interpretação. A cautela mostrada pelos astrólogos medievais, que utilizavam termos genéricos nos seus julgamentos, deve também nortear nossos passos. As profundas modificações nas áreas da concepção e da contracepção nos dias actuais fazem com que seja prudente não quantificarmos os filhos muito rigidamente. Da mesma forma, ao nos depararmos com mapas, como o de Wallis Simpson, de indivíduos jovens em idade fértil e manifestando desejo de gerar filhos, será mais conveniente efectuarmos uma interpretação de “muito poucos” ao invés de ceifar suas esperanças com o julgamento de “nenhum filho”.  É a aplicação prática dos ensinamentos de Lilly que nos orienta a associar “Art with discretion”.


Paulo Alexandre da silva
http://www.astrologiamedieval.com/Filhos.htm

A Recepção - Uma dinâmica útil, por Steven Birchfield

A recepção é uma importante circunstância que ocorre entre Planetas. Mas a recepção é um tema muito discutido entre os astrólogos modernos. Eu acredito que não é devido a contradições, mas mais exactamente devido a um conflito de termos e aplicações.

Como forma de evitar algum conflito eu vou citar Abu Ma’shar. E isto porque todos os outros astrólogos citam as suas definições nos seus trabalhos. Se eu começasse a citar todas as fontes, elas tornar-se-iam muito repetitivas e desnecessárias.

Eu devo também enfatizar, que é precisamente todas as ‘circunstâncias dos planetas’ que são provavelmente a grande diferença entre a abordagem puramente Helénica à astrologia, e a abordagem posterior dos astrólogos Árabes. Eu digo de uma forma diferente, mas não contraditória! A ‘pura’ perspectiva Grega dos planetas era bastante estática e encontrar-se-á poucas menções às consequências derivadas das aplicações dos planetas entre si. Somente a Lua era considerada quando era examinado o planeta do qual ela se separava e para o qual ela se estava a aplicar. Os astrólogos da Era Árabe eram mais fiéis à abordagem Helénica do que se julga. Mas talvez a sua maior contribuição para a ciência foi a introdução de um maior dinamismo de circunstâncias dos planetas entre si. Isto não quer dizer que eles foram ‘inovadores’, mas os seus julgamentos foram as conclusões naturais para o profundo entendimento dos princípios originais.

Os princípios originais de disposição que encontramos na tradição Grega, dizem que um planeta posicionado num signo dá a sua disposição para o regente desse signo. Os Gregos afirmavam que enquanto esse regente não “fall amiss” [estivesse inconjunto] então ele tinha a autoridade para dispositar os assuntos do seu domicílio (e qualquer planeta posicionado no seu domicílio). O termo “falling amiss” foi mais tarde de alguma maneira, talvez incorrectamente, traduzido do Grego para o Latim como “Cadente”. O que os Gregos queriam dizer era que um planeta que cai (literalmente) inconjunto no seu próprio domicílio, “fell amiss”. O que todos os astrólogos Árabes fizeram foi comentar este princípio, trazendo o princípio à sua última conclusão. Masha’allah declara isto no seu trabalho, “On Reception”. Nós podemos resumi-lo nesta citação de Masha’allah:

Assim como, com os outros sete planetas, qualquer um destes esteve conjunto para o seu associado desde o domicilio ou exaltação desse associado em [um dos] aspectos reconhecidos ou em um signo, e projeta ou dá a sua disposição, e se esse planeta com o qual está comprometido recebe a disposição, esse planeta levará à perfeição o seu assunto de acordo com o desígnio de Deus.

O que os autores Árabes fizeram com a doutrina da recepção não foi mais do que voltar a expressar a intenção original, de forma a ser aplicável às muitas facetas da astrologia! Estava inerente à astrologia Grega e foi trazida à sua conclusão ‘racional’ pelos Árabes. Na sua forma mais pura, a recepção é o compromisso da disposição dos planetas para com o seu regente, desde que esse regente não esteja inconjunto, ou por outras palavras, mantenha um aspecto com o planeta no seu domicílio. E aqui é extremamente importante perceber exatamente o que é significado pelo aspecto. Como eu escrevi numa publicação anterior, os planetas tinham aspectos porque os signos tinham aspectos. Assim um “aspecto reconhecido” era uma posição em qualquer signo, que não caísse inconjunto (ou, fall amiss) para o signo em questão.

Para uma melhor compreensão da recepção, vejamos a definição dada por Abu Ma’shar:

Recepção é quando o planeta [A] se aplica ao planeta [B] da casa do planeta ao qual ele se aplica [B] ou da sua exaltação, termo, triplicidade ou face [qualquer das dignidades de B onde A está posicionado]: então ele [B] recebe-o [A]. Ou o receptor da aplicação [B] está na casa do planeta que lhe confere a sua natureza e dignidade [A] ou em uma das suas outras dignidades, as quais foram mencionadas antes, então ele [A] recebe-o [B]. O mais forte deles é o Senhor da Casa ou da exaltação. O Senhor do termo ou <o da> triplicidade ou face são fracos, a menos que dois ou mais deles estejam conjuntos. Um deles pode receber o outro também por aspecto sem aplicação, embora a recepção por aplicação seja mais forte.

Abu Ma’shar está outra vez a reiterar a definição de Masha’allah, excepto que ele está a tornar muito claro que há graus de força específicos relacionados com a recepção.

A demonstração de recepção mais simples é como dizer que, a Lua está em Leão e está a aplicar-se a Júpiter em Touro. O planeta [A], a Lua ou o planeta que confere a sua natureza e dignidade está a aplicar-se a Júpiter [B] ou o receptor da aplicação está na exaltação da Lua. A Lua recebe Júpiter. Se a Lua estivesse a 4º de Leão e Júpiter a 14º de Touro, então não só a Lua recebia Júpiter, mas também Júpiter recebia a Lua, uma vez que ela está no seu termo e triplicidade. E uma vez que Júpiter está em seu termo ao 14º de Touro, ele não só executa a sua disposição para ela, mas confere-lhe a sua virtude.

Agora este comprometimento e recepção da disposição dos planetas é muito importante no qual um planeta que não seja necessariamente forte por si só, pode ser elevado e fortalecido pelo planeta que lhe envia a sua disposição. Bonatti escreve,

Por exemplo, Júpiter estava no 9º de Carneiro, e Marte estava no 5º do mesmo Carneiro; agora Marte está conjunto a Júpiter e Marte recebe Júpiter no seu domicílio, por conseguinte Marte confere a Júpiter a sua própria força ou disposição e natureza; e Júpiter tem nesse lugar a dignidade de triplicidade, logo Júpiter agora tem a dignidade de ambos, nomeadamente, o que Júpiter tem de acordo com a triplicidade e o que Marte lhe deu de acordo com o domicílio, a essa mistura que Marte faz com ele é chamada a recepção a que os filósofos chamam Alcobal.

Uma vez que Marte se está a aplicar a Júpiter, ele não só recebe Júpiter mas também confere virtude para Júpiter e o objectivo de Bonatti aqui é dizer que Júpiter já não tem três virtudes [sistema de pontuação] de triplicidade, mas agora tem oito, com as cinco virtudes de Marte por domicílio. Rapidamente se pode ver a utilidade da recepção. No meu exemplo, se a Lua estivesse a 4º de Caranguejo e Mercúrio estivesse a 14º de Touro, a Lua estaria a aplicar-se a Mercúrio e a receber Mercúrio. Contudo, Mercúrio está peregrino mas a Lua está em domicílio e triplicidade e confere a Mercúrio a sua virtude porque Mercúrio também lhe confere a sua disposição. Assim ele beneficia disto e agora tem esta virtude que ela lhe concede, que o eleva da sua peregrinação.

Tendo em mente o acima referido, podemos olhar de perto a definição de recepção de Lilly.

Recepção é quando dois planetas que são significadores em qualquer questão ou assunto estão na dignidade um do outro; como o Sol em Carneiro, e Marte em Leão; aqui a recepção destes dois planetas dá-se por casas; e certamente esta é a mais forte e a melhor de todas as recepções. Pode ser por triplicidade, termo ou face, ou qualquer dignidade essencial; como Vénus em Carneiro e Sol em Touro; aqui a recepção dá-se por triplicidade, se a questão ou a natividade for diurna; então Vénus a 24º de Carneiro e Marte a 16º de Gémeos; aqui a recepção dá-se por termo, estando Marte nos termos de Vénus e ela nos termos dele.

O uso disto é muito útil; muitas vezes quando a resolução do assunto é negado pelos aspectos, ou quando os significadores não se aspectam, ou quando parece muito duvidoso o que é prometido por quadratura ou oposição dos significadores, apesar disso se ocorrer uma recepção mútua entre os principais significadores, o assunto é levado à perfeição, e isto sem grande problema e rapidamente, para o contentamento de ambas as partes.

Segundo a instrução de Lilly, “Aqui há recepção destes dois planetas por casas e certamente esta é a mais forte e a melhor das recepções”, convém esclarecer que esta não é a única forma de recepção, mas é a recepção que tem o maior grau de força, levando à perfeição da coisa inquirida sem obstáculos. Mas convém esclarecer também que não é exclusivamente a única recepção que funciona para levar um assunto à perfeição. Ele não diz a única recepção, mas é a mais forte e a melhor. Tenho a certeza que o interesse de Lilly era transmitir essa forma de recepção aos seus estudantes, a qual sempre deveriam efectuar. Dos exemplos de recepção de horária dados por Bonatti e Masha’allah, é claro que a recepção mútua não é a única recepção que leva à perfeição. Uma simples recepção onde o receptor também confere virtude funciona bastante bem.

Na sua forma mais fraca, a recepção é como Abu declara, quando um planeta recebe outro “sem aplicação”. Quer dizer, se no meu exemplo acima a lua estiver no 3º de Leão e Júpiter no 25º de Touro, a Lua ainda recebe Júpiter, sem aplicação, mas é fraca.

A questão apresentou-se várias vezes na lista, podem dois planetas receberem-se um ao outro não havendo aspecto entre eles. Por exemplo, Marte em Touro e Vénus em Carneiro. A resposta creio eu é sim e não. No coração da recepção está o princípio que os signos devem estar em aspecto. Houve contudo situações e condições que permitiram aos signos ter um relacionamento que não o aspecto, apesar de estarem inconjuntos. Se Marte estiver em Peixes e Vénus em Carneiro, então eu acredito fortemente que ocorra uma recepção, porque Carneiro e Peixes têm uma relação que não aspectual, isto é, são signos de igual ascensão e poder. Se Mercúrio estiver em Caranguejo e a Lua em Gémeos o mesmo acontece porque Gémeos e Caranguejo são signos de poder igual (Antiscia). Se Marte estiver a 8º de Virgem (a triplicidade e termo de Vénus) e Vénus estiver a 8º de Carneiro então a recepção acontece porque embora Virgem e Carneiro não tenham nenhum aspecto reconhecido eles são signos de igual poder (Antiscia). Al Biruni argumenta de forma convincente as condições que aliviam a inconjunção e a sua utilidade.

A este tipo de recepção foi chamado “generosidade” e Ibn Ezra explica isto à sua maneira,

Generosidade é quando dois planetas estão no domicílio um do outro, ou exaltação ou outro tipo de regência; mesmo que não estejam em conjunção ou aspecto um ao outro, ainda existe recepção entre eles.

Abu Ma’shar na sua Grande Introdução, de facto entra em maiores pormenores.

Em generosidade (i.e. recepção) alguns são considerados mais fortes, alguns mais fracos, alguns de fortaleza média. A grande generosidade está entre o Sol e a Lua. Por, a Lua a receber do Sol em qualquer signo, excepto quando em oposição, na qual está debilitada. Assim quando a Lua entra em um signo em que o Sol goza de alguma dignidade, os seus benefícios são a dobrar: um benefício é dado pelo signo [a dignidade do Sol] o outro da natureza [a natureza benéfica do Sol]. Quando outro planeta está em Virgem, Mercúrio concede-lhe dois benefícios por isso. Mas um benefício médio é o que cada estrela recebe de outra, seja da sua casa ou da sua exaltação ou da sua face ou da sua triplicidade ou do seu termo. Se duas destas são concedidas será muito bom. Seja o que for, excepto o mencionado anteriormente, será fraco.

Espero que esta informação não seja excessiva. A recepção é uma dinâmica muito útil em horária, natal, mundana e electiva. Onde as diferenças de opinião ocorrem mais frequentemente é habitualmente devido a diferenças de aplicação. Uma pergunta horária, geralmente lida com o imediato, comparado a toda uma vida em uma natividade. As regras de recepção são idênticas, mas é a expectativa que é muito diferente.



Tradução de Paulo Alexandre Silva.
Extraído de: http://www.astrologiamedieval.com/Recepcao.htm

O Uso das Casas Derivadas na Astrologia Tradicional, por Paulo Alexandre Silva

O uso das casas derivadas apesar de se usarem em outros ramos da astrologia é na astrologia horária que o seu uso é mais frequente, isto para não dizer indispensável!!!


  1. Qual a mãe que nunca fez uma consulta horária a respeito do filho?
  2. Qual a mulher que nunca fez uma consulta horária a respeito das finanças do marido?
  3. Qual a mulher que nunca fez uma consulta horária a respeito das suas sócias ou parcerias?

A derivação de casas é uma técnica relativamente simples, contudo os mais incautos devem tomar cuidado na escolha das casas que representam o assunto a ser perguntado, pois os significadores, os regentes das casas derivadas, mal escolhidos, representam uma resposta errada. Este cuidado na escolha das casas e significadores não é exclusivo para a derivação das casas, mas sim para toda a astrologia horária.

Alguns exemplos de casas derivadas:
  
  • As finanças do meu marido: a casa II da VII, a casa VIII radical.
  • Os irmãos dos meus empregados: a casa III da VI, a casa VIII radical.
  • As finanças do meu pai: a casa II da IV, a casa V radical.
  • O meu neto: a casa V da V, a casa IX radical.
  • A minha tia materna: a casa III da X, a casa XII radical.
  • Os inimigos secretos do meu chefe: a casa XII da X, a casa IX radical.
  • A Rainha de Inglaterra: a casa X da IX, a casa VI radical (caso viva em Portugal - a rainha de um país estrangeiro. Se vivesse na Inglaterra seria a própria casa X radical, a rainha do seu país).
  • O irmão da minha esposa: a casa III da VII, a casa IX radical.
  • O meu avô paterno: a casa IV da IV, a casa VII radical.
  • O patrão do meu marido: a casa X da VII, a casa IV radical.
  • Os amigos do meu marido: a casa XI da VII, a casa V radical.
  • O gato do meu vizinho: a casa VI da III, a casa VIII radical.
  • O namorado da amiga da minha mãe: a amiga da minha mãe é a casa XI da X, a casa VIII radical, o namorado da amiga da minha mãe é a casa VII da VIII, a casa II radical.
  • O cavalo de estimação da minha filha (animal de grande porte): a casa XII da V, a casa IV radical.
  • A viagem longa da minha irmã: a casa IX da III, a casa XI radical.
  • O relógio comprado (posse móvel) do meu pai: a casa II da IV, a casa V radical.
Aqui ficam alguns exemplos de derivação de casas, muitos outros podiam ser aqui colocados, mas penso que compreendendo os exemplos acima, a dinâmica da derivação de casas torna-se um exercício de relativa facilidade na prática.



O Momento dos Filhos, por Abu Ali Al-Khayyat

Para o tempo dos filhos, veja o planeta que é mais digno entre os significadores dos filhos. Se estiver oriental, significa crianças na juventude [dos nativos]; se estiver ocidental, em sua idade avançada; se estiver no MC ou no 11º signo, promete filhos na juventude; se está na 3ª, 9ª ou 4ª casa, significa filhos no meio da vida. Além disso, se a Parte dos Filhos estiver no ASC, significa filhos na juventude; se no MC, filhos na juventude. Se a Parte dos Filhos estiver na 7ª ou na 4ª casa, ela dará filhos no fim da vida. E quando na revolução dos anos de Júpiter ou Vênus chegar ao lugar da Parte dos Filhos ou aspectar por quadratura ou oposição, significa que ele terá filhos naquele momento. (Júpiter tem uma maior significância para filhos do que Vênus).

Da mesma forma, quando a profecção do ano chega ao signo em que Júpiter ou Vênus estão colocados na natividade, significa filhos naquele ano.

Se você quer conhecer o amor e a concordância entre os filhos e sua boa vontade para com os nativos, veja o planeta mais digno entre os significadores dos filhos e do Senhor do ASC. Se eles estão em bom aspecto mútuo ou em recepção, isso significa concordância e felicidade dos filhos. Mas se eles estiverem configurados com impedimentos mútuos, isso significa discórdia e inimizade dos filhos para com os nativos e dano [para ele].

Da mesma forma, se a Parte dos Filhos recebe um aspecto amigável de seu senhor, especialmente se a Parte dos Filhos não for impedida e seu senhor é uma fortuna, é um verdadeiro sinal de amor sincero entre os nativos e seus filhos, e isso é melhor se a Parte dos Filhos e o aspecto de seu senhor aspecte o ASC e seu senhor com raios amigáveis. Se o senhor da 1ª casa estiver na 5ª Casa, ou se o senhor da 5ª Casa ou a Parte dos Filhos está nela, significa amor perfeito entre os nativos e seus filhos. Mas se você encontrar o senhor do 5ª Casa, a Parte dos Filhos, ou seu senhor na 7ª casa, [os filhos] serão inimigos e adversários do pai. Da mesma forma, se o senhor da 5ª casa, a Parte dos Filhos, ou o seu senhor, são encontrados na Casa 12, as crianças serão inimigos secretos do nativo. Se o senhor da 1ª Casa estiver na 2ª, 8ª ou 12ª casa, o nativo odiará seus filhos e os afastará. A Parte da Vida e seu senhor também causam isso quando são postados nestas três casas, a menos que um testemunho contrário mais forte dos senhores da 1ª ou 5ª Casa esteja em vigor.


Capítulo 21
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

O livro pode ser adquirido aqui:
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O Status dos Filhos e as Coisas Significadas pela Quinta Casa, por Abu Ali Al-Khayyat

Para isso, olhe para a Casa dos Filhos e seu senhor, e para Vênus e Júpiter, e também para a Parte dos Filhos e seu Senhor, e para o senhor da triplicidade de Júpiter. Para qualquer um destes, o que for mais digno, em um signo de muitos filhos, livre de [qualquer aspecto] dos [planetas] malvados, vendo o ASC, e especialmente se está em um ângulo ou um sucedente de um ângulo, significa muitos filhos. E se estiver em um signo que signifique poucos filhos, impedido pelos maus [planetas], e Júpiter está em combustão, e Vênus impedido, significa que o nativo será estéril e nunca terá filhos. E se o senhor do ASC é aplicado ao senhor da 7ª Casa, significa muitos filhos que não são legítimos. E se o senhor da 7ª se aplica ao senhor do ASC, significa muitos filhos de escravas. E diga que muitos filhos [são significados] por Júpiter e Vênus, poucos por Saturno e Marte, e um número intermediário pelo Sol, a Lua e Mercúrio.

Mas se os senhores da triplicidade de Júpiter estão em bons lugares no círculo, significa muitos filhos e alegria deles. Mas se um deles está em um lugar adequado e os outros em lugares abatidos ou malignos, significa que o nativo terá um filho que é excepcional e honrado. Mas a tristeza virá para ele do resto de seus filhos, porque se os senhores da triplicidade de Júpiter são cadentes dos ângulos ou sob os raios do Sol, poucos filhos são indicados.

Além disso, se Júpiter e Mercúrio estão em seus próprios domicílios ou exaltações, em ângulos ou sucedentes de ângulos, e os senhores das suas triplicidades estão em lugares adequados no círculo, livres de [qualquer aspecto] dos maldosos [planetas] e de impedimentos, significa muitos filhos e alegria deles. E olhe para a Parte dos Filhos e seu senhor, e se o planeta está em conjunção a ela, ou a estrela está aspectada com ela, julgue a fortuna dos filhos de acordo com a medida das casas e sua qualidade em força e fraqueza.

E saiba que quando a Parte dos Filhos está em um ângulo ou o sucedente de um ângulo, isso significa muitos filhos e harmonia [entre eles]. E se está cadente dos ângulos, e especialmente [se é] nessas casas que não aspectam o ASC, significa poucos filhos e seu rápido desaparecimento. Além disso, se a Parte dos Filhos não aspecta bons planetas, isso significa a morte do filho primogênito, e que pode morrer mais; e o nativo sempre terá tristeza de seus filhos. Mas se houver uma fortuna em aspecto de quadratura ou oposto à Parte dos Filhos, isso significa muitas crianças. Mas se um planeta maligno o contempla com os mesmos aspectos, isso significa poucos filhos e pouca alegria com eles. E se Vênus é impedida por Saturno, olhe para a Parte dos Filhos. E se está em um ângulo, e não aspecta Júpiter ou Vênus, significa poucas crianças e esterilidade, especialmente se a Lua também está impedida.

E se Júpiter, Vênus e Mercúrio são livres de [qualquer aspecto] dos maus [planetas], livres de retrogradação e livres de combustão, o nativo será o pai de muitos filhos. Mas se estes planetas estão impedidos pelos maus [planetas], ou em detrimento, ou na sua queda, ou sob os raios do Sol, ele não terá filhos; e se ele tiver algum, eles vão morrer.

E se uma fortuna estiver no 5º signo, e o senhor da Casa dos Filhos está livre de [qualquer aspecto] dos maldosos [planetas] e livre de impedimentos, e olhando para o MC, significa que o nativo terá muitos filhos Que se darão muito bem juntos. Por outro lado, se houver um planeta maligno na Casa dos Filhos, e o senhor da Casa dos Filhos está cadente de um ângulo, significa poucos filhos e a morte rápida de um deles, e especialmente se ele está cadente do 4º ou do 7º ângulo. E, em todas as natividades, se os luminares são impedidos pelos maus [planetas], e nenhuma fortuna os afeta, significa poucas crianças e pouco dinheiro. Portanto, se você tenha entendido e considerado justamente todas essas coisas, você descobrirá a verdade do assunto, se Deus quiser.


Capítulo 20
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Revolução Solar - Determinação Local, por Clélia Romano

O leitor deve ter observado na comparação entre a carta natal da Princesa Diana e a RS do ano de seu casamento, que sempre que encontrávamos um planeta, íamos à carta natal buscar referências sobre ele.

Vamos agora explicitar como funciona o que Morin de Villefranche chamou de determinação local e quais as regras básicas de interpretação da RS.

Qualquer planeta na RS carrega consigo sua determinação natal, isto é, seu sentido na carta natal, os aspectos que recebe de outros planetas e a quais se aplica na natividade.

Essa noção é facilmente esquecida. Tendemos a pensar que Júpiter é um benéfico e que se ele aparecer na Casa 1 da RS será um ano positivo para o nativo. No entanto, se ele estiver na Casa 6 da natividade ele é um maléfico acidental, isto é, ele é um benéfico universalmente falando, mas acidentalmente ele tem a ver com doenças e se, além disso, ainda estiver no Ascendente, promete problemas físicos para o corpo.

Portanto deve-se interpretar qualquer planeta na RS de acordo com seu significado natal.

É importante também usar o significado concreto do planeta. Júpiter é um planeta cujo significado universal é de riqueza, sabedoria, elevação social e mesmo liberdade, mas muitas vezes escutamos que Júpiter significa expansão, o que é um significado muito vago e nem sempre verdadeiro. Marte também, embora ele até possa muito longinquamente ter um sentido energético, na pratica se relaciona com desavenças e agressões.

Desta forma, Morin de Villefranche em seu livro 23, diz muito bem, à pagina 26:

"Como por exemplo se Marte estiver na oitava casa do radix, não só o seu local radical mas também o próprio planeta deverá ser sempre observado nas revoluções individuais como o anareta ou significador radical da morte; e esta sua determinação radical deve ser combinada nas revoluções com a nova determinação que lhe é atribuída na revolução, quer devido às casas da figura quer devido ao seu estado celeste"
E mais adiante: "Mas poderá ser perguntado, que nova determinação tem precedência e é mais eficaz nas revoluções - é o local radical de Marte ou é o próprio Marte na revolução, visto também com a sua significação ou com sua determinação radical...” "mas eu respondo: a determinação do local radical de Marte tem precedência e é mais eficaz; consequentemente deverá ser observado em primeiro lugar..."

Por exemplo:


Considere o circulo interno como a carta natal e o externo como a Revolução Solar.

Se Marte estiver em Aquário na Casa 8 ele estará configurado para a morte e a cada revolução em que ele se apresentar em locais vitais, ou no mesmo signo onde se encontra na carta natal, no caso de exemplo Aquário, ele trará, se não a morte do nativo, alguma vivência de ansiedade e perda. Como locais vitais o Ascendente é o mais importante , mas a Casa 6 e 12 também ameaçam a vida com doenças e martírios de várias espécies. No caso de exemplo, seria danoso se Marte se apresentasse conjunto à Lua, pois ela é a regente do Ascendente radical.

No exemplo acima há risco se o Ascendente da RS cair na Casa 8 natal, Se o Ascendente da RS cair na Casa 6 da carta natal, ou se o Ascendente da RS for Aquário e ainda se Marte aparecer no Ascendente da RS. Também os anos em que Aquário apareça na Casa 12 são complicados e aqueles nos quais a Lua, regente do Ascendente natal estiver em conjunção com Marte, seja em que casa for da RS.

Os ângulos natais e sua posição na RS assim como a posição de seus regentes são muito importantes e devem sempre ser considerados de acordo com sua posição na RS.

A RS não pode ultrapassar as promessas de uma configuração natal. Desta forma, se a carta radical apresenta dificuldades no aspecto profissional, por melhor que seja a RS apontando para melhorias profissionais ela não consegue superar, mas apenas amainar o que a carta natal aponta. Neste caso ela mitiga os problemas e traz uma melhoria ao ano, mas nada que efetivamente mude a promessa natal. Já uma exuberante carta natal, se sujeita a uma RS difícil não sujeitará o nativo ao extermínio das as promessas radicais: apenas o ano será mais medíocre que o costumeiro.



Capítulo 3-1
Clélia Romano, in Técnicas Astrológicas Preditivas, Edição do Autor, 2015.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/  




O que são o significador, o querente e o quesito; e uma introdução ao julgamento de uma pergunta, por William Lilly

O querente é aquele ou aquela que faz a pergunta e deseja uma resolução; o quesito é aquele ou aquela, ou a coisa procurada, ou sobre que se pergunta.

O significador é não mais do que aquele planeta que rege a casa que significa a coisa perguntada; assim, se Áries está a ascender, Marte sendo o regente de Áries será o significador do querente, viz. o signo ascendente significará em parte o seu aspecto físico, corpo ou estatura, o regente do ascendente, a Lua e os planetas no ascendente, ou aqueles com os quais a Lua ou o regente do ascendente estão em aspecto, igualmente misturados, mostrarão a sua qualidade ou condições; assim, seja qual for o signo ascendente, o planeta que for regente desse signo será chamado senhor da casa ou significador da pessoa que pergunta, etc.

De forma que, em primeiro lugar, quando qualquer pergunta é apresentada, o signo ascendente e o seu regente são sempre dados àquele ou àquela que faz a pergunta.

Em segundo lugar, deve-se considerar o assunto apresentado e ver a qual das doze casas ele pertence devidamente; quando se tiver encontrado a casa, considerar o signo e o regente desse signo, como está colocado, em que signo e em que parte do céu, como está dignificado, que aspecto faz ao regente do ascendente, quem impede o significador, quem é seu amigo, viz. que planeta é ele, de que casa é regente, ou em que casa está colocado; é pelo homem ou mulher significado por aquele planeta, ou com quem se tem a relação indicada por ele, que se será favorecido ou impedido; se for regente de tal casa, será tal inimigo, e se for regente de uma casa que significa inimigos, então será um verdadeiro inimigo, se de uma casa amigável, um amigo. A chave natural de toda a astrologia repousa nas palavras anteriores corretamente entendidas. Através dos exemplos seguintes tornarei todas as questões mais simples, pois não desejo ocultar, nem ocultarei, seja o que for que possa deixar o aprendiz indeciso sobre a correta compreensão daquilo que lhe é útil e mais adequado para o seu conhecimento.

Em todas as perguntas damos a Lua como co-significador do querente com o regente do ascendente (alguns também autorizaram como significador, o planeta do qual a Lua se separa, coisa que eu não aprovo de todo, não tendo na minha prática encontrado qualquer veracidade nela).

Da mesma forma, ligaram em julgamento o planeta ao qual a Lua se aplica no momento da pergunta, como co-significador com o regente da casa da coisa inquirida ou demandada.

Tendo considerado bem as várias aplicações e separações dos regentes das casas que significam a pergunta, assim como a Lua, a localização no céu e a qualidade dos aspectos que a Lua e cada significador faz ao outro, pode-se começar a julgar e a considerar se a coisa demandada acontecerá ou não; como, por que meios, a data em que terá lugar, e se será bom para o querente prosseguir nas suas demandas ou não.







Sobre os Gêmeos, por Ptolomeu

Da mesma forma, com relação ao nascimento de dois ou mais, é apropriado observar os mesmos lugares mencionados antes, ou seja, os dois luminares e o horóscopo.

Para um evento desses é adequado observar a combinação que ocorre quando dois ou três dos lugares estiverem em signos bicorpóreos, e particularmente quando isso também acontecer com os planetas que os regerem, ou quando alguns estiverem em signos bicorpóreos, e alguns estiverem dispostos em pares ou em grupos maiores. Quando ambos os locais dominantes estiverem em signos bicorpóreos e a maior parte dos planetas estiver configurada da mesma forma, então acontece que até mesmo mais de dois são concebidos, uma vez que o número é conjeturado a partir da estrela que causa a propriedade relacionada ao número. enquanto o sexo se vê a partir dos aspectos que os planetas fazem com relação ao Sol e à Lua e ao horóscopo para a produção de homens ou mulheres, de acordo com os modos indicados acima.

No entanto, sempre que este arranjo entre os planetas não apresentar os luminares no ângulo do horóscopo, mas no meio-céu, as mães com esse tipo de genitura normalmente conceberão gêmeos ou até mesmo mais; em particular, eles significam nascimentos múltiplos, de três homens, como na genitura de Reis, quando Saturno, Júpiter e Marte estiverem em signos bicorpóreos e fizerem o mesmo aspecto com os locais mencionados; de três mulheres, como na genitura das Graças, quando Vénus e a Lua, com Mercúrio feminino, estiverem arranjados da mesma forma; de dois homens e uma mulher, como na genitura dos Dióscuros, quando Saturno, Júpiter e Vênus estiverem ordenados dessa forma, e de duas mulheres e um homem, como na genitura de Deméter e Coré, quando Vênus, a Lua e Marte estiverem ordenados dessa forma. Nesses casos, normalmente acontece que os filhos não se desenvolvem totalmente e nascem com certas marcas corporais e, mais uma vez, os locais governados podem gerar determinadas marcas incomuns e surpreendentes devidas à manifestação divina, por assim dizer, desses prodígios.


Do Tetrabiblos, de Ptolomeu

Encontrando o Hyleg para a Vida dos Pais, por Abu Ali Al-Khayyat

Olhe para o Sol em natividades diurnas. Se estiver num signo angular ou sucedente e em aspecto com qualquer um dos senhores das cinco dignidades, o Sol será o Hyleg, que você direcionará para o pai e o planeta que é o senhor da dignidade e o aspecto do Sol será o Alcochoden, através do qual é conhecido o [número de] anos da vida do pai.

Mas se o Sol não estiver [posicionado] como dissemos, e Saturno está em ângulo ou sucedente, e um dos senhores dos cinco dignidades o aspectar, [então] Saturno será o Hyleg, que você o direcionará para o pai, e o planeta que é o senhor da dignidade e do aspecto será o Alcochoden.

Mas então, se Saturno [também] não estiver configurado da maneira acima mencionada, veja o grau da Parte do Pai, se for em um ângulo ou uma casa sucedente de ângulo, e qualquer um dos senhores dos cinco dignidades o aspectar, [então] a Parte do Pai será a Hyleg, que você direcionará para o pai, e o senhor da dignidade - ou seja, o planeta em aspecto, será o Alcochoden.

Mas se a Parte não estiver [configurada] como dissemos, veja o grau da Casa do Pai [IC], porque se algum dos senhores dos cinco dignidades o aspectar, então, esse grau será o Hyleg, E deve ser direcionado para a vida do pai, e o planeta em aspecto que é o senhor da dignidade será o Alcochoden.

Da mesma forma, comece com natividades noturnas com Saturno, depois com o Sol, depois com a Parte do Pai e, finalmente, com o grau da Casa do Pai, e use o mesmo método que expus anteriormente.

Além disso, ao investigar a vida da mãe, você começará com Vênus em natividades diurnas, depois com a Lua, depois com a Parte da Mãe, e depois disso com o grau de MC. E nas natividades noturnas você começará com a Lua, depois com Vênus, depois com a Parte da Mãe e, finalmente, com o grau de MC. E o que for mais digno de acordo com as regras dadas acima será o Hyleg, que deve ser dirigido para a vida da mãe, e o senhor da dignidade em aspecto será o Alcochoden como acima.

E se você não encontrar um Hyleg, direcione o grau da Lua às fortunas e aos maus [planetas] para explorar o status da mãe, atribuindo um ano a cada grau. Além disso, você conhecerá a fortuna da mãe desse planeta a partir do qual a Lua [separada] se separou.

Nota: Suponho que o mesmo tratamento descrito no último parágrafo, deve ser utilizado caso não se encontre o Hyleg do pai. Só que, neste caso, em vez da Lua se usará o Sol. (N.T.)


Capítulo 19
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

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A Duração da Vida da Mãe, por Abu Ali Al-Khayyat

Ptolomeu disse: no caso da mãe, quando a natividade é diurna, olhe para Vênus. Se Vênus aspecta o ASC, dirija-o ao corpo e os raios dos maus [planetas] pelo grau de ascensão, e dê um ano a cada grau de ascensão e; se Vênus não fizer aspecto com o ASC, mas a Lua está enviando raios, dirija-a exatamente como dissemos para Vênus. Mas, se a Lua aspecta o ASC, [então] direcione o grau do MC.

Mas nos nascimentos noturnos comece com a Lua, depois com Vênus e, finalmente, com o grau do MC. Em seguida, considere quantos anos resultam dos graus das ascensões. Pois, se houver tantos graus quanto o que o planeta significou, e que tem a maior dignidade diurna no lugar de Vênus, ou noturna no lugar da Lua e no senhor do seu domicílio, ou de dia e de noite igualmente no grau do MC e do seu senhor, e na Parte da Mãe e seu senhor, ou se os graus de ascensão encontrados pela direção eram quase iguais ao seu número de anos, a morte da mãe é significada no ano indicado.

Nota: Ele quer dizer que, se houver uma coincidência próxima ou exata entre o número de graus no arco primário e o número de anos que o planeta significa (veja a tabela no Capítulo 4), então pode esperar-se que a mãe viva tantos anos. Este é um exemplo de reforço de uma indicação por duplicação. (N.T. para o inglês) 

Capítulo 18
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

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A Duração da Vida do Pai, por Abu Ali Al-Khayyat

Ptolomeu disse: olhe para o Sol quando a natividade é diurna. Se ele aspecta o ASC, dirija-o ao corpo e os raios das infortunas pelos graus de ascensão, dando a cada grau de ascensão um ano. E se o Sol não aspecta o ASC, mas Saturno faz aspecto, direcione Saturno em vez do Sol; mas se Saturno também não faz aspecto com o ASC, [então] no lugar destes direcione o grau do Ângulo da Terra [Fundo do Céu].

Nas natividades noturnas, você começará com Saturno, depois o Sol, e depois do Sol o grau do MC. Em seguida, veja quantos anos resultam dos graus das ascensões.

O que, se é o mesmo que o que esse planeta significa, que tem maior dignidade na natividade diurna no lugar do Sol e no do senhor do seu domicílio; e em natividades diurnas e noturnas, igualmente, na 4ª casa e no seu senhor; e em natividades noturnas no grau de Saturno e no do senhor de seu domicílio, e a Parte do Pai e seu senhor, ou se o número de graus de ascensão foi quase igual aos anos desse planeta, seu pai morrerá nesse mesmo ano.


Nota: Ele quer dizer que, se houver uma coincidência próxima ou exata entre o número de graus no arco primário e o número de anos que o planeta significa (veja a tabela no Capítulo 4), então pode esperar-se que o pai viva tantos anos. Este é um exemplo de reforço de uma indicação por duplicação. (N.T. para o inglês) 


Capítulo 17
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

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A Fortuna dos Pais e as Coisas Significadas pela Quarta Casa, Abu Ali Al-Khayyat

Para a fortuna dos pais, considere o lugar do Sol em uma natividade diurna e no lugar de Saturno na natividade noturna. Mas em um gráfico diurno, bem como em um gráfico noturno, você irá [também] olhar para a Parte do Pai e seu senhor, e para ambos os pais, o 4º signo do ASC com o seu senhor.

Em seguida, no que diz respeito à mãe, você fará seu julgamento de Vênus de dia e da Lua de noite, e de dia e de noite da Parte da Mãe e seu senhor. E se você encontrar [todos] os significadores do pai e da mãe, ou a maioria deles, tendo muitos aspectos e dignidades nos ângulos, ou no sucedentes dos ângulos, e Fortuna está na casa do pai, e os senhores da triplicidade daquele luminar que é o Senhor do Tempo são felizmente postados em lugares fortes no círculo [de casas], significa prosperidade para os pais e boas circunstâncias e muita alegria para eles. Mas se eles são impedidos e em casas malignas, isso significa condições infelizes para os pais e uma enfermidade duradoura.

Mas se o Sol está em um lugar adequado e numa natividade diurna e os senhores da sua triplicidade estão em casas malignas, significa que o pai estará em circunstâncias prósperas no momento da natividade, mas em circunstâncias infelizes no futuro. [Mas] se o mesmo luminar estiver em uma casa malvada, e os senhores da sua triplicidade estão em boas casas, significa condições ruins para os pais no momento do nascimento do nascimento, mas indica boas [condições] no futuro.

Em geral, o Sol em natividades diurnas [junto] com a Parte do Pai tem significação sobre a condição do pai na hora da natividade; e Saturno e a Parte do Pai significam a fortuna do pai nas natividades noturnas. Portanto, direcione o grau do Sol e da Parte do Pai em natividades diurnas, e o grau de Saturno e a Parte do Pai em natividades noturnas, para o corpo das fortunas e para os maléficos e para os seus raios.

Pois se os significadores acima mencionados estão unidos a fortunas ou têm Alictisal com eles, significa elevações e felicidades para o pai; e quando eles são unidos por direção aos maus [planetas], ou têm Alictisal com eles, isso significa enfermidades e outros perigos que acontecem aos pais, mas especialmente quando eles se tornam iguais em graus, e se, com as infortunas prevalecentes, ou se as fortunas não projetam seus raios ali. Além disso, em tal direção, quando a Parte do Pai e o seu senhor estão unidos, seja por corpo ou por raios [o pai] entrará em muito dinheiro.

Alictisal - Um termo técnico transcrito a partir da "conjunção" al-ittisal árabe. Sahl ibn Bishr (Introdução à Ciência dos Julgamentos das Estrelas em Interrogações 1.4) define-o como "um planeta leve e rápido que vai se juntar com um planeta mais lento e pesado". (N.T.)

E quando Mercúrio está com Marte ou quando o aspecta com raios hostis, significa uma intensificação do ódio entre os irmãos e a desonestidade, traição e engano de um contra o outro.

Além disso, a Parte do Pai em casas boas e fortes do ASC e do significador do pai - ou o Sol ou Saturno - de acordo com o que a distinção de tempo [diurno ou noturno, respectivamente] dá, significa um aumento de honra para o pai. Mas em casas do ASC, ou de Saturno ou do Sol, que estão cadentes, significa circunstâncias ruins para o pai: propriedade servil, desprezo e status baixo. Vocês também julgarão a situação da mãe: de dia de Vênus e da Parte da Mãe; e de noite da Lua e da Parte da Mãe; assim como eu expliquei a você na significação do pai do Sol e do resto dos significadores.

Olhe para o grau da Lua Nova ou a Lua Cheia [sizigia] que precede a natividade. E, se as fortunas aspectam ela e os maus [planetas] estão cadentes [a partir] dela, isso significa boas circunstâncias para os irmãos e para os pais e a sua elevação; mas se o aspecto [dos planetas] do mal e as fortunas estiverem cadentes a partir dela, o contrário é significado. Mas, se tanto as fortunas como os [planetas do mal] a aspectam ao mesmo tempo, significa um status médio para eles, e especialmente se a Lua estiver em uma posição afortunada. E sabemos que o signo da Lua Nova e do seu senhor significam a fortuna do pai e o signo da Lua Cheia e seu senhor a fortuna da mãe.

Além disso, olhe para o 4º signo, porque se Júpiter ou o Sol está nele, ou o aspectam, isso significa a elevação do pai e sua grande fortuna. E se Vênus ou a Lua estiver nela, ou aspectem o signo, a elevação e o alto status da mãe são significados e sua boa fortuna. E se algum dos maus [planetas] está nele, ou o aspectem, e as fortunas não estão em aspecto, então julgue a servidão, o infortúnio e a pobreza dos pais dos nativos. E se esse signo é o domicílio ou exaltação do Sol, significa servidão e infortúnio para o pai; mas se é o domicílio da Lua ou a sua exaltação, significa servidão para a mãe e que ela é de baixo status social.

Além disso, se os próprios luminares estão em signos móveis [cardinais], significa inconstância para os pais e circunstâncias instáveis, juntamente com uma grande variedade de coisas. Além disso, você pode saber que o Sol [em mapa] diurno e Saturno {em mapa] noturno significam a situação do pai no momento da natividade; e os senhores dos domicílios de ambos os significadores [ao seu tempo] significam as futuras fortunas do pai.

E quando os significadores do pai, que são o senhor do domicílio do Sol em natividades diurnas e o senhor da sua triplicidade estão em suas próprias exaltações; ou o senhor do domicílio de Saturno nas natividades noturnas e os senhores de sua triplicidade estão em suas próprias exaltações; e em boas casas da figura, e a Parte do Pai, e seu senhor de noite e de dia, [estão] em seus próprios domicílios ou exaltações, todos livres de [qualquer aspecto] às infortunas, com um aspecto da fortuna, significam a elevação e alta dignidade e abundância de riqueza para os pais do nativo e, especialmente, se a Parte da Fortuna e seu senhor estão, felizmente, junto com a Parte do Pai , Pois isso também significa que a boa fortuna do pai vai durar, e o filho entrará em uma suntuosa herança deixada por seus pais.

Mas, contrariamente, se o senhor do domicílio do Sol em uma natividade diurna e o senhor da sua triplicidade; ou o senhor do domicílio de Saturno nas natividades noturnas e o senhor da sua triplicidade; estão em casas malignas ou em detrimento, ou em sua própria queda, configurados com o mal [planetas], significa a queda do pai e a perda de seus bens.

Olhe mais para os valores e posses da família e de seu sucesso em riquezas e dignidades da Ductoria dos planetas diurnos a partir do Sol e dos planetas noturnos a partir de Saturno. E se você encontrar algum deles em sua própria Ductoria, isso significará aumento e elevação e ampliação da honra e valor da família no futuro.

Similar é o julgamento sobre a fortuna da mãe a partir da Ductoria dos planetas noturnos e da Lua. E se algum deles está em sua própria Ductoria, denota a elevação da mãe e sua importância e um aumento de dignidade para ela no futuro.

Ductoria - Um termo técnico transcrito a partir do árabe dusturiya de uma palavra persa média que significa uma posição de poder.

Além de tudo isso, ao julgar o status da família, olhe o Sol de dia e seu senhor e o senhor da sua triplicidade; ou, se a natividade é noturna, olhe para Saturno e o senhor do seu domicílio e os senhores da sua triplicidade. Pois, se o Sol e a Lua e os senhores dos domicílios acima mencionados e os senhores das triplicidades estão em ângulos, livres de [quaisquer aspectos com] os maus [planetas] e de detrimentos, significa alegria e prosperidade para o nativo e seu família. Mas se [estes significadores] forem encontrados como impedidos e unidos aos maldosos [planetas], sem aspecto com o ASC e cadente, significa um estado infeliz e a morte para os nativos, bem como para sua família.



Capítulo 16
Abu Ali Al-Khayyat, in The Judgments of Nativities. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente)

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Técnicas Preditivas - Revolução Solar, por Clélia Romano

Visão Geral

A ideia que apresentarei neste livro parte da Revolução Solar e a compara à carta natal e a partir dela então são agregadas Profecções, Firdárias, Direções Primárias e Trânsitos. Percebi que somente desta forma as diversas técnicas afluem para um ponto comum.

Tenho feito uso desse tipo de método e ele tem se revelado de grande precisão. Antes de apresentá-lo, vamos aos introitos:

A Revolução Solar é o momento em que o Sol chega ao mesmo grau e minuto do Sol da carta natal. Para este momento é montada uma carta que nos guiará nas previsões do ano.

Parto do princípio que o leitor esteja familiarizado com o conteúdo tradicional e seja capaz de fazer uma delineação profunda, conforme ensinam os livros clássicos, em grande parte traduzidos para o inglês, ou então com o conteúdo de meus primeiros livros, especialmente o segundo, "Astrologia Tradicional Na Prática".

Se não forem capazes de fazer a delineação de cada tópico natal não poderão fazer uma previsão correta, visto que a previsão depende da delineação natal.

Não tentem pular etapas e não se apressem, sob o risco de errarem toscamente suas previsões.

O que se busca, ou se deve buscar, é a segurança que só o conhecimento e a prática oferecem. A carta está lá, não é preciso deixar-se levar pelo desejo de acertar, que é uma consequência da boa leitura, que por usa vez se baseia em todo cabedal de conhecimento e experiência do astrólogo. A ansiedade e a necessidade de demonstração de conhecimento ou poder atrapalham qualquer astrólogo, iniciante ou veterano. O bom astrólogo é humilde diante da grandiosidade da tarefa astrológica e sabe que pode errar: acertar é bom, mas não precisamos provar conhecimento.

Quantos autores tradicionais iniciaram suas obras provando a validade da astrologia! Não precisamos de provas: as provas ficam por conta dos positivistas, dos que creem que só a razão pode comprovar os fatos. Essas pessoas só se achegam a nós para destruir o que não percebem ainda, ou não ver perceber jamais.

Aos que nos procuram e que estão em busca de uma resposta e de orientação, espera-se, no entanto, que tenhamos nos dedicado com afinco ao estudo da Arte para estar à altura do que nos pedem.

Robert Zoller, meu professor dizia: "Leiam a carta, simplesmente." Passo a passo, unindo vogais e consoantes, como o fizemos quando aprendemos a ler, desta vez uniremos regentes, casas, signos e aspectos e diremos em voz alta o que lá está escrito.

Muitas vezes também ocorre do cliente não aceitar a delineação porque não é o que desejaria ouvir. A astrologia tradicional não incensa o ego de ninguém e só afirma algo depois de possuir dados suficientes apontando naquela direção. Nem sempre traz boas notícias e o que às vezes ocorre é que o simples mensageiro, no caso o astrólogo, acabe levando as pancadas.

O tempo muitas vezes traz esses clientes de volta.

No mister astrológico o tempo e a experiência contam muito, assim como a dedicação e o estudo. São eles que nos fornecem a segurança que necessitamos e é nesta seara, mantendo outros parâmetros iguais, que os mais velhos sabem mais que os jovens, pois a astrologia é estudo para uma vida. Uma previsão deve ser feita com paciência e cuidado, sem pressa, pois a matéria é árdua e maliciosa. Se o cliente lhe perguntar porque dissemos isto ou aquilo, nada impede que lhe expliquemos, mesmo que não entendam perfeitamente, para que saibam que estão lidando com um ser pensante e não com um adivinho, um inventor de histórias aleatórias, um visionário ou um aventureiro.

Feita esta introdução, voltemos a nosso assunto.

Como disse anteriormente, iniciaremos com a Revolução Solar e a carta de nascimento.

Morin de Villefranche, famoso astrólogo que viveu na França pouco antes de William Lilly na Inglaterra foi um excelente estudioso das Revoluções Solares, que doravante serão representadas pela sigla RS. A leitura de seu livro 23 da série Astrologia Galica, é altamente recomendável e está vertido para o português pela Biblioteca Sadalsuud.

Ele diz que nada na RS pode ser entendido sem referência à carta natal, que é a raiz de tudo que pode advir ao nativo.

Uma carta natal pobre e com poucas chances de sucesso na área afetiva, por exemplo, não poderá ser revertida pela RS, que tem apenas o poder de mitigar tais problemas em certo ano. Por outro lado, uma carta natal fértil e exuberante sentirá pouco os efeitos de uma RS difícil.

Agora, alguns pontos básicos precisam ser elucidados. São questões sobre as quais meditei muito. Uma delas é que, no presente estágio de meu conhecimento, parece-me mais útil usar signos completos [inteiros]. Isto significa que casas e signos serão vistos de maneira unívoca. Por exemplo, se Ascendente cair a 16 graus de Touro, de zero a 30 de Touro será considerada a primeira casa. Todo e qualquer planeta que estiver em Touro será considerado como pertencendo a esta primeira casa. Assim, se Vênus estiver a 28°de Gêmeos e a cúspide da Casa 3 estiver a 1º de Gêmeos, considero Vênus como pertencendo à Casa 3, mesmo que a Casa 4 esteja a 1º de Câncer.

Morin não segue este método: ele usou as Tabuas Alfonsinas, que como Regiomontanus, Campanus, Alchabitius e mesmo Placidus, fornecem casas interceptadas. Isto causa o problema de que muitas vezes, dependendo da latitude da carta natal ou época do ano, temos que lidar com dois regentes e até mesmo três para delinear a mesma casa. Ora, como o circulo tem sempre 360 graus, vão ficar faltando graus em outra parte. Um paralelo compreensível é costurar uma saia com um tecido esférico. Se a mesma pender para trás faltará pano na frente.

Lendo Morin vemos o quanto pode ser confuso e inconsistente analisar um tópico usando mais de um ou até mais de dois regentes, verificar a posição de cada um e a de seus dispositores, além dos aspectos que fazem e das casas que regem, por sua vez. É a típica ocasião em que testemunhos são contraditórios ou que qualquer coisa pode ser verdade.

Os autores medievais usavam quadrantes, mas a maioria dos astrólogos tradicionais hoje em dia busca o consenso de usar signos completos [inteiros].

Parto do principio, já exposto em meu primeiro livro, Os Fundamentos da Astrologia Tradicional, que a definição de afinidade entre signos e casas é a relação de um ângulo de 90º, de 60º e 120º, além da conjunção, que não é verdadeiramente um aspecto e sim uma aderência, e da oposição, que também entra numa categoria especial, representando o máximo afastamento entre dois pontos ou signos, e que é uma mudança de curso para nova aproximação.

Desta forma, a relação do Ascendente com a Casa 7 é sempre a de uma oposição e com os demais ângulos, de uma quadratura. A Casa 11 fará um sextil com o Ascendente e suportará a Casa 10, sendo em princípio em si mesma uma casa afortunada para o nativo. Agora vejam este exemplo:


Quem não é partidário do uso de signos completos vai considerar Marte na Casa 11 e Saturno na Casa 5. No entanto, Aquário é a Casa 12 quando o Ascendente é Peixes. Além disso, a Casa 11 e a Casa 5 se opõe: se Marte estivesse na Casa 11 se oporia a Saturno, mas na verdade eles estão em signos inconjuntos, a menos que se use aspectos menores, não tradicionais. Em terceiro lugar, Saturno não faz trígono com o Ascendente (Leão e Peixes estão inconjuntos) como seria esperado de um planeta na Casa 5, mas o faz com o Meio Céu, como é esperado de um planeta na Casa 6. Da mesma forma, Marte não faz sextil ao Ascendente, o que seria uma marca de Casa 11.

Se transformarmos essa carta em signos completos teremos um panorama muito mais claro.


Aqui vemos que o acúmulo de planetas ocorre na Casa 11, todos em oposição a Saturno, o que revela um caso típico de doença incurável, como efetivamente ocorreu ao nativo.

Outro ponto importante que adotarei como princípio na Revolução Solar é que não me basearei na posição sideral do Sol em relação ao Sol do nascimento. Não vejo razão para trabalhar com a precessão dos equinócios a fim de descobrir quando o Sol sideral estará conjunto ao radical. Afinal usamos o zodíaco tropical e misturar as duas coisas é incoerente, inconsistente e confuso.

Além disso, não realoco a Revolução Solar, como alguns o fazem, mas a calculo para o local de nascimento. A RS se refere intimamente ao mapa radical, a raiz, e por causa disso, não importa se o nativo passa o aniversário distante do local de nascimento. Da mesma forma, mesmo que o nativo more em outra cidade, o que vale é a carta do local onde nasceu.

Senão vejamos: o nativo nasceu com Saturno na Casa 4, mas se passar o aniversário em outro país, seus pais deixarão de ser figuras saturninas? Claro que não. E impossível mudar sua predileção por determinado tipo de trabalho, a personalidade, o tipo de pais que o nativo tem, seus familiares, simplesmente se houver mudança de país ou de cidade.

O que nos ocorre não tem uma causa física tal como um raio magnético que atua sobre nós. Não são raios físicos que partem dos planetas em determinada obliquidade que permitem que uma ou outra configuração nos descreva, a ponto de refazer nossa vida à medida em que nosso corpo se move de um local para outro.

A astrologia e os sucessos astrológicos baseiam-se na simpatia e não na causalidade: esse raciocínio causal foi o grande pecado de Ptolomeu. Mas justo por esse fato tornou a ele a astrologia mais aceitável, menos mística e mais adaptada à sociedade que o seguiu durante séculos.

Portanto, a carta natal tem privilégio sobre a Revolução Solar e o que Morin evidenciou de forma inconteste é que qualquer planeta natal carrega seu sentido e tópico para a RS.

Portanto, a RS deve ser feita para o local do nascimento do nativo, mesmo que ele tenha nascido no Japão e viva no Brasil desde bebê, e passe certo aniversário no Havaí. Calculamos a RS dele sempre para o Japão.


Maiores Especificidades

Vamos estudar como fazer previsões gerais para determinado ano. Embora neste livro sejamos bastante minuciosos ainda assim há autores que o são ainda mais, calculando todos os lotes e fazendo a RS de todos eles em comparação com a carta natal.

Não aconselhamos muita minúcia para não corrermos o risco de confundir o cliente mostrando fatos importantes misturados com fatos corriqueiros e dando a todos o mesmo peso. Tampouco, devemos ser tão exigentes a ponto de elaborar um calendário em que haverão acontecimentos para todos o dias do ano.

Embora este livro entre no detalhe, na pratica com um cliente devemos nos ater somente ao que for mais significativo.

Quando montarem a RS em primeiro lugar observem-na como um todo, verificando a posição dos maléficos, se estão no mesmo signo ou se os benéficos ocupam um signo só: esta é uma informação importante.

Observe o leitor se há algum padrão repetitivo na RS, na mesma casa ou signo que na natividade.

Por exemplo, se algum planeta retorna ao seu estado natal isto é importante. Só não levaremos em tanta conta Mercúrio porque ele estará sempre muito perto do Sol e o próprio Sol, porque é a posição dele que determinará a carta da RS.

Tenham sempre em mente que os ângulos são os pontos mais ativos da carta, os mais importantes. Devemos montar um protocolo para analisar os ângulos da RS e mais tarde vamos analisar os ângulos natais e sua correlação com a RS. Este ultimo estudo é fundamental.

Os ângulos refletem os fatos mais importantes da vida do nativo: a própria pessoa, o Ascendente, os parceiros, seus atos na sociedade e sua moradia e família.

Trarei, a titulo de exemplo da técnica que vamos seguir, a analise parcial do que sucedia na RS da Princesa Diana no ano de seu casamento com o Príncipe Charles.

Acima temos a carta natal e abaixo a RS.



Em primeiro lugar devemos fazer a delineação da carta natal, o que no caso será feito com brevidade com ênfase nos ângulos.

O Ascendente natal é Sagitário, um signo de fogo cuja motivação primária é a liberdade de ação. Seu regente, Júpiter, aponta para o interesse na Casa 3, os irmãos e aqueles que fazem parte de uma irmandade mais simbólica que a de sangue, mas Júpiter está cadente e retrógrado. Mesmo assim é o único planeta que faz aspecto com o Ascendente e é o principal regente do Ascendente.

Quanto aos regentes de triplicidade do Ascendente temos Sol, na Casa 8, Saturno, domiciliado na Casa 2, ambos sem aspecto com o Ascendente e Júpiter novamente. O regente do termo está na Casa 8, sem aspecto com o Ascendente.

A Casa 4, a família e a moradia, outro ângulo da carta, está em Peixes, também regido por Júpiter. Vênus, regente de exaltação de Peixes está na Casa 6, uma casa cadente ligada a empregados e doenças. Os regentes da triplicidade de água, são Marte, Vênus e Lua. Dos três, Marte está muito forte por posição e rege a Casa 5 e a Casa 12. Lua está na Casa 3 onde tem sua alegria.

A Casa 7 tem como regente Mercúrio, que encontra-se na Casa 8, retrógrado e combusto. As relações íntimas relacionam-se com os bens e o dinheiro que as apoiam. Mas isso não é vivido de forma confortável, pois a Casa 8 é uma casa triste, vinculada a angustias, perdas e morte. Os regentes da triplicidade são Mercúrio, Saturno e Júpiter. Saturno está na Casa 2.

A Casa 10 está em Virgem, também regida por Mercúrio, cujo sentido já vimos, mas como Marte está nesta casa ele modifica o sentido dela, ligando-a a Escorpião, a Casa 12, o que mostra que as mazelas, dor e segredos são vividos publicamente. Marte rege também Áries, a Casa 5, os filhos, um boa casa, e a princesa teve dois meninos, talvez porque Áries seja um signo masculino e seu regente esteja em signo duplo.

É uma carta em que Mercúrio e Júpiter são importantes porque dividem a regência dos ângulos. No final ambos são dispostos por Saturno, domiciliado na Casa 2.

Saturno é um planeta tradicional e elitista, mostrando uma tradição de dinheiro.

Observem que analisei somente os ângulos da natividade para conseguir ter uma ideia básica da carta.


Análise da Revolução Solar da Nativa

Agora, iremos analisar a RS para o ano do casamento da nativa.

A primeira coisa a analisar é o Ascendente da RS e a que casa natal corresponde.

A segunda e não menos importante é analisar em que casa da RS cai o Ascendente natal.

Vemos que o signo que aponta a Leste na RS é Escorpião. Neste caso, ele representa a Casa 12 natal. O que vai, portanto, surgir neste ano são angustias e inimigos ocultos.

Onde se encontra o Ascendente natal na RS? Exatamente na Casa 2. O aspecto financeiro será importante no ano vindouro. A nativa estará focada em fatos econômicos. O regente do Ascendente, Júpiter, está conjunto a Saturno na Casa 12 da RS, mostrando padecimentos, constrições e segredos. Mas, o que faz Júpiter nesta trama? Ele é um planeta de Casa 3. Logo podemos dizer que as comunicações fazem a nativa padecer.

A seguir, vamos investigar onde se encontra o regente do Ascendente da RS na carta natal, isto é, Marte, e vemos que ele se encontra na Casa 10, uma casa pública, enfatizando as ações.

Podemos ir mais fundo: tomando somente a RS, onde se encontra o regente do Ascendente dela, Marte? Vemos que ele está em Gêmeos na Casa 8. Gêmeos é exatamente o signo da Casa 7, no mapa natal.

Neste caso diremos que a nativa irá se relacionar com assuntos de dinheiro do parceiro e viverá angustias e perdas (Casa 8).

A Casa 7 da RS é Touro, regido por Vênus. Onde está Vênus na carta da RS? Exatamente na Casa 10, unida ao Nodo Norte, mostrando uma aliança venusiana bastante aparente: Vênus é o planeta mais angular da carta da RS. Mas, observem que Vênus na carta natal, embora em signo de regência está em casa maléfica, a dos subordinados, fazendo quadratura com os nodos e com a Lua. O ato maior da princesa neste ano aponta para a insegurança relacionada ao amor.

Na carta natal, o regente da Casa 7 é Mercúrio e agora vemos uma coincidência importante: tanto na carta natal como na RS Mercúrio está na Casa 8, o dinheiro do parceiro. Mercúrio está domiciliado, no signo natal das relações íntimas, gerando angustia.

A Casa 10 da RS é Leão, com Vênus. O Sol é planeta de Casa 8, na natividade, aspecto que já apontamos anteriormente como temores, mas agora ligados ao prestígio significado pelo Sol. Vênus no MC conjunta ao Nodo Norte na RS mostra uma união pública que naquele ano fez de Diana uma espécie de Rainha de Copas.

Tanto Júpiter, regente da Casa 1 e da Casa 4 natal, como Saturno, regente da Casa 4 da RS estão na Casa 12 da RS, unidos. Tais inseguranças e padecimentos, confirmados pelo regente do Ascendente da RS, Marte, na Casa 8, mostram que além do que se soube publicamente e das aparências glamorosas havia interesses financeiros, dor e angustia.

Consultando fontes oficiais na internet li que Diana sabia do interesse de Charles, por Camila, antes do casamento. "Desde o inicio o casamento de Diana e Charles não foi abençoado pela boa sorte. Já durante o noivado Diana teve a sensação que Camila desempenhava um papel muito importante na vida de Charles. Diana abriu um pequeno pacote dirigido a Charles e encontrou uma pulseira de ouro com um pingente de esmalte azul e as inicia F&G. Seria Fred e Gladys um disfarce de Charles e Camila? Diana sofreu horrivelmente de ciúmes. Ela deixou claro a Charles que ele não deveria enviar esse presente a Camila, mas ele o fez. Diana ponderou antes do casamento em não se casar com Charles. Charles ainda levou uma foto dele e Camila na lua de mel. Como Diana deve ter se sentido? Doente de preocupação. Ela sofreu seu primeiro ataque de bulimia". (http://www.princess-diana.com/diana/married.htm)

Isto explicaria uma RS com tanto drama subjazendo a ela.

Portanto, diante da carta de RS deve-se vê-la isoladamente como se fosse a carta de um nativo: mas ter sempre como base a carta natal, a raiz (radix). A RS não se sustenta por si mesma e não cria o que não existe na carta natal.



Capítulo 2
Clélia Romano, in Técnicas Astrológicas Preditivas, Edição do Autor, 2015.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/ 









Uso e Abuso da Astrologia, por Clélia Romano

Este é um livro eminentemente técnico, visto que trataremos do como fazer para prever isto ou aquilo dada uma carta natal.

No entanto, por mais importante que seja possuir as ferramentas corretas para obter uma resposta ou outra, não podemos esquecer do quadro geral da astrologia como uma disciplina hermética.

Escrevi sobre isso em outro momento, mas aqui, exatamente aqui, quando me dedico a algo, por assim dizer, mais mecânico, e preciso repetir certos fundamentos que devem guiar o bom astrólogo.

Quando escuto antigas lições de Robert Schmidt, mesmo aquelas que versam sobre o que já li e escutei, defronto-me com a poética riqueza imanente a filosofia e linguagem gregas.

Filósofos mais atuais também se alinharam com a linha filosófica que vai alem da realidade cartesiana. Edmund Gustav Albrecht Husserl, por exemplo, foi um matemático e filosofo alemão que viveu no seculo XIX e que estabeleceu a escola da fenomenologia, rompendo com a orientação positivista da ciência e da filosofia de sua época, a qual era baseada em Augusto Conte, o filosofo que cujas palavras "Penso, portanto existo", ficaram célebres.

Husserl, acreditando que a experiencia e a fonte de todo o conhecimento, desenvolveu uma teoria pela qual um assunto pode vir a ser conhecido diretamente em sua essência.

Também um dos mais importantes pensadores do seculo XX, Martin Heidegger, esteve principalmente interessado no SER. Sua critica a metafisica tradicional e sua oposição ao positivismo e ao mundo tecnológico dominante influenciou o existencialismo de Jean Paul Sartre, o enfoque sobre a percepção de Maurice Merlau Ponty e outros.

Estes filósofos tem muita importância para o estudo da psicologia e da astrologia.

O que nos interessa aqui é que a posição dos astros em si nada representa se não houver a consciência a dar às configurações um sentido, isto é toma-las como um oráculo. Os fenômenos visíveis, a luz, só passam a ter significado quando a mente incide sobre eles e os reconhece como um objeto determinado ou um astro. Enxergar não significa ver, pois Ver vai além dos sentidos físicos e pressupõe que o que existe seja "reconhecido", que tenha um nome.

Indo além, se um cavalo passar correndo à nossa frente, o que determina que ele é um cavalo e que está em movimento é nossa consciência e não nossa visão. Tanto isso é verdade, isto é, que vemos com a consciência, com o olhar interno, que às vezes procuramos por algo que está à frente de nossos olhos e não o encontramos, embora nossos sentidos físicos tenham já deslizado pelo objeto.

Outras vezes, só percebemos o significado de algo quando não o possuímos mais, quando ele desaparece. Isso acontece quando, por exemplo, estamos usando uma caneta, de forma puramente mecânica, e sua tinta termina. Naquele momento tomamos consciência da caneta.

Os céus e seus brilhantes astros só passaram a ter significado quando correlacionamos o não significado com o significado, o que ocorria lá acima e o que ocorria na terra. Seu brilho podia ser visto, mas não tinha sentido. Desta forma, a astrologia nasceu da função do Logos, a palavra, interna, o pensamento que desvenda.

Tal função é fornecida por um "algo mais", a cognição. Husserl dizia que o ato da cognição resolvia-se na intuição eidética, que é uma das função do pensamento humano, isto é o ato de correlacionar coisas, como fazemos quando identificamos, por exemplo, no formato sem sentido de uma nuvem um determinado animal, ou quando em um desenho cheio de pontos e amorfo, vemos surgir uma forma conhecida. Fala-se muito na luz, mas a luz não gera oráculos, o que os gera é a correlação que o pensamento faz entre a luz e o significado subjacente a ela.

Na Bíblia, no primeiro capítulo do Gênesis, lemos que no início era o Verbo. O que é o Verbo? E justamente o que os gregos chamavam Logos, a palavra que permite que algo se revele. A astrologia medieval esteve muito ocupada com a técnica, com o bom uso da caneta, sem se interessar pelo que é a caneta.

Disso sinto falta nos livros astrológicos do período pós helenista, por mais capazes que tenham sido os sábios árabes e medievais que se debruçaram sobre a disciplina astrológica e nos legaram seu conhecimento, transmitindo o que, não fosse seu esforço, teria sido perdido para sempre no mundo ocidental.

A busca de significado é um traço da mente humana quase mágico. Porém, tal busca de correlações, não significa que a astrologia tenha se baseado em mitos ou deva fazê-lo. No entanto, a mesma mente que os inventou, foi capaz de relacionar céu e terra.

Por isso, a astrologia grega é viva, guardando,inclusive em seu vocabulário, a preocupação com o sentido da coisa referida, ao invés de usar palavras vazias como Partes, ao invés de Lotes, Graus, ao invés de Moira, que significa a parte destinada a alguém nos 360 "graus" do zodíaco, Sextil, ao invés de Hexágono, etc. etc. etc.

Neste livro ofereço-lhes a técnica, da qual muitos estão, com legitimidade, sedentos. Nesta técnica primaram especialmente os astrólogos árabes, muito pragmáticos, e que nos legaram ferramentas valiosas para nosso ofício.

Mas não podemos, no afã de fazer algo "funcionar", esquecer de correlacionar, de usar nossa função compreensiva. Se usarmos a astrologia como se fosse um martelo em nosso trabalho diário, corremos o risco de empobrecê-la e só perceber o que perdemos quando o martelo se quebrar em nossas mãos.




Clélia Romano, in Técnicas Astrológicas Preditivas, Edição do Autor, 2015.

O livro pode ser adquirido aqui: http://www.astrologiahumana.com/


quinta-feira, 27 de julho de 2017

Aspectos e Aversões: Visão e Cegueira, por Benjamin Dykes

Agora que você aprendeu um pouco sobre signos inteiros, preciso apresentar-lhe uma dimensão adicional que tem a ver com aspectos e a noção de cegueira (e até mesmo inconsciente). Normalmente, os astrólogos tratam os aspectos como um relacionamento planetário por um grau exato, ou em poucos graus chamados de "orbe". Dê uma olhada no seguinte quadro:


Neste exemplo, a Lua está noturna em Virgem. Ela está dentro do orbe de um sextil com o Sol em Escorpião, porque de acordo com a maioria das regras modernas, um sextil tem um orbe de 3°. Novamente, de acordo com as regras modernas, ela está dentro de um semi-sextil exato com Júpiter em Leão. Ela também está dentro do orbe de um trígono fora do signo com Saturno em Gêmeos, porque seu aspecto trígono cai em 25° Touro, que está dentro de orbes de Saturno no início do próximo signo.

Na astrologia tradicional, tratamos as coisas um pouco diferente e voltarei a esse exemplo em apenas um momento. A astrologia tradicional distingue (1) aspectos de signos inteiros de (2) aspectos baseados em graus, frequentemente (3) não permitem aspectos fora do signo (embora alguns autores medievais permitam conjunções fora do signo), o que leva a discussão aos chamados aspectos "menores" de forma diferente através da chamada "aversão". Tomemos estes pontos um a um, a seguir.

(1) Aspectos do signo inteiro. É verdade que os aspectos por grau vão de um grau a outro grau específico, como quando um trino é aplicado de 15° Leão para 15° Sagitário. Mas a astrologia tradicional ensina que os signos como um todo são a base dos aspectos, de modo que o Leão aspecta Sagitário por um trígono. Uma vez que os signos (como casas em signos inteiros) são tratados como unidades distintas, qualquer planeta em algum signo irá  fazer um aspecto de signos inteiros com qualquer planeta em um signo que esteja aspectado da maneira correta. Assim, qualquer planeta em Virgem aspecta qualquer planeta em Capricórnio por um trígono, precisamente porque Virgo aspecta Capricórnio por trígono. Os graus dos planetas podem ser muito distantes, mas o que importa é o signo de cada um. No exemplo acima, a Lua aspecta Vênus por um trígono de signos inteiros, mesmo que seus graus sejam muito distantes para que a maioria das pessoas considerarem esse aspecto. Um aspecto de signos inteiros é um exemplo de muitas attitudes gerais ou "conduta" (Lat. habitudo) que um planeta pode levar em direção a outro.

Este tipo de observação ou significado de signos inteiros é atitudinal e tem um efeito astrológico, mas não é como estar envolvido com alguém diretamente. Imagine que você está sentado ao lado de alguém que faz você se sentir desconfortável, ou que está com alguém cujas opiniões políticas são desconfortavelmente diferentes das suas: você talvez não esteja tendo um debate, talvez esteja ignorando ou tentando discutir tópicos agradáveis: mas ainda há uma certa relação entre vocês, uma atitude, uma posição. Isto é como uma quadratura por signos inteiros. Novamente, imagine que cada signo é como uma casa em seu bairro: talvez haja alguém na rua que você não conhece e nunca tenha convivido, mas você realmente gosta de como essa pessoa desenvolveu o seu jardim e como trata os seus filhos, e você sente algum tipo de parentesco com essa pessoa: isto é como um sextil ou trígono por signos inteiros. Os planetas que se respeitam unicamente por signo podem ter esse tipo de desconforto ou amizade, assim como na vida real. Não é o tipo de relacionamento mais intenso, mas é real. Se a sua Lua aspectar Marte por uma quadratura por sinos inteiros, isso pode mostrar o desconforto e fricção entre o que esses dois planetas significam, embora possa não se tornar muito óbvio até serem ativados por uma técnica de previsão, e não será tão intenso e direto quanto um aspecto baseado em graus ou orbes.

(2) Aspectos próprios. O que eu chamo de um aspecto apropriado é um aspecto baseado em grau: um que ocorre dentro de um certo número de graus, muitas vezes chamado de "orbe". Na astrologia moderna, os orbes são normalmente anexados ao tipo de aspecto em si: então, por exemplo, quando estudando astrologia moderna, aprendi que um trino tem um orbe de 6°. Então, se a Lua no mapa acima estiver em 25° Virgem, então o seu trígono exato é de 25° Capricórnio, mas qualquer planeta dentro de uma órbita de 6°, de um lado ou de outro daquele, estaria dentro do aspecto de trígono.

Mas na astrologia tradicional, os orbes são normalmente atribuídos a planetas, não aos próprios aspectos. Uma exceção é uma regra em textos gregos antigos, que diz que qualquer aspecto por grau é válido apenas em 3°. Assim, no caso da Lua acima, seu aspecto trígono é com 25° Capricórnio, mas qualquer planeta dentro de 3° de cada lado, estaria em trígono. Mas, no tempo dos astrólogos latinos, árabes e medievais, diferentes planetas receberam diferentes orbes. Aqui está uma lista de orbes tradicionais dos astrólogos persas e árabes:

Orbes típicas tradicionais (quantidade na frente e atrás)

Essas orbes são boas para os graus de cada lado de um planeta. Então, no mapa acima, Marte está em 15° Aquarius. Ele lança um raio sextil exato com 60 graus de distância, até 15° Aries. Mas porque ele tem um orbe de 9°, qualquer planeta dentro de 9° de cada lado estaria em sextil. Claro, se o seu orbe se sobrepusesse com o orbe desse outro planeta, então o outro planeta poderia estar mais longe do que 9° e ainda ser considerado como sendo um aspecto dentro dos orbes. Você pode ver que esses orbes são às vezes muito maiores do que o que estamos acostumados na astrologia moderna, e você pode se perguntar se esses olhar alargado é útil. Mas lembre-se de que a diferença entre os aspectos baseados em signos inteiros e os aspectos por grau é realmente de intensidade: dois planetas relacionados apenas por signo têm um mais fraco, menos intimo; mas os planetas que se aspectam por grau começam a se comunicar e se conectar diretamente entre si e, de fato, é precisamente o que o termo árabe para um aspecto de aplicação significa: conectar-se, comunicar-se.

(3) Aversões e cegueira. Um efeito dessa maneira de ver os aspectos e os aspectos é que, para muitos astrólogos tradicionais, não existem aspectos fora do signo, mas há conjunções fora do signo porque os próprios planetas são levados a ter uma aura sobre eles o que permite uma interação entre os limites dos signos. Assim, de acordo com os textos mais antigos, a Lua não está vislumbrando Saturno em um trígono fora do signo por orbes, porque aspectos fora do signo não são considerados. Mas ela o está aspectando por signos inteiros, um aspecto bem diferente!

Isso leva a um conceito muito importante, "aversão". Isso é algo que parece muito novo para os astrólogos modernos, mas na verdade não é diferente do que você já sabe. Classicamente, os planetas só podem ser conjuntos no mesmo signo (ou em uma conjunção por grau), ou podem se aplicar ou se afastar mutuamente, por signos inteiros, em sextil, quadratura, trígono ou oposição. Isso deixa de lado quatro signos da imagem: os signos vizinhos de cada lado do planeta (o segundo e o décimo segundo signo a partir do signo deles), e os planetas no sexto e oitavo signo a partir deles. A figura abaixo mostra o que quero dizer.

Planetas que estariam em aversão a Marte na Casa 10 (em branco)

Neste diagrama, Marte está na casa do décimo signo inteiro, e assim ele pode aspectar com um planeta lá, ou então estar em  aspecto com outros planetas por sextil, quadrado, trígono ou oposição (esses lugares estão todos cinzentos). Mas ele não pode estar em aspecto com nenhum planeta que estejam nos signos das casas 11 ou 9, ou o das casas 3 ou 5.  Dizem que esses lugares são "aversivos" a Marte: literalmente, "afastam-se" dele.

Agora, na astrologia moderna, há aspectos como o semi-sextil e o inconjunto, o que lhe permitiria planetas se aspectarem nesses signos. Então, você pode pensar que a astrologia tradicional tem um defeito, porque não permitimos esses aspectos. Mas aqui está a chave: essas posições não são aspectos, mas eles ainda significam algo.

Lembre-se de que a palavra "aspecto" significa "olhar". E quando os planetas lançam aspectos, eles aptos para lançar raios de luz. Mas, "olhando", "vendo" e "luz", sempre foram compreendidos em termos de conhecimento e controle: pense no que significa dizer, "vejo o que você quer dizer", ou ser "esclarecido", ou quando os políticos falam de "olhar para uma questão ", ou mesmo que alguma questão política esteja "na mesa", como se fosse algo sobre o qual eles examinarão e farão algo. Mas quando as coisas estão na escuridão e invisíveis, sugerem coisas que não são conhecidas, ou são ignoradas, que estão fora do alcance e inacessíveis ou - em um contexto psicológico - estão inconscientes ou estão sujeitas a negação.

Isso é o que significa, precisamente, que os planetas estão em aversão uns aos outros, ou especialmente quando um planeta está aversivo a um signo que ele governa: isso significa que há alguma desconexão, algum distanciamento, ignorância, não é visto. Em alguns contextos, pode até significar viagens (ou seja, não estar presente) ou agir sem muita informação. Deixe-me mostrar-lhe dois diagramas que ilustram isso filosoficamente e praticamente:

Lugares em aversão ao Ascendente (em branco)

Neste diagrama, vejamos o Ascendente (Áries). Por definição, as seguintes casas são aversivas ao Ascendente: a duodécima (Pisces), a segunda (Touro), a sexta (Virgem) e a oitava (Escorpião). Ao estar aversivo, esses lugares significam algo como ignorância, negação, etc. Bem, o que essas casas significam, tradicionalmente? A décima segunda significa inimigos, inimigos especificamente ocultos; a segunda significa posses e bens pessoais, mas também aliados pessoais; a sexta significa doenças e também subordinados, escravos e (medievalmente) vassalos; a oitava significa morte. Se pensarmos sobre esses significados, podemos ver como eles podem mostrar o tema da ignorância: um é ignorante dos inimigos escondidos (décima segunda); um também é ignorante e na negação da própria morte (oitava). A segunda e a sexta talvez não parecessem caber: afinal, não vemos e conhecemos nossas próprias posses e subordinados? Mas pense nisso. Em uma economia pobre, muitas vezes é difícil entender o que realmente está acontecendo com nossos recursos, qual é o seu valor e como podemos gerenciá-los bem. Da mesma forma, ao falar de aliados, às vezes é difícil saber e confiar nas suas intenções.

Para a sexta [casa], não podemos ver a doença chegar, mas também estamos no escuro sobre o que nossos subordinados e funcionários estão fazendo. Na Idade Média, o feudalismo era essencialmente uma pechincha entre um terrateniente (o Ascendente) e seus vassalos (a sexta). Em troca de certos favores e direitos da terra, os vassalos concordavam em apoiar o proprietário em tempos difíceis; mas você pode imaginar um senhor em seu castelo, questionando se seus vassalos estão se aproveitando dele, o que eles realmente têm em mente, e se ele pode [mesmo] contar com o apoio deles.

Se você olhar de outra maneira, as casas vizinhas do Ascendente representam ignorância sobre pessoas e coisas próximas (inimigos escondidos, aliados), enquanto a sexta e o oitava representam a ignorância sobre coisas e pessoas aparentemente muito distantes ou inferiores na ordem social (vassalos, morte).

Então, em um certo sentido filosófico, os lugares em aversão mostram pessoas e eventos reais em nossas vidas, mas onde nem sempre temos certeza de qual é a verdade sobre eles. Como eu disse antes, esses lugares não têm aspectos para o Ascendente (pois os aspectos implicam conhecimento e uma relação clara), mas eles ainda significam algo.

O que era ainda mais importante para os autores tradicionais, era um planeta em aversão ao seu próprio signo - ou seja, não sendo configurado por um aspecto de signo inteiro para seu próprio domicílio. Aqui está um exemplo:


Dê uma olhada em Vênus. Vênus sempre governa Taurus e Libra, mas nesse diagrama ela está aversiva a Touro (a décima primeira casa) porque é o signo adjacente a sua própria posição em Gêmeos. Agora, porque ela governa a casa de Touro, Vênus está tentando lidar com os assuntos da primeira casa. Mas ela está aversa a isso. O que isto significa? Deixe-me dar uma citada intrigante do livro de Sahl "On Elections":

"Porque um planeta que não faz seu próprio domicílio é como um homem ausente de sua própria casa, que não pode repelir nem proibir nada. Na verdade, se um planeta aspecta seu próprio domicílio, é como o mestre de uma casa que o protege: quem está na casa, teme-o e ele que está fora teme vir até ela." (On Elections, §§23b-c)

Em outras palavras, um aspecto ao próprio domicílio mostra uma relação de duas vias com a própria casa e as raízes. Por um lado, o aspecto do senhor mostra a proteção da casa, proporcionando sua significação e aperfeiçoando-a. Mas essa conexão também mostra que o senhor. por sua vez, é apoiado pela casa. Quando o senhor tem aversão, ele e a casa estão em carência, com perigo de trapaça, e o senhor está sendo enfraquecido e separado de sua casa. Provisão e proteção parecem ser aqui os conceitos-chave, e eles também estão relacionados às noções de casa, propriedade e pertencimento. Desta forma, casas, aspectos e aversões de todo o signo se encaixam perfeitamente. Este não é o caso em sistemas baseados em quadrantes.

Agora, Vênus estar em aversão à décima primeira não significa que sempre haverá pausas, diferenças e assim por diante nas amizades do nativo. Às vezes, podemos ver essas coisas claramente usando uma técnica de temporização, como uma profissão. Quando esta Vênus ou a décima primeira casa é ativada, normalmente devemos esperar que esses temas surjam. Talvez uma amizade seja dissolvida, talvez o nativo quebre relações com velhos amigos e faça novos, ou talvez os próprios amigos tenham experiências erráticas. Pode também significar apenas viagens. Ou, tome outro exemplo: suponha que o senhor da quarta (família, lar) esteja averso à quarta. Quando a quarta casa ou aquele senhor são ativados por uma técnica preditiva, devemos esperar a viagem ou falta de comunicação ou mal-entendidos no relacionamento do nativo com a família dele.

O que eu recomendo é que você olhe para o seu próprio mapa natal: interprete cada planeta por sua vez, e anote quais dos seus signos (se houver) estão em aversão e pense nessa área da vida - especialmente no contexto de um dispositivo de temporização, como profecções. Você deve encontrar temas de incomunicabilidade, mal-entendidos, viagens, ignorância, atuação impulsiva e sem informações, ou eventos que atrapalham alguém sem saber.

Exercício: veja o mapa a seguir e responda as perguntas abaixo. O mapa usa casas por signos inteiros.


1. Vênus está em aversão a algum dos seus domicílios? Em caso afirmativo, qual (is) qual (is)?

2. A Lua aspecta Júpiter por signo?

3. Marte está em aversão a um dos seus domicílios: qual é?

4. Use a tabela de orbes acima. Mercúrio está dentro de orbes apropriadas para um sextil com Saturno?

5. A Lua se opõe a Saturno por signos inteiros. Ela está dentro de orbes apropriadas para uma oposição baseada em graus e orbes com ele?



Capítulo 10
Benjamin Dykes, in Traditional Astrology for Today - An Introduction, Cazimi Press, Minneapolis, Minessota, EUA, 2011. Tradução de Claudio Fagundes (sujeita a revisão permanente).

O livro está à venda aqui:
https://www.amazon.com/Traditional-Astrology-Today-Benjamin-Dykes/dp/1934586226/ref=sr_1_4?ie=UTF8&qid=1497110339&sr=8-4&keywords=benjamin+dykes