sábado, 27 de maio de 2017

Qualidades Activas e Qualidades Passivas, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Seco e Húmido, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Masculino e Feminino, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


A Parte da Base e a questão do livre-arbítrio vs. destino, por Gilson Nunes

Não há consenso sobre o tema “destino X livre-arbítrio” na comunidade astrológica. Os que seguem a linha tradicional se inclinam para uma perspectiva determinista da vida: acreditam que a vida de um indivíduo já está traçada a partir do seu nascimento. O mapa astral representaria, com certa limitação, o destino do indivíduo. Já os praticantes da astrologia moderna não raramente acreditam que muito da vida está sob poder de escolha do nativo.

Este artigo tenta demonstrar, com o respaldo de algumas das partes árabes, que a astrologia tradicional já embarcava essa dicotomia entre livre-arbítrio e destino em seu seio. E mais do que isso, aceitava a presença simultânea de ambos.

As partes árabes que utilizaremos neste artigo são a Parte da Fortuna, a Parte do Espírito e a Parte da Base. Quanto a esta última, será proposta uma interpretação, visto que, na tradição, há pouca referência sobre o significado dela.

A Parte da Fortuna

A Parte da Fortuna (ASC + Lua – Sol; alguns autores invertem a fórmula, outros não) trata, dentre outras coisas, do corpo e da saúde, e de coisas que acontecem independentemente de nossa vontade. Por exemplo, não escolhemos sofrer um acidente — um infortúnio em relação ao nosso corpo. Ninguém gosta de se machucar, mas “acontece”.

Segundo Guido Bonatti, a Parte da Fortuna “[...] significada a vida, o corpo também, e sua alma; força e fortuna e substância, e sucesso. Também riqueza e da pobreza; até mesmo ouro e prata; a severidade e facilidade de coisas compradas no mercado (se é fácil ou difícil comprar coisas); mesmo louvor e boa reputação, a honra e grandeza, bom e mau, o que está presente e o que há de ser, [seja] oculto ou manifesto. E tem uma significação sobre cada assunto; no entanto, ela beneficia mais os ricos e os grandes homens que aos outros. Mas, para cada homem, também funciona de acordo com sua condição” (Bonatti on Lots; tradução livre).

A Parte do Espírito

A Parte do Espírito (ASC + Sol – Lua; alguns autores invertem a fórmula, outros não) mostra os anseios de nosso espírito, nossa vontade, as nossas aspirações. Trata, por exemplo, do nosso trabalho: o desejo de utilizar nossa vida para fazer algo útil, o anseio por um propósito.

Segundo Paulus Alexandrinus, a Parte do Espírito “acontece de ser senhor da alma, do temperamento, consciência, e todo poder; e às vezes também colabora na determinação sobre o que se faz” (Introduction to Astrology, apud Curtis Manwaring, in Signification and Philosophy of the Lots / Arabic Parts, disponível em http://www.astrology-x-files.com/x-...; tradução livre).

Fortuna X Espírito

Mas por que a Parte da Fortuna diz respeito a coisas que nos acontecem, enquanto a Parte do Espírito trata de coisas que queremos fazer?

Primeiramente, precisamos entender que estas partes são calculadas em função do Sol e da Lua. A chave para a compreensão está no fato de que o Sol, enquanto principal astro diurno, trata de coisas espirituais; já a Lua, enquanto principal astro da seita noturna, diz respeito a coisas materiais.

Essa distinção entre espiritual vs. material encontra sua origem na doutrina das seitas. Os astros da seita diurna (Sol, Júpiter e Saturno), quando posicionados nas casas de seus respectivos júbilos, se encontram no céu (hemisfério superior) do mapa. Já os planetas da seita noturna (Lua, Vênus e Marte), quando colocados nas casas em que se rejubilam, acabam na parte terrena (hemisfério inferior) do mapa, como ilustra a imagem a seguir. Tal como no conceito cristão, a parte celeste do mapa, e todos os astros nela posicionados, dirão respeito ao espírito; a parte terrena e os astros nela posicionados, representam coisas materiais e concretas. Mercúrio, com seu júbilo no ascendente, faz a comunicação entre céu e terra.




Sabendo disso, agora podemos tratar dos significados por trás das Partes da Fortuna e do Espírito. Segundo Curtis Manwaring, “simbolicamente, o ato de nascer é como se partir do Sol para a Lua; em outras palavras, o espírito [Sol] se expressa em forma material [Lua]. Portanto, a Parte de Fortuna representa o corpo físico e coisas materiais com as quais um indivíduo está equipado neste mundo, tais como dinheiro e posses. Mas quando se parte da Lua ao Sol, é como que a matéria sendo utilizada para um propósito. Isso é a chamada Parte do Espírito, e dá sinais úteis para determinar o que se faz com o que se tem, quer se trate de profissão ou hobby. Trazendo isso para a realidade, essas duas partes são muito semelhantes aos papéis que os pais desempenham, uma vez que o Sol representa o pai e a Lua a mãe [...]. Historicamente, você segue os passos de seu pai na carreira (Sol — espírito, ação e reputação), mas sua mãe cuida de suas necessidades materiais (Fortuna — saúde e prosperidade)” (Signification and Philosophy of the Lots / Arabic Parts, disponível em http://www.astrology-x-files.com/x-; tradução livre).

A Parte da Base

Primeiramente, a Parte da Base é dada pela seguinte fórmula: ASC + Fortuna – Espírito. A fórmula inverte, tendo de ser respeitada a necessidade desta parte cair no hemisfério sul do mapa (trataremos disso mais a frente).

O significado desta parte é pouco claro nas obras astrológicas. No entanto, sua fórmula nos dá a dica de que ela trata de uma relação entre a Parte da Fortuna e a Parte do Espírito. Uma relação, portanto, entre o material e o espiritual. O que nos remete ao conceito aristolélico entre substância e essência.

As coisas são entes concretos, compostos por essência e substância. Dessa relação entre essência e substância, nasce uma terceira entidade. Ou seja, temos o ente, a forma do ente, e a matéria do ente. Por exemplo, no caso do homem teríamos a essência do homem (1) dando forma a certa quantidade de matéria (2), e a forma assumida seria a do corpo de um homem (3).

Estendendo esse conceito, agora, à Parte da Base, temos que a Parte do Espírito trataria dos anseios e vontades do homem, enquanto que a Parte da Fortuna indicaria o corpo e os recursos disponíveis para concretizar essa vontade. O entrelaçamento entre as aspirações do nativo (Espírito) com o uso dos recursos disponíveis a ele (Fortuna), seria significado pela Parte da Base. Agora, porque há necessidade de que esta parte caia no hemisfério sul do mapa? Simples: se há uma integração entre corpo e espírito, essa integração é no mundo físico, terreno, e não no espiritual, no além — no céu. Ou como diria um espiritualista, estamos encarnados — o espírito está num corpo físico.

Implicações

Sabemos da existência de uma parte que diz respeito a coisas que nos acontecem independente da nossa vontade, ao corpo e aos nossos recursos materiais (Fortuna), de uma parte que representa nossas vontades, aspirações e desejos de realização (Espírito), e de uma parte que trata da integração entre estas duas coisas, ou seja, sobre o quão bem uso meus recursos e meu corpo na concretização da minha vontade e das minhas aspirações (Base). O que podemos deduzir a partir destas três partes?

Acredito que podemos intuir o seguinte: por vezes o nativo terá seus desejos e aspirações (espírito) potencializados ou frustrados pela própria fortuna. Às vezes acontecerá o inverso: porque o nativo se dispõe ou se nega a fazer aquilo que tem de fazer, a sua prosperidade ou saúde (fortuna) decai. Acredito que isso ilustra, em parte, o diálogo entre destino e livre-arbítrio, que se entrelaçam no tecer da vida. E é justamente desse diálogo entre destino e livre-arbítrio que trata a Parte da Base.

Portanto, é possível dizer que há, sim, coisas que nos acontecem independentemente do que se quer, enquanto existem também coisas que dependem, em maior ou menor grau, daquilo que se decide fazer.

Todos esses três aspectos condicionam a vida do nativo e, de acordo com a posição de cada uma destas partes, de seus respectivos dispositores e dos aspectos que fazem (além de planetas que façam aspecto ao ASC), podemos mensurar se há uma prevalência das aspirações, desejos e por isso, do livre-arbítrio (Espírito) sobre o destino e as coisas que ocorrem com o fluxo da vida (Fortuna), ou o contrário (se os acontecimentos da vida têm mais força que a vontade do nativo), e por fim, a Parte da Base parece tratar do quão bem o nativo utiliza seus recursos e os vários acontecimentos da vida em seu favor





Extraído de https://www.facebook.com/orionastral/?rc=p

O Quente e o Frio, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


As Qualidades Primitivas, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Planetas Peregrinos, por Marcos Monteiro


Queda, por Marcos Monteiro


Detrimento, por Marcos Monteiro


Debilidades Essenciais, por Clélia Romano



Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional.

Faces ou Decanatos (Decans)


A tabela foi extraída do livro Fundamentos da Astrologia Tradicional, de Clélia Romano. 

Os Termos

A tabela mostra os graus dos signos que são os termos dos respectivos planetas. Por exemplo: Os termos de Júpiter em Áries estão nos graus de 0 a 6. Já em Gêmeos os termos de Júpiter estão entre os graus 6 e 12 (ambos inclusive).

A tabela e o texto em itálico foram extraídos do livro de Clélia Romano: Fundamentos da Astrologia Tradicional.

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Triplicidades


Deve-se atentar se os nascimentos são diurnos ou noturnos para determinar se o planeta está em sua triplicidade. A triplicidade participante tanto faz se o nascimento é diurno ou noturno.

As Triplicidades




Imagem retirada do livro Fundamentos da Astrologia Tradicional, de Clélia Romano.

Exaltação dos Planetas


Imagem retirada do livro Fundamentos da Astrologia Tradicional, de Clélia Romano.

Domicílios dos Planetas


Imagem retirada do livro Fundamentos da Astrologia Tradicional, de Clélia Romano.

Debilidades Essenciais, por Claudio Fagundes


Domicílio e Exaltação, por Marcos Monteiro


Dignidades Essenciais, por Claudio Fagundes


Luminares e Planetas, por Helena Avelar e Luis Ribeiro

Antes de mais, há que fazer a distinção entre luminares e planetas propriamente ditos. Os luminares ou luzes são, evidentemente, o Sol e a Lua. Devido à sua grande luminosidade, são considerados o rei e a rainha dos céus. O par Sol/Lua é o modelo básico para a classificação dos planetas, que apresenta uma estrutura de polaridades: masculino/ feminino, diurno/nocturno, etc.

O Sol é o astro mais importante. Segundo a ordem caldaica, está colocado no centro da sequência de esferas planetárias e é considerado o centro simbólico dos céus. Α Lua é a sua consorte, a rainha dos céus.

Os restantes planetas constituem o séquito real, a corte dos luminares. Esta separação entre os dois luminares e os cinco planetas é fundamental no sistema astrológico.

Planetas superiores e inferiores

O Sol como centro da sequência planetária tem também implicações na forma de agrupar os planetas. Marte, Júpiter e Saturno, que estão acima da esfera do Sol, e têm portanto um movimento são planetas lentos e "pesados", os seus efeitos são considerados mais duradouros e prolongados (em especial os de Júpiter e Saturno). Os que se situam nas esferas abaixo da do Sol — Vénus, Mercúrio e Lua — denominam-se planetas inferiores. Como estes planetas são mais "leves" e rápidos, os seus efeitos são mais passageiros, mas a sua acção é mais dinâmica.



Refira-se que a classificação de inferior e superior nada tem a ver com qualidades boas ou más, mas com a posição abaixo (inferior) ou acima (superior) da esfera do Sol.


Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas - um guia prático da tradição astrológica. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.

O Modelo Ptolomaico e a Ordem Caldaica, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Ordem Caldaica, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Simplificando o Mapa Astral, por Helena Avelar e Luis Ribeiro


Ao contrário do que se estudou na escola fundamental (quando se viu a Rosa dos Ventos), no Mapa Astral o Oriente (Leste) fica à esquerda (no Ascendente) e o Ocidente (Oeste) fica à direita (no Descendente).

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Os Júbilos Planetários e a Origem do Significado das Casas e das Triplicidades, por Chris Brennan

Tradução de Lucas Barreto.

A finalidade deste trabalho é a demonstração de um plano, previamente desconhecido, que se faz presente de forma velada nos conceitos fundamentais da astrologia helenística. Eu vou demonstrar como esse esquema amarra diversos conceitos astrológicos fundamentais e, finalmente, mostra-se como motivo para alguns significados das casas astrológicas, assim como a lógica por de trás da associação dos quatro elementos aos signos zodiacais.

As descobertas apresentadas neste trabalho são, em grande parte, o resultado de uma série de discussões entre Chris Brennan e Benjamin Dykes que ocorreram em abril de 2012. Os resultados dessas descobertas foram apresentados publicamente em uma palestra feita por Brennan intitulada Hellenistic Astrology the Study of Fate na “United Astrology Conference”, em Nova Orleans, Louisiana, no dia 27 de maio de 2012. Eu gostaria de agradecer a Charles Obert, Scott Silverman, Austin Coppock e Maria Mateus pelas conversas que tivemos depois das descobertas iniciais. Eu também quero dar o meu reconhecimento a Robert Schmidt pelos seus comentários sugestivos sobre os regentes das triplicidades e as tríades angulares. Katarche: 25 de dezembro, 2012, 2:38 PM, Denver, Colorado. (Este artigo foi originalmente publicado no “International Society for Astrology Journal”, Vol. 42, No. 1, April 2013.

Os Júbilos



Textos astrológicos escritos na região do Mediterrâneo entre o século I a.C. e o século VII d.C. frequentemente fazem referências a um arranjo que associa cada um dos sete planetas clássicos com uma das doze “casas” ou “lugares” (topoi). A casa com a qual cada planeta foi associado era chamada de lugar da sua “alegria”, onde ele teria o seu “júbilo”. Para o efeito deste artigo, esse esquema será chamado de sistema de júbilos planetários.

De acordo com a maioria dos autores, os júbilos dos planetas são os seguintes:

O Sol se alegra na casa 9.
A Lua se alegra na casa 3.
Júpiter se alegra na casa 11.
Vênus se alegra na casa 5.
Marte se alegra na casa 6.
Saturno se alegra na casa 12.
Mercúrio se alegra na casa 1.

As fontes primárias dos júbilos são Paulus, Introduction, 24; Olympiodorus, Commentary, 23; Firmicus, Mathesis, 2, 15-19; Rhetorius, Compendium, 54. O único autor que parece seguir um arranjo diferente é Manilius, que será discutido abaixo.

Os júbilos parecem ter sido a base de uma convenção através da qual nomes foram dados a algumas das casas. Ao invés de se referir às casas pela posição numérica que elas possuíam relativamente ao ascendente, elas são, algumas vezes, referidas por nomes específicos3. Os nomes mais comuns associados às casas, na tradição helenística, são os seguintes:

A casa 9 é chamada de “Lugar de Deus” ou, simplesmente, “Deus” (Theos).
A casa 3 é chamada de “Deusa” (Thea).
A casa 11 é chamada de “Bom Espírito” (agathos daimōn).
A casa 5 é chamada de “Boa Fortuna” (agathe tuchē).
A casa 6 é chamada de “Má Fortuna” (kakē tuchē).
A casa 12 é chamada de “Mau Espírito” (kakos daimōn).
A casa 1 é chamada de “Leme” (oiax), fazendo referência ao leme de um navio.

3 Para consultar o nome das casas, ver Firmicus, Mathesis, 2, 15-17; Paulus, Introduction, 24; Sextus, Againstthe Professor, V:15-20;Valens, Anthology, 2, 16:1.

Às outras casas, ocasionalmente, também eram dados nomes, apesar destes não estarem diretamente relacionados com os júbilos, já que nenhum planeta se alegra nelas:

A casa 2 era chamada de “Portão do Hades” (Haidou pulē).
A casa 8 era chamada de “Lugar Inativo” (argos).
A casa 10 era chamada de “Meio do Céu” (mesouranēma).
A casa 7 era chamada de “Poente” (dusis).
A casa 4 era chamada de “Lugar Subterrâneo” (hupogeion).

Os nomes dados para as casas 10, 7 e 4 são puramente descritivos da posição das mesmas, em termos astronômicos. No entanto, o nome de muitas das outras casas não possui natureza astronômica e parece estar associado ao planeta que se alegra em cada uma dessas casas.

Por exemplo, é dito que a casa 9 é a casa de Deus e que a casa 9 é o júbilo do Sol. Opostamente a esta casa, temos a casa 3, que é chamada de Deusa, e é nesta casa que a Lua se alegra. Os dois planetas benéficos, Vênus e Júpiter, estão associados às duas boas casas, que são a casa da Boa Fortuna e a casa do Bom Espírito, respectivamente. De forma análoga, os dois planetas maléficos, Marte e Saturno, estão associados às duas casas maléficas, que são as casas da Má Fortuna e do Mau Espírito, respectivamente.

Essa associação bastante próxima entre o nome de certas casas e o significado astrológico dos planetas que se alegram nas mesmas parece indicar que existe uma relação entre os dois conceitos. Essa ligação pode ser confirmada pelo Firmicus Maternus, astrólogo do século IV d.C., que, em um dado ponto do seu Mathesis, disse que a casa 5 “é chamada de Boa Fortuna porque é a casa de Vênus.” De forma semelhante, ele diz que a casa 6 é chamada de Má Fortuna “porque é a casa de Marte.” Mais na frente, no mesmo século, Paulus Alexandrinus chamou a casa 3 de “casa da Lua”, a 5 de “casa de Vênus”, a 6 de “casa de Marte” e assim por diante.


A Datação dos Júbilos


A ligação que existe entre os júbilos e o nome das casas é importante porque ela nos fornece uma informação crucial para que possamos ter uma ideia da antiguidade dos júbilos e determinar o quanto a sua utilização era difundida na astrologia helenística. Para fazer isso, consideraremos que a doutrina dos júbilos é mencionada de forma implícita em qualquer lugar onde o nome das casas é mencionado, já que parece que os dois conceitos estão interligados.

Para o efeito deste artigo, “Astrologia Helenística” é definida como o tipo de astrologia que originou-se no Mediterrâneo por volta do século I a.C. e estendeu-se até aproximadamente o século VII d.C.

Os júbilos aparecem muito cedo no que sobrevive da tradição helenística de astrologia. As duas referências datáveis mais antigas encontram-se nos escritos de Thrasyllus e Manilius, dois contemporâneos das primeiras décadas do século I d.C.

Somente um resumo do tratado astrológico de Thrasyllus, chamado Tabela (Pinax), sobreviveu até hoje8. Nesse resumo, há um trecho em que Thrasyllus discute o significado das casas e, então, refere-se à casa 12 como o “Mau Espírito”, à 6 como a “Má Fortuna”, à 5 como “Boa Fortuna” e à 11 como “Bom Espírito” – esses são exatamente os lugares de júbilo dos maléficos e benéficos. Quando ele menciona alguns dos nomes dessas casas, Thrasyllus cita outro texto atribuído a Hermes Trismegistus. Como nós sabemos que Thrasyllus morreu no ano 36 d.C., temos que presumir que o texto no qual ele estava se baseando, que era atribuído a Hermes, foi escrito algum tempo antes, provavelmente no século I a.C.. Depois de Thrasyllus, praticamente todo astrólogo, cujo trabalho tenha sobrevivido até hoje, faz menção aos júbilos planetários de uma forma ou de outra, ou referindo-se a eles de forma direta, ou indireta, através do nome das casas, que é associado aos júbilos.

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Notas: 

Um resumo do Table de Thrasyllus está disponível no Catalogus Astrologorum Graecorum (daqui em diante, CCAG), Vol. 8, Parte 3 ed. Petrus Boudreaux, Bruxelas, 1912, pg. 99-101.

Para a datação de Thrasyllus, consultar Pingree, Yavanajataka, Vol. 2, p. 444.

As fontes principais dos júbilos são: Paulus, Introduction, 24; Olympiodorus, Commentary, 23; Firmicus, Mathesis, 2 , 15-19; Rhetorius, Compendium, 54. Existem algumas referências aos júbilos espalhadas em Valens, Anthology, 2, 5-16, e Dorotheus se referiu duas vezes à terceira casa como o júbilo da Lua em Carmen, 1, 5: 3 & 1, 10:28. Referências indiretas aos júbilos via os nomes das casas, ver: Sextus, Against the Professors, V:15-20; Ptolomeu, Tetrabiblos, 3, 11; 4, 6; 4, 7; Hephaistio, Apotelesmatika, 1, 12; Michigan Papytus, Col. ix:12-19.

Manilius é o único autor antigo que descreveu um esquema alternativo para os júbilos, no qual Vênus se alegra na casa 10, ao invés de na 5, e Saturno se alegra na casa 4, ao invés de na 12. Infelizmente, como o texto de Manilius é o único que apresenta essa variação, não fica claro se esse arranjo representa uma genuína variação na tradição ou, simplesmente, um erro de transmissão textual, ou, ainda, uma adição idiossincrática do próprio Manilius. Argumentos pró e contra a consideração dessas variações colocadas por Manilius como um sistema legítimo foram defendidos por diferentes estudiosos nas últimas duas décadas12.

Deborah Houlding argumentou a favor de considerar o sistema de júbilos colocado por Manilius como sendo o genuíno no seu livro de 1998 The Houses: Temples of the Sky, baseando-se, principalmente, na sua antiguidade (p. 35). Por outro lado, Robert Schmidt desconsiderou as avaliações de Manilius sobre as casas por ser “pouco claro” e “bizzaro”, em termos do contexto do resto da tradição helenística, e questionou o argumento de Houlding, citando Thrasyllus como sendo uma fonte mais confiável. Ver Schmidt, Facets of Fate, p. 126, fn. 11.

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Dos muitos padrões presentes no arranjo dos júbilos, existem dois que se destacam à primeira vista. O primeiro deles está relacionado à doutrina das seitas.

De acordo com essa doutrina, os planetas estão divididos em duas “facções” ou “seitas” (hairesis). Existe a seita do dia, ou diurna, que é liderada pelo Sol, e a seita da noite, ou noturna, que é liderada pela Lua. Os planetas clássicos são, então, divididos entre essas duas seitas, com cada seita tendo um benéfico e um maléfico. Júpiter e Saturno juntam-se ao Sol como planetas diurnos, enquanto Vênus e Marte juntam-se à Lua como planetas noturnos. Mercúrio é tido como neutro, podendo ser da seita diurna, quando for uma estrela matutina, ou da seita noturna, quando for uma estrela vespertina (Cf. Porphyry, Introduction, 4).


Um dos padrões que fica imediatamente evidente na distribuição dos planetas no sistema de júbilos é o fato de que os três planetas diurnos são colocados juntos no hemisfério superior do mapa, acima da Terra. Isso parece estar associado a outra doutrina que tem ligação com as seitas, na qual é dito que planetas diurnos alegram-se acima da Terra, durante o dia, e abaixo dela, durante a noite; e, reciprocamente, os noturnos alegram-se debaixo da Terra, durante o dia, e acima dela, durante a noite (Valens, Anthology, Book 1, trad. Schmidt, ed. Hand, p. 8, fn. 1). Mercúrio, que pode fazer parte tanto da seita diurna quanto da noturna, alegra-se na casa 1, que é uma das duas únicas casas onde o planeta pode estar em qualquer um dos dois lados do horizonte e ainda estar na mesma casa (devido ao uso do sistema casa-signo na tradição helenística) (Ver Hand, Signs as Houses (Places) in Ancient Astrology). Além desse padrão associado às seitas, é notável que os luminares, os benéficos e Mercúrio alegram-se nas chamadas “boas casas”, que estão configuradas com o signo ascendente através de um dos aspectos clássicos (conjunção, sextil, quadratura, trígono e oposição), enquanto os dois maléficos alegram-se nas duas “casas más”, que não fazem aspecto ao ascendente (Firmicus destaca este ponto dentro do contexto dos nomes das casas em Mathesis, 2218-19).

Esses padrões simbólicos são bastante simples por serem oriundos de conceitos básicos, mas, recentemente, descobri algumas associações adicionais que ligam os júbilos a diversos outros conceitos da astrologia helenística. Eles serão discutidos abaixo.

O Mistério Arredor dos Elementos e dos Signos

Durante os últimos 20 anos, houve um ar de mistério em torno de como os quatro elementos clássicos chegaram a ser associados a cada um dos signos nas tradições astrológicas medieval e moderna. O esquema padrão, desde a Antiguidade tardia, é o seguinte:

Diagrama 1

Em 1993, na sua tradução do primeiro livro de Vettius Valens, Robert Schmidt e Robert Hand notaram que Valens é o autor mais antigo que faz uso dessas associações entre os planetas e os signos do zodíaco, que são tão familiares para todos, hoje em dia. Por exemplo, Valens diz que Áries é fogoso, Touro é terreno, Gêmeos é airoso, Câncer é aquoso, e assim por diante. No entanto, a maneira pela qual ele diz isso faz parecer que ele tomou essas associações de uma fonte ainda mais antiga, já que ele se vale dessas associações como sendo dadas, como se fossem conhecimento notório à época. Schmidt notou que, em outras partes da Anthology, Valens tende a explicar ao leitor quando ele está inovando, o que implica no fato de que não foi o próprio Valens que introduziu essa relação entre signos e elementos.

Fontes ainda mais antigas, como Thrasyllus, Manilius e Dorotheus, não mencionam o mesmo esquema com os elementos associados aos signos (ver nota abaixo), mas, ainda assim, dividem os signos em quatro grupos de “triplicidades”, as quais são associadas a um grupo de regentes planetários da seguinte forma:

Diagrama 2
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Nota:

Apesar de haver algumas circunstâncias nas quais Dorotheus menciona a Água ou a Terra como propriedades de alguns dos signos (Carmen 5, 10:2;5, 23:2-3;5, 24:4-6), ele parece estar usando um sistema diferente do que aquele que, posteriormente, se tornou o mais comum. Esse sistema alternativo tema ver com as imagens associadas às constelações e, também, foi mencionado por outros autores como Manetho (Apotelesmatika, 5:149-158;6: 419-422) e Olympiodorus (Commentary, 38, p. 136:1-5).


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Todavia, enquanto muitos astrólogos dividiam os signos em quatro triplicidades e associavam cada uma a um conjunto de regentes planetários, nem todos associavam os signos com os elementos. Ao invés disso, associavam as triplicidades e os seus regentes aos quatro ventos, que estão interligados às quatro direções cardiais, Norte, Sul, Leste e Oeste (ver nota abaixo). Portanto, a conexão entre os quatro elementos e os signos nem sempre foi um fato dado e geralmente aceito, como é hoje.

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Nota:

A discussão de Pingree para as diferentes direções associadas aos ventos e às triplicidades, veja o Yavanajataka, Vol.2pp. 223-227. Ver também a discussão de Ptolomeu sobre os ventos no Tetrabiblos, 1, 11.

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Ptolomeu, que era um contemporâneo mais velho de Valens, também não associou os elementos às triplicidades e, mesmo depois do tempo de Valens, o esquema de elementos e triplicidades só é mencionado de uma forma inconstante por alguns autores helenísticos. Rhetorius, definitivamente, menciona esse esquema no seu compêndio, que foi escrito no final da tradição helenística, no século XI ou XII d.C. Firmicus Maternus também parece ter mencionado as triplicidades associadas aos elementos no seu texto do século IV, mas as evidências são mais esparsas, já que grande parte dos trechos do texto que teria discutido o assunto foi perdida (ver nota 1 abaixo). Outros astrólogos helenísticos, como Porphyry, Hephaistio e Paulus, se omitiram a respeito do assunto, apesar do fato de que seria esperado alguma menção aos elementos em seus textos introdutórios se eles tivessem ciência desse esquema ou o empregassem (ver nota 2 abaixo).

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Notas:

1. A maior parte das descrições dos signos feita por Firmicus foram perdidas, mas, nos fragmentos existentes, consta que Áries é fogoso (ignitium) e Peixes é aquoso (aquosum). Firmicus, Mathesis, 2, 10.

2. Eu não tenho certeza se as referências ao sistema de triplicidades-elementos no texto de Teucer da Babilônia, quando ele trata dos signos (CCAG7, pp. 194-213), são legítimas por conta de possíveis interpolações com os textos de Rhetorius. Holden marca esse material como tendo interpolações de Ptolomeu no início da sua tradução. Ver Rhetorius, Compendium, trad. Holden, p. 165.

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Disso, podemos concluir que as triplicidades não necessariamente têm que estar associadas aos quatro elementos, mas que podem estar. Essa associação pode representar alguma adição posterior ou, talvez, um ponto a respeito do qual nem todos os astrólogos concordassem. A última opção parece ser a mais provável, já que Valens e Ptolomeu eram contemporâneos e moravam no mesmo local, sendo que um empregava essas associações, enquanto o outro não.

Quanto à ampla adoção do esquema de elementos associados às triplicidades nos séculos subsequentes, sabemos que Rhetorius tirava muita coisa de Valens e o citou muitas vezes no seu Compendium, o que, possivelmente, faria de Valens a fonte da utilização dos elementos às triplicidades por Rhetorius. Pingree demonstrou que o compêndio de Rhetorius estava disponível para astrólogos como Masha’allah no início da tradição medieval (Pingree, From Alexandria to Baghdad to Byzantium). Em contrapartida, a Antologia de Valens foi traduzida para o Pahlavi (uma língua persa) muito antes disso, possivelmente em torno do século III ou IV d.C., e partes do texto foram passadas para autores árabes, independentemente de Rhetorius, de maneira que podem ter havido múltiplos pontos de entrada dessa doutrina na tradição subsequente (Pingree, From Astral Omens to Astrology, p. 47 ff.). Seja lá qual tenha sido a fonte, depois do século XIII, a associação dos quatro elementos aos signos do zodíaco tornou-se lugar comum nos textos astrológicos do Ocidente.

Os Júbilos Associados às Tríades Angulares


O ponto de partida para a descoberta que estou prestes a apresentar foi uma observação feita por Robert Schmidt, no início de 2008, de que os júbilos planetários são, na realidade, os regentes das triplicidades agrupados em torno das chamadas tríades angulares.

Schmidt cunhou o termo “tríades angulares” para descrever uma convenção comum que era utilizada na tradição helenística, em que as casas eram agrupadas em quatro conjuntos de três, cada tríade centrada em torno de um dos ângulos ou pivôs (kentra) (ver nota abaixo). Cada tríade angular consiste em uma casa angular no sistema de casas de signos inteiros acompanhada de mais duas casas de signos inteiros, uma de cada lado. Uma dessas duas casas é uma casa cadente, que está se afastando do ângulo, também chamada de casa declinante (apoklima), e a outra é a sucedente, que está se movendo na direção do ângulo, também chamada de pós-ascensão (epanaphora).

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Nota:

Schmidt cunhou a frase no início de 2006. Uma das suas primeiras utilizações dessa expressão, em textos impressos, foi no livro de Schmidt e Black, Peak Times and Patterns in the Life of Dane Rhudhyar, p. 40. Ele discutiu as tríades angulares, mais recentemente, no Definitions and Foundations, p. 11. Para a tradução de kentron como “pivô” ver Schmidt, Definitions and Foundations, p. 281f.

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Quando os júbilos são vistos dentro do contexto das tríades angulares, vemos que os planetas estão posicionados de acordo com as regências das triplicidades (ver Diagrama 2). O Sol e Júpiter, que são os principais regentes da triplicidade composta por Áries, Leão e Sagitário, estão em duas das casas que compõem a tríade da casa 10. Saturno e Mercúrio, que são os dois regentes primários da triplicidade composta por Gêmeos, Libra e Aquário, estão em duas das casas que compõem a tríade da casa 1. Na sequência, vemos a Lua e Vênus, que são os regentes da triplicidade composta por Touro, Virgem e Capricórnio, em duas das casas que compõem a tríade da casa 4. Finalmente, o último planeta que resta é Marte, que é um dos regentes primários da triplicidade composta por Câncer, Escorpião e Peixes, e nós o encontramos em uma das casas compostas pela tríade angular da casa 7.

Talvez possamos encontrar algum apoio textual para essa ligação entre os júbilos e as tríades angulares na obra do cético Sextus Empíricus, do século II. Notem a decisão de Sextus de listar os planetas de acordo com as tríades angulares na sua breve revisão astrológica:

Ou, para falar de forma mais concisa, o “declínio” do signo do “Marcador das Horas” é chamado de “Mau Espírito” e, a sua “pós-ascensão”, de “Ineficaz”; de forma semelhante, o declínio do “Meio do Céu” é “Deus” e a sua pós-ascensão é a “Boa Fortuna”; e, da mesma maneira, o declínio do “Anti-meio do Céu” é a “Deusa” e a sua pós-ascensão é a “Boa Fortuna”; e o declínio do “Descendente” é a “Má Fortuna” e a sua pós-ascensão é a “Inativa” (Sextus Empiricus, Against the Professors, V: 18-20, trad. Burry, ligeiramente modificado para que a terminologia das casas seja consistente com as convenções adotadas neste trabalho).

Nessa passagem, Sextus demonstra que as casas, às vezes, eram agrupadas nas chamadas tríades angulares e é sugestivo que ele usou os nomes associados aos júbilos ao fazer isso. Essa associação, provavelmente, não é por acaso, mas pode indicar que o seu comentário foi baseado numa relação comumente sabida no século II entre os júbilos e essas tríades.

Ligando os Júbilos e os Regentes das Triplicidades aos Quatro Elementos

A primeira descoberta que fiz, relacionada aos júbilos, e, a principal que eu gostaria de demonstrar neste trabalho, é a de que o arranjo dos júbilos planetários centrados em torno das tríades angulares, na realidade, fornece a maneira com a qual os signos zodiacais chegaram a ser associados aos quatro elementos.

A minha observação é a seguinte: os júbilos foram distribuídos de forma que Júpiter e o Sol, que são os dois planetas que posteriormente chegaram a ser os principais regentes da triplicidade do Fogo, ficaram na parte superior do diagrama, posicionados na tríade superior, associada ao Meio do Céu ou à casa 10 (ver Diagrama 3). A Lua e Vênus, que são os dois planetas que posteriormente foram associados aos regentes principais do elemento Terra, estão na parte inferior do diagrama, colocados na tríade angular da casa “Subterrânea.” Saturno e Mercúrio, os dois planetas que são associados aos regentes principais da triplicidade do Ar, estão posicionados no lado esquerdo do diagrama, na tríade angular do ascendente. O último planeta restante, Marte, que se tornou um dos principais regentes da triplicidade da Água, está colocado no lado direito do mapa, em uma das casas que compõem a tríade angular do descendente ou poente.

O resultado desse arranjo é que os planetas associados ao Fogo estão na parte superior do mapa, os associados à Terra estão na parte inferior do mapa, os planetas do Ar estão à esquerda, e os planetas da Água estão à direita.

Assim, esse esquema é montado de uma forma a imitar ou reproduzir a doutrina aristotélica do lugar natural. De acordo com Aristóteles, cada elemento tem uma tendência natural de se movimentar para cima ou para baixo, se aproximando ou se afastando do centro do cosmos, com a Terra posicionada no centro. O Fogo sobe à região mais alta, enquanto a Terra desce à região mais baixa. O Ar sobe e se posiciona logo abaixo do Fogo, enquanto a Água se posiciona logo acima da Terra. A hierarquia dos elementos é, portanto:

1. Fogo
2. Ar
3. Água
4. Terra

Essa ordem dos elementos, em termos das posições que se acreditava que possuíssem no cosmos, foi posteriormente adotada pelas escolas filosóficas estoicas e herméticas e, assim, teria sido de amplo conhecimento durante o período helenístico (ver nota abaixo). O arranjo parece ter sido proposital e o criador do sistema dos júbilos planetários parece ter tido a doutrina do lugar natural em mente quando associou os elementos às diferentes tríades.

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Nota:

Para ver a adoção estoica dessa hierarquia dos elementos, veja a obra de Diogenes Laertius, Lives of Eminent Philosophers, 7:137. Para a tradição hermética, veja a cosmogonia em Corpus Hermeticum, 1:4 (p. 1 em Copenhaver, Hermetica), onde é considerado que o Fogo e o Ar se movimentam para cima e a Água e a Terra para baixo. Copenhaver (Hermetica, p. 98) interpreta que a linguagem utilizada nesta passagem foi influenciada pela forma estoica de lidar com os elementos.

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Visto nesse contexto, o sistema dos júbilos descreve a doutrina do lugar natural com os próprios planetas representando cada um dos quatro elementos no seu devido lugar do cosmos. Os dois planetas associados ao Fogo estão no topo do cosmos, centrados em torno da casa que é chamada de “Meio do Céu” (mesouranēma). Os dois planetas associados à Terra estão na parte inferior do cosmos, em torno da casa que é “Subterrânea”(hupogeion). Os dois planetas associados ao Ar estão colocados próximos à casa 1, que Thrasyllus chama de “A Ascensão” (anaphora) e “O Ascendente” (anatellon), porque os planetas se elevam sobre o horizonte, movimentando-se no sentido do Meio do Céu. A posição dos planetas de Ar, aqui, é inteligente porque cria uma situação onde o Ar está simbolicamente sendo empurrado para cima, na direção do elemento Fogo. De forma semelhante, porém inversa, Marte (o planeta associado à Água) está colocado próximo à casa 7, chamada de lugar “Poente” (dusis), porque os planetas nesse setor do mapa estão se pondo e se movimentando para baixo no sentido da casa Subterrânea. O posicionamento do elemento Água, aqui, faz com que a Água esteja sendo empurrada para baixo no sentido do elemento Terra. O resultado é que o Fogo e a Terra formam os extremos superior e inferior, enquanto o Are a Água ficam com as posições intermediárias; mas o movimento diurno empurra o Ar para cima, no sentido do Fogo, e a Água para baixo, no sentido da Terra.

Se tomarmos esse esquema como proposital, o que é difícil de não fazer, ele oferece a base original para a aplicação dos quatro elementos ao zodíaco. Pressupõe-se que os signos já estavam divididos em grupos de triplicidades e associados a alguns regentes planetários, mas que foi esse sistema que permitiu às triplicidades serem ligadas a cada um dos quatro elementos.

Adoção vs. Não Adoção do Arranjo dos Elementos

A associação dos quatro elementos às triplicidades já era conhecida por Valens no meio do século II d.C. Podemos presumir que era conhecida por Ptolomeu, também, já que os dois homens viveram no Egito na mesma época e, aparentemente, tinham fontes semelhantes (ver nota abaixo). Isso levanta a questão sobre o porquê de Ptolomeu não ter escolhido adotar o esquema de associação triplicidades-elementos se ele sabia da existência da ideia.

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Nota:

Por exemplo, Hephaistio (Apotelesmatika, 2, 22:8) disse que Ptolomeu consultou os textos de Petosiris quando tratava do assunto de filhos e Valens frequentemente menciona e frequentemente cita Petosiris em diversos assuntos.

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Potencialmente, uma resposta seria que Ptolomeu escolheu não usar o esquema de triplicidades-elementos porque isso causaria um problema conceitual para ele na forma com que os signos se posicionam no zodíaco. Ptolomeu se inclinava na direção do uso das doutrinas filosóficas e cosmológicas de Aristóteles na astrologia. Uma das doutrinas aristotélicas mais conhecidas é a da associação dos quatro elementos a quatro qualidades diferentes: quente, frio, molhado e seco. Nesse modelo aristotélico, o Fogo é essencialmente quente e é contraposto à Água, que é essencialmente fria. De forma análoga, a Terra é essencialmente seca e o Ar é essencialmente úmido.

Toda a abordagem aristotélica dos elementos é pautada na noção de que essas qualidades ficam em lados opostos do espectro, e que “os elementos se envolvem em relações mútuas de contrariedade porque as suas qualidades são opostas.” Esse arranjo de triplicidades-elementos, que parece ser derivada dos júbilos, é problemático, de um ponto de vista aristotélico, porque faz com que os signos de Fogo fiquem, literalmente, em oposição aos signos de Ar e os signos de Terra, literalmente, em oposição aos signos de Água. Se os signos fossem seguir a lógica aristotélica, os de Fogo deveriam se opor aos de Água, no zodíaco, e os de Ar deveriam se opor aos de Terra. No lugar disso, esse arranjo de triplicidades-elementos, que primeiramente aparece em Valens, segue um modelo que é defendido por uma escola filosófica rival, a dos estoicos. No sistema estoico, o Ar é considerado frio, oposto ao Fogo, que é quente, enquanto a Água é dita úmida, oposta à Terra, dita seca. Isso se encaixa no esquema baseado nos júbilos e é, de fato, o modelo estoico de qualidade dos elementos que é explicitamente descrito por Valens, que descreveu o Ar como sendo frio e a Água como sendo úmida.

Como Ptolomeu tendia a basear muito do seu modelo astrológico nas doutrinas Cosmológicas de Aristóteles, ele talvez não tenha querido adotar esse modelo de elementos adotado por Valens, mesmo que soubesse da existência do mesmo, já que esse esquema contradiz uma das doutrinas básicas da cosmologia aristotélica. Outros autores que seguiam Ptolomeu ou a visão aristotélica dos elementos também não iriam querer adotar esse sistema por razões semelhantes, o que explica o pequeno número de astrólogos que incorporaram o sistema no final da tradição helenística.

A Lógica da ordem dos Regentes das Triplicidades

Diagrama 4


Após essa descoberta inicial sobre os júbilos e a lógica de associação entre os elementos e as triplicidades, Dykes e eu começamos a tentar descobrir se haviam outras doutrinas intrínsecas a esse arranjo. A descoberta seguinte parece explicar a ordem em que os regentes das triplicidades estão colocados.

Na tradição helenística, os regentes das triplicidades eram usados para diversas coisas. Uma das aplicações específicas era a de dividir a vida do nativo em duas partes. A primeira parte era regida pelo primeiro regente da triplicidade e, a segunda parte, era regida pelo segundo regente da triplicidade. Era dito que o terceiro cooperava com o primeiro e o segundo regente ao longo de toda a vida (ver nota abaixo). Mais uma vez, as divisões são as seguintes:


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Nota:

Na tradição Medieval, esse arranjo foi mudado de forma que a vida foi dividida em terços, em que cada terço era regido por um dos três regentes das triplicidades; astrólogos da tradição helenística parecem ser bastante consistentes em só dividir a vida em duas partes.

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Valens tenta explicar a associação dos planetas a alguns elementos, apesar de não dar uma explicação do porquê da ordem dada aos regentes das triplicidades. Nenhuma explicação lógica é dada quanto ao porquê do Sol ser o regente principal da triplicidade do Fogo, de dia, e Júpiter o secundário, ou por que a Lua é o regente primário da triplicidade da Terra à noite e Vênus a secundária, e assim por diante. Só Ptolomeu tenta explicar a ordem da designação dos regentes das triplicidades, mas a sua lógica não explica completamente os esquemas usados por Dorotheus e Valens.

Quando os júbilos são vistos no contexto das tríades angulares, o padrão emerge. Tanto na triplicidade do Fogo quanto na do Ar, o regente principal do dia cai na casa cadente e o regente secundário cai em uma das casas seguintes da mesma tríade, no movimento anti-horário (ver Diagrama 4). Essa sequência segue a distribuição das regências das triplicidades em que, por exemplo, o Sol vem primeiro de dia na triplicidade do Fogo e Júpiter vem na sequencia, ou na triplicidade do Ar, em que Saturno vem primeiramente de dia e Mercúrio vem em segundo.

Parte da lógica, aqui, é que as casas cadentes eram consideradas as primeiras na sequência das três casas que compõem as tríades angulares porque o signo do zodíaco associado a essas casas era, há pouco tempo, o próprio ângulo, mas, agora, está se afastando devido ao movimento diurno (da rotação da Terra). A casa cadente é, então, seguida pela casa angular e, depois, pela casa sucessora ou de pós-ascensão. Assim, a sequência é sempre: 1) casa cadente → 2) casa angular → 3) casa sucedente. A ordem das distribuições de regências das triplicidades e das diferentes partes da vida parece ser baseada no lugar que o planeta ocupa na sequência das tríades angulares.

Esse padrão se mantém para os regentes das triplicidades da Terra e da Água, exceto que os regentes noturnos estão colocados na frente nas casas cadentes. Afinal, estes regentes de triplicidades estão colocados abaixo da Terra, na região que é idealizada como noturna. Então, esse padrão segue estabelecendo a sequência de regentes noturnos das triplicidades. Assim, a Lua está numa casa cadente e, por isso, é regente primário da triplicidade da Terra à noite e, depois, Vênus a segue e, por isso, torna-se regente secundária da Terra à noite. Marte é o ultimo planeta que falta e está colocado na sexta casa cadente, tornando-se o regente principal da triplicidade da Água à noite.

Esse arranjo talvez explique parte da lógica da designação do terceiro regente participante também. É notável que, em todos os casos, o regente participante (de uma triplicidade) é o planeta mais próximo aos demais da mesma seita. Por exemplo, o Sol e Júpiter são os regentes principais da triplicidade do Fogo e Saturno é o regente participante porque é o planeta mais próximo a eles. Saturno e Mercúrio são os regentes da triplicidade do Ar e Júpiter é o participante porque ele é o planeta mais próximo a eles. A Lua e Vênus são os regentes da triplicidade da Terra e Marte é o regente que coopera com eles porque é o planeta mais próximo. Marte e Vênus são os regentes principais da Água e a Lua é o regente participante porque é o planeta mais próximo.

Essa descoberta sobre a conexão entre os júbilos e a ordem dos regentes das triplicidades é importante porque ela parece fornecer uma lógica teórica muito mais consistente para as regências das triplicidades – especialmente para os regentes participantes – do que as conhecidas até hoje, como a que é oferecida por Ptolomeu. Robert Hand havia mencionado, quando tratava do assunto da designação dos regentes das triplicidades, que era pouco claro como os regentes participantes foram designados, e parece que os júbilos podem esclarecer esse problema, apesar de que nesse processo é levantada uma dúvida interessante sobre o que veio primeiro: os júbilos ou os regentes das triplicidades.

Configurações

Diagrama 5

O criador do esquema dos júbilos planetários parece ter tido familiaridade com uma série de conceitos astrológicos básicos e pode-se demonstrar que esses conceitos foram levados em conta na formulação desse arranjo.

Um conceito que fica bastante evidente no sistema dos júbilos é a doutrina dos aspectos ou configurações, já que existem alguns padrões que podem ser identificados quando o esquema é analisado sob essa ótica.

O diagrama é montado de tal forma que os luminares estão configurados aos seus companheiros de seita (ver o Diagrama 5). Por exemplo, o sol esta configurado por sextil com Júpiter e por quadratura com Saturno, enquanto a Lua está configurada por sextil com Vênus e por quadratura com Marte. Esse desejo de ter os planetas configurados com os seus companheiros de seita é, provavelmente, uma das razões pelas quais os planetas ocupam as casas que eles ocupam, no diagrama dos júbilos. Por exemplo, se o júbilo do Sol fosse a casa 11 e o júbilo de Júpiter se mantivesse na casa 11, o Sol não estaria configurado a Júpiter e os dois estariam em aversão um ao outro. Então, existe alguma necessidade conceitual de posicionar os planetas em casas que garantam que essas configurações estejam presentes entre os planetas.

Além disso, o autor do esquema dos júbilos parece já ter noção da natureza ou qualidade dos aspectos, já que os luminares estão configurados por sextil com os benéficos e por quadratura com os maléficos. Isso está de acordo com a convenção de que o sextil é um aspecto mais fácil ou favorável, enquanto a quadratura parece ser mais difícil ou desfavorável. Algumas pessoas acreditam que a qualidade dos aspectos foi parcialmente derivada da configuração dos planetas no Thema Mundi, conforme descrito por Firmicus Maternus, mas o diagrama dos júbilos fornece uma lógica alternativa ou, pelo menos, complementar à ideia de que sextis são positivos e quadraturas negativas.

Esclarecimento de uma Questão Conceitual Envolvendo as Seitas

Existe também um conceito adicional intrínseco aos júbilos que parece esclarecer uma antiga questão associada ao conceito de seita.

No primeiro livro do Tetrabiblos, Ptolomeu tenta explicar as seitas de acordo com a sua lógica racionalista, em que os planetas têm significados astrológicos diferentes de acordo com as suas capacidades de produzirem calor e umidade. Ptolomeu tenta explicar a consideração de que Saturno faz parte da seita diurna dizendo que ele é naturalmente frio e que ele tem sua frieza moderada pelo calor do Sol numa carta diurna e, assim, pode funcionar de forma mais positiva ou construtiva. De forma semelhante, Marte é associado à seita noturna por ser naturalmente seco; então, quando colocado em uma carta noturna, ele é umidificado e se torna mais temperado. No modelo Ptolomaico, é o excesso de frio ou de calor que torna um planeta maléfico, enquanto o que é temperado ou moderado é tido como benéfico.

O problema com a lógica de Ptolomeu é que ela dá a entender que a natureza de Saturno não é inerentemente diurna, mas que ela se torna benéfica em termos funcionais no mapa diurno. Da mesma forma, Marte não teria afinidade alguma com a seita noturna, mas ele se torna funcionalmente benéfico em um mapa noturno. Assim, essa lógica não explica de que forma os planetas chegaram a ser associados às suas seitas e, também, não explica de que forma Saturno pode ser inerentemente diurno e Marte inerentemente noturno. No lugar disso, a única coisa que a lógica de Ptolomeu explica é como os maléficos devem ser interpretados em termos funcionais, mais ou menos positivos.

Esse sério problema conceitual nos argumentos de Ptolomeu parece indicar que a sua explicação não é a razão original para a associação dos planetas a cada uma das seitas. Isso se confirma pelo fato de que outros autores, como Porphyry, apresentam outra explicação para as seitas, como a frequência com que os planetas surgem e desaparecem debaixo dos raios do Sol. De acordo com esse ponto de vista, Júpiter e Saturno são da seita diurna porque eles se põem sob os raios solares com relativa infrequência, enquanto Vênus e Marte passam mais tempo escondidos sob os raios do Sol. Assim, por conta desse comportamento astronômico, Júpiter e Saturno estariam associados à visibilidade e à luz, enquanto Marte e Vênus estariam associados ao escondido e à escuridão. Essa lógica alternativa parece explicar melhor de que forma cada planeta se associa a cada seita de forma inerente, e não só funcional. Por isso, pode representar algo que se aproxima mais do raciocínio originalmente utilizado na designação das seitas.

Ao longo das nossas discussões, Dykes notou outro conceito que foi integrado ao esquema dos júbilos. A forma com que os planetas estão arrumados é parcialmente pautada na revolução diurna, já que as próprias casas estão baseadas nesse ciclo, no qual planetas nascem, culminam, se põem e chegam à anti-culminação a cada dia. Nesse contexto, parece haver uma progressão em que os planetas diurnos estão se movimentando do ascendente à casa 9 e os noturnos estão se movimentando do descendente à casa 3. Isso parece transmitir uma ideia simbólica de progressão, na qual os planetas de cada seita se tornam progressivamente mais e mais diurnos ou noturnos, dependendo em qual lado do horizonte estão posicionados (ver o Diagrama 6).

No lado diurno do horizonte, a progressão começa com Saturno, que parece ser o menos diurno dos três planetas que compõem a seita. O próximo, na ordem, é Júpiter, que já representa uma progressão a um estado mais diurno. O próximo e ultimo planeta, na ordem, é o Sol, no qual a progressão se completa e alcança aquele que é claramente o planeta mais “diurno” do mapa – O Sol, sendo a própria manifestação do dia.

No outro lado do horizonte, no lado noturno, começamos com Marte, que, de forma semelhante a Saturno, parece estar fora do lugar, em termos de qualidade planetária, quando comparado aos demais companheiros de seita. O próximo planeta é Vênus, que é discutivelmente mais noturno do que Marte e, assim, representa uma progressão a um estado mais noturno. Finalmente, chegamos à Lua, que é o planeta mais noturno do mapa, e a sequência está completa.

Tanto a progressão noturna quanto a progressão diurna parecem representar uma espécie de processo de purificação, em que os planetas iniciam com pouca afinidade com a sua seita e terminam com muita afinidade. O que é interessante nessa abordagem é que ela pode explicar o problema conceitual dos maléficos que Ptolomeu tentou explicar de forma não completamente satisfatória com o seu modelo. Nesse contexto dos júbilos e do movimento diurno do céu, o que salta aos olhos quanto aos maléficos é que eles são os dois planetas que mudaram de hemisfério mais recentemente.

Se Saturno está colocado na casa 12, isso significa que ele só recentemente atravessou a primeira casa e cruzou a linha do ascendente, saindo do lado noturno do mapa e chegando ao lado diurno, acima do horizonte. Se fôssemos usar a lógica naturalista de Ptolomeu, talvez disséssemos que Saturno é o planeta que mais recentemente saiu do hemisfério frio, escuro e noturno, abaixo da Terra, e chegou ao hemisfério quente, claro e diurno, acima da Terra. Nesse sentido, poderíamos dizer que ele é intrinsecamente diurno, porque está firmemente no lado do dia do mapa. No entanto, ele é o menos diurno dos três planetas diurnos, já que ele só “mudou de lado” recentemente e se juntou aos planetas do dia no hemisfério diurno.

O mesmo argumento é verdadeiro para Marte. Se Marte está posicionado na sexta casa, então ele seria um planeta noturno que recentemente trocou de hemisférios, tendo recentemente deixado de estar acima do horizonte após ter passado pelo grau do descendente na casa 7. Mais uma vez, usando a lógica naturalista de Ptolomeu para deixar claro o ponto, podemos dizer que, simbolicamente, Marte está firmemente colocado no campo noturno, já que está debaixo da Terra; no entanto, como ele só recentemente saiu do lado quente, claro e diurno do cosmos e entrou no lado escuro, frio e noturno, ele ainda está no processo de se tornar mais noturno e muitas das qualidades diurnas ainda estão proeminentes nele.

Reconheço que o nível de pensamento simbólico que esse modelo exige, juntamente com a falta de textos que apoiem explicitamente essa teoria, pode dificultar a validação ou até a aceitação desses argumentos para a origem das seitas como sendo plausível. No entanto, sinto que esse esquema é sugestivo demais para ser considerado uma mera coincidência, especialmente porque ele resolve um claro problema conceitual da doutrina das seitas que nem Ptolomeu, no século II, conseguiu resolver.

A Origem das Casas

Diagrama 6

Uma das grandes diferenças entre a tradição helenística e as tradições astrológicas mesopotâmicas anteriores é a introdução do conceito das doze casas. Até o presente momento, não há evidências da existência ou uso de casas nas mais antigas tradições mesopotâmicas. No entanto, as casas aparecem desde as primeiras fontes que temos da astrologia helenística.

Em 2010, Dorian Greenbaum e Micah Ross argumentaram que o uso do ascendente, Meio de Céu, e, consequentemente, o resto das casas na tradição helenística foi motivada em parte pelo uso dos decanos na tradição egípcia (ver nota abaixo). Elas montam um argumento bastante convincente para o desenvolvimento e a utilização das quatro casas angulares, apesar de que os seus argumentos não explicam de onde vem o significado das outras 8 casas. Essa lacuna pode ser preenchida pelos júbilos.

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Nota:

Greenbaum e Ross, The Role of Egypt in the Development of the Horoscope. Argumentos semelhantes, porém menos compreensíveis, sobre os decanos como sendo a motivação do desenvolvimento das casas já haviam sido feitos por outros. Veja Pingree, Yavanajataka, vol.2, p.219; Tester, A History of Western Astrology, pp. 25-26; e Schmidt no prefácio da sua tradução do livro 3 do Tetrabiblos, pp. viii-ix de Ptolomeu.

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Na tradição helenística, aparentemente, havia um texto sobre as 12 casas em circulação que era atribuído a Hermes Trismegistus, já que nós temos diversas referências e alusões feitas a ele por outros autores. Por exemplo, no século I, Thrasyllus citou Hermes como a sua fonte para o significado das casas astrológicas na sua Table. Também no século I, Dorotheus começou sua discussão dos significados das doze casas anunciando que os mesmos vieram do “honrado [e] louvável por três naturezas, Hermes, o Rei do Egíto.” No século VI ou VII, Rhetorius menciona que Hermes deliberadamente designou que a casa 12 estivesse associada ao assunto do parto. Firmicus Maternus usou um texto de delineação das casas parecido com o de Rhetorius, apesar de que no seu texto, na passagem que faz paralelo a essa sobre a casa 12, ele se referiu de forma mais genérica a certos “homens sábios” (prudentissimiviri) que associavam essa casa com o parto (ver nota abaixo). De novo, outro autor, Antiochus, cita um astrólogo anterior a ele chamado Timaeus, que, por sua vez, cita Hermes como autor de um esquema específico das casas vantajosas (chremastistikos).

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Nota:

Mathesis, 3, 7:24. Na sua tradução de Rhetorius, Holden, corretamente, nota que isso significa que Firmicus e Rhetorius estavam consultando a mesma referência quando delineando as casas (Rhetorius, Compendium, trad. Holden, p. 47, n. 1).

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Todas essas referências parecem indicar que havia um texto de muita influência que foi escrito em algum momento no início da tradição helenística e que foi atribuído a Hermes Trismegistus. Como ele já foi citado por Thrasyllus, no século I, isso significa que deve ter sido escrito em algum momento antes, talvez no século I a.C. Isso faria dele não só um dos textos mais influentes sobre as casas astrológicas na tradição helenística, mas também um dos mais antigos textos sobre as casas que conhecemos.

No entanto, o texto de Hermes não era o único dentre os textos sobre as casas. Existia um outro, também, desde muito cedo atribuído a Asclepius, e esse texto aparentemente descrevia um sistema de significados para as primeiras oito casas astrológicas (ver nota abaixo). Esse sistema era chamado de octotopos, ou sistema de oito lugares. Schmidt apontou que a forma que se adotou no tratamento das casas na sequência parece representar uma síntese dos sistemas de oito e doze casas.

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Nota:

O fato de que o octotopos só representa a sequência das primeiras oito casas astrológicas no sistema casa-signo e não uma divisão do zodíaco inteiro em oito pedaços foi corretamente indicado tanto por Goold (Manilius, Astronomica, pp. lxi-lxii) quanto por Schmidt (Definitions and Foundations, p. 308 f).

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É interessante notar que, em muitas das cronologias históricas que sobreviveram da tradição helenística, Hermes é frequentemente citado como o autor mais antigo ou fundador da tradição astrológica. Apesar de, talvez, termos o ímpeto de descartar essa informação como mitologia, as numerosas referências a um texto sobre as casas, por Hermes, é talvez o suficiente para considerarmos a possibilidade de que realmente havia um texto fundamental sobre o assunto que continha os princípios fundamentais da doutrina. Mas o que mais esse texto poderia conter, e qual era a fundamentação teórica por detrás dos significados das doze casas?

Os Significados das 12 Casas

Na tradição helenística, astrólogos não parecem ter seguido a convenção moderna de associar casas específicas com certos signos do zodíaco e com os regentes desses signos. Por exemplo, na astrologia moderna, a primeira casa, normalmente, é equiparada com o primeiro signo do zodíaco, Áries, assim como o regente desse signo, Marte. A segunda casa é associada com o segundo signo, Touro, e seu regente, Vênus. Frequentemente, astrólogos modernos pegam emprestado os significados de um signo, ou do regente daquele signo, para explicar o significado de uma casa. Independentemente do quanto isso seja prática comum, hoje em dia, não existe nenhuma evidência de que esse foi o método usado para determinar o significado das casas na tradição helenística.

Ao invés de fazer assim, os astrólogos helenísticos, aparentemente, tiravam o significado das casas astrológicas de outras considerações, como a sua angularidade, sua posição dentro do arranjo das tríades angulares, sua configuração com o ascendente e a relevância da casa em termos visuais ou astronômicos. Podemos chegar a alguns dos significados básicos das casas dessa forma. Mas existe uma quarta consideração que é pouco explorada: os júbilos planetários.

Quando os astrólogos helenísticos discutiam o significado das casas, frequentemente havia indicações de uma ligação entre os júbilos dos planetas e as casas. Isso é demonstrado explicitamente por Valens:

[A casa de] Deus dá sinais quanto ao pai; a Deusa quanto à mãe; o Bom Espírito quanto aos filhos; a Boa Fortuna quanto ao casamento; o Mau Espírito quanto às lesões; o Lote da Fortuna e o Horoskopos quanto à vida e ao viver; [o Lote do] Espírito quanto à mente; o Meio de Céu para as ações; [o Lote do] Amor para o desejo; [o Lote da] Necessidade para os inimigos.

Uma das coisas de que me dei conta durante o curso dessa série de descobertas é a de que a natureza sistemática dos júbilos e forma com que eles amarram diversos outros conceitos astrológicos indica que esse esquema era alguma espécie de construção fundamental. É de maneira semelhante ao Thema Mundi, que parece ser uma construção teórica para explicar a origem dos domicílios, a natureza dos aspectos, além de outros conceitos (ver nota abaixo). Na verdade, Firmicus Maternus fala explicitamente que os astrólogos antigos desenvolveram o Thema Mundi como uma ferramenta de ensino para explicar alguns dos conceitos básicos da astrologia. Se isso for verdade, então não seria surpreendente encontrar outros esquemas ou construções conceituais que fazem parte da tradição também.

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Nota:

Robert Schmidt é quem mais desenvolveu essa área. Veja a análise de Schmidt do Thema Mundi no Definitions and Foundations, pp. 106-12. Para uma análise anterior, veja Bouché-Leclercq, L’astrologie grecque, p. 182ff.

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Uma das consequências dessa descoberta sobre a correlação dos júbilos com diversos outros conceitos é que isso implica que os significados das casas não foram determinados primeiro e os júbilos associados depois, baseado em alguma perceptível afinidade entre a casa e o planeta. Foi o contrário. Eu argumentaria que me parece mais provável que os júbilos foram desenvolvidos primeiro, como parte dessa construção que descrevi ao longo deste trabalho, e que os significados das casas foram então desenvolvidos levando em conta os júbilos. Isso explicaria o porquê de algumas casas receberem os nomes que receberam, já que os planetas associados a aquelas casas pelos júbilos estavam tendo uma participação significativa na formação dos significados das casas.

A observação de que algumas das significações das casas vêm dos júbilos não é nova, já que Debourah Houlding já havia apresentado esse argumento no seu livro sobre as casas astrológicas em 1998. O que é único, aqui, é o ponto de vista de que os júbilos fazem parte de uma elaborada construção que descreve um sistema, que apareceu muito cedo na tradição helenística, presumidamente de um único texto, e que esse texto pode possivelmente representar a maior parte da lógica mais antiga de atribuições de significados das casas.

Derivando as Significações dos Júbilos

Quando as casas são analisadas no contexto dos júbilos, a motivação implícita de alguns dos significados das casas se torna mais clara. Os júbilos podem nos oferecer a lógica teórica para os significados gerais.

Ao gerar o significado das casas pelos júbilos, parece ter havido grande ênfase na divisão do mapa em dois hemisférios, um acima da Terra e o outro abaixo dela.

Tudo que está acima do horizonte pertence ao domínio do Sol, que o autor do arranjo parece ter associado ao espírito (daimōn). Por essa razão, a casa 11 é chamada de casa do Bom Espírito e a 12 é chamada de casa do Mau Espírito. Astrólogos posteriores, como Valens e Firmicus, associavam o Sol ao conceito de espírito, que eles diziam ter a ver com a alma e a mente ou o intelecto. De forma parecida, tudo abaixo da linha do horizonte era considerado do domínio da Lua, e era associado com o conceito de fortuna (tuchē). É por isso que a casa 5 é chamada de Boa Fortuna e a casa 6 é chamada de Má Fortuna. Valens associava a fortuna ao corpo e à condição física da encarnação do nativo.

Uma das implicações potenciais dessa divisão entre um hemisfério solar, na parte superior do mapa, e um hemisfério lunar, na parte inferior do mapa, é que tudo que está na parte superior do mapa está relacionado ao espírito e às coisas relativas à mente, enquanto tudo que está na parte inferior do mapa está associado ao corpo e às coisas materiais. Essa, talvez, seja alguma espécie de divisão hermética entre o espírito e o corpo. Como consequência, algumas significações específicas que são atribuídas às casas serão direcionadas ao espírito ou ao corpo, dependendo em qual lado do horizonte a casa esteja posicionada.

Assim, temos dois princípios teóricos implícitos quando geramos os significados de casas específicas nas quais um planeta tem um júbilo:

1. A casa está acima ou abaixo do horizonte? Se estiver acima, estará relacionada com a alma. Se estiver abaixo, estará relacionada com o corpo.

2. O planeta associado a essa casa é benéfico ou maléfico? Se for benéfico, indicará coisas boas. Se for maléfico, indicará coisas ruins.

Levando esses dois princípios em consideração, nós podemos explicar alguns dos significados mais básicos que são associados às casas.

Por exemplo, vamos dar uma olhada na casa 5, que é chamada de casa da Boa Fortuna. Por ser uma casa que fica abaixo do horizonte, sabemos que ela significará coisas associadas ao corpo. Também sabemos que, já que ela está associada ao planeta benéfico Vênus, as suas significações devem ser positivas. Assim, chegamos à conclusão de que a casa 5 está associada a coisas boas relativas ao corpo. Coincidentemente, a quinta casa chegou a ser uma das casas que, principalmente, significa crianças.

A sexta casa é a casa da Má Fortuna. Por estar debaixo da terra, está relacionada ao corpo. Por estar associada ao maléfico Marte, ela deve, então, significar algo ruim. Logo, a casa 6 fala de coisas ruins associadas ao corpo e é a casa que ficou sendo associada a lesões.

A casa 11 é a casa do Bom Espírito. Por estar acima da Terra, ela se relaciona à alma ou à mente. Está associada ao benéfico Júpiter e, portanto, deve significar algo positivo. Assim, a casa 11 trata de coisas boas associadas à alma ou à mente. Uma das coisas que chegou a se associar à casa 11 são as amizades, que eram vistas por filósofos como Aristóteles como a afinidade entre a alma ou o espírito de duas pessoas.

A casa 12 é a casa do Mau Espírito. Ela está colocada acima da Terra e, assim, está relacionada à alma ou à mente. No entanto, por estar associada ao maléfico Saturno, deve significar coisas ruins. Logo, a casa 12 significa coisas ruins associadas à alma ou à mente. Por isso, ela é associada a inimizades, assim como a outras coisas, como sofrimentos, que podem ser caracterizados como aflições da alma.

Apesar desse sistema não poder ser utilizado para gerar o significado de todas as casas astrológicas, ele parece oferecer uma lógica convincente para a maior parte dos significados das casas que coincidem com os júbilos planetários. É notável que, na maioria dos casos, os júbilos não coincidem com as casas angulares, já que as casas angulares são aquelas que mais facilmente se atêm aos significados. Por exemplo, a casa 10 é o setor mais alto e mais visível do mapa, e é dito que representa a reputação do nativo. O oposto a essa casa é a quarta casa, que é a parte mais baixa e mais escondida do mapa, e é dito que significa coisas relativas à vida particular do nativo como sua casa. O significado dos ângulos é mais direto nesse sentido, porem é mais difícil extrair o significado das outras casas só pelo seu posicionamento astronômico, e é aí que eu acredito que os júbilos entraram.

O único ângulo que contém o júbilo de um dos planetas é a primeira casa, que é a casa onde Mercúrio se alegra. Os astrólogos helenísticos usavam o sistema casa-signo e, nesse sistema, a primeira casa sempre estará parcialmente acima do horizonte e parcialmente abaixo do horizonte; isso porque o ascendente marca o signo que se torna a primeira casa. Assim, Mercúrio se posiciona no ponto de encontro entre os dois hemisférios, onde o reino diurno do espírito se encontra com o reino noturno da matéria. Não é de surpreender, então, que a primeira casa é significa tanto o corpo e a sua vitalidade quanto o espírito (pneuma) do nativo.

A Origem dos Júbilos?

Como eu havia mencionado acima, a fonte mais antiga que temos para os júbilos é o texto atribuído a Hermes Trismegistus, citado por Thrasyllus. Thrasyllus, explicitamente, liga a doutrina das doze casas a Hermes e, nesse trecho do texto de Hermes, usa o nome das casas, que possuem ligação com os júbilos. Sendo o caso, é possível que esse arranjo, em que os júbilos planetários representam, tenha sido introduzido nesse texto atribuído a Hermes.

Mas como nós podemos ter certeza de que os júbilos já estavam presentes no texto de Hermes, quando a única prova que temos é o nome das casas que foram mencionados? Eu acredito que a resposta esteja em um dos significados que Thrasyllus cita e atribui a Hermes.

De acordo com Thrasyllus, Hermes disse que um dos significados da primeira casa é “irmãos”. Essa atribuição não faz muito sentido no contexto da tradição subsequente, que tende a associar o assunto de irmãos à terceira casa. Mas isso passa a fazer sentido sim, no momento em que consideramos que Mercúrio tem seu júbilo na casa 1 e que um dos significados comuns de Mercúrio é irmãos. Disso, podemos, de forma provisória, concluir que os júbilos estavam, de fato, no texto de Hermes e que alguns dos significados das casas estavam sendo derivados dos júbilos. Se o texto de Hermes foi realmente um dos primeiros textos sobre as casas, então é possível que esse também tenha sido o texto que introduziu os júbilos planetários.

Conclusão

Espero ter demonstrado, neste trabalho, que o arranjo dos júbilos planetários representa uma construção deliberada e muito elaborada, que amarra e fornece a motivação para as seguintes coisas:

1. A associação dos quatro elementos aos signos do zodíaco.

2. A ordem da sequencia dos regentes das triplicidades.

3. Parte da lógica por detrás da associação dos planetas às suas respectivas seitas.

4. A associação de alguns dos significados das casas.

Apesar de muitos desses argumentos serem de difícil validação textual, já que estamos discutindo um modelo conceitual ao qual são feitas menções implícitas em muitos textos, sinto que a natureza sistemática do modelo, e a forma com que ele consistentemente liga diversas técnicas e conceitos, é um argumento contra essas associações terem natureza acidental.

As implicações dessa descoberta são profundas, já que, aparentemente, o esquema dos júbilos fornece o modo de pensar para diversos dos principais conceitos e técnicas astrológicas que têm sido utilizados por astrólogos desde a Antiguidade. Elas também somam uma nova camada ao debate que tem ocorrido nas comunidades acadêmicas e astrológicas sobre a origem da astrologia helenística (ver nota abaixo). Espero que este texto possa servir para trazer um pouco mais de luz ao assunto e fazer uma contribuição significativa para ambos os lados do debate.

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Nota:

Isso é brevemente discutido no livro de Brennan, Hellenistic Astrology, pp. 15-17. Greenbaum e Ross entraram no debate no The Role of Egypt in the Development of the Horoscope, pp. 149-153.

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Extraído de: https://espacoastrologico.org/os-jubilos-planetarios-e-a-origem-do-significado-das-casas-e-das-triplicidades/