domingo, 30 de abril de 2017

O que é astrologia? por Marcos Monteiro

Até aqui, falei de astrologia sem defini-la. Todo mundo tem alguma idéia, mesmo que vaga ou errada, do que seja astrologia, o que torna mais fácil primeiro tirar do caminho o que ela não é; mas agora preciso dizer o que ela e.

Definir astrologia é algo relativamente simples, desde que algumas outras coisas estejam claras. Então, vamos iluminá-las.

1) Céu: uma grande esfera, azul-clara de dia e escura com diversos pontos brilhantes de noite, da qual vemos sempre no máximo metade. Ou seja, o céu visível.

"Ah, mas isso é uma ilusão, essa esfera não existe de verdade".

Claro que existe. Eu não disse que ela é um corpo físico. O que vemos (ou, no caso de quem mora em grandes cidades, intuímos) é isso; sua origem — ou existência — fisica não importa agora.

2) Corpos celestes: estrelas visíveis, planetas, o Sol e a Lua (sobre as nuvens, aviões, etc:, veja abaixo).

3) Eventos terrestres: qualquer coisa que ocorra no mundo, que não seja no céu (pássaros e morcegos, neste sentido, são terrestres; o clima não é céu, muito menos as nuvens; quem mora em locais montanhosos sabe disso, porque há lugares de onde se podem ver as nuvens abaixo de nós. Os objetos feitos pelo homem também não são celestes. Podemos entrar e sair de aviões, que foram feitos aqui e pousam na terra. Eles não estão no céu que definimos acima e pertencem aos eventos terrestres).

Ascensão e queda de impérios, dinastias, países, guerras, chuvas, terremotos, nascimento, desenvolvimento e morte de organismos, emoções, sensações, atos humanos, comportamento de máquinas, acidentes, casamentos, divórcios, etc. Tudo isso são eventos terrestres.

Com esses conceitos, é fácil dar uma definição decente de astrologia:

Astrologia é: a arte (ou técnica) de observar os corpos celestes e suas relações entre si e com o céu e relacioná-los a eventos terrestres.

Ou seja, a astrologia é a arte ou técnica de estabelecer relações entre relações.

Isso é importante, porque não é enfatizado suficientemente nos textos astrológicos em geral.

Por exemplo, posso dizer que "o Sol é um símbolo do rei". Mas, na verdade, o que eu estou dizendo é que, entre outras relações possíveis, o Sol está para os outros planetas assim como o rei está para os seus súditos (ou seja, o Sol não é o símbolo do rei enquanto inimigo de outro rei, ou na relação dele com sua mãe, por exemplo).

O simbolismo astrológico é, na verdade, o simbolismo natural aplicado aos corpos celestes. Em alquimia, por exemplo, a relação entre os metais (derivada das suas qualidades sensíveis) é análoga à relação entre os planetas (podemos associar cada planeta a um metal).

Na verdade, o simbolismo como um todo (seja dos planetas, dos metais, das fases da vida, dos animais, etc.) é harmônico porque traduz a estrutura do real. Uma dada coisa (ou pessoa, ou país) não se comporta de forma marcial porque Marte "influencia" seu comportamento; mas porque há uma qualidade em ambos, coisa e planeta, que se evidencia no simbolismo associado a Marte (ou ao cabrito montês, ou ao ferro).

Ou seja, as relações entre os planetas, ou entre eles e o céu, expressam relações possíveis do real, e nos ajudam a descobrir estas relações nos eventos terrestres; falo sobre isso mais à frente.

O leitor vai notar que essa definição não fala em influências gravitacionais, nem em modificações da consciência coletiva, porque essas coisas não são astrologia.

Essas explicações pseudocientíficas, que requentam conceitos fisicos mal-entendidos, não devem ser levadas a sério. Não são tentativas de entender o fenômeno astrológico, mas de fornecer conforto psicológico a quem pratica astrologia, mas foi educado para acreditar que ela é bobagem.

Resumindo: neste livro vamos estudar as bases simbólicas da técnica que relaciona eventos visíveis no céu com eventos na terra, tomando por base a cosmologia ocidental cristã.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 12-3.

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