domingo, 30 de abril de 2017

Uma nota sobre as outras astrologias, por Marcos Monteiro

Eu recomendo, no meu curso, que os alunos se afastem, pelo menos no início dos estudos, das outras astrologias.

Pelo que escrevi até agora, é fácil entender porque não aconselho o estudo da astrologia moderna; só que também não aconselho que se estude a astrologia indiana, ou chinesa.

Aqui, o problema não é que elas não funcionem, ou façam mal; é o contrário. Elas funcionam muito bem... dentro do conjunto cultural, filosófico e religioso no qual nasceram.

É possível estudar astrologia indiana e aprendê-la.

É mais fácil se você tiver sido educado na Índia, seguir o dharma e estiver familiarizado com a cultura, com os textos religiosos e com o pensamento hindu.

É mais difícil se você for um ocidental que se interesse bastante por tudo o que mencionei acima, mas é possível.

É muito mais difícil se você só quiser aprender a astrologia indiana, sem vontade de se inteirar na cultura e na visão de mundo hindu, mas ainda é, imagino, possível.

É muito mais difícil ainda se você quiser aprender duas astrologias, principalmente ao mesmo tempo. São duas visões de mundo diferentes. Do conceito de alma à noção de Zodíaco, a pessoa tem que ficar mudando o sistema de coordenadas mental conforme muda de astrologia.

Por fim, não é possível fazer uma mistura das duas. Pelo menos, misturar as duas de forma produtiva.

Acontece a mesma coisa com a religião. É possível ser um bom cristão, é possível ser um bom muçulmano, é possível ser um bom budista. O sujeito que tentar ser as três coisas ao mesmo tempo vai ficar louco.

É claro que, como a astrologia está num nível diferente da religião, as coisas não são tão drásticas; não é impossível que alguém seja bom em duas, ou mesmo três, astrologias diferentes, só acho que o esforço mental aumenta demais para um ganho pequeno.

Se elas funcionam, basta aprender uma direito. Se elas não funcionam, não adianta aprender nenhuma.

Os sistemas astrológicos são orgânicos. Qualquer coisa para ser inserida neles deve se harmonizar com que já existe. Isso já aconteceu na astrologia ocidental diversas vezes; mas uma coisa é um aporte externo que se harmoniza com o sistema, outro é usar algo externo, com base num sistema diferente, e para o qual o seu próprio sistema tem algo que funciona perfeitamente bem.

Além disso, muita coisa do que se vende como "astrologia védica", ou "hindu", e "astrologia chinesa" é só uma salada moderna com alguns temperos exóticos. Não é a opção mais inteligente para quem quer fugir do ocidente.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 13-5.

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