sexta-feira, 21 de julho de 2017

Das dignidades essenciais dos planetas, por William Lilly

A forma exata de formar julgamento na astrologia é, primeiro, tendo perfeito conhecimento da natureza dos planetas e dos signos.

Segundo, conhecendo a força, fortaleza ou debilidade dos planetas significadores, e fazendo no vosso julgamento uma boa avaliação deles, assim como dos seus aspectos e várias interações.

Terceiro, aplicando corretamente a influência da posição do céu levantado, e dos aspectos dos planetas entre si no momento da pergunta, de acordo com as naturais (e não forçadas) máximas da arte; pois quanto mais se tenta obter um julgamento para lá da natureza, mais se aumenta o erro.

Um planeta diz-se, então, ser verdadeiramente forte quando tem muitas dignidades essenciais, as quais se conhecem por ele estar no seu domicílio, exaltação, triplicidade, termo ou decanato, no momento em que a figura é levantada. Como por exemplo:

Dignidades essenciais por domicílio - Em qualquer esquema do céu, se se encontrar um planeta em qualquer dos signos a que chamamos o seu domicílio, está então essencialmente forte, e damos-lhe por isso cinco dignidades; como Saturno em Capricórnio, Júpiter em Sagitário, etc.

No julgamento, quando um planeta ou significador está na sua própria casa, representa um homem na condição de ser o senhor da sua própria casa, patrimônio ou fortuna; ou um homem a quem faltam muito poucos bens deste mundo, ou diz-nos que o homem está num estado ou condição muito feliz; isto será verdade, a não ser que o significador esteja retrógrado, ou combusto, ou afligido por qualquer outro planeta, ou aspecto malévolo.

Exaltação - Se estiver no signo em que está exaltado, podem-se-lhe dar quatro dignidades essenciais, quer esteja perto do exato grau da sua exaltação ou não, tal como Marte em Capricórnio ou Júpiter em Câncer.

Se o significador estiver na sua exaltação e não tiver nenhum impedimento, mas estiver angular, apresenta uma pessoa de temperamento altivo, arrogante, assumindo para si mais do que lhe é devido, pois verifica-se que em algumas partes do zodíaco os planetas exibem os seus efeitos com mais evidência do que noutras; e acho que isto acontece naqueles signos e graus em que as estrelas fixas da mesma natureza do planeta são mais numerosas e estão mais perto da eclíptica.

Triplicidade — Se estiver em qualquer dos signos que são atribuídos à sua triplicidade, são-lhe dadas três dignidades; mas aqui há que ser-se muito cauteloso; como por exemplo: numa pergunta, natividade, ou semelhante, se se encontrar o Sol em Áries, e a pergunta, ou natividade, ou esquema levantado for noturno, e se se examinar as fortalezas do Sol, ele terá quatro dignidades por estar na sua exaltação, o que acontece em todo o signo; mas não terá nenhuma dignidade por estar na sua triplicidade, pois durante a noite não é o Sol quem rege a triplicidade do fogo, mas sim Júpiter, o qual, se tivesse estado no lugar do Sol, e durante a noite, teria recebido três dignidades; fazer assim com todos os planetas em geral, excetuando Marte que rege a triplicidade da água de noite e de dia.

Um planeta na sua triplicidade mostra um homem modestamente dotado dos bens e fortuna deste mundo, alguém de boa ascendência, sendo boa a sua condição de vida no momento da pergunta; mas não tanto como se estivesse em qualquer das duas dignidades anteriores.

Termo — Se qualquer planeta estiver nos graus que atribuímos aos seus termos, damos-lhe duas dignidades; assim, se de noite ou de dia Júpiter estiver a um, dois, três ou quatro, etc., graus de Áries, está então nos seus próprios termos e portanto deve ter duas dignidades; o mesmo acontece com Vênus em qualquer dos primeiros oito graus de Touro, etc.

Um planeta fortificado apenas por estar nos seus próprios termos, mostra mais um homem com a aparência física e o temperamento do planeta do que qualquer extraordinária abundância na fortuna, ou eminência na comunidade.

Decanato — Se qualquer planeta estiver no seu decanato, decúria ou face, tal como Marte nos primeiros dez graus de Aries, ou Mercúrio nos primeiros dez graus de Touro, é-lhe então dada uma dignidade essencial, pois ao estar no seu próprio decanato ou face, não pode ser considerado peregrino.

Um planeta tendo pouca ou nenhuma dignidade, mas estando no seu decanato ou face, é quase como um homem prestes a ser posto na rua, despendendo muito esforço para manter a sua credibilidade e reputação; e nas genealogias, representa uma família nos últimos estertores, bastante decadente, quase incapaz de se sustentar.

Os planetas podem ser fortes de uma outra forma, viz. acidentalmente, como quando estão diretos, rápidos de movimento, angulares, em trígono ou sextil a Júpiter ou Vênus, etc. ou em conjunção com certas estrelas fixas notáveis, conforme será posteriormente relatado. Segue-se uma Tábua de Dignidades Essenciais, através da qual com um mero golpe de vista se pode verificar a dignidade essencial ou a imbecilidade que cada planeta tem

Tem havido muita discordância entre os Árabes, Gregos e Indianos, relativa às dignidades essenciais dos planetas; quero dizer, na forma de distribuir os vários graus dos signos corretamente por cada planeta; assim se passaram muitos séculos e, até à época de Ptolomeu, os astrólogos não se resolviam sobre este assunto; mas desde a época de Ptolomeu, os Gregos seguiram unanimemente o método que ele deixou, sendo desde então e até hoje, considerado pelos outros Cristãos da Europa como o mais racional; mas atualmente os Mouros da Barbary e os astrólogos da sua nação que viveram em Espanha, diferem um pouco de nós hoje em dia; apesar disso, apresento-vos uma tábua de acordo com Ptolomeu.


O uso desta tábua

Todos os planetas têm dois signos como seus domicílios, exceto o Sol e a Lua, tendo estes apenas um cada; Saturno tem Capricórnio e Aquário; Júpiter, Sagitário e Peixes; Marte, Áries e Escorpião; Sol, Leão; Vênus, Touro e Libra; Mercúrio, Gêmeos e Virgem; Lua, Câncer. Um destes domicílios é chamado diurno, indicado na segunda coluna pela letra D. O outro é noturno, indicado pela letra N. A terceira coluna indica os signos em que os planetas têm as suas exaltações, tais como o Sol a 19° de Áries, a Lua a 3° de Touro, o Nó Norte a 3° de Gêmeos, etc., em que estão exaltados.

Estes doze signos estão divididos em quatro triplicidades. A quarta coluna diz-nos qual o planeta ou planetas que, tanto de noite como de dia, governam cada triplicidade. Assim, em frente a Áries, Leão e Sagitário encontram-se Sol e Júpiter, vir. o Sol governa durante o dia naquela triplicidade, e Júpiter de noite. Em frente a Touro, Virgem e Capricórnio, encontram-se Vênus e Lua; viz. Vênus tem domínio durante o dia naquela triplicidade e a Lua durante a noite. Em frente a Gêmeos, Libra e Aquário encontram-se Saturno e Mercúrio, os quais regem como foi dito.

Em frente a Câncer, Escorpião e Peixes, encontra-se Marte que, de acordo com Ptolomeu e Naibod, rege sozinho aquela triplicidade, tanto de dia como de noite. Em frente a Áries, nas colunas cinco, seis, sete, oito e nove, encontra-se Júpiter 6, Vênus 14, o que nos diz que os primeiros seis graus de Áries são os termos de Júpiter; dos seis aos catorze, os termos de Vênus, etc.

Em frente a Áries, nas colunas dez, onze e doze, encontra-se Marte 10, Sol 20, Vênus 30, viz. os primeiros dez graus de Áries são o decanato de Marte; dos dez aos vinte, o decanato do Sol; dos vinte aos trinta, o decanato de Vênus, etc.

Na coluna treze, em frente a Áries, encontra-se Vênus Detrimento, viz. estando Vênus em Áries, está no signo oposto a um dos seus próprios domicílios, e assim diz-se que está no seu detrimento.

Na coluna catorze, em frente a Áries, encontra-se Saturno e acima Queda, ou seja, quando Saturno está em Áries está oposto a Libra, sua exaltação, e assim encontra-se desafortunado, etc. Apesar destas questões terem já sido mencionadas na natureza dos planetas, esta tábua torna-as contudo mais evidentes à vista.




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