sexta-feira, 17 de junho de 2016

Consciente e Inconsciente, por Catherine Aubier.

Na grande aproximação que se operou em nossos dias entre a astrologia e a psicanálise, o inconsciente é associado, no plano individual, à Lua e, no nível coletivo, a Plutão. Em uma perspectiva de coerência e de complementaridade, parece natural ligar a função consciente ao Sol (a dupla Sol-Lua evocando igualmente os conceitos junguianos de animus e anima).

Numa abordagem mais vasta, o Sol é considerado por todas as grandes tradições espirituais da humanidade como o mais evidente símbolo do Deus criador, da unidade transcendente, do centro original de toda manifestação. É a energia de vida e o coração do espaço infinito. Em função disso, a relação metafísica entre Sol e consciência ultrapassa de longe a postura estritamente psicológica e o conteúdo puramente existencial da dupla consciente-inconsciente. A consciência de que tratamos aqui representa o fundamento do próprio ser de nossa realidade mais íntima, o imutável além e aquém das aparências e das metamorfoses. Essa consciência se parece com nossa certeza de ser, anterior a toda qualificação e a toda diferenciação (eu sou tal pessoa, tenho tal sexo, tal idade, nacionalidade, competência, etc ...), independentemente de todo atributo relativo e limitado — um pouco comparável à ficha em branco onde não figura ainda qualquer menção de estado civil. O Sol ilumina indiferentemente todos os espetáculos, brilha da mesma maneira "para os bons e para os maus". E o perfeito símbolo do puro testemunho, do espectador imóvel e inalterável, sempre presente na retaguarda de nossas experiências e de nossos estados psicológicos — de vigília, de sonho ou de sono profundo. É ao mesmo tempo o centro de nossa pessoa — a sucessão de fenômenos subjetivos constitui o nosso ego — e o centro do cosmos inteiro (o Ascendente corresponderia à persona, no sentido junguiano do termo).

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