domingo, 23 de julho de 2017

Os Aspectos, por Helena Avelar e Luis Ribeiro

A palavra “aspecto” tem origem latina (aspectu) e significa observar, ver, olhar. No contexto astrológico, considera-se que existe um aspecto entre planetas quando estes “olham” um para o outro, ou seja, quando estabelecem uma relação. Os aspectos entre os planetas indicam o tipo de dinâmica existente entre eles e descrevem a ação dos planetas no horóscopo.

Os cinco aspectos

Os aspectos têm a sua origem na geometria do próprio Zodíaco e nas naturezas dos signos. Planetas colocados no mesmo signo estão sujeitos às mesmas qualidades, pelo que se conclui que a sua ação se combina. Neste caso diz-se que os planetas estão em conjunção. Planetas em signos opostos agem de forma contrária um ao outro, provocando conflito e divisão. Neste caso diz-se que estão em oposição.

Quando dois planetas se situam em signos do mesmo elemento, estão sob influência das mesmas qualidades primitivas e as suas ações combinam-se de forma fácil e fluida. Diz-se que estão em trígono. Da mesma forma, planetas em signos com elementos diferentes, mas do mesmo gênero, partilham a mesma temperatura: o Quente no caso dos signos masculinos, e o Frio no caso dos femininos. O seu relacionamento não é tão fluente como no caso anterior, mas a relação é simpática. Diz-se então que estão em sextil.

Planetas situados em signos cuja temperatura é incompatível mas que partilham o mesmo modo dizem-se em quadratura. Este aspecto representa um relacionamento difícil e propenso a atritos.

Geometria dos aspectos

Na prática astrológica a definição de aspecto é mais restrita. Em vez de considerar os signos para estabelecer a relação de aspecto, considera-se apenas o ângulo que estes formam no Zodíaco. Signos em oposição estão num ângulo de 180°, em trígono, num ângulo de 120°, em quadratura a 90° e sextil a 60°. Assim, a relação entre signos converte-se numa relação geométrica. Considera-se então que os planetas estão em oposição quando entre eles existir um ângulo de 180°, em trígono quando em ângulo de 120°, etc.

Os aspectos como relações angulares

Deste modo, o aspecto define-se na prática como uma relação angular entre dois planetas, baseada na estrutura geométrica do Zodíaco.

Note-se que os ângulos representados pelos aspectos são geocêntricos, ou seja, são medidos a partir do centro da Terra. Representam a relação angular entre dois planetas, na perspectiva de um observador terrestre.

Os aspectos como ângulos ao centro


As inconjunções

Ficam fora deste sistema quatro signos: os dois imediatamente adjacentes ao ponto de partida (a 30° de distância) e os dois que ladeiam o signo oposto (a 150°) que não fazem parte do sistema tradicional de aspectos. Estes signos nada partilham com o signo de partida - nem a temperatura, nem o modo - não estabelecendo, portanto, uma relação com este. Tradicionalmente diz-se que os planetas assim colocados não podem observar-se (ou seja, aspectar-se).

Alguns autores afirmam ainda que as relações angulares de 30° são muito fracas e que as de 150° não resultam de uma divisão uniforme da esfera, portanto, não são consideradas. Estas relações angulares de 30° e 150° são denominadas inconjunções.

Nota: Em Astrologia moderna estas relações denominam-se semi-sextil (30°) e quincúncio (150°) e fazem parte dos chamados "aspectos menores".
As inconjunções

A luz como base dos aspectos

Como já referimos várias vezes a palavra aspecto quer dizer “ver” ou “observar”. Considera-se que os planetas colocados nos ângulos de 180°, 120°, 90° e 60° podem observar-se, logo aspectar-se. Na base deste conceito está a luz emitida pelos planetas. A tradição astrológica considera que os aspectos se formam porque os planetas envolvidos se tocam com a sua luz. No caso da conjunção os planetas encontram-se “fisicamente”, misturando as suas luzes; ao passo que os restantes aspectos se formam por irradiação. No caso da oposição, trígono, quadratura e sextil, o planeta irradia a sua luz, que ao tocar noutro planeta permite que se possam observar, formando o aspecto.

Este conceito baseia-se nos princípios da óptica antiga. Os estudiosos da Antiguidade afirmavam que a visão existia porque os olhos emitiam raios; ao tocar num objecto estes raios permitiam a sua visualização. Sabemos hoje que o que se passa é exatamente o oposto: são os nossos olhos que captam a luz dos objetos e por isso podemos vê-los. Contudo, o princípio básico mantém-se, sublinhando a importância da luz na Astrologia Tradicional.

Nesta perspectiva, a conjunção não deve ser considerada um aspecto pois trata-se da interação corpo-a-corpo dos planetas e não da visualização mútua. Na verdade, deve-se distinguir entre a conjunção corpórea e os aspectos propriamente ditos. Para simplificar, ao longo do livro vamos referir-nos à conjunção como aspecto, mas não queríamos deixar de assinalar a diferença.


Os orbes

Nos horóscopos raramente encontramos aspectos exatos.

Considera-se que cada planeta tem um campo de influência a partir do qual pode interagir (ou seja, formar aspecto) com outros planetas. Este campo, denominado orbe, pode ser visualizado como uma esfera de irradiação ao redor do planeta. O foco desta esfera (ou orbe) é o próprio grau onde o planeta se encontra, o seu corpo.

Os orbes são expressos em raio, o que quer dizer que a influência ou orbe do planeta vai estender-se para a frente e para trás do planeta um determinado número de graus.

Os orbes

O orbe de cada planeta varia consoante os seu “peso” astrológico. Podemos ver esses valores na figura.

Tabelas dos orbes dos planetas (raio e diâmetro)

Os orbes são geralmente medidos em raio; alguns autores apresentam variações ligeiras destes valores (por exemplo, 17° de raio para o Sol e 8o para Vénus), mas a grande maioria usa os valores indicados.(1)

Por exemplo: o orbe da Lua tem um diâmetro de 24° estendendo-se 12° para a frente e para trás da posição zodiacal do planeta. Se a Lua estiver posicionada a 17° de Capricórnio, o seu orbe estende-se desde de 5º até 29° do signo. Dentro deste campo a Lua forma conjunções.

Orbe da Lua

Para os outros aspectos, o orbe da Lua é irradiado na direção das zonas do Zodíaco com que forma aspecto, como se projetasse focos da sua luz. Desta forma, a Lua aspecta por oposição tudo o que estiver situado entre os 5° e os 29° de Caranguejo (o signo oposto a Capricórnio); forma quadraturas a tudo o que se encontrar entre os mesmos graus de Carneiro e de Balança (os signos que se situam a 90" de Capricórnio); faz trígonos aos que estiverem nos mesmos graus de Touro e de Virgem (signos do mesmo elemento e a 120° de Capricórnio); e por fim aspecta por sextis qualquer planeta ou ponto situado nos mesmos graus de Peixes e de Escorpião (signos a 60° de distância).

Orbe da Lua e suas irradiações

Considera-se, então, que se forma um aspecto quando o orbe do planeta com maior número de graus de irradiação toca o corpo (ou seja, o grau do Zodíaco) em que se encontra o outro planeta.

Retomemos o exemplo anterior, da Lua a 17° de Capricórnio e Marte a 10° de Virgem. Observamos que o orbe da Lua, que se estende de 5° a 29° do signo, toca por trígono o posicionamento de Marte. Da mesma forma, o orbe de Marte, que se estende de 2° a 18° de Virgem toca por irradiação o grau zodiacal da Lua. Diz-se então que o aspecto entre os planetas é mútuo.

Aspecto Lua-Marte

Partil e plático

No entanto, este aspecto não seria exato, pois para tal ambos os planetas deveriam ocupar o mesmo grau em ambos os signos: por exemplo, 10° de Virgem (Marte) e 10° de Capricórnio (Lua).

Então, podemos distinguir entre dois tipos de aspecto: partil e plático.

Um aspecto considera-se partil quando os planetas se encontram no mesmo grau e o aspecto entre eles é exato. Quanto está fora desse limite, mas dentro do orbe necessário, o aspecto diz-se plático. É o caso deste exemplo.

Quanto mais exato for um aspecto mais intenso será o seu efeito.

O termo partil pode ser facilmente substituído pela expressão "exato" e plático por "dentro de orbe", no entanto, ficam aqui referenciados os termos técnicos.

Devido às diferenças de orbes entre os planetas, por vezes, os aspectos não são mútuos: a orbe do planeta A pode tocar o corpo do planeta B, mas a orbe de B pode não tocar o corpo de A. Nesse caso temos um aspecto um pouco mais fraco. Apenas quando os dois planetas estão dentro dos orbes um do outro o aspecto está verdadeiramente ativo.

Por exemplo, tomemos o Sol a 2º de Gêmeos e Saturno a 13° do mesmo signo.

O orbe do Sol (com 15º de raio) estende-se até 17º de Gêmeos, tocando o corpo de Saturno a 15º. No entanto, o orbe de Saturno só alcança até 4º de Gémeos, não tocando o corpo do Sol. Dizemos então que Saturno está no orbe de Sol, mas o Sol não está no orbe de Saturno. Há uma conjunção entre os dois planetas, mas o aspecto é unilateral e não tem expressão total. A mesma lógica se aplica às oposições, trígonos, quadraturas e sextis.

Aspecto unilateral: conjunção Sol-Saturno

Aspectos dissociados

Devido ao desfasamento criado pelo comprimento da orbe do planeta, pode acontecer formarem-se aspectos entre signos cuja natureza não é compatível. Isto ocorre quando os planetas estão colocados no fim de um signo e o seu orbe alcança o signo seguinte; ou quando estão colocados no princípio do signo e o orbe ainda abarca parte do signo anterior. Neste caso temos um aspecto dissociado.

Alguns exemplos:

- O planeta A está a 28° de Leão e o planeta B a 2° de Virgem, formando uma conjunção bastante próxima (apenas a 4° de afastamento) mas entre dois signos adjacentes, que não se aspectam.

- O planeta C, a 1º de Touro, forma um sextil ao planeta D, a 29º de Aquário; é um aspecto próximo (2° de afastamento), mas entre signos que estão naturalmente em quadratura.

- O planeta E, a 27° de Virgem, forma uma quadratura ao planeta F, a 2° de Capricórnio; apesar de ser uma quadratura próxima (5° de afastamento), os signos envolvidos estão normalmente em trígono.

- O planeta G está a 27° de Caranguejo, em oposição ao planeta H, a 1° de Aquário; esta oposição próxima (4° de afastamento) liga signos que normalmente não se aspectam.

Aspectos dissociados

Nota: Os aspectos de conjunção e oposição são menos afetados pela dissociação, pois a sua natureza deriva mais do posicionamento dos planetas (conjuntos corporalmente ou em lados opostos do horóscopo) do que dos signos envolvidos.
A validade destes aspectos é muitas vezes fonte de discussão entre os autores. Aparentemente, os mais antigos só consideravam o aspecto quando ocorria nos signos adequados, enquanto a maioria dos autores posteriores consideram o aspecto válido desde que esteja dentro de orbe. No entanto, há algumas evidências do uso de aspectos por graus em autores gregos. Na nossa opinião esta é uma questão um pouco artificial. A experiência prática revela que a dissociação representa circunstâncias que, sem impedir a ação do aspecto, podem perturbar o seu funcionamento natural. Assim, os trígonos e os sextis dissociados apresentam alguma instabilidade, enquanto as quadraturas revelam uma certa fluidez, características que não são próprias destes aspectos. De qualquer modo, não há uma interpretação padronizada para aspectos dissociados, pois esta depende do contexto em que está inserido

Os planetas podem também formar aspectos a outros componentes do horóscopo como o Ascendente, o MC, as Partes, etc. Como estes elementos são pontos matemáticos e não corpos celestes, não lhes é atribuído um orbe próprio. Neste caso usamos apenas o orbe do planeta para calcular o aspecto (retomaremos este tema mais adiante neste capítulo).

Variações na definição de aspecto

Alguns autores renascentistas (séculos XV e XVI) utilizam uma regra ligeiramente diferente para a formação de aspectos. Embora considerem o mesmo conceito de orbe, afirmam que o aspecto só se forma quando a metade do raio de orbe de um planeta toca a metade de raio de orbe do outro. Faz-se então uma divisão das metades de orbe cujo termo técnico é "metade" (do francês, moitie).

Por exemplo: tomemos a Lua a 14° de Gêmeos e Mercúrio a 22° do mesmo signo. Para ver se o aspecto seria possível tomamos a moitie do orbe da Lua, ou seja, 6º (metade de 12º) e a moitie de Mercúrio, 3°30' (metade de 7º); o resultado é 6º+ 3°30' = 9°30'. Esta é a amplitude a partir da qual as moities dos planetas se tocam e o aspecto se forma. Como neste exemplo a distância entre os dois planetas é de 8º (valor inferior ao do limite máximo) existe um aspecto pois a suas moities não só se tocam, como se sobrepõem parcialmente. Diz-se então que a Lua e Mercúrio estão conjuntos.
Moities
Este é um conceito de caráter mais "matemático", pois faz uma "média" dos raios de orbe de cada um dos planetas envolvidos. O anterior é mais "físico".
Temos então dois sistemas:
- o sistema orbe-corpo, que apresentamos no livro e que considera o aspecto quando o raio de orbe do planeta A toca o corpo do planeta B;
- o sistema de moities, que considera o aspecto quando a metade do raio de orbe do planeta A toca a metade do raio de orbe do planeta B.
Atualmente este último é o mais popular entre os estudantes e praticantes de Astrologia Tradicional. Isto acontece não porque o sistema em si seja mais lógico ou prático que o outro, mas porque é o mais conhecido. A sua popularidade deve-se sobretudo a William Lilly (o principal autor tradicional de língua inglesa) que o adota na sua grande obra Christian Astrology (ver bibliografia).
Nesta obra optamos pelo sistema orbe-corpo, que é o sistema padrão da maioria dos manuais tradicionais. Além disso, trata-se de um sistema que assenta na lógica da óptica antiga, como foi explanado anteriormente: um objecto só é visível quando os raios que emana tocam o "corpo" (ou seja, os olhos) do observador. Neste sentido, o sistema orbe-corpo é mais coerente, pois afirma que o aspecto ocorre quando a luz de um planeta toca o corpo de outro. No sistema de moities é a luz de ambos os planetas que se toca, o que nos parece inconsistente do ponto de vista da teoria óptica clássica. De qualquer modo, a diferença prática entre os dois sistemas é pequena. O sistema orbe-corpo tende a ser um pouco mais generoso, originando aspectos ligeiramente mais amplos.


O movimento dos aspectos: aplicação e separação


Quando olhamos para um horóscopo vemos um momento parado no tempo; os planetas foram como que “congelados” no seu movimento e por esse motivo os aspectos parecem estáticos. Contudo, isto é apenas uma conveniência prática, pois nada na Natureza é estático. Como os planetas estão sempre em movimento, os aspectos são relações dinâmicas.

A dinâmica dos aspectos deriva das diferentes velocidades de cada planeta. Um aspecto é sempre formado pelo planeta mais rápido, pois é este que se aproxima ou afasta do planeta mais lento.

Por exemplo: consideremos Mercúrio a 3º de Peixes e Júpiter a 9º do mesmo signo. Mercúrio, sendo o planeta mais rápido, forma o aspecto a Júpiter, neste caso uma conjunção. Estando Mercúrio a 3º de Peixes e Júpiter a 9º, facilmente se conclui que o aspecto exato só irá ocorrer quando Mercúrio transitar os 9º de Peixes, juntando-se fisicamente a Júpiter. O aspecto está dentro de orbe mas ainda em formação. Diz-se então que o aspecto é aplicativo.

Se Mercúrio estiver a 14° de Peixes e Júpiter ainda a 9º do mesmo signo, temos também uma conjunção, mas Mercúrio já se afastou 5º do aspecto exato. Diz-se, então, que o aspecto é separativo.

Aspectos aplicativo e separativo

Quando o planeta A, mais rápido, entra em orbe de aspecto com o planeta B, mais lento, o aspecto começa a formar-se. Nesta fase o planeta A aplica-se ao aspecto com o planeta B. Em determinada altura os planetas atingem a distância exata de aspecto; o aspecto completa-se, aperfeiçoa-se; temos então um aspecto partil ou exato. Assim que o planeta A começa a afastar-se de B mais de 1º, o aspecto começa a desfazer-se. Nesta fase o planeta A separa-se do aspecto com o planeta B. A separação ocorre até que o planeta A (o mais rápido) saia de orbe e o aspecto termine.









Recordamos que a velocidade padrão dos planetas é-nos dada pela ordem caldaica: Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno. A Lua é sempre o astro mais rápido, pelo que não nos coloca problemas. O Sol apresenta uma velocidade relativamente constante, aproximadamente 1° por dia. Os restantes planetas, apesar de seguirem a ordem caldaica, apresentam por vezes ligeiras irregularidades na sua velocidade (isto ocorre quando mudam o sentido de andamento, passando de diretos para retrógrados e vice-versa). Para um estudo rigoroso torna-se necessário consultar tabelas para conhecer a sua velocidade exata.

Algumas situações particulares ocorrem quando um dos planetas envolvidos no aspecto está em movimento retrógrado. Por exemplo, o planeta A dirige-se ao aspecto exato com o planeta B e este, apresentando movimento retrógrado, dirige-se ao aspecto exato com A. Neste caso dizemos que os planetas estão em aplicação mútua, pois aproximam-se um do outro. Da mesma forma, o planeta A pode separar-se do planeta B e este, estando retrógrado, afasta-se também do planeta A. Neste caso temos uma separação mútua.

Aplicação e separação mútuas

A aplicação e separação mostram a dinâmica dos aspectos e são extremamente importantes para determinar o resultado das ações descritas no horóscopo. Aspecto aplicativos indicam o que vai acontecer, enquanto aspectos separativos revelam o que já aconteceu. Este tipo de interpretação é particularmente relevante em Astrologia Horária e no estudo de horóscopos de eventos.

Nota: as aplicações e as separações só se consideram entre planetas; os aspectos de planetas ao Ascendente, Meio-do-Céu, Parte da Fortuna e outros obedecem a regras diferentes, que serão abordadas mais adiante.


Casos particulares: vazio de curso e feral

Quando um planeta não tem aspectos aplicativos a outro planeta, diz-se vazio ou vazio de curso. Neste caso, forma apenas aspectos separativos, não se aplicando a nenhum outro. Como os aspectos aplicativos descrevem ações futuras, ou motivações (no caso de natividades), um planeta nestas condições tem a sua capacidade de ação diminuída ou retardada. Indica um estado de inação e “falta de vontade” nas questões significadas pelo planeta.

Este tipo de situação é particularmente importante quando se trata da Lua que, por ser o planeta mais rápido, é o que mais frequentemente fica sem aspectos aplicativos. Além disso, a Lua é o planeta que descreve as ações mais eminentes de um horóscopo (particularmente numa questão horária ou num evento).

Este tipo de análise é particularmente relevante num horóscopo horário, num evento mundano ou numa eleição. Num mapa natal, embora o princípio seja igualmente válido e aplicável, o contexto interpretativo é diferente e a sua importância é mais relativa.

Embora aparentemente simples, a definição de vazio de curso tem criado algumas discussões entre os autores contemporâneos. Alguns dizem que um planeta só estará vazio de curso quando não se aplicar a nenhum aspecto com outro planeta antes de sair do signo em que se encontra. Assim, um planeta que tem apenas aspectos separativos mas que se aplica a um aspecto dissociado é considerado vazio. Algo que não seria verdade na definição que foi dada anteriormente.

Esta diferença de opinião deve-se a definições incompletas ou dúbias por parte das várias fontes, pois muitos autores da Antiguidade não consideraram aspectos dissociados. Assim, o planeta teria de entrar no signo seguinte para formar o aspecto, mesmo que o orbe o permitisse formar a partir do signo anterior.

Na nossa opinião esta discussão é meramente teórica. O objetivo da interpretação é obter do horóscopo uma descrição da ação do planeta. O fato de um planeta não se aplicar revela-nos falta de ação. Se, por outro lado, o aspecto a que o planeta se aplica for apenas aperfeiçoado no signo seguinte (estando, portanto, vazio de curso para alguns autores) temos a indicação que alguma circunstância irá mudar (mudança de signo) antes que algo possa acontecer (perfeição do aspecto). O mais importante nestas questões é descrever o mapa em vez de teorizar. Esta é a diferença entre o conhecimento fundamentado na experiência prática e a aprendizagem teórica.

Planeta vazio de curso

Quando um planeta está totalmente sem aspectos (aplicativos ou separativos) diz-se que está feral (ou selvagem). Esta condição é considerada infortunada, pois o planeta não partilha as suas qualidades com os restantes elementos do horóscopo. Como não tem interação direta com os outros planetas a sua expressão torna-se desfasada e, por consequência, acaba por destacar-se bastante no horóscopo. O efeito de um planeta feral será ainda mais evidente se este se encontrar sozinho no signo.

Por exemplo, no horóscopo da escritora Agatha Christie Mercúrio está feral. Neste caso as qualidades mercuriais (comunicação, raciocínio, intelecto) estão destacadas, o que é aliás muito evidente na vida desta famosa autora de romances policiais. A condição feral de Mercúrio cria, no entanto, um marcado desfasamento entre a sua notória carreira de escritora e a sua vida pessoal, bastante mais retirada. A situação torna-se ainda mais relevante se considerarmos que Mercúrio é o regente do Ascendente.

Natividade de Agatha Christie

A dinâmica dos aspectos planetários, cuja base é a aplicação e a separação dos planetas, dá origem a padrões mais complexos, que serão abordados mais adiante.


Aspectos destros e sinistros

Dos cinco aspectos tradicionais, o trígono, a quadratura e o sextil são considerados aspectos duplos. Estes aspectos podem ocorrer em duas direções a partir do ponto inicial, uma à esquerda e outra à direita. Assim existem dois tipos de trígono, quadratura e sextil. Os que ocorrem à esquerda do planeta, no sentido dos signos, são denominados aspectos sinistros. Os que ocorrem à sua direita, no sentido contrário aos signos, são chamados de aspectos destros.

Aproveitamos para explicar que o termo sinistro, originário do latim, significa “esquerdo” e não tem a conotação negativa que a linguagem atual lhe atribui.

Aspectos destros e sinistros

Para distinguir entre um aspecto destro e sinistro há que considerar o planeta mais rápido, que é responsável pela formação do aspecto. Se o aspecto se formar no sentido contrário ao dos signos, será um aspecto destro, se for no sentido dos signos, será sinistro. Outra forma de visualizar é olhar para o planeta mais rápido a partir do centro do horóscopo, todos os aspectos que formar para a sua direita são destros, enquanto que os que forma para a esquerda serão sinistros.

Por exemplo, tomemos Vênus a 7º de Caranguejo e Saturno a 10º de Escorpião e Júpiter a 5º de Carneiro. Vênus está dentro do orbe dos dois planetas mais lentos, projetando um trígono a Saturno e uma quadratura a Júpiter. O trígono a Saturno é sinistro, pois é projetado segundo a ordem natural dos signos (de Caranguejo para Leão, Virgem, Balança e finalmente Escorpião). A quadratura a Júpiter é destra, pois é formada na ordem contrária à dos signos (de Caranguejo para Gêmeos, Touro e finalmente Carneiro).

Exemplo de aspectos destros e sinistros

Um aspecto destro é considerado mais forte que o sinistro, pois forma-se no sentido de ascensão dos signos. Por ser mais forte, é considerado mais determinativo nas suas ações. Por sua vez, o aspecto sinistro é mais brando, pois forma-se contra a ascensão dos signos, mas a favor do passo natural dos planetas. Por ser mais brando, confere mais liberdade de escolha nas acções que representa.

Este conceito é muitas vezes ignorado na prática, pois indica uma diferenciação muito ligeira na força do aspecto. Embora nem sempre tome um papel principal na interpretação, é muito útil quando se estuda um aspecto em pormenor.


Aspectos e ascensões
Alguns autores afirmam que a natureza dos aspectos pode ser parcialmente modificada pelos signos em que o aspecto ocorre. Assim, aspectos que se formem entre signos de ascensão rápida (de Capricórnio a Gêmeos) são "encurtados". A quadratura adquire as propriedades do sextil, e o trígono as propriedades da quadratura. De modo semelhante, aspectos que se formem entre signos de ascensão longa (de Caranguejo a Sagitário) são "esticados": o sextil adquire propriedades de quadratura, e a quadratura fica semelhante a um trígono.
A validade desta afirmação é discutível, pois resulta do encontro de diferentes referenciais: a velocidade de ascensão do signo (que deriva da inclinação da eclíptica) e os aspectos que derivam da natureza dos signos. No entanto, como é provável que o estudante a encontre em algumas obras, decidimos fazer esta breve referência.


Aspectos a elementos não-planetários

Os planetas podem também formar aspectos a pontos não-planetários do mapa astrológico. Os mais importantes são os aspectos dos planetas ao Ascendente, ao Meio-do-céu e à Parte da Fortuna. Como estes pontos não emitem luz (pois não têm existência física), não podem ter orbes nem emitir aspectos. Os planetas, contudo, podem aspectá-los.

Ao contrário dos aspectos interplanetários, os aspectos entre planetas e pontos não-planetários são unilaterais, pois só um dos elementos (o planeta) participa ativamente no aspecto; o outro elemento é apenas aspectado.

Para calcular estes aspectos, considera-se a orbe do planeta e observa-se se o ponto não-planetário está dentro dos seus limites (no caso da conjunção) ou dentro da sua projeção (no caso da oposição, trígono, quadratura ou sextil).

Para os quatro ângulos do mapa e para a Parte da Fortuna, não são consideradas aplicações nem separações, porque o movimento destes pontos através do Zodíaco segue parâmetros diferentes do movimento dos planetas.

Quanto aos aspectos destros e sinistros, a definição mantém-se, embora neste caso o planeta seja sempre o ponto ativo, independentemente da sua velocidade.

Por exemplo, no horóscopo de Friedrich Nietzsche, o Ascendente (a 29º09’ de Escorpião) recebe um sextil sinistro de Marte (a 27°56’ de Virgem) e um trígono destro de Júpiter (a 26°02’ de Peixes).

No caso dos quatro ângulos, consideram-se somente os aspectos ao Ascendente e ao Meio-do-Céu. Os aspectos aos outros dois ângulos podem ser facilmente deduzidos a partir destes. Trata-se, na verdade, de dois eixos Ascendente/Descendente e Meio-do-Céu/Fundo-do-Céu, que unem ângulos opostos. Qualquer planeta que esteja em conjunção a um destes pontos está em oposição ao outro; quando em trígono a um deles, faz sextil ao oposto (e vice-versa); e se estiver em quadratura a um dos lados, está também em quadratura ao lado oposto. Torna-se, portanto, desnecessário anotar os aspectos a todos os ângulos; basta saber os ângulos ou aspectos de um dos lados do eixo para deduzir os do outro.

Os aspectos às cúspides das casas são também considerados, mas apenas em determinadas circunstâncias, geralmente no contexto da Astrologia Horária. Nos outros ramos, a consideração de tais aspectos deve ser extremamente moderada.

Além disso, os aspectos às cúspides são também evitados devido às incertezas quanto ao método mais correto de fazer a divisão das Casas.

Não faz sentido considerar aspectos entre os vários ângulos, nem entre dois pontos não-planetários. Pois não tendo “luz própria” não podem gerar aspectos entre si.



Representação dos Aspectos no Horóscopo


A notação dos aspectos

Para facilitar a representação, os aspectos têm símbolos específicos, que derivam da geometria que lhes está associada.

A conjunção é representada por um traço com um único círculo significando reunião. A oposição é representada por dois círculos opostos unidos por um traço. O trígono e a quadratura têm como símbolo a relação geométrica por eles formada: o triângulo e o quadrado, respectivamente. O sextil é representado por uma estrela de 6 pontas, uma variação de um hexágono.

Saber visualizar e anotar os aspectos é fundamental para uma boa prática da Astrologia. Muitos estudantes confiam demasiado nos resultados dos programas de computador, julgando que estes os eximem dos cálculos mais fastidiosos. Note-se, no entanto, que para funcionar adequadamente, qualquer software precisa de ser configurado. Fazer isto requer um bom conhecimento da técnica de cálculo de aspectos. Além disso, mesmo que o computador trace corretamente os aspectos, cabe ao estudante saber identificá-los para os interpretar!

Tabela de símbolos dos aspectos
Um aspecto deve ser sempre anotado começando com o planeta mais rápido. Este é o responsável pela formação e dissolução do aspecto, por isso deve ser indicado primeiro. A notação é feita usando os símbolos dos planetas e do aspecto.

Por exemplo, tomemos uma quadratura entre Vênus e a Lua.

Como a Lua é mais rápida que Vênus, é a Lua que forma a quadratura. A notação é feita escrevendo o símbolo da Lua, seguido do símbolo do aspecto e do de Vênus:
O estudante estará a usar uma notação menos correta se escrever:

Se o aspecto for aplicativo acrescentamos um “a” no final. Se for separativo, um “s”. Por exemplo:


Guia para traçar os aspectos num horóscopo

Primeiro passo: identificar os aspectos

Começa-se no planeta mais rápido: a Lua.

Observa-se o grau e minuto em que se encontra e anota-se a sua amplitude de orbe. Isto é feito subtraindo e acrescentando à sua posição o valor do raio de orbe (12° no caso da Lua).

Seguidamente, procura-se planetas junto à Lua para ver se existem conjunções. Estas são fáceis de observar. Depois, procura-se no signo oposto, dentro dos mesmos graus, para detectar a existência de oposições.

Então percorre-se o mapa, desde o ponto de oposição até ao ponto de conjunção em busca de possíveis aspectos: trígono (dois signos a seguir à oposição), quadratura (no signo seguinte ao do trígono) e sextil (no signo seguinte ao da quadratura). Depois é só fazer o mesmo percurso no outro lado do mapa. Neste processo devemos considerar sempre o orbe do planeta e procurar outros corpos situados dentro dessa amplitude.

Identificação dos aspectos num mapa

Sempre que se encontra um aspecto, deve-se notar se é aplicativo ou separativo (e também se é destro ou sinistro).

Assim que detectarmos todos os aspectos da Lua, passamos para o planeta seguinte na ordem de velocidades: Mercúrio, Vênus, Sol, etc. (seguindo a ordem caldaica).

Note-se que uma vez identificado um aspecto de Vênus a Júpiter, por exemplo, já não se registará esse aspecto quando se observar os aspectos de Júpiter. Desta forma, à medida que se avança na ordem de velocidades só se torna necessário anotar os aspectos aos planetas mais lentos, evitando-se registar o mesmo aspecto duas vezes.

Recordemos novamente que:

1. a conjunção ocorre no mesmo signo e é fácil visualizar.

2. a oposição entre signos opostos, a 6 signos de distância, e também se detecta facilmente.

3. o signo ao lado da oposição é inconjunto e não gera aspectos.

4. o trígono entre signos do mesmo elemento, a 4 signos de distância.

5. a quadratura entre signos do mesmo modo, a 3 signos de distância.

6. o sextil em signos de elementos do mesmo gênero (masculino ou feminino), a 2 signos de distância.

7. o signo adjacente ao do planeta é também inconjunto e não gera aspectos.

Atenção a possíveis aspectos dissociados! Se o planeta estiver no princípio ou no fim de um signo é provável que forme aspecto fora dos signos esperados. O estudante deverá ter maior atenção nesse caso.


Segundo passo: traçar os aspectos no horóscopo

Os aspectos podem ser indicados num horóscopo através de linhas coloridas ou diferentes tipos de traço. Este passo é facultativo, pois trata-se de uma questão de visualização. Alguns estudantes não traçam os aspectos no mapa, preferindo detectá-los no momento.

O ideal seria que o estudante identificasse os aspectos por si. Evitava assim as linhas de aspecto no centro do mapa, que distraem a atenção dos principiantes.

Não existe nenhum padrão para traçar aspectos, por isso sugerimos o seguinte:

- os aspectos de tensão e conflito (oposição e quadratura) devem ser traçados a vermelho.

- os aspectos harmônicos (trígono e sextil) devem ser traçados a azul.

Se o estudante quiser distinguir entre aspectos separativos e aplicativos, pode usar uma linha tracejada para o separativo e uma linha inteira para o aplicativo.

Se não se utilizar cor, então pode usar linha tracejada para a oposição e quadratura e linha inteira para o trígono e o sextil (neste caso não deve diferenciar separativo e aplicativo).

Só se deve traçar aspectos entre planetas, os aspectos ao Ascendente, meio-do-céu ou parte da fortuna devem ser listados separadamente. Evita-se desta forma que o desenho do horóscopo fique sobrecarregado de linhas, o que dificulta a sua leitura.


Um exemplo:

Natividade de D. Sebastião

Com base no horóscopo de D. Sebastião, vamos calcular o alcance dos planetas seguindo a sequência das velocidades (ou caldaica):

Começamos pela Lua localizada a 26°37' de Leão. O alcance do seu orbe irá de 14°37’ de Leão (12° antes) a 8°37’ de Virgem (12° depois). Vamos então procurar planetas no alcance deste orbe e sua radiação.

Não há planetas perto da Lua, portanto, começamos pelo signo oposto, Aquário. Temos três planetas candidatos a uma oposição da Lua: Mercúrio a 22°13’, Marte a 15°09’ e o Sol a 10°00’. O orbe da Lua tem alcance até 14°37’ do signo, logo, apenas Mercúrio e Marte estão dentro do orbe de uma oposição.

Temos então duas oposições, Lua a Mercúrio e Lua a Marte.

Estando a Lua a 26°, já ultrapassou os graus exatos de Mercúrio e o aspecto é separativo. Mercúrio está retrógrado e, portanto, também se separa da Lua - temos então uma separação mútua. Como o afastamento dos dois planetas é de 4°24’ (26°37’ - 22°13’) e o orbe de Mercúrio é de 7º, o aspecto é mútuo.

O aspecto a Marte é também separativo (pois ainda está mais afastado da Lua que Mercúrio), no entanto, o afastamento é de 11°28\ Temos então um aspecto separativo, muito perto do limite e o orbe de Marte já não toca a Lua. É um aspecto fraco, por conseguinte, pouco notório no horóscopo.

Os restantes planetas estão em posições sem aspecto: Vénus e Saturno estão nos signos adjacentes à oposição e Júpiter está totalmente fora de orbe para formar aspecto.


Anotamos então os aspectos:


cm conta que os seus orbes são maiores. A distância de Mercúrio a Marte é de 7º04’, valor que está ligeiramente fora do orbe do primeiro (7°), mas dentro do orbe do segundo (8°). Temos, portanto, uma conjunção Mercúrio-Marte. Como Mercúrio está retrógrado, movimenta-se em direção a Marte, enquanto este, em movimento direto, se dirige a Mercúrio -temos neste caso uma aplicação mútua. Apesar de Marte não estar no orbe de Mercúrio, o valor já é muito próximo (0°04’) e os planetas estão a aproximar-se, o que confere ao aspecto bastante força.

O Sol, com o seu orbe de 15°, alcança também a posição de Mercúrio fazendo-lhe uma conjunção. E uma conjunção mais fraca que a de Marte, pois a distância é ainda maior, mas é também uma aplicação mútua.

Quanto a outros aspectos, a Lua já foi considerada, Vénus e Saturno estão em signos adjacentes (e, portanto, sem aspecto) e Júpiter está fora de orbe para um trígono.

Anotamos então os aspectos:


Vênus, que se segue em velocidade, está a 10°39’ de Capricórnio e o seu orbe estende-se de 3°39’ a 17°39'.

Não há planetas próximos para formar conjunção, nem planetas opostos. O Sol, Marte e Mercúrio estão num signo adjacente e não formam aspectos; a Lua está num signo anexo ao da oposição, pelo que também não faz aspecto.

Se seguirmos no sentido dos signos encontramos Saturno no signo de Peixes, para onde Vênus projeta um sextil. Saturno está a 14°14’ do signo e, portanto, dentro da irradiação de Vênus; por sua vez, Saturno toca também Vênus com o seu orbe - temos então um sextil Vênus-Saturno. E um aspecto aplicativo, porque Vênus, o planeta mais rápido, se dirige ao aspecto exato com Saturno. Como Vênus projeta o sextil na ordem dos signos o aspecto é sinistro.

Se seguirmos na ordem contrária à dos signos encontramos Júpiter a 4°40’ de Balança, para onde Vênus em Capricórnio emite uma quadratura destra. Júpiter está dentro da irradiação de Vênus (que se estende até 3°39’) e também a toca com o seu orbe (que se estende até 13°40’) - há, portanto, uma quadratura entre os dois planetas. O aspecto é separativo porque Vênus está 10° à frente de Júpiter e é mais rápida que este.

Anotamos os dois aspectos:


O Sol está a 10°00’ de Aquário e o seu orbe tem um alcance de 25°00’ de Capricórnio até 25°00’ de Aquário.

Em Aquário encontramos também Mercúrio (cuja conjunção ao Sol já foi detectada) e Marte a 15°09’. Marte e o Sol estão dentro do orbe um do outro e formam uma conjunção, pois distam apenas 5°09’. Como o Sol é mais rápido e se movimenta em direção a Marte, a conjunção é aplicativa.

No signo oposto encontramos a Lua, cujos aspectos já consideramos. Vênus e Saturno estão em signo inconjuntos, pelo que não têm aspectos com o Sol.

Júpiter está em Balança, signo do mesmo elemento que Aquário, havendo portanto possibilidade de formar um trígono com o Sol. Com Júpiter a 4°40’ e o Sol a 10°00’, verificamos que estão dentro do orbe um do outro, o que confirma o trígono entre ambos. O aspecto é separativo porque o Sol, o mais rápido dos dois planetas, está mais avançado que Júpiter; é destro porque é projetado na direção contrária à ordem dos signos.

Anotamos os aspectos:

De seguida consideramos Marte, que está a 15°09’ de Aquário e cujo orbe se estende de 7°09’ a 22°09’ do signo.

Como já anotamos todos os aspectos dos planetas mais rápidos que Marte, é apenas necessário procurar aspectos deste a Júpiter e a Saturno, que são mais lentos.

Saturno está no signo adjacente e, portanto, não forma aspectos. Júpiter está em Balança, para onde Marte projeta um trígono. No entanto, o orbe de Marte não alcança Júpiter e o orbe de Júpiter (que se estende até 12°40’) também não toca Marte, pelo que não formam aspecto.

Quanto a Júpiter, apenas é necessário ver se forma algum aspecto a Saturno. Como neste mapa estão em signo inconjuntos, não há aspectos entre eles.

Os aspectos de Saturno com os outros planetas já foram considerados anteriormente. O trabalho está feito.

Verificamos que neste mapa não há planetas ferais, pois todos os planetas formam algum tipo de aspecto.

Falta agora detectar se algum dos planetas está vazio de curso. Para tal, basta ver se formam aspectos aplicativos:

- a Lua tem dois aspectos separativos e nenhum aplicativo, logo está vazia.

- Mercúrio aplica-se a Marte e ao Sol.

- Vênus aplica-se a Saturno.

- o Sol tem uma aplicação mútua com Mercúrio.

- Marte tem também uma aplicação mútua com Mercúrio.

-  Júpiter não se aplica a nenhum planeta, logo está vazio.

- Saturno também não apresenta aplicações, encontrando-se vazio.

Podemos então elaborar uma lista e traçar os aspectos no horóscopo:

Lista dos aspectos da Natividade de D. Sebastião


Natividade de D. Sebastião com aspectos traçados

Podemos ainda anotar à parte os aspectos ao Ascendente (ASC), meio-do-céu (MC) e Parte da Fortuna, que neste horóscopo seriam:

Lista dos aspectos ao Ascendente, meio-do-céu e parte da fortuna na Natividade de D. Sebastião


Interpretação


A natureza dos aspectos

Como referimos no início deste capítulo, cada aspecto representa um tipo específico de interação (ou relacionamento) entre os planetas. Esta é definida pela natureza geométrica (ângulo) e zodiacal (signos) do aspecto.

O primeiro passo para interpretar os aspectos é conhecer bem as suas naturezas.


Conjunção

A conjunção é o mais intenso de todos os aspectos pois une diretamente os planetas. Ocorre quando estes estão num ângulo próximo dos 0º e geralmente no mesmo signo. Na verdade, não é considerado um verdadeiro aspecto porque resulta de uma ligação “física” entre corpos celestes e não de uma relação angular (radiação).

A sua natureza é a de fusão, pois mistura as qualidades dos planetas. Estes ficam de tal forma associados que as suas naturezas se confundem. Apesar da sua intensidade, podemos dizer que a conjunção é um aspecto neutro. A sua qualidade depende dos planetas envolvidos e do signo onde se encontram: se os planetas forem compatíveis a conjunção gera facilidade e fluidez, se os planetas forem de naturezas muito diferentes gera atrito e bloqueio.

Este aspecto é também conhecido como “junção por corpo”, sínodo, congresso ou coito.


Oposição

A oposição relaciona planetas em signos opostos, ou seja, num ângulo próximo dos 180°.

A sua natureza advém da interação de lados opostos e não da natureza dos signos envolvidos, como nos restantes aspectos. Como coloca em contacto duas polaridades zodiacais, indica confronto e manifesta-se de forma tensa e difícil.

Se compararmos a oposição a um diálogo, este seria uma discussão aberta, em que as duas partes estão em confronto direto, gerando mal-estar e bloqueio.

Este aspecto é também conhecido como diametral.


Trígono

O trígono corresponde a uma relação angular de 120°.

Relaciona planetas colocados em signos do mesmo elemento e que por isso partilham as mesmas qualidades primitivas (temperamento). Assim sendo, indica uma relação fácil, fluida e estável entre os planeias envolvidos.

Ao comparar o trígono com um diálogo, podemos imaginar duas pessoas que falam sobre a mesma coisa e concordam sobre o assunto.

Este aspecto é também conhecido como trino, triângulo ou trigonal, pois divide o Zodíaco em três partes.


Quadratura

A quadratura relaciona planetas a 90° de distância. Põe em relação signos do mesmo modo mas de elementos incompatíveis.

Indica uma tensão no relacionamento dos planetas envolvidos, que se manifesta geralmente como pressão e conflito interior. Exterioriza-se como esforço e resistência. Por isso, a quadratura é muitas vezes uma fonte de estresse e frustração.

Se fosse um diálogo, a quadratura seria uma conversa tensa, desconfortável e cheia de provocações.

Como divide o Zodíaco em quatro partes, este aspecto é também conhecido como quadrado ou quartil.


Sextil

O sextil corresponde a um ângulo de 60°. Representa uma relação harmoniosa porque relaciona signos da mesma temperatura (Quente ou Frio); no entanto, o sextil é menos intenso que o trígono, pois os signos envolvidos têm elementos e modos diferentes.

Comparado a um diálogo, o sextil seria uma conversa entre duas pessoas que estão de acordo nos pontos básicos embora com ligeiras diferenças de abordagem.

E um aspecto de cooperação e entendimento, onde os planetas têm uma expressão funcional e agradável.

Este aspecto é também conhecido como hexágono, pois divide a esfera em seis partes.


Os aspectos e o esquema zodiacal

Como acabamos de ver, os aspectos derivam fundamentalmente das relações naturais entre os signos. No entanto, podemos também relacionar a natureza dos aspectos com a natureza dos planetas. Esta relação é estabelecida através do esquema de regências, no qual a relação entre os planetas e os luminares (quando colocados nos respectivos tronos) reflete e complementa a natureza dos aspectos.

Os luminares, símbolos de vida, ordem e abundância, regem os signos de máxima luminosidade e calor: Caranguejo, regido pela Lua, e Leão, regido pelo Sol.

No esquema natural de regências, os planetas maléficos, Saturno e Marte, formam aspectos tensos com os luminares. Saturno, o maléfico maior, está em oposição direta ao Sol e à Lua, pois ocupa os signos de Capricórnio (oposto a Caranguejo) e Aquário (oposto a Leão). Marte, o maléfico menor, forma quadraturas aos luminares a partir dos seus signos de regência, Carneiro e Escorpião. A partir de Carneiro forma quadratura ao signo da Lua, Caranguejo, e a partir de Escorpião forma quadratura ao signo do Sol, Leão.

Por seu turno, os planetas benéficos, Júpiter e Vênus, formam aspectos favoráveis aos signos dos luminares, a partir dos signos que regem. Júpiter, o benéfico maior, forma um trígono ao Sol a partir de Sagitário e outro à Lua a partir de Peixes, enquanto Vênus, o benéfico menor, forma um sextil com o Sol a partir de Balança e outro com a Lua a partir de Touro.

Mercúrio é um caso diferente, pois está demasiado próximo do Sol para formar um aspecto. O seu posicionamento no esquema de regências espelha este padrão: os seus signos de regência, Gémeos e Virgem, são adjacentes aos signos dos luminares.

Esta imagem põe em evidência a simetria que relaciona os planetas com os aspectos, segundo o tipo de relação que estes proporcionam. Assim:

- A oposição tem uma natureza semelhante à de Saturno, impede, bloqueia e cria tensão.

- A quadratura tem a natureza de Marte, gera atrito e desentendimento.

- O trígono tem a natureza de Júpiter, une com perfeição e entendimento.

- O sextil tem a natureza de Vênus, une com amizade e moderação.

- Quanto à conjunção, podemos considerar que tem a natureza neutra de Mercúrio, pois o seu efeito depende dos planetas envolvidos.

Relação entre os aspectos e o esquema natural de regências planetárias

Note-se que a simetria deste esquema também reforça a expressão masculina/diurna e feminina/noturna dos planetas. Os planetas em regência diurna (Mercúrio em Gêmeos, Vênus em Balança, Marte em Carneiro e Júpiter em Sagitário) formam sextil e trígono com o Sol, o luminar masculino e senhor do dia; enquanto que os planetas em regência noturna (Mercúrio em Virgem, Vénus em Touro, Marte em Escorpião e Júpiter em Peixes) formam sextil e trígono com a Lua, o luminar feminino e senhora da noite. Apenas Saturno, o mais maléfico de todos os planetas, se opõe aos luminares em qualquer situação (na sua regência diurna, em Aquário, opõe-se ao Sol em Leão, e na sua regência noturna, em Capricórnio, opõe-se à Lua em Caranguejo).

Os aspectos nas regências diurnas e noturnas

Também é possível observar urna simetria semelhante no sistema dos júbilos atribuído às casas astrológicas. Neste sistema os pares Sol-Lua (os luminares) e Júpiter-Vênus (os benéficos) têm o seu júbilo em Casas que (simbolicamente) formam aspectos favoráveis ao Ascendente (Casa I). A Casa III, júbilo da Lua, e a XI, júbilo de Júpiter, fazem sextis ao Ascendente, enquanto a IX, júbilo do Sol, e V, júbilo de Vénus, fazem trígonos.

Por outro lado, os maléficos estão colocados em Casas que não as-pectam o Ascendente, a XII e a VI. Desta forma, quando em posição de poder, não “danificam” o Ascendente.

Devido à sua natureza neutra e ambivalente, Mercúrio não está emparelhado; é colocado no Ascendente de forma a ficar bem posicionado em relação aos luminares e às benéficas.

Os aspectos no sistema de júbilos


A interpretação dos aspectos

Existem basicamente dois tipos de aspecto: os de harmonia e os de conflito.

Os aspectos considerados harmônicos, o trígono e o sextil, representam relações confortáveis, nas quais a natureza dos planetas se combina com facilidade. Nos manuais antigos são designados como “aspectos de amizade e amor”, em alusão à relação fácil que se estabelece entre os planetas envolvidos.

A oposição e a quadratura implicam relações planetárias difíceis, nas quais a tensão e o atrito são factores predominantes. Nos manuais antigos são denominados aspectos de inimizade e ódio, mais uma vez aludindo ao tipo de relação entre os planetas.

A conjunção é considerada neutra, visto que o resultado da combinação planetária depende da natureza dos planetas envolvidos. A conjunção de dois planetas cuja natureza seja compatível (como Vénus e a Lua, por exemplo) é harmônica; em contrapartida, a conjunção de dois planetas naturalmente antagônicos (por exemplo, a Lua e Marte) é desarmônica.

Sem desvalorizar o que acima foi dito, há que ter em conta que a qualidade e a expressão de cada aspecto depende grandemente dos planetas envolvidos. Para além da natureza do aspecto e da compatibilidade entre os planetas, temos ainda que considerar as suas dignidades e debilidades. Se equipararmos um aspecto a uma conversa, facilmente compreendemos que a qualidade desta depende dos próprios participantes. As conversas agradáveis (representadas por trígonos e sextis) podem ser frívolas e improdutivas se os planetas envolvidos estiverem em mau estado no mapa (debilitados). Por outro lado, mesmo as discussões mais acesas (representadas por oposições ou quadraturas) podem produzir resultados interessantes, se forem conduzidas por pessoas inteligentes (planetas dignificados).

Assim, os planetas envolvidos são sempre o fator mais importante na interpretação de um aspecto.


Importância e intensidade do aspecto

Nem todos os aspectos têm o mesmo “peso” num horóscopo. Alguns são muito relevantes, enquanto outros apenas têm importância secundária.

Para determinar sua importância, há que considerar os seguintes factores:

- O aspecto será tanto mais marcante quanto mais exato.

- São mais intensos os aspectos em que ambos os planetas estão dentro dos respectivos orbes.

- Aspectos dissociados são mais fracos (excepto se muito exatos, a menos de 5º).

- Aspectos aplicativos tendem a ser mais intensos que separativos (a não ser que o aspecto separativo seja muito exato).

- Aspectos no limite de orbe são muito fracos, particularmente se separativos ou dissociados.

Na prática, estas considerações ajudam a estabelecer uma espécie de hierarquia para os aspectos de cada horóscopo. Evita-se assim dar importância indevida a aspectos muito fracos ou relegar para segundo plano aspectos importantes, em detrimento da qualidade da interpretação.

Nota: Como os aspectos se destacam muito no mapa, os estudantes têm tendência a dar-lhes demasiada importância, por vezes em prejuízo de outros pontos. Segundo as regras de interpretação, os aspectos só devem ser considerados depois da interpretação dos planetas por si mesmos (dignidade/debilidade, posicionamento por signo, posicionamento por casa). Se a abordagem seguir esta ordem, a interpretação dos aspectos será colocada no devido contexto e fornecerá informações muito mais ricas e completas do que quando é feita logo de início. Em suma, nunca se começa a interpretação pelos aspectos.


Significado básico

O significado básico de qualquer aspecto resulta da interação de dois fatores. O primeiro diz respeito ao tipo de aspecto envolvido, pois como já vimos os aspectos fluidos facilitam a expressão combinada dos planetas, enquanto os aspectos tensos a dificultam. O outro fator a ter em conta é a “mistura das naturezas” dos dois planetas: naturezas compatíveis geram interações fáceis, enquanto naturezas incompatíveis produzem instabilidade.

Na base desta compatibilidade estão as qualidades primitivas e temperamentos dos planetas.

Por exemplo, Marte e a Lua são essencialmente incompatíveis, pois apresentam temperamentos adversos: um é Quente e Seco e o outro Frio e Úmido. Saturno e a Lua, apesar de antagônicos nas suas significações, têm um ponto de compatibilidade maior, pois partilham a qualidade Frio, o que contribui para estabilizar as suas interações. Com Júpiter, a Lua tem uma compatibilidade maior, pois partilham a qualidade Úmido; as diferenças de “temperatura” são, neste caso, de menor importância, pois o calor de Júpiter, por ser moderado, não antagoniza com o frio da Lua.

Se dois planetas de naturezas compatíveis formarem um aspecto, a combinação resultante terá sempre uma tônica positiva. Contudo, o tipo de aspecto que os planetas formam pode modular esta situação. Os aspectos fluidos (trígono e sextil) reforçam a compatibilidade dos planetas, permitindo que partilhem o melhor de cada um. Os aspectos tensos (quadratura e oposição) perturbam esta compatibilidade, sem contudo a destruir; a interação continua a ter um resultado “simpático”, embora a sua expressão se torne instável e descoordenada. No caso de planetas compatíveis, a conjunção é considerada um aspecto fluido.

Na combinação de planetas naturalmente incompatíveis a tensão é um fator constante, seja qual for o aspecto formado. No entanto, os aspectos fluidos (trígono e sextil) amenizam parte da tensão, realçando o melhor da combinação. Os aspectos tensos (quadratura e oposição) reforçam as características já difíceis da partilha planetária. Nestes casos a conjunção atua como um aspecto tenso.


A amizade e inimizade dos planetas

As compatibilidades e incompatibilidades dos planetas são apresentadas de várias formas na Tradição; a amizade e inimizade dos planetas é uma das mais referidas. E utilizada para combinações de planetas em técnicas mais avançadas de delineação (por exemplo, compatibilidade entre duas pessoas).

Embora existam variações entre os diversos autores, esta é uma das mais comuns.

Tabelas de amizades e inimizades dos planetas

A tabela acima resulta da compatibilidade da natureza dos planetas, que referimos anteriormente, e de outros factores (facções, significado geral, etc.).

Por exemplo, Vênus é amigo de todos excepto de Saturno. Isto resulta não apenas da diferença de temperamentos (Sanguíneo e Melancólico, respectivamente), mas também porque aquilo que Vênus significa é totalmente adverso às coisas significadas por Saturno: enquanto Vênus é alegre, suave e colorido, Saturno é sério, grave e “cinzento”.

Nalguns casos, a amizade não é necessariamente recíproca. Por exemplo, muitos autores afirmam que o Sol é amigo de Saturno, pois o seu calor tempera a natureza fria do planeta, mas que Saturno não lhe retribui a amizade nos mesmos termos, pois a sua natureza fria e escura é muito contrária ao calor e luminosidade do Sol. Aliás, estes planetas estão naturalmente opostos no Zodíaco, tanto nas regências (Leão-Aquário) como nas exaltações (Carneiro-Balança).

Como facilmente se deduz, os planetas amigos reforçam-se mutuamente. Se entre eles houver um aspecto fluido (sextil ou trígono), o reforço será mais notório; se o aspecto for tenso (quadratura ou oposição) este reforço será menor. No caso de planetas inimigos, a diferença das suas naturezas prevalece, criando uma certa divisão. Se o aspecto for tenso a inimizade reforça-se; se for fluido, mantém a natureza facilitadora, embora a inimizade entre os planetas se mantenha. Como é óbvio, a compatibilidade entre os planetas é especialmente evidente no caso da conjunção.

Por exemplo, aspectos entre Saturno e Vênus representam sempre fatores difíceis de conciliar, independentemente do tipo de aspecto. Mesmo um trígono entre estes planetas fica tingido de uma insatisfação melancólica, que está presente mesmo em situações de harmonia.


Um guia para as combinações planetárias

Apresentamos em seguida algumas indicações gerais das diversas combinações planetárias para servir de guia ao estudante. Estas referem-se a horóscopos natais, mas recordamos que as mesmas combinações podem, noutros contextos, descrever eventos ou até alterações do clima, em vez de traços de personalidade.

A Lua representa a componente emocional do ser humano, os “humores”, os hábitos e os instintos. Por ser a mais rápida, é também a mais receptiva. Quando aspecta um planeta, é fortemente “tingida” pelas suas qualidades. Em contrapartida, por ser um luminar, intensifica e potência os planetas que toca por aspecto.

A combinação da Lua com Mercúrio estimula a percepção e a agilidade mental, favorecendo a comunicação, a aprendizagem e a memória; estas qualidades podem manifestar-se de forma mais ou menos estável, dependendo do tipo de aspecto envolvido.

Com Vênus, indica sensibilidade estética e emocional, por vezes com propensão artística; está associada a uma certa “leveza” e futilidade, nalguns casos acompanhada de preguiça, auto-indulgência e um certo desleixo.

Com Marte, sugere um comportamento temperamental, susceptibilidade, irritabilidade e agressividade; quando há uma ligação fluente, a tensão referida é canalizada para ações construtivas, embora a agitação se mantenha.

Com o Sol, a Lua tem uma relação especial. O contacto entre os dois luminares gera sempre uma configuração poderosa que se manifesta através das fases da Lua, no ciclo de lunação. Este tema será abordado mais adiante.

Com Júpiter, confere uma faceta otimista e expansiva, com uma boa dose de autoconfiança; pode haver tendência ao exagero e às expectativas irrealistas, particularmente no campo emocional.

Com Saturno, gera contenção emocional, pois a natureza rígida deste planeta faz diminuir a adaptabilidade da Lua. A livre expressão de emoções e necessidades é dificultada pela defensividade e por um certo pessimismo. Numa vertente mais positiva, confere pragmatismo, auto-suficiência e realismo, defendendo o indivíduo de desencantos emocionais.

Mercúrio está ligado à comunicação e ao pensamento. Tal como a Lua, é muito rápido, sendo portanto facilmente “colorido” pelos planetas que contacta. A sua natureza neutra contribui para facilitar este processo.

Com Vênus pode apenas formar conjunções ou sextis, porque estes planetas nunca se afastam mais de 76° entre si. A combinação das suas naturezas gera uma comunicação agradável, simpática e afável, mas também pouco profunda.

Com o Sol, Mercúrio tem uma relação especial. Como estes astros nunca se afastam mais de um signo, nunca formam aspectos para além da conjunção. A proximidade ao Sol torna Mercúrio subjetivo e demasiado centrado na sua própria percepção; um maior afastamento corresponde a uma maior objectividade.

Com Marte gera acutilância, língua afiada e uma tendência fortemente argumentativa. Os aspectos harmoniosos representam capacidade de persuasão e afirmação através da palavra, enquanto nos tensos há tendência a discussões e confrontos.

Com Júpiter produz otimismo e magnanimidade na comunicação, mas também pode indicar um certo grau de exagero, gabarolice ou mesmo mentira.

Com Saturno traz inseguranças intelectuais e possíveis dificuldades na aprendizagem, mas também confere profundidade ao pensamento e propensão ao estudo. A mente é sóbria e analítica.

Vênus representa a expressão afetiva, os gostos pessoais e a expressão do prazer. Quando em aspecto, Vênus empresta a sua natureza suave e conciliadora aos outros planetas.

Com o Sol, Vênus forma apenas conjunções, pois há uma grande proximidade entre estes astros. Em casos especiais, pode formar um sextil, mas trata-se sempre de um aspecto fraco, que nunca chega a aperfeiçoar-se, tendo portanto pouca relevância no horóscopo. A proximidade ao Sol confere uma expressão agradável ao indivíduo, mas também retira muito da natural receptividade a Vênus, tornando-a menos empática.

Com Marte gera uma natureza passional, impetuosa e com necessidade de conquista afetiva. listes contatos têm uma tonalidade sedutora ou mesmo sexual. No seu melhor, produzem encanto e uma mistura de charme e ousadia; no seu pior, trazem à tona a competitividade, uma certa rudeza nos relacionamentos e possíveis manifestações de ciúme.

Com Júpiter confere dignidade, otimismo e autoconfiança, que se traduzem por sorte. As qualidades de generosidade, honestidade e companheirismo estão patentes nesta combinação, embora os aspectos tensos lhes acrescentem instabilidade e tendência à auto-indulgência.

Com Saturno traz à expressão afetiva um certo grau de melancolia e seriedade. Estas características podem manifestar-se como sobriedade e reserva emocional, ou sob a forma de inibições afetivas e dificuldades relacionais.

O Sol representa a afirmação e a autoridade. Quando em aspecto como os planetas confere-lhes a sua energia, poder e vitalidade. No entanto, a conjunção com Sol ofusca os planetas e “queima” as suas qualidades. Esta condição designa-se combustão e será abordada mais adiante.

Com Marte confere coragem, ousadia, grande afirmação pessoal, liderança natural, combatividade; no seu pior pode manifestar-se como brutalidade, arrogância e falta de piedade.

Com Júpiter produz magnanimidade, porte real, autoconfiança e generosidade, mas que nos aspectos tensos surge tingida por uma certa altivez e soberba.

Com Saturno indica seriedade e responsabilidade, mas com aspectos difíceis sugere dificuldade em lidar com a autoridade, pessimismo e falta de confiança.

Marte significa a luta, a agressividade e a conquista. Confere aos planetas que o aspectam um caráter colérico e agressivo, mas também pode adicionar ousadia, coragem, atividade. Tudo depende do tipo de aspecto e da própria condição de Marte no horóscopo.

Com Júpiter produz uma natureza ousada, aventureira e otimista, mas que pode ser tingida por laivos de irresponsabilidade e exagero. Assim, a defesa de ideais e opiniões, típica desta combinação, pode tornar-se demasiado acalorada, impositiva e doutrinária.

Com Saturno indica ação rigorosa, estratégica, calculada, mas também dificuldades de afirmação e uma certa vergonha; em casos extremos há crueldade, covardia e comportamento vingativo.

Júpiter representa a fé, honra e a temperança. Conhecido como “o grande benéfico”, Júpiter confere temperança e otimismo aos planetas com que contacta. Quando debilitado, pode também transmitir soberba e fanfarronice.

Os aspectos Júpiter-Saturno são principalmente estudados no contexto da Astrologia Mundana, pois estão ligados a ciclos de vinte anos e têm um impacto de carácter “geracional”.

Numa natividade estes aspectos estão ligados à capacidade de se relacionar com as estruturas sociais e podem ser encarados como sinal de honras. Os aspectos fluidos estão relacionados com uma boa relação com a ordem e as leis. Aspectos tensos indicam dificuldades de inserção na ordem social, devido a escolhas “contra-corrente”.

Saturno recebe ligações de todos os outros planetas mas, devido à sua lentidão, raramente se aplica aos outros. Surge, portanto, como um elemento de peso, travagem e impedimento. Representa os obstáculos e medos que impedem a ação.

Contactos de Saturno aos outros planetas são sempre tingidos de seriedade, contenção e rigor. O seu lado mais positivo confere perseverança, responsabilidade, pragmatismo, resistência e sentido de dever.


Significado particular no contexto do mapa

Este é o mais importante de todos os fatores e a chave para uma boa interpretação.

Não obstante as indicações gerais já mencionadas, a compreensão dos aspectos só está completa quando se conhece o papel dos planetas envolvidos no contexto do mapa.

Desta forma, um aspecto só deve ser interpretado após discernir:

- A função dos planetas no horóscopo (suas significações e que Casas regem) - para além da significação natural do planeta, há outros fatores a tomar em consideração. A Casa onde o planeta se encontra indica a área de vida onde a ação se manifesta; as Casas regidas pelo planeta revelam assuntos subjacentes a essa manifestação.

- A força do planeta para executar a sua função (dignidade e debilidade) - o estado essencial do planeta pode alterar significativamente o resultado final de um aspecto. Os planetas dignificados agem de forma mais estruturada, contribuindo com a sua força e estabilidade, enquanto os debilitados agem de forma descontínua, transmitindo a sua instabilidade a qualquer aspecto.

Estas considerações, quando bem entendidas e aplicadas, permitem ir além das interpretações vagas, parciais e descontextualizadas, típicas dos chamados “livros de receitas”.

Vejamos, por exemplo, a oposição Lua-Mercúrio no horóscopo de D. Sebastião.

Neste caso não basta dizer que os estados de humor (Lua) interferem (oposição) com a comunicação e o entendimento (Mercúrio). Embora correta, esta interpretação é insuficiente. Há que inseri-la no contexto geral do mapa para revelar níveis mais profundos de interpretação.

Mercúrio está no signo de Aquário, indicando curiosidade natural e mente vivaz. A estas qualidades somam-se a forte afirmação de Marte e a radiância do Sol, que fazem conjunção a Mercúrio, contribuindo para formar uma mente viva, acutilante e extremamente afirmativa, que se expressa de forma teimosa, pois Aquário é um signo fixo.

A Lua em Leão sugere uma expressão de emoções e humores muito intensa e afirmativa, que se manifesta sobretudo nos relacionamentos com os outros (Casa VII).

Desta forma, o contato entre a Lua e Mercúrio reflete um comportamento argumentativo e brusco (oposição), marcado por uma assertividade acutilante (tripla conjunção) mas tingido por inseguranças em relação ao reconhecimento por parte dos outros (Lua em Leão). Como a oposição ocorre entre a Casa I e a Casa VII, cria dificuldades nos relacionamentos deste rei, muitas vezes descrito como de temperamento colérico e difícil.

Como vemos, os aspectos oferecem um campo de interpretação muito vasto se forem colocados no contexto do mapa.

Interpretemos do mesmo modo o sextil Vênus-Saturno.

Esta combinação não é naturalmente fácil; são planetas “inimigos”, com naturezas incompatíveis: Saturno é um planeta Frio e Seco, enquanto Vénus é Quente e Úmido. Saturno, mais lento, impõe a Vênus a sua frieza e secura, conferindo sobriedade à sua expressão afetiva e refreando-lhe a natural sensibilidade. Como estão ligados por um sextil, a interação está um pouco mais facilitada, embora continue a ser difícil por natureza.

Vênus está em Capricórnio, indicando uma expressão afetiva contida e pragmática, e Saturno está em Peixes, acrescentando um certo grau de retração sentimental. A afetividade é contida e sóbria, com laivos de melancolia, tingida por sentimentos de piedade, sacrifício e sofrimento. Para este rei, as ligações afetivas estavam associadas ao rigor e à contenção.

Podemos ver que o resultado final é sempre determinado pelos planetas, embora a natureza do aspecto defina a forma como estes se combinam.

Para além dos significados genéricos dos planetas, que acabamos de considerar, vejamos agora o contexto geral do mapa.

Neste horóscopo, Saturno é regente do Ascendente e está na Casa I, pelo que define em grande medida as motivações do rei. Vênus é regente da Casa IX, associada à religiosidade e fé, e está posicionada na Casa XI, dos amigos e aliados. D. Sebastião tinha como aliados pessoas de fortes convições religiosas (regente da IX na XI), que contribuíam grandemente para as suas motivações pessoais (sextil a Saturno, regente do Ascendente).

Acabamos de ver um aspecto fluido entre planetas de naturezas incompatíveis. Vejamos agora no mesmo mapa o exemplo oposto: um aspecto tenso entre planetas “amigos”, de naturezas compatíveis.

Na quadratura Vênus-Júpiter os planetas estão posicionados em signos de rigor e protocolo (Capricórnio, signo regido por Saturno, e Balança, sua exaltação) pelo que a sua expressão será necessariamente sóbria e contida. Trata-se, no entanto, de uma quadratura, o que gera descoordenação entre a pragmática Vênus em Capricórnio e as expectativas idealistas de Júpiter em Balança.

Como Júpiter rege o MC (objetivos de vida, carreira, poder) esta configuração tem impacto direto nas ambições do rei. Vênus rege a Casa IX (ideais) e está posicionada na XI (aliados) pelo que as convições do rei a as suas escolhas de aliados interferiram na sua “carreira”. Por ser uma quadratura, causou instabilidade e perturbou grandemente o seu reinado. Como se sabe, D. Sebastião foi mal aconselhado, acabando por lançar-se na desastrosa campanha de Alcácer-Quibir, onde perdeu a vida.


Interpretação de aspectos a elementos não-planetários

Para interpretar um aspecto entre um planeta e um ponto não-planetário há que adicionar a qualidade do planeta à significação do ponto em questão. O planeta contribui com a sua qualidade (natural e acidental) e o ponto não-planetário recebe-a. Por exemplo, um Saturno dignificado em aspecto ao Ascendente adiciona à expressão pessoal uma nota de sobriedade e ponderação, ao passo que um Saturno debilitado confere-lhe uma tonalidade mais agreste e desconfiada.

Por outro lado, a própria natureza do aspecto condiciona o contributo do planeta: se o aspecto for fluido, o planeta adiciona com facilidade a sua natureza à significação do ponto; se for tenso, o planeta manifesta-se de forma menos estável. Por exemplo, Saturno dignificado em trígono ao Ascendente indica que a sobriedade e ponderação já mencionadas são expressas de forma constante e natural; contudo, se o mesmo Saturno dignificado estiver em quadratura ao Ascendente, estas qualidades tornam-se mais inconstantes, chegando até a prejudicar a expressão do indivíduo.

Vejamos agora um exemplo prático da combinação dos dois factores - qualidade do planeta e natureza do aspecto. Tanto o mapa de Friedrich Nietzsche como o de Johannes Kepler apresentam um aspecto entre Júpiter, dignificado em Peixes, e o Ascendente. No entanto, no mapa de Nietzsche o aspecto é um trígono, enquanto no de Kepler é uma quadratura. Em ambos os casos, a expressão pessoal é tingida pelas qualidades de justiça e liberalidade, embora no caso de Kepler estas qualidades tenham uma expressão mais errática, por se tratar de uma quadratura.

Natividade de Johannes Kepler


Os Antiscia

Definição

Para além dos aspectos, existem outros tipos de interação entre signos, dos quais o mais conhecido e utilizado é o dos antiscia.

Antiscia (no singular antiscion) é um termo de origem grega que quer dizer “sombra” ou “reflexo”. Diz-se que dois pontos zodiacais estão em antiscion quando ocupam posições equidistantes do Equador Celeste. Isto acontece quando estão à mesma distância dos pontos dos Solstícios, o eixo Caranguejo - Capricórnio.

Os anticia

Os planetas situados no signo de Caranguejo têm os seus “pontos reflexos” em Gêmeos e vice-versa.

Da mesma forma, os antiscia ligam os pares Leão-Touro, Virgem--Carneiro, Balança-Peixes, Escorpião-Aquário e Sagitário-Capricórnio.

Os antiscia são também denominados “graus de dias iguais” porque quando o Sol transita em graus que estão em antiscion verifica-se que a duração do dia é idêntica nessas duas épocas do ano. Ou seja, os graus em antiscion são pontos do Zodíaco em que a quantidade de luz distribuída pelo Sol ao longo do dia é idêntica.


Cálculo dos antiscia

A relação de espelho estabelece correspondência não apenas entre signos mas também entre os graus e os minutos de cada signo. Assim, um planeta situado no primeiro grau de um signo terá o seu antiscion no último grau do signo reflexo. Por exemplo, 1º de Virgem tem antiscion a 29° de Carneiro. O mesmo acontece com todos os outros graus: o grau 2 de Virgem corresponde ao grau 28 de Carneiro, o grau 3 ao 27 e assim sucessivamente.

Os minutos são refletidos de forma idêntica: 00°01’ de um signo tem antiscion a 29°59’ do signo reflexo, 00°02’ tem antiscion a 29°58’, 00°03’ a 29°57’ e assim sucessivamente.

Para obter o grau de antiscion basta subtrair a 30° os graus e minutos correspondentes à posição do planeta.

Por exemplo, para obter o antiscion de Vênus a 8°20’ de Escorpião há que:

1. Encontrar o signo reflexo; no caso de Escorpião é Aquário.

2. Subtrair o valor do grau a 30°; subtrair o valor do minuto a 60’; para subtrair 08°20’ a 30°00’ há que converter um grau em minutos; assim, 30°00’ tornam-se 29°60\ Faz-se então a sutracção: 29°60’ - 8°20’ = 21°40\

Vemos assim que Vênus a 8°20’ de Escorpião projeta o seu antiscion a 22°40’ de Aquário.

Exemplo: antiscion de Vênus

Também se pode fazer a conversão recorrendo a tabelas, como as que aqui apresentamos.

Tabela de antiscia dos graus e minutos

O ponto oposto ao antiscion é denominado contra-antiscion. Por exemplo, Vênus a 8°20’ de Escorpião projeta o seu antiscion a 21°40’ de Aquário, como já referimos, pelo que o seu contra-antiscion está no grau oposto, a 21°40’ de Leão.

Contra-antiscion

Nota: o contra-antiscion pode também ser considerado uma projeção ao longo do eixo 0º Carneiro - 0º Balança.

Em termos práticos, os antiscia e contra-antiscia só são considerados se houver planetas ou outros fatores do horóscopo a ativar aquele ponto. São encarados como complementos à interpretação, pelo que não são interpretados por si mesmos.

Por exemplo, tomemos Marte a 19° de Carneiro e a Lua a 10" de Virgem. Marte projeta o seu antiscion para I I" de Virgem e a Lua projeta o seu para 20" de Carneiro. Logo, Marte e Lua estão em antiscion. Isto significa que a Lua vai adquirir tonalidades marciais e que Marte vai adquirir uma maior volatilidade, característica da Lua.

Tal como numa conjunção, os antiscia fundem as qualidades de dois planetas. A principal diferença no caso do antiscion é a possibilidade de combinar Casas e signos muito diferentes, o que não acontece na conjunção. Desta forma, podemos considerar o antiscion menos intenso mas mais complexo que a conjunção.

Quanto aos contra-antiscia, são interpretados como uma espécie de oposição. Se tomarmos o exemplo anterior, Marte a 19° de Carneiro teria o seu contra-antiscion a 11° de Peixes; se Mercúrio estiver a 12° de Peixes, está em contra-antiscion com Marte, o que se traduz numa certa irritabilidade na comunicação.

Nota: como os antiscia são reflexos, sem existência física, nunca se interpretam os aspectos de sextil, quadratura ou trígono a estes pontos. Considerar tal coisa seria um absurdo. Os únicos que contam são a conjunção e a oposição, pelas razões que acima apresentamos.

Exemplos de antiscia e contra-antiscia

Contudo, a existência do antiscion, que é praticamente exato, vem reforçar a ligação entre os planetas. O antiscion Mercúrio-Júpiter liga a mente objetiva (Mercúrio em Balança) e uma forte componente idealista e devocional (Júpiter em Peixes) - uma combinação contrastante, que está bem espelhada na sua obra. Note-se que o envolvimento de Marte nesta configuração (conjunto a Mercúrio e oposto a Júpiter) contribui para o tom crítico e belicoso, tão característico deste autor.

Natividade de Friedrich Nietzsche

O segundo caso de antiscia envolve Saturno a 0º de Aquário e o Ascendente a 29° de Escorpião. A expressão pessoal (Ascendente) fica assim colorida por uma forte tonalidade saturnina, que se manifestou nas graves tendências depressivas que condicionaram toda a sua vida.

Nota: os antiscia que apresentamos como exemplo estão associados a aspectos (o primeiro corresponde a uma oposição fraca e o segundo a um sextil dissociado). No entanto, um antiscion não tem necessariamente de corresponder a um aspecto. A interpretação dos antiscia é válida por si mesma e é independente dos aspectos.

Outras relações entre signos

Para além dos antiscia, existem outras relações não-aspectuais entre os signos, apresentadas na Tradição como referências pontuais, aplicadas a contextos muito específicos.

O exemplo mais conhecido é a relação de comando e obediência entre os signos. Segundo Ptolomeu, os signos de Carneiro, Touro, Gémeos, Caranguejo, Leão e Virgem são os que comandam, porque quando o Sol está neles o dia é mais longo que a noite, pois correspondem aos meses de Primavera e Verão. Em complemento, os signos que obedecem são Balança, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, que correspondem aos meses de Outono e Inverno, pois quando o Sol está neles as noites são mais longas que os dias.

Signos que comandam e signos que obedecem

Este tipo de atribuição serve para comparar o poder entre os signos. Por exemplo, podemos comparar a força relativa da Lua (sentimentos) e Mercúrio (razão) num mapa natal. Se Mercúrio está num signo de comando e a Lua num de obediência, a razão tende a prevalecer sobre os sentimentos; na disposição inversa, os sentimentos sobrepõem-se facilmente à razão.

O mesmo tipo de raciocínio era seguido para outras considerações, como é o caso dos signos que se observam, os que se ouvem, etc. Juntamente com os antiscia, estes casos acrescentam novos dados ao estudo das relações entre os planetas, enriquecendo a interpretação do horóscopo.



Helena Avelar e Luis Ribeiro, in Tratado das Esferas. Editora Pergaminho. Cascais, Portugal, 2007.

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