sábado, 29 de julho de 2017

Os Filhos na Astrologia Medieval, por Paulo Alexandre Silva

Século XXI ano de 2005, controle da natalidade difundido em diversas partes do mundo através de métodos contraceptivos, fertilização in vitro aplicada amplamente gerando crianças saudáveis e realizando o sonho de muitas famílias, terapias diversas visando tanto a concepção como a contracepção. Dentro desta realidade o que a Astrologia Medieval nos pode oferecer, através da interpretação do mapa natal, em relação à previsão da existência ou não de filhos na vida de um indivíduo?

Os astrólogos medievais utilizavam diversos elementos para avaliar se o mapa indicava ou não a existência de filhos [Não são considerados filhos adoptados ou enteados] e, através da análise desses elementos, realizavam o julgamento correspondente. Observamos na literatura referências gerais a “uma grande quantidade de filhos”, “muitos filhos”, “pequena quantidade de filhos” e “nenhum filho”, de forma que este parece ter sido, e ainda é, o objectivo principal destas interpretações.

Ao aplicarmos estas técnicas medievais devemos ainda ter em mente as diferenças sócio-culturais actuais. Sociedades, grupos, culturas, povos, países, ou mesmo regiões diferentes dentro de um mesmo país com grande extensão territorial, interpretam termos genéricos como os acima de formas diferentes. A tendência nos grandes centros nas últimas décadas tem sido a progressiva diminuição no número de filhos. O que na época medieval era considerado um pequeno número de filhos pode ser um grande número nos dias actuais para determinadas famílias.

Os Significadores

Para os antigos mestres medievais, os filhos são avaliados pela existência de planetas ou de determinadas Partes Árabes em locais específicos da Natividade, as casas 1, 11, 10, 7 e 5. Alguns autores adicionam a casa 4 às mencionadas anteriormente. Todos os planetas participam como significadores. Júpiter, Vénus e Lua propiciam filhos. Marte Saturno e Sol dificultam a existência de filhos ou indicam um pequeno número deles. Mercúrio varia de acordo com a relação que possui com outros significadores. Além dos planetas, devem ser analisados outros pontos como a Parte da Fortuna  (pars fortunae), a Parte dos Filhos (pars filiorum), seus regentes, o regente da triplicidade de Júpiter e o regente da casa 5.

Os signos nos quais encontramos os significadores devem ser interpretados de acordo com sua classificação em: muito férteis (Caranguejo, Escorpião e Peixes), moderadamente férteis (Touro, Balança, Sagitário e Aquário), pouco férteis (Carneiro e Capricórnio) e estéreis (Gémeos, Leão e Virgem), já que podem modificar as qualidades intrínsecas dos significadores. Júpiter, que é essencialmente um planeta significador de filhos, se posicionado num signo estéril passa a ser um impedimento. Saturno, um planeta que dificulta os filhos, se posicionado num signo muito fértil, em casas adequadas e bem aspectado pelos seus regentes ou por outros significadores pode possibilitar filhos.

Significadores dignificados, principalmente Júpiter e Vénus, em signos férteis, em casas que indicam a existência de filhos, bem aspectados por benéficos e livres de impedimentos propiciam muitos filhos. Significadores em detrimento ou queda, impedidos ou aflitos por maléficos, diminuem a quantidade de filhos.

(Ver exemplos)

Conclusão

Embora muitos séculos nos separem da vida e dos costumes da época medieval, as obras dos antigos mestres oferecem um material rico e abrangente para este género específico de interpretações. Ao contrário do que possa parecer, a adição de significadores aos tradicionalmente usados nos dias actuais, como casa 5 e seu regente, em lugar de dificultar a análise, amplia e refina a interpretação. A cautela mostrada pelos astrólogos medievais, que utilizavam termos genéricos nos seus julgamentos, deve também nortear nossos passos. As profundas modificações nas áreas da concepção e da contracepção nos dias actuais fazem com que seja prudente não quantificarmos os filhos muito rigidamente. Da mesma forma, ao nos depararmos com mapas, como o de Wallis Simpson, de indivíduos jovens em idade fértil e manifestando desejo de gerar filhos, será mais conveniente efectuarmos uma interpretação de “muito poucos” ao invés de ceifar suas esperanças com o julgamento de “nenhum filho”.  É a aplicação prática dos ensinamentos de Lilly que nos orienta a associar “Art with discretion”.


Paulo Alexandre da silva
http://www.astrologiamedieval.com/Filhos.htm

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