domingo, 30 de abril de 2017

Sobre o livre-arbítrio, por Marcos Monteiro

(...) O terceiro risco é negar o livre-arbítrio. A ênfase não é no poder do astro, é na falta de capacidade da pessoa de resistir. O interessante é que, embora negar o livre-arbítrio seja um pecado grave (porque aí a salvação e a condenação não seriam frutos das nossas ações, mas do destino inescapável), negar o livre-arbítrio por causa da astrologia é, antes disso, burrice grave. Se, como vimos antes, os astros não têm influência nenhuma (são apenas símbolos), a discussão não cabe aqui. Se não há livre-arbítrio, a culpa não é do céu; eles são, no máximo, escravos junto conosco.

Este erro (que eu chamo de antropológico) merece uma explicação um pouco maior. Algumas coisas mostradas pelo céu são, sim, irreversíveis (o astrólogo pode errar, mas, se não houver erro de interpretação, a coisa mostrada vai acontecer). Isso não acontece porque os astros determinaram, mas porque a natureza da realidade é assim. Se a previsão for de um terremoto, ou de um temporal, não há muito o que se possa fazer para impedir o evento.

Outras coisas podem ser revertidas, mas com muita dificuldade. Previsões de morte de pessoas ou animais doentes; derrota em eleições, ações em tribunais, resultados de jogos de futebol. Estamos lidando com coisas que admitem intervenção, mas limitada.

Por último, algumas podem ser evitadas, até com facilidade, mas não são. O exemplo mais comum são previsões amorosas. O ser humano tem o livre-arbítrio que, por definição, pode ser abandonado. Ele sempre envolve a frustração de um desejo: escolher entre carne e peixe pelo sabor não é usar o livre-arbítrio, mas consultar o estômago. Esses desejos podem (por serem disposições psicológicas, influenciáveis pelo exterior, por mudanças biológicas) ser identificados pela astrologia e mostrar um desfecho provável que, em grande parte das vezes, é o que acontece, mesmo quando a pessoa consulta um astrólogo e é avisada dos detalhes da situação.

Uma característica importante do ser humano é que ele tem livre-arbítrio, mas que não o usa com freqüência. Uma característica importante da astrologia é que ela pode descrever o estado de coisas, inclusive as disposições internas da pessoa; e que este estado vai se comportar de forma previsível, de acordo com a sua natureza, se a pessoa não resolver ativamente resistir.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 27-8.
Há a idolatria direta aos astros (rezar para Júpiter, dar oferendas a Vênus, pedir aos planetas que resolvam seus problemas, etc.) e há a idolatria indireta: culpar as influências dos astros pelos nossos erros ("Mercúrio me fez chegar atrasado"; "Eu queria ser fiel, mas a Vênus peregrina do meu mapa não me deixa"; ou "Como é que posso ser calmo tendo esse Marte?"). O erro aqui é dar poder, autonomia, aos planetas, como se fossem deuses. Pode parecer que pouca gente os idolatra diretamente, mas a astrolatria indireta é comum, até mesmo hoje em dia: por exemplo, muita gente procura consultas natais ou horárias com uma vaga esperança de que "os astros" possam melhorar a sua vida; ou tentam fazer algo para aplacar a influência nefasta de um planeta sobre alguma coisa. Os planetas são símbolos, as limitações e vantagens mostradas no mapa estão na situação que ele representa. É mais fácil, em alguns casos, dizer "o planeta X influencia a aparência", ou "esse aspecto garante que o evento vá acontecer", mas isso tudo são figuras de linguagem. Eles só simbolizam, não influenciam.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 26-7.

Uma nota sobre as outras astrologias, por Marcos Monteiro

Eu recomendo, no meu curso, que os alunos se afastem, pelo menos no início dos estudos, das outras astrologias.

Pelo que escrevi até agora, é fácil entender porque não aconselho o estudo da astrologia moderna; só que também não aconselho que se estude a astrologia indiana, ou chinesa.

Aqui, o problema não é que elas não funcionem, ou façam mal; é o contrário. Elas funcionam muito bem... dentro do conjunto cultural, filosófico e religioso no qual nasceram.

É possível estudar astrologia indiana e aprendê-la.

É mais fácil se você tiver sido educado na Índia, seguir o dharma e estiver familiarizado com a cultura, com os textos religiosos e com o pensamento hindu.

É mais difícil se você for um ocidental que se interesse bastante por tudo o que mencionei acima, mas é possível.

É muito mais difícil se você só quiser aprender a astrologia indiana, sem vontade de se inteirar na cultura e na visão de mundo hindu, mas ainda é, imagino, possível.

É muito mais difícil ainda se você quiser aprender duas astrologias, principalmente ao mesmo tempo. São duas visões de mundo diferentes. Do conceito de alma à noção de Zodíaco, a pessoa tem que ficar mudando o sistema de coordenadas mental conforme muda de astrologia.

Por fim, não é possível fazer uma mistura das duas. Pelo menos, misturar as duas de forma produtiva.

Acontece a mesma coisa com a religião. É possível ser um bom cristão, é possível ser um bom muçulmano, é possível ser um bom budista. O sujeito que tentar ser as três coisas ao mesmo tempo vai ficar louco.

É claro que, como a astrologia está num nível diferente da religião, as coisas não são tão drásticas; não é impossível que alguém seja bom em duas, ou mesmo três, astrologias diferentes, só acho que o esforço mental aumenta demais para um ganho pequeno.

Se elas funcionam, basta aprender uma direito. Se elas não funcionam, não adianta aprender nenhuma.

Os sistemas astrológicos são orgânicos. Qualquer coisa para ser inserida neles deve se harmonizar com que já existe. Isso já aconteceu na astrologia ocidental diversas vezes; mas uma coisa é um aporte externo que se harmoniza com o sistema, outro é usar algo externo, com base num sistema diferente, e para o qual o seu próprio sistema tem algo que funciona perfeitamente bem.

Além disso, muita coisa do que se vende como "astrologia védica", ou "hindu", e "astrologia chinesa" é só uma salada moderna com alguns temperos exóticos. Não é a opção mais inteligente para quem quer fugir do ocidente.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 13-5.

O que é astrologia? por Marcos Monteiro

Até aqui, falei de astrologia sem defini-la. Todo mundo tem alguma idéia, mesmo que vaga ou errada, do que seja astrologia, o que torna mais fácil primeiro tirar do caminho o que ela não é; mas agora preciso dizer o que ela e.

Definir astrologia é algo relativamente simples, desde que algumas outras coisas estejam claras. Então, vamos iluminá-las.

1) Céu: uma grande esfera, azul-clara de dia e escura com diversos pontos brilhantes de noite, da qual vemos sempre no máximo metade. Ou seja, o céu visível.

"Ah, mas isso é uma ilusão, essa esfera não existe de verdade".

Claro que existe. Eu não disse que ela é um corpo físico. O que vemos (ou, no caso de quem mora em grandes cidades, intuímos) é isso; sua origem — ou existência — fisica não importa agora.

2) Corpos celestes: estrelas visíveis, planetas, o Sol e a Lua (sobre as nuvens, aviões, etc:, veja abaixo).

3) Eventos terrestres: qualquer coisa que ocorra no mundo, que não seja no céu (pássaros e morcegos, neste sentido, são terrestres; o clima não é céu, muito menos as nuvens; quem mora em locais montanhosos sabe disso, porque há lugares de onde se podem ver as nuvens abaixo de nós. Os objetos feitos pelo homem também não são celestes. Podemos entrar e sair de aviões, que foram feitos aqui e pousam na terra. Eles não estão no céu que definimos acima e pertencem aos eventos terrestres).

Ascensão e queda de impérios, dinastias, países, guerras, chuvas, terremotos, nascimento, desenvolvimento e morte de organismos, emoções, sensações, atos humanos, comportamento de máquinas, acidentes, casamentos, divórcios, etc. Tudo isso são eventos terrestres.

Com esses conceitos, é fácil dar uma definição decente de astrologia:

Astrologia é: a arte (ou técnica) de observar os corpos celestes e suas relações entre si e com o céu e relacioná-los a eventos terrestres.

Ou seja, a astrologia é a arte ou técnica de estabelecer relações entre relações.

Isso é importante, porque não é enfatizado suficientemente nos textos astrológicos em geral.

Por exemplo, posso dizer que "o Sol é um símbolo do rei". Mas, na verdade, o que eu estou dizendo é que, entre outras relações possíveis, o Sol está para os outros planetas assim como o rei está para os seus súditos (ou seja, o Sol não é o símbolo do rei enquanto inimigo de outro rei, ou na relação dele com sua mãe, por exemplo).

O simbolismo astrológico é, na verdade, o simbolismo natural aplicado aos corpos celestes. Em alquimia, por exemplo, a relação entre os metais (derivada das suas qualidades sensíveis) é análoga à relação entre os planetas (podemos associar cada planeta a um metal).

Na verdade, o simbolismo como um todo (seja dos planetas, dos metais, das fases da vida, dos animais, etc.) é harmônico porque traduz a estrutura do real. Uma dada coisa (ou pessoa, ou país) não se comporta de forma marcial porque Marte "influencia" seu comportamento; mas porque há uma qualidade em ambos, coisa e planeta, que se evidencia no simbolismo associado a Marte (ou ao cabrito montês, ou ao ferro).

Ou seja, as relações entre os planetas, ou entre eles e o céu, expressam relações possíveis do real, e nos ajudam a descobrir estas relações nos eventos terrestres; falo sobre isso mais à frente.

O leitor vai notar que essa definição não fala em influências gravitacionais, nem em modificações da consciência coletiva, porque essas coisas não são astrologia.

Essas explicações pseudocientíficas, que requentam conceitos fisicos mal-entendidos, não devem ser levadas a sério. Não são tentativas de entender o fenômeno astrológico, mas de fornecer conforto psicológico a quem pratica astrologia, mas foi educado para acreditar que ela é bobagem.

Resumindo: neste livro vamos estudar as bases simbólicas da técnica que relaciona eventos visíveis no céu com eventos na terra, tomando por base a cosmologia ocidental cristã.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 12-3.

Interpretando Dignidades e Debilidades (3), por Clélia Romano

O que é preciso ter em mente é que qualquer planeta na carta se relaciona com o signo que rege: esta é uma chave de extrema importância para obter informações práticas e fazer uma delineação.

Além disso, devemos saber que um planeta pode, dependendo de seu estado zodiacal ou essencial:

1. Realizar algo
2. Negar algo
3. Destruir algo nem bem é produzido

Algo a lembrar também é que um maléfico em bom estado zodiacal vai produzir bons efeitos para aquela casa, mas ele jamais será um benéfico. Por exemplo, Marte na sétima casa, mesmo em Escorpião, seu domicílio e onde regozija, vai produzir um casamento, mas será um tipo de casamento onde a dominação e a competitividade própria do planeta sempre existirão. Trata-se do aspecto qualitativo de cada planeta, seu "esse" próprio: Saturno representa obstáculos e restrições, Marte contendas, Vênus prazer, Mercúrio troca de idéias, etc.

Imaginemos agora Saturno em Capricórnio ou Aquário na Sétima Casa: tanto quanto Marte em Escorpião ele vai produzir um casamento ou parceria, mas a parceria terá limitações, deveres, restrições, podendo ocorrer com pessoa mais velha, etc
.
O interessante é que se Marte ou Saturno estivessem debilitados na Sétima Casa, eles ainda poderiam realizar um casamento ou parceria, pois estariam angulares'`, mas o destruiriam depois.

Recapitulando, faz parte da essência de cada planeta possuir características que, quando manifestas, constituem o aspecto formal do planeta. Tais características sofrem modificações conforme o planeta esteja num signo ou em outro.

Quando o planeta está em seu próprio signo de regência ele manifesta o melhor de si, sua natureza fortalece-se nos aspectos benéficos e atenua-se nos aspectos maléficos. Em seu próprio signo, como um homem em sua própria casa, o planeta sente-se bem.

Quando estudarmos as casas, a essa delineação da condição essencial somaremos as dignidades terrestres ou acidentais do planeta.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 53. http://www.astrologiahumana.com/

sábado, 29 de abril de 2017

Astrologia Cristã, por Marcos Monteiro

A característica fundamental desta astrologia: ela é cristã.

Ela tem raízes e influências pré-cristãs, gregas, árabes e outras, mas é orientada pela visão de mundo cristã, assim como a nossa civilização, como eu disse acima.

Isso não quer dizer que astrólogos e estudantes de astrologia tenham que ser cristãos, da mesma forma que é possível viver dentro da civilização ocidental e ser ateu, ou ser praticante de outra religião, ou de nenhuma, como muitas pessoas fazem.

No entanto, o substrato comum a partir do qual a visão de mundo individual é construída é o conjunto dos valores da civilização ocidental, que são, no fundo, cristãos. Num exemplo grosseiro, mesmo a feitiçaria ocidental pressupõe a civilização (e a religião) cristã.

Esse arcabouço cristão está presente nos nossos valores, na base de como organizamos as coisas, e também está presente no simbolismo.

É importante salientar que não é um problema de valores morais, mas de antropologia e de cosmologia: o ocidente tinha uma ideia cristã do ser humano e do mundo, e a astrologia fincou raízes entre nós a partir dessas idéias.

A astrologia não é praticada no vácuo. Ela pressupõe uma visão de mundo, uma Tradição. A astrologia ocidental tradicional é tão cristã quanto a sociedade ocidental tradicional (e a deturpação moderna de uma se reflete na deturpação moderna da outra). O simbolismo astrológico brilha com um sentido muito mais claro quando se entende isso, quando se percebe em que ele se sustenta.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 11.

Interpretando Dignidades e Debilidades (2), por Clélia Romano

Ora, os autores Helenísticos consideram a queda uma debilidade mas já não valorizam o detrimento da mesma forma. Segundo sua visão, de acordo com Robert Schmidt, um planeta em detrimento não se enfraquece, mas exagera em suas qualidades. Planetas na casa oposta aquela que regem são considerados longe de casa.

Como alguns estrangeiros saudosos da pátria, exageram em seu sotaque para não perder a identidade. Muitas pessoas quando vivem longe de seu país são zelosas pela sua cultura e por aquilo que foi deixado para trás: alguns hábitos aos quais não davam valor quando estavam em seu próprio lar, passam a ser cultivados.

Tornar-se "mais monarquista que o rei" pode produzir um resultado perverso: se Saturno em Capricórnio é responsável, Saturno em Câncer é extremamente rígido. Se Vênus em Libra busca o amor, Vênus em Aries exagera em enfeites e pode tornar-se promíscua.

É possível que existam diferenças entre a debilidade de queda e o detrimento e que o detrimento traga um desvio mais de ordem quantitativo que qualitativo.

No entanto, tais conceitos necessitam maiores estudos. Enquanto isso, tratarei os dois casos como sendo uma debilidade e uma corrupção da qualidade do planeta, quer seja pelo exagero quer seja pela falta de oportunismo na ação.

É muito importante ter em mente o efeito da debilitação, por isso vamos dar mais um exemplo.

Saturno tem seu domicílio em Aquário. Se ele estiver nesse signo pressupõe-se que ele levará a efeito suas qualidades de aprendizagem, desde que Aquário é um signo aéreo e irá canalizar as profundezas da filosofia secreta.

Em Leão, porém, onde ele está em seu detrimento, Saturno não realiza esse efeito. Ele fica desejoso de brilhar e não consegue levar a efeito sua capacidade de análise e de aprendizagem solitária.

Tudo isso ficará muito mais claro diante de exemplos práticos, conforme veremos mais adiante.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 51-2. http://www.astrologiahumana.com/

Das doze casas do céu, e alguns nomes e termos de astrologias, por William Lilly

A esfera do céu é dividida pelo Meridiano e pelo Horizonte em quatro partes iguais, que são os quatro Quadrantes, e cada quadrante de novo em três partes, de acordo com outros círculos desenhados pelos pontos de secção dos mencionados Meridiano e Horizonte; de forma que o céu inteiro está dividido em doze partes iguais, a que os astrólogos chamam Casas ou Mansões, considerando o seu início a partir do Leste.

O primeiro quadrante é descrito do Leste para o meio-do-céu, ou da linha da primeira casa à linha da décima casa, e contém as casas doze, onze e dei e é chamado o quadrante oriental, vernal, masculino, sanguíneo e infante.

O segundo quadrante é da cúspide do meio-do-céu à cúspide da sétima casa, contendo as casas nove, oito e sete, e é chamado o quadrante meridiano, estival, feminino, juvenil e colérico.

O terceiro quadrante é da cúspide da casa sete à cúspide da casa quatro, contém a sexta, quinta e quarta casas, e é chamado ocidental, outonal, masculino, melancólico, adulto, frio e seco.

O quarto quadrante é da cúspide da quarta à cúspide da primeira casa, contém a terceira, segunda e primeira casas e é setentrional, feminino, da velhice, da natureza do inverno, fleumático.

A primeira, décima, sétima e quarta casas são chamadas angulares, as casas onze, dois, oito e cinco são chamadas sucedentes, a três, doze, nove e seis são cadentes; as angulares são as mais fortes, as sucedentes são as seguintes em virtude, as cadentes são pobres e pouco eficazes; as casas sucedentes seguem as angulares, as cadentes vêem a seguir às sucedentes; quanto à força e à virtude apresentam-se por esta ordem:

1 10 7 4 11 5 9 3 2 8 6 12

O significado disto é o seguinte, que havendo dois planetas igualmente dignificados, um no ascendente e o outro da décima casa, julgar-se-á que o planeta no ascendente terá mais poder para efetivar aquilo de que é significador do que aquele que está na décima; fazer da mesma maneira com o resto conforme a ordem em que se apresentam, lembrando que os planetas nos ângulos mostram mais fortemente os seus efeitos.

Quando mencionamos o regente do ascendente, ou significador do querente, ou coisa inquirida, queremos apenas dizer aquele planeta que é regente do signo que ascende, ou o regente do signo de cuja casa a coisa demandada é requerida; assim, se for da sétima casa, o regente do signo na cúspide descendente é o significador, e assim com o resto; mas sobre isto falarei nos julgamentos seguintes.

Co-significador é quando se encontra outro planeta em aspecto ou conjunção com aquele planeta que é o principal significador; o dito planeta terá maior ou menor significação, e ajudará ou não na efetivação da coisa desejada, e assim terá algo a ver com o julgamento, e deverá ser considerado; se for um planeta benéfico, denota o bem; se for uma infortuna, o contrário, viz. a destruição da coisa ou uma perturbação nela.

Almuten de qualquer casa é o planeta que tem mais dignidades no signo ascendente ou descendente sobre a cúspide de qualquer casa da qual se requer julgamento.

Almuten da figura é o planeta que em dignidades essenciais ou acidentais é o mais poderoso em todo o esquema do céu.

A Cabeça do Dragão é por vezes chamada: Anabibazon.
A Cauda do Dragão: Catabibazon.

A longitude de um planeta é a sua distância do começo de Áries, numerada de acordo com a sucessão dos signos, até ao lugar do planeta.

Latitude é a distância de um planeta da eclíptica, para Norte ou para Sul, em virtude da qual dizemos que um planeta tem latitude setentrional ou meridional conforme se afasta da eclíptica para Norte ou para Sul.

Só o Sol se move continuamente na eclíptica e nunca tem nenhuma latitude.

Declinação de um planeta é a sua distância do equador e, conforme ele declina dele para Norte ou Sul, assim a sua declinação é denominada Norte ou Sul.


William Lilly, in Astrologia Cristã, ebook, p. 47-9.

Sobre os Aspectos, por William Lilly

Quando dois planetas estão igualmente distantes um do outro sessenta graus, dizemos que eles estão em aspecto sextil.

Quando estão à distância de noventa graus um do outro, chamamos a esse aspecto um aspecto quartil.

Quando os planetas estão a cento e vinte graus de distância, dizemos que estão em aspecto trígono.

Quando dois planetas estão a cento e oitenta graus de distância, chamamos a esse aspecto uma oposição.

Quando dois planetas estão no mesmo grau e minuto de qualquer signo, dizemos que estão em conjunção.

Assim, se Saturno se encontrar no primeiro grau de Áries e a Lua ou qualquer outro planeta no primeiro grau de Gêmeos, dir-se-á que estão em aspecto sextil, pois estão à distância de sessenta graus um do outro, e este aspecto é sofrivelmente bom.

Se Saturno ou qualquer outro planeta estiver no primeiro grau de Áries e outro planeta estiver no primeiro grau de Câncer, deve-se dizer que estão em aspecto quartil, porque há noventa graus do zodíaco entre eles; este aspecto é de inimizade e não é bom.

Se Saturno estiver no primeiro grau de Áries e qualquer planeta estiver no primeiro grau de Leão, existindo assim a distância de cento e vinte graus, eles aspectam-se um ao outro com um trígono; e isto denota harmonia, concórdia e amizade.

Se se encontrar Saturno no primeiro grau de Áries, e qualquer planeta no primeiro grau de Libra, estando eles assim a cento e oitenta graus um do outro, diz-se que estão em oposição. É um mau aspecto; e deve-se ter o cuidado de saber quais são os signos que se opõem pois sem isso não se pode levantar uma figura.

Quando Saturno estiver no primeiro grau de Áries e qualquer planeta estiver no mesmo grau, diz-se então que estão em conjunção. E este aspecto é bom ou mau conforme a natureza da questão perguntada.

William Lilly, in Astrologia Cristã, ebook, p. 26-7.


Sobre os Signos, sua Longitude e os Aspectos, por William Lilly

Saiba-se que cada signo contém em longitude trinta graus, e cada grau sessenta minutos, etc. O começo é a partir de Áries e depois, por ordem, um signo atrás do outro, de forma que o zodíaco inteiro contém 360 graus; o segundo grau de Touro é o trigésimo segundo do zodíaco, o décimo de Touro é o quadragésimo, e assim por diante ao longo dos doze signos; contudo deve-se sempre contar os aspectos a partir do grau do zodíaco em que se encontra o planeta; assim, se Saturno estiver a dez graus de Gêmeos e eu quiser saber a que grau da eclíptica ele faz um sextil sinistro, calculando de Áries a dez de Gêmeos verifico que Saturno está no septuagésimo grau do zodíaco, de acordo com a sua longitude; se somar sessenta graus a setenta, perfazem cento e trinta, o que corresponde ao décimo grau do signo de Leão, ao qual Saturno lança o seu sextil, ou a qualquer planeta nesse grau.

William Lilly, in Astrologia Cristã, ebook, p. 26.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O número de planetas, signos, aspectos, com os seus vários nomes e símbolos., por William Lilly


William Lilly, in Astrologia Cristã, ebook, p. 25.

Precauções para jovens estudantes, por William Lilly

Em primeiro lugar, que seja muito exato no conhecimento de como usar as suas efemérides, e no levantar do esquema do céu para todas as horas do dia ou da noite, e em como reduzir os movimentos dos planetas para a sua hora quando houver necessidade, e no conhecimento distinto e imediato dos seus símbolos.

Em segundo lugar, desejaria que o estudante tivesse um conhecimento muito perfeito da natureza das casas, de forma a melhor descobrir a que casa pedir julgamento sobre a pergunta apresentada, não vá confundir uma coisa com a outra por falta de verdadeira compreensão.

Em terceiro lugar, gostaria que fosse capaz de determinar e de perceber bem as debilidades e fortalezas de todos os planetas, tanto essenciais como acidentais.

Em quarto lugar, deve ser perito na definição da natureza do significador, o que ele significa naturalmente e acidentalmente, e como variar a sua significação conforme houver necessidade.

Em quinto lugar, que perceba bem a natureza dos signos, as suas propriedades e qualidades, e que forma, feitio e condições são por eles naturalmente significadas, e o que resulta da presença física de um planeta em qualquer deles.

Em sexto lugar, que seja hábil quanto ao aspecto e à descrição que cada planeta designa e como variar o seu aspecto conforme estão colocados por signo e casa, ou aspectados pela Lua ou qualquer outro planeta.

Em sétimo lugar, deve ler frequentemente os termos da arte e tê-los frescos na sua memória, especialmente o vigésimo e o vigésimo primeiro capítulos do primeiro livro.

William Lilly, in Astrologia Cristã, Extraído do prefácio "Ao Leitor".

Astrologia Ocidental, por Marcos Monteiro

Todo povo de que já ouvi falar, desde nômades até construtores de impérios (por exemplo, os babilônios, os persas, os árabes, os indianos, os judeus, os chineses, os índios do Alto Xingu, os gregos antigos), teve algum tipo de astrologia.

Este livro não trata dessas astrologias todas. Nenhum livro seria capaz de falar delas com propriedade; nenhum escrito por mim, pelo menos. Vou falar da astrologia ocidental, a que foi praticada na civilização ocidental durante praticamente toda a sua existência (e a única que conheço o suficiente para achar que o leitor possa ganhar alguma coisa prestando atenção no que tenho a dizer).

Ela tem raízes babilônicas e egípcias, foi bastante influenciada pelos gregos, romanos e árabes, mas parece ter nascido (como algo distinto das outras astrologias) no início da era cristã, sofrendo desenvolvimentos e passando por épocas de florescimento e decadência, até o presente.

Ou seja, a história da astrologia ocidental espelha a história do ocidente cristão.

Há diferenças de técnica entre os babilônios e os gregos, entre os gregos e outros gregos, entre os astrólogos antigos e os medievais, entre os medievais dos diversos países, entre estes e os da(s) Renascença(s)... não há dois astrólogos que trabalhem exatamente igual um ao outro, assim como não há dois mecânicos que mexam exatamente da mesma forma em um carro.

Mas parece haver uma continuidade de princípios e da noção do que seja a arte, e mesmo da técnica em linhas gerais. Ou seja, ao longo desses dois milênios, os astrólogos parecem sempre estar falando sobre a mesma coisa e se referindo ao mesmo quadro geral. Além, é claro, de terem a mesma ideia sobre o que o seu oficio oferece ao público.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2013, pp. 10-1.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Interpretando Dignidades e Debilidades, por Clélia Romano

Dependendo de sua condição zodiacal ou essencial os planetas cumprem ou negam o que prometem.

Fazendo uma analogia com a vida mundana, um planeta em regência é como um rei, um planeta em exaltação é um conquistador, em triplicidade está entre amigos, em termo é dono de seu pedaço de terra, em decanato tem uma honraria pequena.

Quando o planeta está em seu próprio signo ou em suas dignidades ele cumpre o que promete. Por exemplo, Vênus em Touro ou Libra produz um laço físico importante que pode ser subjacente ao amor. Além disso, os assuntos regidos por Vênus se beneficiarão, produzindo o que for prometido.

Por exemplo, se Vênus estiver em Libra, como ela rege Touro, Touro se beneficiará. Digamos que o nativo tenha as finanças regidas por Vênus: isto significará boa fortuna em relação a elas.

Agora, vamos supor que Vênus esteja em Escorpião: nesse caso podemos esperar que o laço físico seja corrompido pela promiscuidade. E se o lado financeiro entrar na configuração isso pode representar um nativo que use o sexo para produzir posses materiais, tudo dependendo do contexto da carta.

Vamos agora supor que Marte esteja em Câncer. Ora, Câncer é um signo lunar, relacionado com o cuidado e a nutrição. Marte se exalta em Capricórnio, pois se coloca ao serviço de Saturno, o grande maléfico, logo combinam em seus objetivos. O que podemos esperar de Marte em Câncer? Marte quer destruir, mas ele se vê limitado pela necessidade de nutrir e cuidar. Como Marte poderá entrar numa briga, inclusive necessária, se ele estará preocupado em ferir ou ser ferido? Seu calor fica arrefecido pela frieza e umidade do signo. Comporta-se como uma fera acuada, que, quando em liberdade ataca de forma implacável e exagerada.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 51. http://www.astrologiahumana.com/

Sobre as Aplicações e Separações e os outros Poderes, por Ptolomeu

Em geral, aqueles que precedem são considerados como “se aplicando” a aqueles que se seguem, e aqueles que se seguem como “se separando” daqueles que precedem, quando o intervalo entre eles não é grande. Considera-se que uma relação como essa exista tanto se ocorrer uma conjunção corporal quanto se ocorrer um dos aspectos tradicionais, exceto que em relação às aplicações e separações corporais dos astros celestes é útil, também, observar suas latitudes, de modo que apenas aquelas passagens que forem do mesmo lado da eclíptica possam ser aceitas. No caso das aplicações e separações por aspecto, no entanto, essa prática é supérflua, porque todos os raios sempre caem de qualquer direção e convergem da mesma forma para o mesmo ponto, ou seja, para o centro da Terra. De tudo isto, então, é fácil ver que a qualidade de cada uma das estrelas deve ser examinada com relação tanto às suas próprias características quanto com relação aos signos que as incluem, ou do mesmo modo com relação à característica de seus aspectos com o sol e com os ângulos, da forma como explicamos. Seus poderes devem ser determinados, em primeiro lugar, do fato de que eles estejam orientais e aumentando seu próprio movimento – pois eles estão então mais poderosos – ou ocidentais e diminuindo em velocidade, pois então sua energia é menor. Em segundo lugar, deve ser determinada da sua posição relativa ao horizonte; pois elas estão mais poderosas quando estão no meio do céu ou se aproximando dele, e depois quando eles estão exatamente no horizonte ou no local sucedente, seu poder é maior quando eles estão no oriente, e menor quando eles culminam abaixo da terra ou estão em algum outro aspecto ao oriente; se eles não fizerem nenhum aspecto com o oriente, eles estão totalmente sem poder.
"Muitas vezes em que eu estava me sentindo de X maneira fui olhar meus trânsitos e interpretações diversas dizia o que eu estava sentido na hora."

Dizia porque você estava sentindo e não porque fazia você sentir. A Astrologia é simbólica. Os astros não influenciam. Não há, neste caso, uma relação de causa e efeito. Os antigos já sabiam disso. A ciência para ver causas e efeitos dos planetas e astros é outra, não é a Astrologia. Talvez a Astrofísica. O astrólogo Gilson Nunes postou um exemplo uma vez que ilustra bem isso. Vejamos uma questão de Astrologia Horária. Como bem se sabe, a Astrologia Horária responde a perguntas formuladas através da interpretação de um Mapa do momento da pergunta. Digamos que a pergunta seja "A fulaninha que eu namorava há 5 anos atrás me amava?". Então, o astrólogo que recebe a pergunta do querente interpreta o mapa do momento da pergunta e responde a questão. Responde sim ou não e diz o porquê. Agora, por acaso os astros estariam influenciando uma história de 5 anos atrás? Claro que não. Trata-se de uma leitura de símbolos representados no Mapa do Momento da pergunta. É assim também com Mapa Natal, com Trânsitos, Progressões ou Revoluções Solares. Sempre assim. A Astrologia é simbólica. Símbolos são símbolos, representam coisas mas não influenciam em nada. Mas o homem sábio atenta para os símbolos: como o motorista que vê a placa de rua avisando que há uma lombada e diminui a velocidade do veículo.
Não existem  influências advindas do céu que fazem a gente agir ou sentir coisas. Os astros não nos influenciam. O que vemos no céu são símbolos que nos permitem interpretar coisas que acontecem, aconteceram ou vão acontecer com a gente. Não existe uma ação física de causa e efeito dos astros sobre a gente.


Astrologia "Tradicional" ou "Moderna", por Marcos Monteiro

A astrologia que aprendi, a que estudo, pratico e tento ensinar, é chamada por grande parte dos astrólogos de astrologia "tradicional".

O motivo para esta nomenclatura está em haver, hoje, no ocidente, outros tipos de astrologia. Vamos ver rapidamente como esses outros tipos apareceram.

O fim do Renascimento (e o início da Idade Moderna) foi uma época bastante complicada para a astrologia ocidental. O número de praticantes diminuiu muito e o público passou a vê-la com descrédito cada vez maior. A arte que já havia sido usada por imperadores e papas (e que era considerada, à mesma época, sagrada em outras partes do mundo) passou a ser considerada como algo entre a superstição e o entretenimento de salão.

O que gerou este estado de coisas?

A visão de mundo antiga, que via o universo como um cosmos; que aceitava como óbvia a interconexão das criaturas, as analogias e simpatias entre as coisas; que, enfim, via o mundo de um jeito que tornava a astrologia algo fácil de entender, foi substituída por outra, incompatível com o modo de pensar astrológico.

O modelo explicativo do organismo foi substituído pelo do relógio. Noções como forma, ato, os quatro elementos e outras foram descartadas; as técnicas (chamadas de artes ou ciências tradicionais) que se baseavam nela perderam o sentido.

Coisas como astrologia e medicina tradicional passaram a estar no mesmo balaio que a feitiçaria: ou são demônios se metendo na vida humana, ou são superstições sem valor algum. A conexão entre o senso comum e o simbolismo natural foi cortada.

Essa mudança de mentalidade foi gestada muito antes, no fim da Idade Média, mas seus efeitos começaram a ser sentidos com mais força nesta época.

Para se adaptar a esta mudança de paradigma, uma nova versão da arte foi aparecendo aos poucos. A objetividade antiga, agora sem nada que a dê respaldo, passa a ser irracional: é preciso considerar a arte como uma investigação psicológica que aponte tendências gerais e mudanças nas disposições mentais internas, sem almejar nada muito concreto, nem dizer muita coisa sobre o mundo físico, fora da mente. Os conceitos astrológicos agora são aberrantes: é preciso simplificá-los e adaptá-los à nova sensibilidade. Nasce a astrologia moderna.

Essa tendência nova nunca suplantou de vez a outra, na verdade, mas, por corresponder, de alguma forma, à visão que se tinha do que ela deveria ser, se tornou, para o público em geral, "a astrologia".

De qualquer forma, já não existia mais só uma astrologia. Existia a astrologia comum, que existia antes (a que se chama hoje em dia de "tradicional") e a moderna.

Algumas décadas atrás, tivemos uma onda de "redescoberta" e "retomada" do ramo astrológico original tradicional; desde o século passado, começaram a aparecer cursos sobre o assunto, obras antigas foram reeditadas; algumas pessoas começaram a se definir domo astrólogos tradicionais (ou clássicos). Isso não foi gratuito; a mentalidade contemporânea, se não é "tradicional", é bem menos cientificista e mecanicista do que era há dois séculos. Isso gerou uma enorme confusão de novas formas de astrologia, mas também possibilitou que a astrologia conforme à Tradição ocidental voltasse a ter lugar no imaginário, até dos próprios astrólogos.

Essa retomada teve a aparência, por assim dizer, de uma nova onda dessa astrologia antiga; novas ondas precisam de nomes, logomarcas, slogans; surgiu a astrologia tradicional.

Embora a tenha usado durante muito tempo, hoje em dia acho que essa terminologia é enganadora. A astrologia "tradicional" — ou seja, astrologia normal — é tão moderna quanto qualquer outra coisa que exista hoje. Não estamos falando de uma curiosidade de museu que foi descoberta por arqueólogos. Mesmo tendo passado por este periodo de degeneração, ela nunca chegou a desaparecer.

Além disso, o uso dessa denominação faz parecer que ela seja mais uma opção entre outras. E como se estivéssemos numa loja e nas prateleiras houvesse as opções de astrologia moderna, pós-moderna, junguiana, cármica, construtivista e tradicional. Isso não acontece, da mesma forma que não temos astrologia com menta, nem com cobertura de chocolate.

Como eu falei acima: o que se chama de "astrologia tradicional" é a astrologia ocidental normal; as vertentes modernas é que precisam de qualificação.

É difícil definir com precisão o que é a astrologia moderna, ou o que são as astrologias modernas, porque há muitas variações, dissidências e novidades. No entanto, dessa mudança inicial, consigo identificar dois ramos principais, aos quais o resto parece subordinado.

A primeira é uma limitação brutal da arte tradicional, restringindo-se de forma arbitrária a sua área de atuação (o astrólogo, que antes analisava o mundo inteiro, passa a estar restrito às emoções e aos pensamentos humanos), ignorando-se sua capacidade de previsão (o que foi revertido em parte nos últimos tempos; mas ainda há muitos astrólogos praticantes que não acreditam que se possa prever nada com astrologia) e se jogando fora todas, ou quase todas, as técnicas antigas.

A segunda cresceu da primeira e da necessidade natural das pessoas por algum tipo de espiritualidade, que foi reintroduzida pela mistura com as mais variadas tendências new age e/ou com versões diluídas e "ocidentalizadas" de astrologias e conceitos espirituais distorcidos de outras civilizações (a hindu é um dos alvos prediletos).

Não é que essa mistura (ou alguma variante dela) não tenha dado certo e, portanto, não funcione. Perguntei a um estudante de astrologia moderna , certa vez, "Você vê a astrologia moderna que você pratica funcionando?". Recebi como resposta outra pergunta: "O que é `funcionar' para você?".

Em parte, a astrologia moderna foi feita para não funcionar, para não prever, para escapar das acusações relacionadas à adivinhação e ao charlatanismo que eram bastante comuns no final do século dezoito.

Isso não quer dizer que não haja astrólogos "modernos" que sejam competentes (nem que não haja astrólogos "tradicionais" que estariam melhor fora dos consultórios e dentro de instituições psiquiátricas). Conheço vários. O que percebi, no entanto, pelo meu contato com alguns é que eles têm, como guia para a sua prática, uma boa noção dos princípios ou da cosmovisão subjacente à astrologia normal.

De qualquer modo, neste livro não vou tratar de astrologia moderna e vou mencioná-la pouco. Essa diferenciação inicial é necessária simplesmente para que o leitor saiba do que estou falando.

Outro motivo para eu evitar a palavra "tradicional" é a conotação que ela passou a ter em alguns contextos, que poderia ser mais bem descrita como "tradicionalista".

Não rejeito inovações modernas porque não constam nos "textos clássicos" dos "autores tradicionais" (ou seja, os textos astrológicos antigos que sobreviveram ao tempo). Eu as rejeito porque (e quando) estão em contradição com os princípios astrológicos, ou quando são invenções gratuitas.

Essa mentalidade de reverência a um determinado corpo de escritos do passado, algo mais próximo do fetiche do que de qualquer estudo sério, não é, propriamente, tradicional e não era defendida por nenhum dos autores antigos; muitos deles, na verdade, viam a si mesmos como reformadores e inovadores.

O problema de fundo é uma incompreensão do que seja a Tradição. Na verdade, num certo sentido, a mentalidade moderna e a tradicionalista concordam quanto à Tradição astrológica: ambas acham que ela está morta. A única diferença é que, enquanto uma delas decide enterrá-la, a outra decide venerá-la.

Tradição é transmissão, é um processo vivo. Não é a preservação de um conjunto rígido de técnicas (ou, o que é pior, de um conjunto fixo de livros), mas a transmissão de um conhecimento vivo e das ferramentas de um oficio real. O astrólogo se insere na tradição astrológica (ou, no caso de astrologias diferentes da ocidental, em uma tradição astrológica) ou não, mas não é transportado para o passado, nem faz uso de relíquias sagradas ou talismãs desencavados de periodos históricos distantes.

Quando se entende isso, também é fácil entender porque gosto ainda menos de divisões como "astrologia clássica", "astrologia medieval", "astrologia renascentista". Como divisões pedagógicas para historiadores, isso é passável; mas não se pode transformá-las em coisas reais.

Se "astrologia medieval" é um termo limitado, mas que pode ter valor pedagógico, "astrólogo medieval" (quando aplicado a alguém vivo nos dias de hoje) não faz o menor sentido. É razoavelmente seguro afirmar que nenhum astrólogo vivo hoje nasceu na Idade Média.

Muitos dos textos antigos falam de influência, ou de causa. Sem entrar em questões de tradução, há um problema conceitual: é difícil determinar o que eles queriam dizer com isso, se a intenção era afirmar que havia uma relação de causa e efeito, ou se eles estavam apenas mostrando a existência de uma relação. Pelos próprios textos, parece inclusive que não havia uma preocupação em diferenciar os tipos de causa.

De qualquer forma, mesmo se alguns dos antigos acreditassem de verdade em causa eficiente (ou numa relação de causa e efeito, no sentido científico moderno) entre o céu e os eventos terrestres, isso não torna essa relação mais real. Se há alguma coisa que a história nos ensina, é que as pessoas que vieram antes de nós também erravam.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2014, p. 23.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

E as influências dos astros?

O leitor deve ter percebido que, em nenhum momento, mencionei forças astrológicas, ou influências astrais: as forças emanadas pelos astros que modificam ou proíbem os eventos aqui na terra.

Elas não foram mencionadas porque não existem.

Marcos Monteiro, in Introdução à Astrologia Ocidental, Edição do Autor, 2014, p. 22.


Comentário de Claudio Fagundes: "Não existem exatamente influências advindas do céu que fazem a gente agir ou sentir coisas. Os astros não nos influenciam. O que vemos no céu são símbolos que nos permitem interpretar coisas que acontecem, aconteceram ou vão acontecer com a gente. Não existe uma ação física de causa e efeito dos astros sobre a gente."

As Debilidades Essenciais dos Planetas, por Clélia Romano

As Debilidades Essenciais ocorrem quando o planeta é:

— Peregrino: Não tem nem Debilidade ou Dignidade no signo em que está.

— Está em detrimento: Está no signo oposto ao que rege.

— Está em queda: está no signo oposto ao que se exalta.

Vamos encontrar relativamente poucas vezes em que um planeta esteja peregrino, pois a astrologia Medieval tem cinco dignidades e duas debilidades, o detrimento e a queda, sendo dessa forma raro que um planeta não ocupe alguma característica.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 50. http://www.astrologiahumana.com/

As Dignidades Celestes dos Planetas - Faces ou Decanatos, por Clélia Romano

Por ultimo apresentaremos a tabela dos decanatos, isto é a dignidade chamada face ou decan, a menor de todas.

Observe a figura.



Este diagrama mostra os decanatos: Inicia-se a primeira coluna por Áries, a segunda por Touro, a terceira por Gêmeos, e assim por diante até Peixes.

São 36 faces ou decans e cada um deles têm 10°, existindo três faces por signo. Cada decan tem o sentido do planeta que o rege. A contagem inicia-se em Aries com Marte como o primeiro decan e termina em Peixes com Marte como último decan.

Segundo afirma Robert Zoller eles eram usados pelos egípcios para descrever a aparência do nativo.

Sua origem e uso são controvertidos.

Como se vê os decans seguem uma sequência que é bem diferente da moderna, que é baseada na triplicidade elemental do signo.

Em verdade, eles seguem a ordem caldaica dos planetas a começar por Marte que rege Aries, o primeiro signo: Na direção descendente, depois de Marte vem o Sol, a seguir Vênus, Mercúrio, Lua e depois tudo recomeça desde o planeta mais distante, Saturno, Júpiter, Marte, Sol, etc. até terminar com Marte. Esta é a ordem dos decans, vista na figura ao lado.

Assim como apresentamos todas as dignidades de um planeta agora daremos ênfase a suas debilidades celestiais.


Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 49-50. http://www.astrologiahumana.com/

Sobre as Faces, Carruagens e Assemelhados, por Ptolomeu

Tais são, então, as afinidades naturais das estrelas e dos signos do zodíaco. Dizem que os planetas estão em sua “própria face” quando um planeta individual mantém com a Lua ou o Sol o mesmo aspecto que o seu domicílio mantém com os seus domicílios; por exemplo, quando Vênus está em sextil com os luminares, desde que ela esteja ocidental ao Sol e oriental à Lua, de acordo com o arranjo natural de seus domicílios. Considera-se que eles estejam em sua própria “carruagem” e “trono” e coisas similares quando acontece que eles tenham familiaridade em dois ou mais modos com os lugares nos quais se encontram; pois então a efetividade do seu poder aumenta bastante devido à similaridade e à cooperação das propriedades familiares dos signos que os contêm. Considera-se que eles se “regozijem” quando, mesmo que os signos que os contenham não possuam familiaridades com as estrelas em si, no entanto eles as possuem com estrelas do mesmo séquito; desta forma, a simpatia surge menos diretamente. Eles compartilham, no entanto, da similaridade da mesma forma; assim como, ao contrário, quando eles se encontram em regiões estranhas pertencentes ao séquito oposto, uma grande parte de seus próprios poderes é paralisada, porque o temperamento que surge da dissimilaridade dos signos produz uma natureza diferente e adulterada.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Sobre Dignidades Planetárias, por Claudio Fagundes

Há lugares do Mapa, onde os planetas estão mais fortes ou mais fracos. Quando estão localizados no signo que têm regência estão mais fortes, estão dignificados. Em segundo lugar os planetas que estão em seus signos de exaltação também estão dignificados, mas não estão tão fortes quanto na regência. Em terceiro lugar, os planetas que estão nos signo em triplicidade, estão também dignificados, porém não tão fortes quanto na regência e na exaltação. Em quarto lugar, os planetas que estão em determinados graus dos signos, estão também dignificados por termos; só que não estão tão fortes quanto na regência, na exaltação e na triplicidade. Há, ainda, uma quinta dignidade que é a face ou decans (decanatos), que eu ainda vou apresentar o que os autores falam sobre esta; é uma dignidade que não é tão forte quanto a regência, a exaltação, a triplicidade e os termos.

Por outro lado, existem também signos onde os planetas estão fragilizados: nos signos que estão em detrimento (mais forte) e em queda.

Os planetas que não estão com nenhuma dignidade nem fragilidade são chamados de peregrinos.

Esses posicionamentos são importantes para diversos métodos da astrologia tradicional.

As Dignidades Celestes dos Planetas - Termos, por Clélia Romano

Termo significa limite e pedaço, e é dito que um planeta que está em seus termos está em seu próprio domínio e pode agir como quiser.

Os termos não são divisões equânimes dos 30 graus de um signo. O Sol e a Lua não entram na divisão e observamos que muitas vezes os graus finais dos signos pertencem a Saturno e Marte.

A origem dos termos é muito antiga e certamente tem a ver com a tradição egípcia.

Existem três tipos de divisões dos termos: os egípcios, os ptolomaicos e os caldeus, que Ptolomeu introduziu e nunca usou. Aliás, não se conhece autor que os tenha usado.

Desde Dorotheus de Sidon, helenista do século I de nossa era, em seu Pentateuco, um poema sobre astrologia, os termos adotados eram os termos egípcios. Eles foram usados pela grande maioria dos autores tradicionais.

Ptolomeu acreditava, porém, que tal sistema era arbitrário por não se basear em coisa alguma a não ser na tradição imemorial. Daí ele propôs os seus próprios termos, que considerou mais lógicos.

Tais termos passaram a ser usados quando Ptolomeu foi descoberto pela civilização ocidental como a tábua de salvação para fugir à abominável corrupção árabe.

Faltou aos Ocidentais ter contato com a obra de Valens (entre outros), só disponíveis através dos persas que traduziram para o Pahlavi no século III de nossa era, os nove volumes da Antologia, os quais foram usados por Masha'allah e Abu Mashar.

Eles estão representados na figura a seguir.



Mas, como o árabe necessitava ser banido, os cristãos apegaram-se a Ptolomeu e o traduziram do grego. Ptolomeu foi a fonte áurea de onde bebeu a astrologia ocidental a partir de 1400.

Neste livro seguirei os termos egípcios, os mais usuais, usados por Firmicus Mathernus, Masha'allhah, Ibn Ezra, Al Biruni, Bonatti, etc.

Exemplificando: em Áries, Júpiter rege os primeiros 6°, Vênus os 6° seguintes, os 8° adiante ficam regidos por Mercúrio, a seguir outros 5° são regidos por Marte e os últimos 5° por Saturno, de forma que cada fileira perfaz 30 graus, os graus de um signo. A soma de todas as fileiras perfaz 360 graus.

Os termos tiveram muita importância em livros antigos, como o Liber Hermetis, onde de acordo com Robert Zoller, é dito que o status social dos pais do nativo tem a ver com o planeta que rege o termo do Sol (status do pai) e da Lua (status da mãe).

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 48-9. http://www.astrologiahumana.com/

(Os Termos) Sobre os Lugares e os Graus, por Ptolomeu

Alguns ainda realizaram divisões mais finas de regência do que essas, utilizando os termos “lugares” e “graus”. Definindo “lugar” como a décima segunda parte de um signo, ou 2 1/2°, deram o domínio sobre eles aos signos, na ordem. Outros seguem outras ordens ilógicas; e novamente deram a cada “grau” a partir do começo a cada um dos planetas de cada signo de acordo com a ordem caldeia de termos. Iremos omitir esses assuntos, já que foram apresentados a seu favor argumentos apenas plausíveis e não naturais, mas ao contrário, sem fundamentos. Não devemos ignorar o assunto seguinte, no entanto, sobre o qual vale a pena permanecer um certo tempo, que é o fato de ser razoável que consideremos os inícios dos signos também a partir dos equinócios e solstícios, em parte porque os escritores deixaram este ponto bem claro, e em parte porque, a partir de nossas demonstrações anteriores, observamos que suas naturezas, poderes e familiaridades têm sua causa nos pontos iniciais dos solstícios e dos equinócios, e de nenhuma outra fonte. Pois, se outros pontos iniciais são presumidos, não seremos mais compelidos a utilizar as naturezas dos signos para prognósticos, ou, se as utilizarmos, estaremos errados, uma vez que os espaços do zodíaco que conferem os poderes aos planetas os passariam a outros e se tornariam, então, alienados.

(Os Termos) De Acordo com os Caldeus, por Ptolomeu

O método caldeu envolve uma sequência, simples, com certeza, e mais plausível, embora não tão auto-suficiente em relação ao governo das triplicidades e à disposição da quantidade, de forma que, ao contrário, ela fosse facilmente inteligível mesmo sem um diagrama. Pois na primeira triplicidade, Áries, Leão e Sagitário, que tem neste caso as mesmas divisões por signos que no sistema dos egípcios, o senhor da  triplicidade, Júpiter, é o primeiro a receber termos, e então o senhor do próximo triângulo, Vênus, e então o senhor do triângulo de Gêmeos, Saturno, e Mercúrio, e finalmente o senhor da triplicidade restante, Marte. Na segunda triplicidade, Touro, Virgem e Capricórnio, que novamente tem a mesma divisão por signos, Vênus vem primeiro, então Saturno, e então Mercúrio, após esses, Marte, e finalmente, Júpiter. Esse arranjo de uma forma geral é observado também nas duas triplicidades restantes. Sobre os dois senhores da mesma triplicidade, no entanto, Saturno e Mercúrio, de dia é Saturno que toma o primeiro lugar na ordem de posse, e à noite, Mercúrio. O número designado a cada um também é uma questão simples, pois para que o número de termos de cada planeta seja sempre menor em um grau do que o precedente, para corresponder com a ordem descendente no qual o primeiro lugar é decidido, eles sempre dão 8° ao primeiro, 7° ao segundo, 6° ao terceiro, 5° ao quarto e 4° ao último; assim se completam os 30° de um signo. A soma do número de graus assim dados a Saturno é de 78 durante o dia e 66 à noite, a Júpiter 72, a Marte 69, a Vênus 75, a Mercúrio 66 durante o dia e 78 à noite; o total é de 360 graus.

Pois bem, desses termos aqueles que são constituídos pelo método egípcio são, como dissemos, mais dignos de crédito, tanto devido à forma na qual eles foram coletados pelos escritores egípcios que os julgaram dignos de registro devido à sua utilidade, quanto por causa de na maior parte do tempo os graus desses termos terem sido consistentes com as natividades que foram registradas por eles como exemplos. Como estes mesmos escritores, no entanto, não explicam em nenhum lugar a disposição de seus números, sua incapacidade de concordar em uma explicação do sistema pode bem se tornar objeto de suspeita e alvo de críticas. Recentemente, no entanto, chegou até nós um manuscrito antigo, muito danificado, que contém uma explicação natural e consistente de sua ordem e número, e ao mesmo tempo percebemos que os graus relatados nas natividades acima mencionadas e os números dados nas somas concordaram com a tabulação dos antigos. O livro era muito alongado em suas expressões, muito excessivo em suas demonstrações, e seu estado danificado o tornou difícil de ler, de modo que eu mal pude fazer uma ideia de seu propósito geral; e isso apesar da ajuda fornecida pelas tabulações dos termos, melhor preservadas porque estavam localizadas no fim do livro. Com relação ao seu arranjo dentro de cada signo, as exaltações, as triplicidades e os domicílios foram levados em consideração. Pois, de maneira geral, a estrela que tiver duas regências deste tipo no mesmo signo é posta em primeiro lugar, mesmo que ela seja maléfica. Entretanto, onde quer que esta condição não exista, os planetas maléficos são sempre postos por último, e os senhores da exaltação em primeiro, os senhores da triplicidade em seguida, e então os do domicílio, seguindo a ordem dos signos. E, novamente, em ordem, aqueles que têm duas senhorias têm preferência sobre os que têm apenas uma no mesmo signo. Uma vez que não se dá termos para os luminares, no entanto, Câncer e Leão, os domicílios do Sol e da Lua, são dados aos planetas maléficos porque eles foram privados de sua parte na ordem, Câncer a Marte e Leão a Saturno; nestes a ordem apropriada a eles é preservada. Com relação ao número dos termos, quando não há nenhuma estrela com duas prerrogativas, nem no signo mesmo nem nos que o seguem dentro do quadrante, são concedidos a cada um dos benéficos, ou seja, Júpiter e Vênus, 7º, aos maléficos, Saturno e Marte, 5º cada e a Mercúrio, que é comum 6º, de forma que o total perfaz 30º. Entretanto, uma vez que alguns sempre têm duas prerrogativas, pois Vênus sozinha se torna a regente da triplicidade de Touro, já que a Lua não participa nos termos, é dado a cada um dos planetas nesta condição, seja no mesmo signo ou nos signos seguintes no mesmo quadrante, um grau extra; esses foram marcados com pontos; os graus, no entanto, adicionados por causa da prerrogativa dupla são retirados dos outros, que têm somente uma, e de forma geral, de Saturno e de Júpiter porque eles têm o movimento mais lento.

Esses termos estão da seguinte forma:

Termos de acordo com Ptolomeu:

Áries : Júpiter = 6; Vênus = 8; Mercúrio = 7; Marte = 5; Saturno = 4;
Touro : Vênus = 8; Mercúrio = 7; Júpiter = 7; Saturno = 2; Marte = 6;
Gêmeos : Mercúrio = 7; Júpiter = 6; Vênus = 7; Marte = 6; Saturno = 4;
Câncer : Marte = 6; Júpiter = 7; Mercúrio = 7; Vênus = 7; Saturno = 3;
Leão : Júpiter = 6; Mercúrio = 7; Saturno = 6; Vênus = 6; Marte = 5;
Virgem : Mercúrio = 7; Vênus = 6; Júpiter = ; Saturno = 6; Marte = 6;
Libra : Saturno = 6; Vênus = 5; Mercúrio = 5; Júpiter = 8; Marte = 6;
Escorpião : Marte = 6; Vênus = 7 ; Júpiter = 8; Mercúrio = 6; Saturno = 3;
Sagitário : Júpiter = 8; Vênus = 6; Mercúrio = 5; Saturno = 6; Marte= 5;
Capricórnio : Vênus = 6; Mercúrio = 6; Júpiter = 7; Saturno = 6; Marte = 5;
Aquário : Saturno = 6; Mercúrio = 6; Vênus = 8; Júpiter = 5; Marte = 5;
Peixes : Vênus = 8; Júpiter = 6; Mercúrio = 6; Marte = 5; Saturno = 5.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Sobre a disposição dos Termos, por Ptolomeu

Com relação aos termos, dois sistemas principais estão mais em circulação; o primeiro é egípcio, o qual está baseado primeiramente no governo dos domicílios, e o segundo é caldeu, que se baseia no governo das triplicidades.

Pois bem, o sistema egípcio dos temos comumente aceitos não preserva de forma alguma a consistência nem da ordem nem da quantidade individual, pois, em primeiro lugar, na questão da ordem, eles às vezes deram o primeiro lugar para os senhores dos domicílios e às vezes para os senhores das triplicidades, e às vezes ainda para os senhores das exaltações. Por exemplo, se é verdade que eles seguiram os domicílios, porque eles deram precedência a Saturno, por exemplo, em Libra, e não a Vênus, e porque a Júpiter em Áries, e não a Marte? E se eles seguiram as triplicidades, porque deram a Mercúrio, e não a Vênus, o primeiro lugar em Capricórnio? Ou caso tenham seguido as exaltações, porque dar a Marte, e não a Júpiter, a precedência em Câncer; e se eles observaram os planetas que tem o maior número dessas qualificações, porque deram o primeiro lugar em Aquário em Mercúrio, que tem apenas a sua triplicidade ali, e não a Saturno, pois ele é tanto o domicílio quanto a triplicidade deste planeta? Ou porque eles deram o primeiro lugar a Mercúrio em Capricórnio, acima de tudo, uma vez que ele não tem nenhuma relação de governo com este signo? É possível encontrar o mesmo tipo de coisas no resto do sistema.

Em segundo lugar, o numero de termos manifestamente não possui consistência, porque o número derivado de cada planeta a partir da adição de seus termos em todos os signos, de acordo com o que eles dizem que os planetas determinam anos de vida, não fornece nenhum argumento adequado ou aceitável. No entanto, mesmo se confiarmos no número derivado desta soma, de acordo com essa simples proposição dos egípcios, descobriríamos que a soma seria a mesma, mesmo que as quantidades, signo a signo, frequentemente mudem de várias formas. E em relação à afirmação espúria e sofista sobre eles que alguns tentam fazer, ou seja, que o número de vezes dados a cada planeta individual pelo esquema de ascensões em todos os climas se soma a essa mesma quantia, ela é falsa, pois, em primeiro lugar, eles seguem o método comum, baseado em aumentos regularmente maiores nas ascensões, o que não está nem perto da verdade. De acordo com este esquema, os signos Virgem e Libra, no paralelo que corta o Baixo Egito, ascenderiam, cada um, em 38 e 1/3 unidades de tempo, e Leão e Escorpião, cada um, em 35, embora esteja demonstrado pelas tabelas que esses signos ascendem em mais de 35 e Vigem e Libra em menos. Além do mais, aqueles que tentaram estabelecer esta teoria nem mesmo parecem seguir o número comumente aceito de termos, e são compelidos a realizar diversas falsas afirmações, e ele até mesmo utilizaram a parte não inteira das frações em uma tentativa de salvar sua hipótese, que, como dissemos, nem é em si mesma verdadeira.

No entanto, os termos mais geralmente aceitos sob a autoridade da tradição antiga são dados da seguinte forma:

Termos de Acordo com os Egípcios.

Áries: Júpiter = 6; Vênus = 6; Mercúrio = 8; Marte = 5; Saturno = 5;
Touro: Vênus = 8; Mercúrio = 6; Júpiter = 8; Saturno = 5; Marte = 3;
Gêmeos: Mercúrio = 6; Júpiter = 6; Vênus =5; Marte = 7; Saturno = 6;
Câncer: Marte = 7; Vênus = 6; Mercúrio = 6; Júpiter = 7; Saturno = 4;
Leão: Júpiter = 6; Vênus = 5; Saturno = 7; Mercúrio = 6; Marte = 6;
Virgem: Mercúrio = 7; Vênus = 10; Júpiter = 4; Marte = 7; Saturno = 2;
Libra: Saturno = 6; Mercúrio =8; Júpiter = 7; Vênus = 7; Marte = 2;
Escorpião: Marte = 7; Vênus = 4; Mercúrio = 8; Júpiter = 5; Saturno = 6;
Sagitário : Júpiter = 12; Vênus = 5; Mercúrio = 4; Saturno = 5; Marte = 4;
Capricórnio : Mercúrio = 7; Júpiter = 7; Vênus = 8; Saturno = 4; Marte = 4;
Aquário : Mercúrio = 7; Vênus = 6; Júpiter = 7; Marte = 5; Saturno = 5;
Peixes : Vênus = 12; Júpiter = 4; Mercúrio = 3; Marte = 9; Saturno = 2;.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (97)

A 97ª é que o planeta que está depois do Sol (ocidental) é como um homem que está triste.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (96)

A 96ª é que o planeta que está antes do Sol (oriental) é como um homem que espera poder fazer a sua vontade.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (95)


A 95ª é que o planeta rápido no seu movimento é como um homem jovem que está a correr.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (94)

A 94ª é que o planeta lento no seu movimento é como um homem que se encontra cansado e não pode andar. 

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (92)



A 92ª é que o planeta retrógrado é como um homem que se rebela manifestamente.

domingo, 23 de abril de 2017

Sobre os Signos Disjuntos, por Ptolomeu

Signos "disjuntos" e "estranhos” são os nomes aplicados para aquelas divisões do zodíaco que não têm quaisquer das familiaridades mencionadas acima uns com os outros. Esses são os signos que não pertencem nem à classe dos signos Comandantes ou Obedientes, nem à classe dos que se observam ou que têm o mesmo poder, e além disso eles estão completamente desprovidos dos quatro aspectos mencionados acima, oposição, trígono, quartil e sextil, e estão um ou cinco signos distantes um do outro, pois aqueles que estão um signo distantes uns dos outros são como se tivessem aversão uns aos outros, e, embora sejam dois, estão ligados ao ângulo de um, e aqueles que estão cinco signos distantes uns dos outros dividem o círculo inteiro em partes diferentes, enquanto que os outros aspectos perfazem uma divisão equitativa do perímetro.

Sobre os Signos que se Observam e sobre os Signos de Mesmo Poder, por Ptolomeu

Mais uma vez, dizem que as partes que estão igualmente afastadas do mesmo signo tropical, qualquer que seja, têm o mesmo poder, porque quando o Sol entra em qualquer um deles, os dias são iguais aos dias e as noites às noites, e as durações das suas próprias horas são iguais. Eles também são considerados como “observando” uns aos outros tanto pelas razões apresentadas quanto pelo fato de que o par ascende pela mesma parte do horizonte e se põe na mesma parte.

Sobre Os Signos Comandantes e Obedientes, por Ptolomeu

Da mesma forma, os nomes “comandantes” e “obedientes” se aplicam às divisões do zodíaco que se dispõem em distâncias iguais do mesmo signo equinocial, qualquer que seja, porque eles ascendem em um período igual de tempo e estão em paralelos iguais. Destes, os que estão no hemisfério de verão são chamados de “comandantes”, enquanto os que estão no hemisfério de inverno, “obedientes”, porque o sol faz o dia mais longo que a noite quando ele está no hemisfério de verão, e mais curto no inverno.

Sobre os Aspectos dos Signos, por Ptolomeu

Das partes do zodíaco, as que são mais familiares umas com as outras são as que estão em aspecto. Estes são os que estão em oposição, que compreende dois ângulos retos, seis signos, e 180 graus; os que estão em trígono, que compreende um ângulo reto e um terço, quatro signos, e 120 graus; os que se diz que estão em quartil, compreendendo um ângulo reto, três signos, e 90 graus, e finalmente os que ocupam a posição de sextil, que compreende dois terços de um ângulo reto, dois signos e 60 graus.

Iremos aprender, do que se segue, porque apenas estes intervalos foram levados em consideração. A explicação da oposição é imediatamente óbvia, porque ela faz com que os signos estejam em uma linha reta. Mas se tomarmos as duas frações e os dois super particulares mais importantes em música, e se as frações um meio e um terço forem aplicadas à oposição, compostas de dois ângulos retos, o meio faz o quartil e o terço o sextil e o trígono. Dos super particulares, se o sesquialter e o serquitertian forem aplicados ao intervalo de quartil de um ângulo reto, que se posiciona entre eles, o sesquialter produz a proporção do quartil para o sextil e o sesquitertian a proporção do trígono para o quartil. Destes aspectos, o trígono e o sextil são chamados de harmônicos porque eles são compostos de signos do mesmo tipo, tanto completamente de signos femininos ou completamente de signos masculinos; enquanto o quartil e a oposição são inarmônicos porque são compostos de signos de tipos opostos.

Sobre os signos Solsticiais, Equinociais, Sólidos e Bicorpóreos, por Ptolomeu

Após a explicação destas matérias o próximo assunto a ser exposto seriam as características naturais dos próprios signos zodiacais, da forma que foram estabelecidas pela tradição. Pois, embora seus temperamentos mais gerais sejam, cada um, análogos às estações que ocorrem neles, algumas qualidades peculiares suas surgem de sua relação com o Sol, a Lua e os planetas, como iremos relatar no que se segue, primeiro expondo os poderes isolados dos próprios signos sozinhos, considerados tanto absolutamente como em relação uns com os outros.

As primeiras distinções, então, são entre os assim chamados signos solsticiais, equinociais, sólidos e bicorpóreos. Pois existem dois signos solsticiais, o primeiro intervalo de 30° a partir do solstício de verão, o signo de Câncer, e o primeiro a partir do solstício de inverno, Capricórnio; e eles receberam seus nomes do que ocorre neles, porque o Sol retorna quando ele está no começo de um desses signos e reverte seu progresso latitudinal, causando o verão em Câncer e o inverno em Capricórnio.

Dois signos são chamados de equinociais, o que é o primeiro a partir do equinócio da primavera, Áries, e o que começa com o equinócio do outono, Libra; e eles também recebem este nome devido ao que acontece neles, porque quando o sol está no começo destes signos ele faz as noites terem exatamente a mesma duração dos dias.

Dos signos restantes, quatro são chamados sólidos e quatro são chamados bicorpóreos. Os signos sólidos, Touro, Leão, Escorpião e Aquário, são aqueles que seguem os signos solsticiais e equinociais; e eles são chamados assim porque, quando o Sol está neles, a umidade, o calor, a secura e o frio das estações que começam nos signos precedentes nos toca de forma mais firme, não que o clima seja naturalmente de qualquer modo menos ameno nesta época, mas nós é que estamos mais acostumados com ele e por esta razão somos mais sensíveis ao seu poder.

Os signos bicorpóreos, Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes, são aqueles que seguem os signos sólidos, e são chamados assim porque eles estão entre os signos sólidos e os solsticiais e equinociais e compartilham, por assim dizer, no começo e no final, as propriedades naturais dos dois estados do clima.

Sobre os Efeitos das Estações e dos Quatro Ângulos, por Ptolomeu

Das quatro estações do ano, primavera, verão, outono e inverno, a primavera excede em umidade por causa da sua difusão após o frio ter ido e porque o aquecimento está se estabelecendo; o verão, em calor, por causa da proximidade do sol com o zênite; o outono, em secura, por causa da absorção da umidade durante a estação quente que a precedeu; e o inverno excede no frio, porque o sol está no ponto mais distante do zênite. Por esta razão, embora não haja um início natural do zodíaco, sendo ele um círculo, assume-se que o signo que começa com o equinócio vernal, ou seja, o de Áries, seja o ponto inicial de todos, tornando a umidade excessiva da primavera a primeira parte do zodíaco, como se ele fosse uma criatura vivente, e tomando por ordem em seguida as estações remanescentes, porque em todas as criaturas, as idades mais jovens, como a primavera, tem uma maior quantidade de umidade e são mais tenras e ainda delicadas. A segunda idade, até o ápice da vida, excede em calor, como o verão; a terceira, quando o ápice já passou e se está no início do declínio, há um excesso de secura, como no outono; e a última, que se aproxima da dissolução, excede no frio, como o inverno.

De forma similar, das quatro regiões e ângulos do horizonte, dos quais, a partir dos pontos cardeais, os ventos se originam, o leste do mesmo modo excede em secura porque, quando o sol está nesta região, qualquer coisa que tenha sido umedecida pela noite começa então a secar, e os ventos que sopram desta região, os quais chamamos de Apeliotes, em geral, são sem umidade e de efeito secante. A região ao sul é a mais quente por causa do calor abrasivo das passagens do sol pelo meio do céu e porque essas passagens, por causa da inclinação do nosso mundo habitado, se voltam mais para o sul, e os ventos que sopram de lá são chamados pelo nome geral de Notus e são quentes e rarefeitos. A região ao oeste é ela mesma úmida, porque quando o sol está lá as coisas que secaram durante o dia começam então a se umedecer; da mesma forma, os ventos que ventam desta parte, que chamamos pelo nome geral de Zephyrus, são frescos e úmidos. A região ao norte é a mais fria, porque através da inclinação do nosso mundo habitado ela é muito afastada das causas de aquecimento que surgem pela culminação do sol, e quando o sol está lá, também está em sua culminação mínima; e os ventos que ventam de lá, que são chamados pelo nome geral de Boreas, são frios e de efeito condensador.

O conhecimento destes fatos é útil para permitir que se forme um julgamento completo das temperaturas em exemplos individuais. Pois é facilmente reconhecido que, junto com condições como essas, de estações, de idades, ou de ângulos, há uma variação correspondente na potência das faculdades das estrelas, sendo que em condições similares a elas sua qualidade é mais pura e sua eficiência mais forte, como por exemplo aquelas que por sua natureza aquecem, por exemplo, no calor, e aquelas que por sua natureza umedecem, na umidade, enquanto que sob condições opostas seu poder fica adulterado e mais fraco. Assim, as estrelas que aquecem, nos períodos frios, e as estrelas que umedecem, nos períodos secos, ficam mais fracas, e de forma similar nos outros casos, de acordo com a qualidade produzida pela mistura.

sábado, 22 de abril de 2017

"... muita coisa do que se vende como 'astrologia védica', ou 'hindu', e 'astrologia chinesa' é só uma salada moderna com alguns temperos exóticos. Não é a opção mais inteligente para quem quer fugir do ocidente." (Marcos Monteiro)
não é impossível que alguém seja bom em duas, ou mesmo três, astrologias diferentes, só acho que o esforço mental aumenta demais para um ganho pequeno" (Marcos Monteiro)

Sobre o Poder dos Aspectos com o Sol, por Ptolomeu

Agora, preste atenção, da mesma forma, de acordo com seus aspectos com o Sol, a Lua e três dos outros planetas (os três planetas exteriores, ou seja, Saturno, Júpiter e Marte) sofrem aumentos e diminuições de seus próprios poderes. Pois ao aumentar da Lua Nova para o quarto crescente a Lua é mais produtora de umidade; na sua passagem de crescente para cheia, de calor; de cheia para minguante, de secura; de minguante para a ocultação, de frio. Os planetas, quando estão orientais, somente, são mais produtivos de umidade, do seu nascer matutino até a sua primeira estação; de calor da primeira estação ao nascer vespertino; de secura, do nascer vespertino à segunda estação; de frio da segunda estação à sua ocultação; e é claro que quando eles estão associados uns com os outros, produzem muitas variações de qualidade no nosso ambiente, sendo a própria força de cada um na maior parte do tempo persistente, mas sendo modificada na quantidade pela força das estrelas que dividem a configuração.

Para que todo mundo tenha em mente...

A Astrologia é simbólica. Símbolos são símbolos, representam coisas mas não influenciam em nada. Mas o homem sábio atenta para os símbolos: como o motorista que vê a placa de rua avisando que há uma lombada e diminui a velocidade do veículo.

Claudio Fagundes 

Sobre os Planetas Diurnos e Noturnos, por Ptolomeu

Do mesmo modo, já que, dos dois intervalos mais óbvios entre aqueles que compõem o tempo, o dia é mais masculino por causa do seu calor e da sua força ativa, e a noite mais feminina por causa da sua umidade e do seu dom de repouso, a tradição estabeleceu que a Lua e Vênus são noturnas, o Sol e Júpiter diurnos, e Mercúrio comum, do mesmo modo que antes, diurno quando ele é uma estrela da manhã e noturno quando dele é uma estrela da tarde. Eles também associaram a cada um dos séquitos as duas estrelas destrutivas, mas não, desta vez, com base no princípio das naturezas similares, mas em seu oposto: pois, quando estrelas com a mesma características são unidas com aquelas de bom temperamento sua influência benéfica é aumentada, mas se estrelas dissimilares forem associadas com as destrutivas grande parte do seu poder de causar dano é aniquilado. Assim eles associaram Saturno, que é frio, ao calor do dia, e Marte, que é seco, à umidade da noite, pois desta forma cada um deles atinge uma boa proporção por mistura e se torna um membro efetivo do séquito, o que concede moderação.

Sobre os Planetas Masculinos e Femininos, por Ptolomeu

Mais uma vez, já que há dois tipos primários de natureza, masculino e feminino, e das forças já mencionadas a da umidade é especialmente feminina – pois de uma forma geral este elemento está presente em um grau maior em todas as fêmeas, e as outras estão mais presentes nos machos, de forma acertada a visão que nos foi passada é que a Lua e Vênus são femininas, porque elas compartilham em um grau maior da umidade, e que o Sol, Saturno, Júpiter e Marte são masculinos, e Mercúrio comum aos dois gêneros, pois ele produz tanto secura quanto umidade. Dizem também que as estrelas se tornam masculinas ou femininas de acordo com seus aspectos com o Sol, pois quando elas são estrelas da manhã e precedem o Sol elas se tornam masculinas, e femininas quando são estrelas da tarde e seguem o Sol. Isso também ocorre ainda com sua posição relativa ao horizonte, pois quando elas estão em posições entre o oriente e o meiocéu, ou ainda entre o ocidente e o fundo do céu, eles se tornam masculinas porque estão orientais, mas nos dois outros quadrantes, como estrelas ocidentais, elas se tornam femininas.

Sobre os Planetas Benéficos e Maléficos, por Ptolomeu

Uma vez que o que se segue é verdade, porque dois dos quatro humores são férteis e ativos, o quente e o úmido (porque todas as coisas são unidas e aumentadas por eles), e dois são destrutivos e passivos, o seco e o frio, através dos quais, mais uma vez, todas as coisas são separadas e destruídas, os antigos aceitavam dois dos planetas, Júpiter e Vênus, junto com a Lua, como benéficos por causa de sua natureza temperada e porque eles abundam no calor e na umidade, e Saturno e Marte como produzindo efeitos da natureza oposta, um por causa de seu frio excessivo e o outro por sua secura excessiva: o Sol e Mercúrio, no entanto, são considerados como possuindo ambos os poderes, porque eles possuem uma natureza comum, e juntam suas influências com quaisquer dos outros planetas com os quais eles são associados.

Sobre o Poder dos Planetas, por Ptolomeu

Observa-se que o poder ativo da natureza essencial do Sol é aquecer e, em algum grau, secar. Isso se torna ainda mais fácil de perceber no caso do Sol do que para qualquer outro corpo celeste, devido a seu tamanho e à obviedade de suas mudanças sazonais, pois quanto mais ele se aproxima do zênite mais ele nos afeta desta forma.

O poder da Lua consiste principalmente em umedecer, claramente porque ela está perto da Terra e por causa das exalações úmidas que vêm daí. Sua ação então é precisamente esta, na maior parte, amolecer e causar putrefação em corpos, mas ela também tem, moderadamente, a sua parte no poder de aquecer por causa da luz que ela recebe do Sol.

A qualidade de Saturno é principalmente de esfriar e mais raramente, secar, provavelmente porque ele está mais afastado tanto do calor do sol como das exalações úmidas da Terra. Tanto no caso de Saturno quanto no caso dos outros planetas existem poderes, também, que aparecem através da observação de seus aspectos com o Sol e com a Lua, porque alguns deles parecem modificar as condições do ambiente de uma forma, alguns de outra, por aumento ou diminuição.

A natureza de Marte é principalmente secar e queimar, em conformidade com sua coloração abrasiva e em razão da sua proximidade com o Sol, pois a esfera do Sol está localizada logo abaixo dele.

Júpiter possui uma força ativa temperada, porque seu movimento ocorre entre a influência fria de Saturno e o poder incinerador de Marte. Ele aquece e também umedece, e porque seu poder de aquecer é o maior em razão das esferas subjacentes, ele produz ventos fertilizantes.

Vênus tem os mesmos poderes e a mesma natureza temperada de Júpiter, mas age de forma oposta, pois ela aquece moderadamente por causa da sua proximidade do Sol, mas, principalmente, umedece, do mesmo modo que a Lua, por causa da quantidade da sua própria luz e porque ela se apropria das exalações da atmosfera úmida que envolve a Terra.

Mercúrio, em geral, em alguns momentos seca e absorve a umidade, porque ele nunca está muito longe, em longitude, do calor do Sol, e então umedece, porque está próximo, logo acima, da esfera da Lua, que está mais próxima da Terra; e muda rapidamente de uma ação para a outra, inspirado, por assim dizer, pela velocidade de seu movimento nas proximidades do próprio Sol.

Sobre os Domicílios dos Diversos Planetas, por Ptolomeu

Os planetas também têm familiaridade com as partes do zodíaco, que devido a isso são denominadas seus domicílios, triângulos [triplicidades], exaltações, termos, entre outros. O sistema de domicílios é da seguinte natureza. Uma vez que dos doze signos, os mais ao norte, que estão mais próximos do que os outros do nosso zênite e são portanto mais produtores de calor, são Câncer e Leão, estes dois signos foram designados como domicílios dos maiores e mais poderosos corpos celestiais, ou seja, os luminares, Leão, que é masculino, ao Sol e Câncer, que é feminino, à Lua. Com o mesmo raciocínio, o semicírculo de Leão a Capricórnio foi considerado solar e o de Aquário a Câncer, lunar, de forma que em cada um dos semicírculos um signo seria consignado a cada um dos cinco planetas como seu, um signo fazendo aspecto com o Sol e outro com a Lua, consistentemente com as esferas de seu movimento e as peculiaridades de suas naturezas. Pois a Saturno, em cuja natureza o frio prevalece, em oposição ao calor, e que ocupa a órbita mais alta e mais distante dos luminares, foram designados os signos opostos a Câncer e Leão, especificamente Capricórnio e Aquário, com a razão adicional que estes signos são frios e invernais, e além disso seu aspecto diamétrico não é consistente com a beneficência. A Júpiter, que é moderado e está abaixo da esfera de Saturno, foram designados os dois signos próximos dos anteriores, fecundos e com bastante vento, Sagitário e Peixes, em um aspecto triangular com os luminares, que é uma configuração harmoniosa e beneficente. Então, a Marte, que é seco por natureza e ocupa uma esfera abaixo da de Júpiter, foram designados novamente os signos contíguos aos anteriores, Escorpião e Áries, que possuem uma natureza similar e, de forma concordante com a Natureza destrutiva e desarmoniosa de Marte, em aspecto de quartil com os luminares. A Vênus, que é temperada e está abaixo de Marte, foram dados os dois signos seguintes, que são extremamente férteis, Libra e Touro. Estes dois preservam a harmonia do aspecto sextil; outra razão é que este planeta nunca está mais de dois signos afastado do Sol, em qualquer direção. Finalmente, foram dados a Mercúrio, que nunca está mais de um signo afastado do Sol em qualquer direção e está abaixo dos outros e mais perto de certa forma de ambos os luminares, os dois signos remanescentes, Gêmeos e Virgem, que estão próximos dos domicílios dos luminares.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Sobre os Triângulos [Triplicidades], por Ptolomeu

A familiaridade dos triângulos é a seguinte. Na medida em que a forma triangular equilateral é a mais harmoniosa em si mesma, o zodíaco também é limitado por três círculos, o equinocial e os dois trópicos, e suas doze partes são divididas em quatro triângulos equilaterais.

O primeiro deles, que passa por Áries, Leão e Sagitário, é composto de três signos masculinos e inclui os domicílios do Sol, de Marte e de Júpiter. Esse triângulo foi dado ao Sol e a Júpiter, uma vez que Marte não é do séquito solar. O Sol assume o governo em primeiro lugar durante o dia e Júpiter durante a noite. Além disso, Áries está próximo do círculo equinocial, Leão do solstício de verão e Sagitário do solstício de inverno. Este triângulo é preeminentemente do norte por causa da partilha de seu governo com Júpiter, uma vez que Júpiter é fecundo e causador de ventos similares aos ventos do norte. No entanto, por causa do domicílio de Marte ele sofre uma mistura de sudoeste e é Borrolibycon, misto, porque Marte causa esses ventos e também por causa do séquito da Lua e da qualidade feminina do ocidente.

O segundo triângulo, que é o que é desenhado através de Touro, Virgem e Capricórnio, é composto por três signos femininos, e consequentemente foi dado à Lua e Vênus; a Lua o governa de noite e Vênus de dia. Touro está perto do trópico de verão; Virgem, do equinócio, e Capricórnio do trópico de inverno. Este triângulo é principalmente do sul por causa da dominância de Vênus, uma vez que é esta estrela, através do calor e da umidade, que produz ventos similares aos do sul; no entanto, como ele recebe uma mistura de Apeliotes já que o domicílio de Saturno, Capricórnio, está incluído nele, ele é Notapeliotes, misto, em contraste com o primeiro triângulo, uma vez que Saturno produz ventos deste modo e está relacionado ao primeiro grupo porque participa do séquito do Sol.

O terceiro triângulo é o desenhado através de Gêmeos, Libra e Aquário, compostos por três signos masculinos, não tendo nenhuma relação com Marte mas ao contrário com Saturno e Mercúrio por causa de seus domicílios. Ele foi dado, por sua vez, a eles, com Saturno governando durante o dia devido a seu séquito e Mercúrio durante a noite. O signo de Gêmeos se localiza próximo ao trópico de verão, Libra ao equinócio e Aquário ao trópico de inverno. Este triângulo também é primariamente de constituição leste, por causa de Saturno, mas por mistura nordeste, porque o séquito de Júpiter tem familiaridade com Saturno, na medida em que ele é diurno.

O quarto triângulo, o que é desenhado através de Câncer, Escorpião e Peixes, foi deixado ao único planeta remanescente, Marte, que está relacionado a ele através de seu domicílio, Escorpião; e junto com ele, devido a seu séquito e à feminilidade dos signos, seus coregentes são a Lua durante o dia e Vênus durante a noite. Câncer está próximo do círculo do verão, Escorpião ao círculo de inverno e Peixes ao equinócio. Este triângulo é constituído preeminentemente de oeste, porque ele está dominado por Marte e a Lua; no entanto, por mistura ele se torna sudoeste através da dominação de Vênus.

Sobre as Exaltações, por Ptolomeu

As assim chamadas exaltações dos planetas têm a seguinte explicação. Uma vez que o Sol, quando está em Áries, está fazendo sua transição para o semicírculo maior e mais ao norte, e em Libra ele está passando para o semicírculo menor e mais ao sul, os antigos de forma acertada deram Áries a ele como sua exaltação, uma vez que lá a duração do dia e seu poder de aquecimento começam a crescer, e Libra como sua depressão pelas razões opostas.

Novamente, Saturno, de forma a ter uma posição oposta à do Sol, como também é no assunto de seus domicílios, considera, ao contrário, Libra como sua exaltação e Áries como sua depressão, pois quando o calor aumenta o frio diminui, e onde o primeiro diminui, o frio ao contrário aumenta.

Uma vez que a Lua, se fizer uma conjunção com o Sol na exaltação deste, Áries, irá mostrar sua primeira fase e começará a aumentar sua luz e, por assim dizer, sua altura, no primeiro signo de seu próprio triângulo, Touro, este foi denominado sua exaltação, e o signo diametralmente oposto, Escorpião, como sua depressão.

Júpiter, então, que produz os fecundos ventos do norte, atinge sua posição mais ao norte em Câncer e aí leva sua própria força à completude; assim tornaram este signo sua exaltação e Capricórnio sua depressão.

Marte, que por sua natureza é abrasante e se torna mais ainda assim quando está em Capricórnio porque nele ele está mais afastado ao sul, naturalmente recebeu Capricórnio como sua exaltação, e ao contrário de Júpiter, Câncer como sua depressão.

Vênus, no entanto, já que ela é úmida por natureza e aumenta seu próprio poder da forma mais forte em Peixes, onde o começo da úmida primavera é indicado, têm a sua exaltação em Peixes e a sua depressão em Virgem.

Mercúrio, pelo contrário, uma vez que ele é mais árido, em contraste é naturalmente exaltado, por assim dizer, em Virgem, no qual o seco outono é significado, e é deprimido em Peixes.

As Dignidades Celestes dos Planetas - Triplicidades, por Clélia Romano

A seguir mostraremos mais uma tabela na qual estão contidas as chamadas dignidades por triplicidade.



Elas são menos importantes que a regência e a exaltação, mas muito úteis para diversas técnicas de delineação.

É preciso atentar para nascimentos noturnos e diurnos para fazer uso correto da tabela.

O leitor pode imaginar que a triplicidade de fogo é regida por Marte, Sol e Júpiter, regentes dos signos de fogo, mas não é de forma alguma o que ocorre em astrologia Tradicional.

O que os antigos autores queriam dizer com a tabela acima é que um signo de determinado elemento tem um regente diurno, que tem prioridade de regência sobre as natividades diurnas, um regente noturno que tern prioridade sobre as natividades noturnas e um regente participante que participa sempre com os dois primeiros.

Tais triplicidades levam muito em conta o sect, ou setor, isto é, se o nativo nasceu de dia ou à noite.

Se tratarmos de uma natividade diurna e o Sol estiver em Aquário, por exemplo, o planeta que vai dar testemunho sobre ele é o primeiro regente da triplicidade de ar, isto é Saturno. Se a natividade fosse noturna, seria Mercúrio.

O leitor pode observar que Marte, um planeta quente e seco faz parte da triplicidade de Terra, fria e seca e de Água, fria e úmida. Ora, por quê? A situação de Marte é das poucas coisas não totalmente explicáveis pela harmonia astrológica. Ele é um planeta quente e seco: mas é noturno. Ele rege um signo feminino, Escorpião, sendo ele próprio masculino.

Muitos autores justificam que Marte é colocado junto aos planetas frios para que seu calor se acalme.

Da mesma maneira, Saturno, por ser um planeta extremamente frio, foi colocado no sect diurno para melhorar sua condição maléfica.

Talvez tal explicação não possua a mesma lógica das habitualmente fornecidas, mas é a que obtemos através da leitura dos autores tradicionais.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 46. http://www.astrologiahumana.com/

As Dignidades Celestes dos Planetas - Exaltação, por Clélia Romano


A figura que mostra a exaltação dos planetas nos signos.

Vemos que:
Marte rege Áries e Escorpião e exalta-se em Capricórnio.
Vênus rege Touro e Libra e exalta-se em Peixes.
Mercúrio rege Gêmeos e Virgem, e exalta-se em Virgem.
Lua rege Câncer e exalta-se em Touro.
Sol rege Leão e exalta-se em Aries.
Saturno rege Capricórnio e Aquário e exalta-se em Libra.

No entanto existem graus onde a exaltação atinge seu pico:
O Sol exalta-se a 19° de Aries.
A Lua exalta-se a 3° de Touro.
Júpiter exalta-se a 15° de Câncer.
Mercúrio exalta-se a 15° de Virgem.
Saturno exalta-se a 21° de Libra.
Marte exalta-se a 28° de Capricórnio.
Vênus exalta-se a 27° de Peixes.

Quando o planeta está exatamente no grau exato de sua exaltação ganha uma força muito grande, e se o encontramos exatamente no grau oposto representa uma debilidade impossível de superar.

Clélia Romano, in Fundamentos da Astrologia Tradicional, Edição do Autor, 2011, p. 45. http://www.astrologiahumana.com/

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (90)

A 90ª é que o planeta combusto é como um homem enfermo que deseja morrer. 

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (89)

A 89ª é que o planeta que se encontra sob os raios do Sol é como um homem que está na prisão.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (82)

A 82ª é que o planeta na sua face é como um homem que está vestido e aprumado. 

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (81)

A 81ª é que um planeta na sua triplicidade é como um homem que se encontra entre os seus parentes.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (80)

A 80ª é que o planeta no seu termo é como um homem sentado no seu lugar.

Dos 120 Aforismos de Ibn Ezra (54)

A 54ª é que se nenhum planeta forma aspecto à Lua, significa preguiça.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

Teoria da Dominante, por André Barbault

Determinar a dominante de um mapa natal é determinar o fator do tema que podemos considerar como o mais poderoso do mapa, que o marca ou sintetiza. De posse da dominante, o intérprete tem em seu poder a pista que conduz ao temperamento. Por exemplo, se dizemos que uma pessoa é saturnina podemos concluir que se trata de um indivíduo de atitude introvertida, mais ou menos marcado por um temperamento nervoso.

Como regra geral, o papel de dominante é conferido a um planeta integrado num conjunto ou a vários planetas que formam um todo complexo em que signos, casas e aspectos participam.

Não existe uma fórmula para determinar a dominante, mas existem regras de prioridade para podermos chegar a determiná-la. Barbault considera que “quanto mais uma configuração é específica do nascimento, ou seja, mais própria do instante do nascimento – no cruzamento preciso de seu lugar e momento – mais particulariza o indivíduo”. Assim, a conjunção de planetas com os ângulos é o fator mais forte na determinação da dominante (orbe de 15° para o autor). A ordem de prioridade é para o planeta que fizer o orbe mais exato, mas Ascendente e Meio do Céu preponderam sobre Descendente e Fundo do Céu. Segue-se a importância dos luminares, especialmente Sol para os homens e Lua para as mulheres. Assim, fica destacado o planeta ligado aos dois luminares, ou o dispositor de um destes também em aspecto com ele. Ainda entram na consideração da dominante: o regente do Ascendente ou do Meio do Céu a eles ligados, bem como um Stellium por casa ou signo, principalmente se envolver planetas pessoais.

Contudo, a importância fundamental dos eixos às vezes é superada por um planeta não angular, mas que assume preponderância no mapa por acumular muitas das características acima enumeradas que o tornam mais poderoso que o próprio planeta angular.

Se a dominante encontrada não for um astro, mas corresponder a um sistema constelado, neste caso Barbault recomenda agrupar os planetas por natureza e analogia para melhor identificação do temperamento.

Uma vez conhecida a dominante, devem ser então estudadas suas características quanto às qualidades primordiais, aos elementos e ao temperamento.

Fonte: https://espacoastrologico.org/contribuicoes-de-andre-barbault-a-astrologia/

Os Elementos, por André Barbault

Água

Úmida (ligação) e fria (retenção), a Água representa o estado líquido de plasticidade, de afrouxamento da matéria, toda feita de receptividade e passividade, movendo-se conforme as impressões recebidas. É o elemento de base, o meio vital de origem (mar-mãe), a massa primordial fecundada pelas riquezas que ela assimila, criadora, animada pela ação do calor. Ela amolece, mistura, absorve, enche, dissolve, interioriza, indiscrimina numa única massa. Maleável, instável, em contínua mobilidade e estremecimento, ela é toda sujeição e impressionabilidade.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento linfático caracterizado pela predominância do aparelho digestivo e da função de nutrição assegurada pela linfa ou pelo plasma do sangue. O processo dominante é o do estado vegetativo, da cinestesia, do descanso, da inércia, do sono. Morfologia dilatada e atônica. Psicologicamente, domina o instinto conservador, onde prevalecem a memória, as lembranças, os hábitos, as impressões recebidas, a experiência. Pela renúncia à ação é também a entrega à vida interior, ao inconsciente, à fantasia, à imaginação, ao sonho, à contemplação, ao domínio da sensibilidade psíquica.


Ar

Úmido (ligação) e quente (exaltação), o Ar representa o estado gasoso, fluente, impalpável, leve, volátil, compressível, tendendo à difusão, à expansão ilimitada em um espaço cada vez maior. Móvel, difuso, envolvente, ele é o agente de ligação, o envoltório de nosso espaço livre, do meio ambiente em que evoluímos. Em perpétuo estado de liberdade e disponibilidade, fica exposto a todos os contatos, a transferências, a misturas, a influências e a condições; uma vez comprimido, é uma poderosa força motriz explosiva. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o

Sanguíneo é um Linfático aquecido cuja riqueza entra em atividade. A associação do Quente (energia) e do Úmido (extensão) constitui o triunfo da vida natural que se estende sobre a Terra: fertilidade, proliferação, exuberância, viço.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento sanguíneo marcado pela predominância do aparelho respiratório e das funções sanguínea e sexual. O processo dominante é o de uma natureza rica que se abre espontaneamente em seu meio físico e cujo grande apetite de viver é acompanhado de reivindicações instintivas imperiosas e de fortes desejos sensoriais. É um grande consumidor, de morfologia dilatada e tônica.

Psicologicamente, é um expansivo que vive de mobilidade, intercâmbios, contatos com seu meio ao qual se adapta e se assimila espontaneamente; é um eufórico dado aos arrebatamentos, de uma alegre vitalidade, de espírito jovem, amante dos prazeres, gozador, indisciplinado, ávido de vida concreta.


Fogo

Seco (isolamento) e quente (exaltação), o Fogo representa o estado ígneo de incandescência, de consumo da matéria que se vê criada, animada, transformada ou destruída. Ele exalta, intensifica, superexcita, acelera, exacerba, leva ao paroxismo ou transmuta o que processa; às vezes violento, agressivo, destruidor, outras vezes libertador, decantador, purificador. Ele é ação dominadora, força conquistadora, fator de luta, de progresso, de superação, de hierarquização, de afirmação personalizada. Dentro da dinâmica dos temperamentos, o Bilioso é um Sanguíneo retraído (seco) cuja força passa da extensividade à intensividade. A associação do Quente (energia) e do Seco (retração) eleva a tensão interna das coisas à sua máxima potência e torna o deserto estéril como o acesso à maturidade do fruto.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento bilioso, onde predominam a musculatura e as funções de reativação e domínio. O processo dominante é o de dinamismo da personalidade empenhado na conquista do mundo ou na conquista de si. Morfologia retraída e tônica.

Psicologicamente, é o domínio onde se realiza a paixão tumultuosa ou a vontade disciplinada: ambição devorante satisfazendo uma necessidade imperiosa de impulso, de afirmação, de ostentação, de superioridade, através de lutas, de criações e de vitórias; vontade de poder empenhada na luta, na dominação, na conquista material ou orientada para a consciência lúcida, para a grandeza de uma realização moral ou de uma elevação espiritual.


Terra

Seca (isolamento) e fria (retenção), a Terra representa o estado sólido, consistente, denso e fixo da matéria ao término de uma evolução após a obra de combustão do Fogo. É o estado no mais alto grau de concentração, e condensação, de redução, de despojamento e, em última análise, de desmaterialização; o da petrificação, da mineralização, da fossilização, levando a uma estrutura mais ou menos geométrica das coisas, à conservação de seus valores duradouros num corpo autônomo, resistente, delimitável, isolado e fechado. Dentro de uma dinâmica dos temperamentos, o Nervoso é um Bilioso apagado. A associação do Seco e do Frio é, ao oposto do Ar, contrária à vida da matéria viva, do instinto, mas propícia à vida do espírito.

Fisiologicamente, corresponde ao temperamento nervoso, onde predominam o sistema nervoso e as funções psíquicas. O processo dominante é o de uma natureza apurada, delicada ou debilitada, que vive retraída do meio ambiente e da vida concreta, afirmando sua vida mental. Morfologia retraída e atônica.

Psicologicamente, ele é – ao contrário do prolixo e epidérmico Sanguíneo – um seletivo, com um mundo fechado e profundo ou complexo. Diante da vida instintiva e natural que se afasta, o ser se organiza interiormente, utilizando os recursos de sua inteligência ou escolhendo o caminho do despojamento, do desapego, da abstração, da personalização. Sua vida psíquica é rica, profunda e complexa.


Os tipos mistos relacionam-se mais com as propriedades das qualidades elementares ou são a expressão de uma antinomia entre duas dessas qualidades.

Os Sanguíneos-biliosos e os Bílio-sanguíneos caracterizam-se, principalmente, pelas propriedades do Quente. Os Linfáticos-nervosos e os Nervo-linfáticos possuem as propriedades do Frio. Os Linfáticos-sanguíneos e os Sanguíneo-linfáticos são essencialmente de qualidade Úmida, e os Bílio-nervosos e Nervo-biliosos, de qualidade Seca. Quanto aos Linfáticos-biliosos e aos Bílio-linfáticos, ele apresentam o conflito da Água e do Fogo; do mesmo modo que os Sanguíneos-nervosos e os Nervo-sanguíneos são a expressão de uma dualidade Ar-Terra.

Esta classificação temperamental dos Elementos – a mais antiga das tipologias – tem a seu favor a vantagem de apresentar quatro tipos humanos bem diferenciados e, ao mesmo tempo, quatro personagens vivos, fáceis de identificar (exceto no caso de uma dominante pouco pronunciada).

Fonte: https://espacoastrologico.org/contribuicoes-de-andre-barbault-a-astrologia/