terça-feira, 21 de junho de 2016

As Escolas da Astrologia, por Catherine Aubier

Aprender astrologia requer, além de uma boa dose de vontade e de perseverança, uma escolha: com efeito, existem várias doutrinas, tradicionais ou recentes. Isso se deve ao fato de que certos astrólogos, conforme suas qualidades intrínsecas e suas exigências intelectuais, completaram ou reavaliaram as regras clássicas. Entre eles, encontram-se os que criaram movimentos ou teorias bem específicas, dos quais citamos os principais.

ESCOLA DE ASTROLOGIA CONDICIONALISTA

Recusa todo caráter divinatório e mágico. Para seu responsável e criador, Jean-Pierre Nicola, o Tema natal representa um tipo de tela que o indivíduo vai bordar em função dos condicionamentos que marcam sua vida (ambiente, etc.) e das situações com as quais vai se confrontar (situações em que nada, neste ponto de vista, pode ser previsto com exatidão). Na base das teorias da astrologia condicionalista, não se lida com símbolos, mas com uma identidade entre os ritmos cósmicos e os comportamentos humanos; os signos solares estão relacionados com os tipos pavlovianos, daí o nome de zodíaco reflexológico. Os planetas são distribuídos em um sistema chamado RET (Representação-Existência-Transcendência). Os domínios não são utilizados de modo algum. Nós nos referimos várias vezes nesta obra a definições condicionalistas, que oferecem a vantagem de uma lógica perfeita.

ESCOLA DE COSMOBIOLOGIA

A cosmobiologia é uma corrente de pensamento que trata da influência dos ritmos cósmicos no ser humano, mas também nos vegetais, nos animais... Em resumo, tudo o que é vivo. A escola cosmobiologista defende a ideia de que existe uma relação física entre a terra e o cosmo. Esse termo é devido a um médico austríaco, o Dr. Feerhow, e foi retomado por Karl E. Krafft. Essa escola está viva e ativa sobretudo na Suíça e na Alemanha; deve-se a ela, principalmente, a teoria dos pontos médios, desenvolvida pelo astrólogo Reinhold Ebertin.

A cosmobiologia considera, principalmente, o ritmo ternário: signos cardinais, fixos e mutáveis, e dá uma grande importância aos aspectos de quadratura e de oposição, que são considerados como verdadeiros trampolins para a evolução. Assim, também, os trânsitos planetários, por oposição ou quadratura, representam momentos-chave, verdadeiras molas da existência.

ESCOLA DE ASTROLOGIA GENETLÍACA

Essa prática astrológica baseia-se, para a elaboração dos Temas, não no instante do nascimento, mas no da concepção. Sua origem é muito antiga; ela foi bastante difundida entre os povos da Antiguidade mediterrânea. Duas concepções se confrontaram durante muito tempo entre os indo-europeus. Na perspectiva matriarcal, o momento capital da vida é aquele em que a mãe dá à luz o recém-nascido (toda a nossa astrologia procede daí).

Em compensação, de acordo com o ponto de vista patriarcal, a criança é antes de tudo o fruto do pai. A mãe é somente o receptáculo do sêmen masculino. É, por conseguinte, a fecundação que marca o instante decisivo. E é esse instante que retém exclusivamente a astrologia genetlíaca. Um dos mais ilustres exemplos é o do imperador Augusto, nascido em 23 de setembro — isto é, nativo de Libra. Concebido no fim de dezembro, segundo Manílio, Germânico e Horácio, era do signo de Capricórnio. Segundo Suetônio, as moedas de Augusto levavam uma inscrição atestando a pertinência do imperador a Capricórnio.

Numerosos textos romanos e medievais perpetuaram essa tradição astrológica, desenvolvendo diversos métodos que permitiam determinar o instante preciso da fecundação. Desse modo, considera-se que as mulheres sentem muito nitidamente tal instante (!), sob a forma de um espasmo uterino. Alguns recomendam anotar rigorosamente a hora de cada coito, ou estabelecer esse cálculo em função da suspensão da menstruação...

Note-se que o filósofo estoico Ptolomeu (um egípcio helenizado que ensinava em Alexandria) conhecia muito bem a astrologia genetlíaca, mas considerava-a de pouca credibilidade. Em seu Tetrabiblos, sustenta que o instante determinante é, sem dúvida, o do nascimento, porque daí por diante a pessoa não é mais organicamente dependente de sua mãe e começa a viver como indivíduo específico. A influência de Ptolomeu, se impôs a todas as civilizações da bacia do Mediterrâneo. E a despeito de urna mentalidade fundamentalmente patriarcal, esses povos adotaram a respeito do começo da vida urna concepção tipicamente matriarcal.

ESCOLA DE ASTROLOGIA HUMANISTA

Divulgador da astrologia humanista, que alia a prática astrológica às técnicas psicológicas modernas, Dane Rudhyar definiu-a notavelmente e desenvolveu suas grandes linhas e os principais Temas.

"A astrologia", escreve, "é a linguagem mais completa quanto à forma, à estrutura e ao ritmo inteiramente funcionais."

Paralelamente a uma interpretação profunda e original da significação das casas, a astrologia humanista dá importância aos quatro níveis: biológico, afetivo, sociocultural e espiritual. E através de um trabalho pessoal, pelo qual o indivíduo visa encontrar seu "eu" essencial e desenvolvê-lo, que ele passa sucessivamente por esses quatro níveis. O objetivo: atingir o espiritual ou "transpessoal". Este último nível é representado astrologicamente pelos planetas transaturninos (Urano, Netuno e Plutão).

De fato, a diferença fundamental que existe entre a astrologia clássica, que poderíamos qualificar como existencial, e os preceitos da astrologia humanista parece ser a seguinte: enquanto a primeira descreve a pessoa e suas possibilidades, a segunda mostra, através do estudo do Tema, aquilo a que ela deve chegar. Trata-se de uma astrologia centrada na evolução espiritual.

ESCOLA TRADICIONAL

Esse termo designa a conduta astrológica — hoje cada vez menos praticada — que pretende ater-se às noções de base formuladas por Ptolomeu, depois retomadas, ao longo da Idade Média e da Renascença, pela maioria dos adivinhos ocidentais. Essa perspectiva ignora certamente
na sua origem a existência dos três planetas lentos (Urano, Netuno, Plutão) e fundamenta-se em dados ultrapassados. A pesquisa do dominante não é levada em consideração, a tipologia psicológica permanece bastante rudimentar, e esta forma de astrologia orienta-se frequentemente em direção ao ocultismo e considerações espiritualistas que a ligam mais a um tipo de teologia do que a uma investigação rigorosa. Essa escola apoia-se estritamente, entre outras coisas, nas casas e no sistema de regências.

Foi sobretudo a partir do período entreguerras que certos pesquisadores insurgiram-se contra essa conduta, em nome de uma astrologia mais racional, mais voltada para o visível, para os problemas humanos. Muitas correntes desenvolveram-se então, notadamente a cosmobiologia de Krafft, a astrologia psicológica de Choisnard, o trabalho sintético de André Barbault, a astrologia condicionalista de Jean-Pierre Nicola ou os trabalhos estatísticos de Gauquelin. Todavia, numerosas escolas permanecem profundamente marcadas pelo pensamento tradicionalista, ainda que desenvolvendo suas próprias teorias — Rudolf Steiner, Alice Bailey ou Germaine Holley.

ESCOLA ESPIRITUALISTA

A maioria das grandes correntes espiritualistas de nossa época, formadas à margem das instituições religiosas oficiais e das igrejas reconhecidas, dedicaram-se à astrologia com um interesse fervoroso, acreditando geralmente descobrir nela uma verificação experimental de suas teses. Os rosa-cruzes são provavelmente os que mais investiram nesse estudo. O mesmo aconteceu com o grupo de Max Heindel e a AMORC, fundada nos Estados Unidos por Spencer Lewis. Esta última associação conheceu um enorme sucesso no mundo inteiro e particularmente na Europa ocidental, onde detém um poder e uma riqueza consideráveis. Os rosa-cruzes da AMORC elaboraram uma abordagem e métodos de interpretação astrológica que se distanciam sensivelmente das práticas mais correntes.

Nesta óptica, o Sol representa o Espírito, a Lua corresponde à Alma e o Ascendente relaciona-se ao corpo físico — o que concentra a antiga divisão trinitária corpo-alma-espírito. Ao vir ao mundo, a criança é essencialmente influenciada, em primeiro lugar, pelo Ascendente. Com a adolescência, aparecem as características lunares. Evoluindo para a maturidade, o homem passa a sofrer mais a influência do Sol, que simboliza a faísca divina diferenciada. Mercúrio, que representa o intelecto, é o instrumento que o espírito utiliza para dirigir seus diferentes veículos — corpo físico, corpo etéreo e corpo astral. A força de atração centrípeta de Vênus e a força centrífuga de Marte exercem uma influência complementar, enquanto a benevolência expansiva de Júpiter opõe-se à concentração de Saturno. Urano traz a fraternidade, o altruísmo e a intuição. Netuno, planeta de inspiração mística, permite ao homem ascender aos mundos invisíveis. Plutão é sinônimo de iniciação e de regeneração espiritual.

Na óptica rosa-cruz, a astrologia está intimamente ligada à doutrina da reencarnação e das vidas sucessivas.

Existem outros sistemas, menos importantes e sobretudo menos sérios, que nascem e morrem ao ritmo da imaginação de seus criadores, cada um, certamente, tendo encontrado o único método válido! A maioria dos astrólogos, entretanto, agrupa-se em torno das grandes correntes descritas anteriormente.

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