segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Plutão e o Limite da Consciência (por Puiggros)

Toda percepção da "realidade" ou da "verdade última" se reveste de muitas aparências e apresentações, que, de maneira indefectível, se vão adequando

a cada nova situação, a cada nova necessidade. A concepção que possuímos acerca da vastidão de nosso sistema solar - e, por conseguinte, da natureza do ser humano - se amplia continuamente. Com Plutão, expandiu-se de modo considerável o conhecimento de nosso sistema planetário, e seu paralelismo está na expansão de consciência que Plutão representa no mapa natal de cada indivíduo.

Sendo o último planeta descoberto e oficialmente aceito como tal, Plutão assinala, até o presente momento, o limite do sistema. De alguma maneira, podemos considerá-lo como a última apresentação da amplidão de nossa concepção da verdade. Ele é o limite dentro do qual cabe todo o demais, o mais abrangente e, ao mesmo tempo, o mais afastado, aquele que, em função de seu caráter de limite do sistema conhecido - isto é, ordenado -, está mais próximo do caos, do qual emergiu e com o qual nos conecta.

É possível supor que, no ritmo acelerado em que hoje se efetuam os descobrimentos -de todos os tipos, novos planetas se revelem, ampliando tanto o horizonte de nosso sistema solar específico como a extensão de nossos conceitos. Tal fato não alterará basicamente as verdades plutonianas, estas simplesmente encontrarão seu lugar adequado, sua situação, ordem e categoria no interior de uma verdade mais ampla.

De qualquer maneira, nem todas as pessoas estão igualmente capacitadas. Há mentes extraordinariamente brilhantes que apresentam anos de adiantamento em relação à maioria., Para essas pessoas, talvez Plutão já tenha deixado de ser o limite; no entanto, para as demais, representa - hoje e provavelmente ainda por muitos anos - esse limite impreciso e misterioso no qual se detém nosso conhecimento.

Enquanto o Sol, centro do sistema, representa em nós o centro de consciência, Plutão, o planeta mais afastado, simboliza a nossa parte menos conhecida, a parte da qual menos consciência temos. Estamos inexoravelmente dentro de sua órbita e somente expandindo nossa consciência até os limites assinalados por essa órbita podemos considerar-nos como seres completos.

Plutão é uma viagem até nossos limites atuais e a possibilidade - uma vez atingidos esses limites — de transcender-nos a nós mesmos e de atingirmos uma realidade mais ampla.

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