sexta-feira, 10 de junho de 2016

Câncer, por Catherine Aubier

Elemento: Água cardinal (fontes e líquidos nutrientes); parte do corpo: seios, estômago, membranas protetoras; época da vida: período núbil, fecundidade; estação: começo do verão no hemisfério norte e começo do inverno no hemisfério sul; casa correspondente: casa IV (Fundo do Céu); signo complementar e oposto: Capricórnio; planeta regente: Lua; ciclo natural: digestão, sesta, aleitamento; função zodiacal: gestação.

SIMBOLISMO

O símbolo gráfico do signo propõe uma dupla espiral, traduzindo a ideia de um fechamento protetor, de uma gestação. Símbolo das origens aquáticas, das fontes, das águas-mães sonolentas e profundas. Câncer evoca o processo de ovulação e o líquido nutriente, assim como as carapaças protetoras e a intimidade da vida latente. É um poderoso símbolo de interioridade — poço, gruta, casa, útero, maternidade. Princípio matricial do ser indiferenciado, vegetativo, é associado à Lua, domínio do inconsciente, das profundezas incontroláveis dos impulsos irracionais, universo ao mesmo tempo infantil e mediúnico. Essa interioridade supra-sensível de Câncer opõe-se à interioridade despojada, voluntária e gelada de Capricórnio, assim como o fértil segredo dos líquidos e secreções internas opõe-se ao árido mistério das estruturas ósseas e do esqueleto. Este eixo de interioridade Câncer-Capricórnio se assemelha ao eixo meia-noite—meio-dia, Fundo do Céu—Meio do Céu.

PSICOLOGIA

É o primeiro signo do verão no hemisfério norte e do inverno no hemisfério sul. Após a puberdade de Gêmeos, aparece a juventude propriamente dita, isto é, o estado de fecundidade. O mundo está maduro para a grande obra da maternidade. A água cardinal de Câncer liga-se aos líquidos nutritivos, às seivas nutrientes: as águas-mães. Este segundo ciclo marca igualmente as fases da tarde, depois da alegria matinal. Câncer abre uma era digestiva: profunda gestação; fértil sonolência, daí a estreita relação com a Lua.

A vida ainda é frágil: deve abrigar-se no oco das membranas e conchas protetoras. O próprio símbolo do signo, o caranguejo, é revelador. A forma fechada e arredondada sugere a ideia de bolsa maternal que engloba, nutre e protege. É conhecido o papel essencial do elemento aquático na formação da vida: bolhas de células e plasmas originais imersos nas profundezas oceânicas da grande matriz universal.

A partir do solstício de verão, no hemisfério norte, o Sol inicia seu ciclo descendente: a duração do dia baixa progressivamente. É o primeiro lembrete da noite e dos valores especificamente lunares: indolência, fantasia sonhadora, instinto vegetativo, passividade, receptividade, exaltação do subconsciente, vaguear da alma e quimera. O centro de gravidade de Câncer é a ternura e a segurança do seio materno. É igualmente por extensão o calor do lar familiar, daí a estreita relação entre o signo e a casa IV (ou Fundo do Céu). De uma maneira geral, Câncer é fundamentalmente ligado a suas origens, a seu passado, a ponto de afundar em sua memória, de grudar em suas lembranças — no negativo — e de apoiar-se nisso, de tirar algum ensinamento — no positivo. Supersensível, impressionável, Câncer é dotado de uma emotividade sempre tensa, vibrante, vulnerável, facilmente desarmada. Tem necessidade de uma intimidade segura e macia, sendo seu ideal uma espécie de reclusão suave, longe das confrontações e das brutalidades do mundo exterior.

O grande problema canceriano é a adaptação ao real. Se este é sentido muito duramente, o canceriano está arriscado a refugiar-se numa submissão e numa pusilanimidade que o confinam no infantilismo, com uma mistura de pavor irracional e de vertigem narcisoide. Quando está completamente cansado da vida, tendo fechado sobre si mesmo a tampa de seus sonhos, desinteressa-se pelo mundo exterior. Quando, ao contrário, bem adaptado, encontra seu equilíbrio na noção de preservação de tudo aquilo que, a seus olhos, corresponde ao equilíbrio e ao bem-estar humano.

Certos cancerianos têm uma reação completamente oposta, rejeitando violentamente o mundo materno e os valores secundários — fugindo, de fato, daquilo que não podem obter.
Nesta retaguarda psicológica podem desenvolver-se dois tipos muito diferentes. 0 primeiro é o canceriano sedentário, apegado ao conforto, de um conformismo doméstico e caseiro, cheio de a priori e de ideais nostálgicos.

O outro canceriano é vagabundo, um errante psicológico à deriva. Vive num turbilhão interior de sonhos e miragens, arrastando no fundo de seu ser a nostalgia da infância, como se ela fosse uma pátria perdida. Este ser fantasioso e nebuloso liga-se à figura do Pierrô lunar; somente a criatividade pode servir como meio de expressão; flutuando sempre entre o sonho e a realidade, o canceriano pode se mostrar indolente e lasso. É, de fato, um caráter tenaz, capaz de uma surpreendente força de inércia: ninguém pode obrigá-lo a fazer o que não quer fazer.

Diferenças em função dos dominantes planetários (principalmente pela influência angular preponderante de um astro):

Lua: só acentua as características sonhadoras do signo.

Sol em Câncer: tem tendência ao egocentrismo e reclama muita atenção e consideração.

Mercúrio em Câncer: é um sonhador hipersensível aos signos, aos símbolos e às alegorias.

Vênus em Câncer: elege a intimidade como valor supremo, numa busca intensa de cumplicidade afetiva e volúpia secreta.

Marte em Câncer: é um campeão da autodefesa, frequentemente desconfiado e muito suscetível. E excelente em combates ideológicos.

Júpiter em Câncer: é a própria imagem do pater famílias, que desabrocha num clima de conforto e de autoridade benevolente.

Saturno em Câncer: é um temperamento dolorosamente romântico, impregnado de nostalgia e de melancolia.

Urano em Câncer: natureza superemotiva, contradição entre os valores familiares, intimistas do signo e a afirmação de uma independência que se transforma facilmente em revolta.

Netuno em Câncer: sensibilidade invasora e nebulosa, passividade, receptividade, até mediunidade.

Plutão em Câncer: está particularmente voltado para a pesquisa interior e possui uma imaginação transformadora ou mórbida.

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